A história
da Campagnolo começa em 1901, quando Tullio Campagnolo nasceu em uma
modesta família operária, em Vicenza, Itália. O pai de
Tullio era proprietário de uma loja de ferragem e foi lá que ele
adquiriu a habilidade mecânica que levaria a vários dos maiores
desenvolvimentos da história do ciclismo.
Foi também durante esses anos iniciais
que Tullio descobriu o ciclismo - um esporte no qual ele teve algum sucesso
como amador, competindo em vários eventos importantes, incluindo Milão
- San Remo, Volta da Lombardia e as preliminares das jogos Olímpicos.
Foi durante uma das competições,
como amador, que Tullio deparou-se com um problema que acontecia freqüentemente
com os ciclistas daquela época - remover a roda. Em 11 de Novembro de
1927, com a neve encobrindo as estradas das montanhas Dolomíticas italianas,
Tullio estava atravessando o passo Croce D'Aune, na corrida Gran Premio della
Vittoria, e precisou remover a roda traseira para mudar a marcha. Devido a grande
porca borboleta que mantinha a roda no lugar ter congelado e suas mãos
estarem muito geladas para poder folga-las, ele não foi capaz de remover
a roda para fazer a mudança de marcha, perdendo sua chance de vitória
naquele dia.
Enquanto lutava para remover a roda ele resmungou,
para si próprio, cinco palavras que mudaram a história do ciclismo.
"Bisogno cambiá qualcossa de drio!"
Essas palavras ("Alguma coisa tem que mudar
na traseira!") e aquele simples acontecimento levaram Tullio a pensar. Ele retornou
à sua oficina e apareceu com a invenção do a alavanca de
fecho-rápido e, pouco tempo depois, o primeiro passador, tipo "derailleur"
("descarrilhador").
O fecho-rápido foi apenas a primeira
de uma longa série de inovações que saiu da oficina Campagnolo.
De fato, foi dessa humilde fabrica de Vicenza que a idéia inicial do
"derailleur" surgiu. Você não consegue imaginar como era pedalar
antes do moderno câmbio "Ergo"? Vejamos então:
Nos velhos bons tempos, quando os estágios
da Tour de France tinham mais de 450 Km de distância, os ciclistas subiam
os passos nas montanhas em estradas mal pavimentadas, não havia cambio
com passador! Naqueles dias, as bicicletas tinham um ou dois pinhões
na roda traseira. Essas bicicletas de duas marchas tinham um pinhão de
cada lado do cubo traseiro. Para mudar a marcha, o ciclista tinha que desmontar,
remover a roda traseira, inverter os lados, reinstalar tudo e apertar, remontar
na bicicleta e continuar.
Uma das medidas da habilidade de um ciclista
era a rapidez com que ele (ou, raramente, ela) podia fazer isso tudo.
Campagnolo viu o potencial de um sistema de
cambio diferente. Em 1930 ele introduziu o primeiro cubo com fecho-rápido,
respondendo ao desafio que ele fez a si próprio três anos antes.
Em 1933, ele introduziu o primeiro passador (derailleur) do mundo. Ele continuou
trabalhando no projeto, e em 1940 ele inventou o passador "Cambio Corsa" de
haste dupla. O "Cambio Corsa" foi seguido pelo cambio "Roubaix", que combinava
o fecho-rápido e passador numa única alavanca. A mudança
era arcaica pelos padrões atuais, mas era equivalente ao cambio "Ergo"
na sua época, e marcou a primeira vez que um ciclista podia fazer, verdadeiramente,
mudança de marcha em movimento. Era assim que funcionava: o passador
"Cambio Corsa" consistia de duas alavancas e hastes, fixada no lado direito
do garfo traseiro. Uma das alavancas atuava no fecho-rápido da roda traseira,
a outra movimentava um dispositivo tipo garfo que movia a corrente de um lado
para o outro. Não havia polias ou outro mecanismo esticador da corrente.
As gancheiras traseiras eram horizontais e um pouco mais longas do que são
hoje em dia, dessa forma a "folga" na corrente era corrigida permitindo que
a roda se movimentasse para frente e para trás.
Para fazer a mudança de marcha, o ciclista
primeiro folgava o fecho-rápido da roda traseira (lembre que isso era
feito enquanto pedalava!) Então, a outra alavanca era girada para mudar
a corrente de um pinhão para o outro - enquanto a corrente se movia a
roda traseira se movimentava para a frente (quando a mudança era para
o pinhão maior) ou para trás (quando a mudança era para
o pinhão menor). Quando a mudança era realizada o fecho-rápido
era reapertado.
O grande campeão Gino Bartali era um
mestre da alavanca de cambio. Ele é mostrado aqui numa foto da Tour de
France de 1948 baixando-se para fazer a mudança de marcha, enquanto subia
para um passo de alta montanha.
O cambio "Roubaix" é muito mais raro
hoje do que o "Cambio Corsa", porque o modelo "Gran Sport" foi introduzido pouco
tempo depois, fazendo com que seu período de produção fosse
muito curto.
O passador rudimentar da Campagnolo revolucionou
o ciclismo. Mas foi apenas um de uma longa linha de inovações
técnicas.
Depois da Segunda guerra, muitos dos melhores
ciclistas do mundo - incluindo Fausto Coppi (Il Campionissimo) e Gino Bartali
- começaram a usar equipamentos Campagnolo.
Coppi pedalou muito à frente do pelotão
"a bordo" de uma bicicleta equipada com "Campy", na Tour de France de 1949.
Coppi usou o primeiro passador de haste da
Campagnolo na corrida Paris-Roubaix de 1945, e depois usou os componentes de
Tullio para vencer a Paris-Roubaix de 1950.
O próximo projeto de passador de Tullio
parecia muito similar com os que seriam usados nas próximas décadas.
Ele deu início à longa linha de inovações que levaria
diretamente ao cambio "Ergo" e ao grupo "Record"!
O surgimento da Campagnolo como o fabricante
definitivo de componentes foi devido, em grande parte, à própria
pessoa de Tullio e ao seu conceito de fazer uma ligação entre
o produtor e o usuário final. Prenunciando a P&D (Pesquisa &
Desenvolvimento) das companhias de hoje, Tullio começou seguindo as competições
pessoalmente, ouvindo sugestões dos ciclistas e modificando os produtos
para atender às necessidades deles.