Cartão Postal do Rio
de Janeiro e do Brasil também, o Pão de Açúcar é objetivo de escalada de muitos
aventureiros. Ao desembarcar no Rio num final de semana, eu e meu companheiro de
dirigimo-nos a Urca. A impressão do cartão postal vai ficando para trás, e agora tenho
a minha frente o Pão de Açúcar com seus imponentes 398 metros de parede rochosa, bem
verticais. A primeira sensação é um frio na barriga, imaginar-me escalando a centenas
de metros amarrado a uma corda de 10mm de espessura. Passado o primeiro susto, dirijo-me
à base da parede, após uma pequena caminhada pela pista Claudio Coutinho e uma pequena
trilha na mata. A via escolhida é a clássica Via dos Italianos, de dificuldade média e
que não provê acesso ao cume junto ao bondinho, obrigando o escalador a concluir a
escalada ou pelo cabo de aço ou por outra via.
A incumbência das guiadas é minha, um acordo
com o parceiro, quem estivesse melhor fisicamente. Início a escalada com um pequeno solo
de mais ou menos 8 metros até o primeiro grampo, um trecho de 4 grau. Escalo com cuidado
esses primeiros metros e costuro o 1o grampo. Na sequência uma fenda de entalamento de
dedos e mãos. A fenda também fica para trás e vou agora numa diagonal a direita, com o
crux da via a minha frente. Peço atenção ao meu parceiro na segurança e passo pelo
crux. A partir daí são vários Ps na vertical até a 1a parada. Uma característica
desta via são as paradas bem na vertical, forçando bastante a solteira. A medida que vou
ganhando altura, a via torna-se mais técnica. Chegamos ao fim da via, ainda faltam
aproximadamente 200 metros para a chegar ao bondinho. Devido a hora já avançada, sem
saber com certeza a que horas apagariam-se as luzes que iluminam o bondinho, optamos por
subir pelo cabo de aço. O cabo de aço, também conhecido como via ferrata na Europa é
extremamente fácil de ser escalado. Costura-se a solteira no cabo e já se tem a
segurança. Quando as condições de conservação do cabo não estão boas como no caso
do Pão de Açúcar, pode-se optar também pelo uso da corda dando-se segurança de baixo,
costurando-se em vários pontos do cabo. O cabo corresponde a mais ou menos 4 enfiadas
até o bondinho, que são vencidos fácil e rapidamente pelo Fernando. Chegamos ao cume e
estamos embaixo do Bondinho. Já são mais de 20:00 e depois de descansar um pouco e
conversar com alguns turistas curiosos sobre a escalada, embarcamos no bondinho e descemos
sem precisar pagar. É o mínimo que podem fazer pelos escaladores.
Marcos Passarelli
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