|
Integrar o ideal individual com o ideal coletivo
O envolvimento social não exerce hoje a mesma fascinação sobre os jovens. Um ideal individual substituiu o ideal coletivo. O bombardeamento contínuo de valores individuais pela mídia eletrônica criou uma geração de jovens voltada para seus próprios interesses e menos disposta a abraçar causas coletivas. A evangelização de uma nova geração precisa levar em consideração a nova ênfase. A subjetividade, as necessidades pessoais e emocionais e os relacionamentos precisam ser acolhidos como valores importantes.
A ênfase nos relacionamentos e o sentir-se bem na cultura pós-moderna chamam a atenção para a necessidade de fazer com que as pessoas sejam bem-vindas na comunidade local, no grupo de jovens, nas reuniões, na pastoral da juventude mais abrangente. Uma metodologia fria, excessivamente racional, tem pouca chance de conseguir envolver a juventude hoje. Da mesma forma, uma pastoral da juventude que esteja apenas preocupada com a tarefa a ser feita terá dificuldade de motivar os jovens. Participar de um grupo deve ser uma experiência que envolva emocionalmente os jovens – não apenas intelectualmente ou em relação ao compromisso – levando-os à conversão pessoal. Atenção individual dada a cada um, um ambiente alegre e feliz, festas e encontros podem ser ferramentas poderosas para unir as pessoas e criar um espírito de comunidade e uma terra fértil onde as sementes da Palavra de Deus possam brotar.
Entretanto, as necessidades pessoais não devem ser isoladas de outras dimensões da vida humana. Uma música tranqüilizadora pode ajudar-nos a relaxar; celebrações criativas e emocionantes podem fazer com que nos sintamos bem; um grupo caloroso, empático, pode atender muitas de nossas necessidades pessoais de pertencer a um grupo. Porém, por si só, eles também podem tornar-nos excessivamente centrados sobre nos mesmos. Nossa fé cristã chama-nos para irmos além de nossos interesses pessoais. "Com a visão cristã, o subjetivo deve subordinar-se à solidariedade e ao doar-se. A vocação, os dons e o carisma pessoal precisam ser colocados a serviço da comunidade cristã local, fazendo de uma participação ativa uma das formas de realização cristã da pessoa humana".
Os jovens, hoje, são mais conservadores e voltados para dentro de si mesmos do que as gerações dos anos sessenta e setenta, mas, ainda assim, são capazes de mudar rapidamente, dependendo das influências ao seu redor. Líderes precisam ter uma visão histórica de como o pêndulo sempre oscilou entre os ideais coletivo e individual. O presente, a quase exclusividade da ênfase nos problemas e necessidades pessoais, não representa um estado permanente de coisas. Schumacher, o autor de Small is Beautiful [O pequeno é bonito], sugere que, uma vez que nunca sabemos quando o vento irá mudar, o melhor é termos as velas sempre a postos. Na verdade, os especialistas demonstraram que o pêndulo já começou a fazer seu caminho de volta. Aqueles que limitaram suas perspectivas às necessidades pessoais e cujas velas estavam abaixadas não o notaram. O desafio para os assessores e coordenadores, portanto, não é esperar passivamente que o pêndulo mova-se; o desafio é juntar-se ao grupo que o está empurrando.
Pe. Jorge Boran, cssp
Caso você queira e tenha um texto de autoria própria e que seja com um tema relacionado com a igreja católica, nos mande pelo e-mail.
|
|
|