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Mitologia de Júpiter: |
Os planetas e luas no sistema solar devem seus nomes aos personagens das mitologias grega e romana (há também nomes de personagens de Shakespeare, Ovídio e Alexander Pope, mas não no "sistema de Júpiter"). Contamos aqui algumas das histórias sobre os nomes de Júpiter e seus satélites, junto com algumas obras de arte inspiradas por essas lendas.
Júpiter (ou Jove, mas conhecido como Zeus para os gregos) derrotou seu pai Saturno (em grego, Cronus). Então ele disputou com seus irmãos Netuno (Poseidon) e Plutão (Hades) quem seria o líder supremo dos deuses. Júpiter ganhou a disputa e se tornou o rei do Olimpo e o patrono do antigo Império Romano.
Júpiter era o deus das chuvas e senhor dos céus, fazendo seu nome ser apropriado para o rei dos planetas. Sua arma é o relâmpago com o qual ele fere aqueles que o desagradam. Ele é casado com Juno (Hera para os gregos), mas é famoso por seus muitos romances. Ele também é conhecido por punir aqueles que mentem e traem.
Essa estátua de Zeus foi criada pelo famoso escultor grego Pheidius durante o século V antes da era cristã. Era considerada uma das sete maravilhas do mundo antigo. A estátua permaneceu durante mais de 800 anos no templo de Zeus, em Olimpia, na Grécia, até que o imperador romano Teodósio I proclamou o Cristianismo como a religião do estado e ordenou que todas as estátuas de deuses pagãos fossem derrubadas.
Io era uma ninfa do rio cuja beleza atraiu Júpiter. Ele se apaixonou e a seduziu. Na tentativa de esconder seu romance dos olhos de sua esposa Juno (Hera para os gregos), Júpiter cobriu a Terra com uma fina camada de nuvens. A pintura "Júpiter e Io" do pintor renascentista do século XVI Corregio, mostra Júpiter em forma de nuvem dando um beijo no rosto da extática Io.
Juno não era tão estúpida. As nuvens atiçaram as suspeitas dela que veio à terra do Monte Olimpo e começou a dispersar as nuvens.
Quando Júpiter percebeu que Juno estava prestes a encontrá-lo com Io, rapidamente transformou Io em uma novilha branca. Tudo o que Juno encontrou foi Júpiter próximo a uma vaca branca, jurando que nunca a havia visto antes, que ela havia aparecido subitamente sobre a terra. Juno não era boba e pediu a Júpiter para dar a vaca de presente para ela. Ele não teve escolha se não aceitar o pedido.
Juno começou uma campanha para separar permanentemente Júpiter e Io. Primeiro ela mandou a vaca embora sob a vigília de um guarda. Júpiter deu um jeito de resgatá-la. Depois, Juno mandou um morcego para atormenar Io, uma terrível tortura para uma vaca. Io tentou desesperadamente escapar do morcego, e terminou vagando pelo mundo. Suas andanças foram homenageadas nos nomes de diversas localidades: o mar que Io atravessou nadando (o mar Jônico ou Iônico), como o estreito de Bósforo (que significa "travessia da vaca"). Finalmente Io foi para o Egito, onde foi cultuada com o nome de Ísis. Júpiter prometeu nunca mais procurá-la e Juno lhe devolveu a forma humana.
Europa foi uma princesa fenícia, filha de Agenor e de Telefasa. Sua história começa com um sonho. No sonho de Europa, o continente da Ásia argumentava que já que ela havia nascido lá, Europa pertencia à Ásia. O outro continente, que não tinha nome, disse que onde Europa nasceu não era importante e que Júpiter daria Europa ao continente sem nome.
Na manhã seguinte, Europa saiu com suas damas de companhia para colher flores perto do mar. Júpiter notou o adorável grupo. Ele ficou especialmente encantado com Europa, que era a mais bela das moças.
A idéia de Júpiter de como cortejar uma jovem parece bem estranha - ele se aproximou do grupo disfarçado de touro branco. O touro era lindo, gentil, cheirava a flores e tinha um mugido musicalmente sonoro. Claro que todas as moças correram para fugir dele.
O touro se abaixou em frente a Europa. Ela montou o lombo dele, talvez esperando por uma gentil "cavalgada". Ao invés disso, o touro correu em direção ao mar e nadou para bem longe da costa. Esta cena é tema da pintura ao lado do século XVI, "O Rapto de Europa". Eles logo foram acompanhados por uma procissão de deuses, fazendo Europa imaginar que talvez o touro também fosse um deus.
Ela implorou ao touro por piedade. Júpiter disse à Europa que a amava e que a estava levando a Creta. Antes de chegar a Creta, Júpiter retornou à sua forma normal, arremessando a forma de touro para os céus onde se tornou a constelação de Touro. Juno estava ocupada com outros assuntos nesse período, então nunca puniu Europa por ter um romance com Júpiter.
Júpiter prometeu à Europa que ela daria à luz muitos filhos famosos. Europa deu a Júpiter três filhos: Minos (legendário ancestral da civilização Minuana, a primeira civilização européia), Radamanto e Sarpedão. Futuramente, Carlos Magno nomearia o continente que conquistou de Europa - dando nome ao continente sem nome.
De acordo com a lenda, o belo jovem herói troiano Ganimede, filho de Trós, rei de Tróia, era considerado o mais belo dos mortais e atraiu a atenção de Júpiter, que o viu jogando no Monte Ida na ilha de Creta. Júpiter tomou a forma de uma águia, desceu ao Monte Ida, raptou-o e o levou consigo para o Olimpo, fazendo dele o copeiro dos deuses, uma posição que, incidentalmente, já era ocupada por sua própria filha Hebe. Sua função era servir néctar dos deuses nas assembléias divinas.
O seqüestro de Ganimede é o tema da estátua em terracotta representada ao lado, produzida na Itália no século V antes de Cristo.
A ninfa Calisto era a companhia favorita da deusa virgem Diana. Calisto fez voto de castidade para seguir o caminho de Diana. Ela acompanhava Diana todo o tempo e, principalmente enquanto caçava. Júpiter teve uma visão da linda Calisto e, obviamente, se apaixonou. Sabendo que Diana havia alertado Calisto sobre os subterfúgios dos deuses e dos homens para conquistar as mulheres, Júpiter espertamente se disfarçou de Diana e seduziu Calisto, que deu à luz um filho.
Ninfas invejosas da atenção de Diana contaram sobre a condição de Calisto, ela foi forçada a deixar a companhia de Diana. Calisto deu à luz um filho de nome Arcas. Quando a esposa de Júpiter, Juno, viu essa evidência da infidelidade do marido, ela ficou irritada e transformou Calisto em uma ursa. Calisto estava envergonhada e com medo e fugiu para a floresta e não viu seu filho por muitos anos.
Um dia, quando o filho de Calisto, Arcas era um homem jovem, ele decidiu caçar e entrou na floresta onde sua mãe vivia. Calisto viu seu filho, esqueceu que era um urso e correu para abraçá-lo. Arcas só viu um urso correndo em sua direção, pegou o arco e atirou uma flecha no animal. No último momento Júpiter interveio e colocou Calisto e seu filho nos céus como as constelações da Ursa Maior e Ursa Menor.
Deusa da vingança, filha de Júpiter e Necessidade. Seu nome significa "aquela a quem ninguém consegue escapar".
Nome grego da Necessidade. Filha de Saturno, Ananque é irmã de Júpiter e personificava a obrigação absoluta e a força constrangedora do destino. Na filosofia, Ananque representa o modelo sobre o qual o macrocosmo do Universo e o microcosmo do homem devem reger suas ações.
Filha de Eubulo. Uniu-se a Júpiter e teve Britomartir.
Filha de Mínias, rei de Orcômeno e de Eurianassa. Júpiter amou-a e, para poupá-la dos ciúmes de Juno, escondeu-a nas profundezas da Terra.
Esposa de Tíndaro, rei da Lacedemônia. Em uma única noite, Leda uniu-se ao marido e a Júpiter, que dela se aproximara sob a forma de um cisne. À noite pôs dois ovos. De um saíram Castor e Helena e do outro Pólux e Clitemnestra. Castor e Pólux, símbolos do amor fraterno, foram levados ao céu para habitar a constelação de Gêmeos.
Obscura personagem da mitologia, foi mais uma das amantes de Júpiter.
Filha do Sol (Helios) e de Perse. Casou-se com Minos, que era filho de Júpiter e Europa, tornando-se nora de Júpiter.
Filha de Marte e Egina. Foi amada por Júpiter que jurou conceder-lhe o que desejasse.
"O Livro de Ouro da Mitologia" - Thomas Bulfinch
"Oficina de Astronomia" - UERJ - Prof. Dr. João Batista Garcia Canalle
Toda a responsabilidade pela tradução é de Mauro Pennafort