Astrofísica

O Sol:
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por Mauro Pennafort

Nossa maravilhosa estrela, deus em muitas culturas antigas e muitos cultos primitivos, é, astronomicamente, uma estrela média: tecnicamente é uma estrela anã da classe espectral G2. Veja seus números e porque não nos parece nada pequena.

Foto tirada pela Skylab, da NASA, em 1973

 

Etimologia:
Nome latino de Helios, filho do titã Hipérion e da titânia Téia. Esposou Perse e tiveram quatro filhos: Circe, Eetes, Pasífae e Perses. Sua principal função era trazer luz e calor à Terra. Partindo da Etiópia, percorria o céu em um carro de fogo puxado por quatro cavalos brancos que soltavam chamas pelas narinas. O Sol é representado por um jovem extremamente belo, coroado de raios luminosos e conduzindo um carro flamejante.

Números:
Diâmetro no equador.........: 1.392.400 km
Volume......................: 1.300.000 vezes o volume da Terra
Massa.......................: 230Kg (332.000 vezes a massa da Terra)
Densidade...................: 1,41 g/cm3 (Terra = 5,52)
Gravidade...................: 28 vezes a gravidade terrestre
Temperatura da Superfície...: 5.800°C
Temperatura Interna.........: 15.000.000°C
Velocidade de Escape........: 618,02 km/sec
Magnitude...................: -26,8
Período de Rotação (Equador): 25 dias
Período de Rotação (Polos)..: 36 dias
Idade.......................: entre 4 e 5 bilhões de anos
Distância média da terra....: 149.631.000 km
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Composição:
Em primeiro lugar é necessário compreender que o Sol, como todas as outras estrelas, é composto totalmente por gases extremamente quentes (em estado de plasma). Muitos pensam que o Sol tem partes sólidas. Isso é um absurdo completo!

Observe aqui a estrutura interna do nosso Sol

A estrutura do Sol está dividida em:

Núcleo => Onde a temperatura é de 20 milhões de graus e a pressão de 1 bilhão de atmosferas. Nessa região ocorrem as reações nucleares.
Zona Radioativa => Por onde os fótons (partículas de luz) irradiam sua energia ao buscarem a superfície.
Zona de Interface =>
Área de transição entre a zona radioativa e a zona de convecção.
Zona de Convecção => Onde os fótons aquecem o gás solar por convecção.
Fotosfera => Superfície do Sol.
Manchas Solares => Regiões em que campos magnéticos muito intensos fazem a luz ser desviada ou absorvida.
Cromosfera => Atmosfera do Sol.

Vamos analisar cada camada do Sol:

Núcleo(140.000 Km):
Fusões nucleares são reações em que núcleos de átomos se unem para formar átomos maiores. Só que os núcleos dos átomos são positivos e se repelem, por isso somente se forçarmos muito eles se chocarão. Esses choques somente são possíveis a altíssimas temperaturas (da ordem de 20 milhões de graus Celsius) e altíssimas pressões (da ordem de 1 bilhão de atmosferas). Essas são exatamente as condições do núcleo do nosso Sol, por isso lá ocorrem reações termonucleares de fusão.
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Zona radioativa (356.000 Km):
A fusão do Hidrogênio do núcleo do Sol com o Hélio produzem os fótons (partículas de luz), com altíssima frequência (penetrantes e energéticos).

Depois de serem emitidos, esses fótons atravessam uma a zona radioativa, camada em que colidem com o gás transparente e vão perdendo energia, sendo absorvidos e reemitidos. Isso é o que chamamos de irradiação.

A Zona de Interface é apenas a separação entre a zona radioativa e a zona de convecção

É assim que as reações nucleares acontecem e a luz é produzida no núcleo do Sol

Dois núcleos de Deutério (átomos de Hidrogênio com dois nêutrons) se chocam e se fundem, gerando um núcleo de Hélio-3 e liberando um nêutron. Este processo gera muita energia e emite um fóton (partícula de luz). Por isso o Sol (e todas as outras estrelas) tem luz própria.
Veja aqui todo o caminho dos fótons desde o núcleo até o espaço
Zona de Convecção (200.000 Km):
Nessa região o gás solar deixa de ser transparente porque sua temperatura é menor e suas moléculas não estão tão agitadas. Por isso, os fótons de luz não conseguem passar direto e são absorvidos pelo gás que se aquece. Aí, acontece igualzinho à água fervendo em uma panela: o gás mais profundo esquenta, forma bolhas e vai até a superfície, onde troca de lugar com o gás de lá, que recomeça o processo. Esse fenômeno é chamado de convecção térmica.
Fotosfera (superfície):
Depois da convecção, os fótons chegam à superfície do Sol e são emitidos para o espaço sideral em todas as direções.
Manchas Solares:
Na superfície do Sol podemos observar as famosas manchas solares. Elas são criadas pelas variações dos campos magnéticos do Sol e podem ter dimensões de 80.000Km.
A mancha solar aparece mais escura por ter temperatura menor do que à sua volta
A Coroa Solar em foto do telescópio espacial Hubble Cromosfera (10.000Km acima da Fotosfera):
A cromosfera é a atmosfera do Sol. Sabemos que ela existe porque, durante os eclipses totais do Sol, podemos ver um anel avermelhado em torno do Sol, a coroa solar. Algumas vezes a cromosfera tem tempestades que emitem línguas de fogo de até 800.000Km de altura. A cromosfera também emite outras partículas além da luz que se propagam a altíssima velocidade, formando o chamado vento solar.
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Análise do Sol - A espectroscopia:
Uma pergunta comum é: Como se pode saber tanto sobre o Sol ou até mesmo sobre outras estrelas sem nunca chegar perto deles? A resposta pode estar mais próxima do que você imagina.

Como observamos as coisas que estão próximas de nós? Olhamos para elas. Para que se possa ver alguma coisa, a luz bate nesta coisa, se reflete e vem até nossos olhos e então enxergamos. O que diferencia uma coisa da outra é a maneira como ela reflete a luz, que afeta diretamente a maneira como as vemos. Na verdade o que determina o quanto de luz uma substância reflete é a quantidade de luz que ela absorve. Substâncias diferentes absorvem a luz de maneira diferente e, por isso, têm aparências diferentes.

Isaac Newton descobriu que um prisma consegue decompor a luz branca nas diversas cores que a constituem. Chamamos o conjunto dessas cores de espectro da luz visível. Quando analisamos a luz que vem de um corpo celeste, obtemos um espectro particular da luz refletida ou produzida naquele corpo. Dependendo das substâncias contidas no corpo, a luz dele produz um espectro diferente.

Observe abaixo:

Se uma estrela produzisse luz e essa luz não passasse por nada nem dentro da estrela nem no caminho até a Terra, a luz visível pura, quer dizer sem ser absorvida por nenhuma substância, teria esse aspecto:

 

Espectro contínuo da luz visível. Luz pura sem ter sido absorvida em nenhuma frequência.

 

Os gases do núcleo da estrela estão em uma pressão gigantesca (da ordem de 1 bilhão de atmosferas terrestres), por isso produzem uma luz branca e não absorvem nenhuma frequência. Seu espectro não possui linhas.

Agora, por exemplo, se essa luz fosse absorvida pelo Sódio (Na), o espectro já teria esse aspecto:

 

Espectro da luz visível depois de absorvido pelo sódio (Na)

 

Note que quando o sódio está presente, ele absorve uma frequência de luz. Esta frequência não chega a Terra e fica marcada por uma faixa escura. A figura acima seria então a assinatura, a identidade espectral do sódio. Qualquer astro celeste que apresente esse espectro, terá sódio.

Veja o exemplo do Mercúrio (Hg):

 

Espectro da luz visível depois de absorvido pelo mercúrio (Hg)

 

Qualquer corpo celeste que apresente esse espectro, com certeza conterá mercúrio.

Veja a luz que nos chega de uma estrela típica:

 

 

A luz branca que vem do núcleo passa por toda a estrela até sua atmosfera. As frequências absorvidas deixam linhas escuras. Cada uma destas linhas é criada pela absorção de um tipo particular de molécula ou átomo. Através da análise destas linhas sabemos o que compõe o corpo celeste.

Obs.: Os espectros reproduzidos acima foram retocados em programas gráficos para facilitar a compreensão e não correspondem à realidade de laboratório.

Há também outros tipos de análise espectral, mas isso será visto em detalhes em outro artigo em breve.
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As Manchas Solares:
Algumas regiões do Sol apresentam manchas que estão ligadas aos campos magnéticos da nossa estrela. Atualmente existe todo um estudo das manchas solares e até mesmo uma classificação para elas.

Classificação de Zurique:

Classe A - Manchas pequenas e próximas uma da outra, todas com a mesma polaridade magnética e sem penumbra (manchas ainda claras).

Classe B - Dois grupos de manchas do tipo A, mas de polaridades diferentes, formando um grupo bipolar e ainda sem penumbra.

Classe C - Os grupos bipolares são maiores e têm penumbras em uma das pontas de um dos polos.

Classe D - Penumbras nos dois extremos do dipolo e grandes o suficiente para preencherem um arco entre 5 e 10 graus em relação ao centro do Sol.

Classe E - Manchas iguais, só que com medidas entre 10 e 15 graus de arco.

Classe F - Manchas enormes, com medidasmaiores de 15 graus de arco.

Classe H - Grupos unipolares de manchas pequenas (tipo A) menores de 5 graus de arco.

Veja uma explicação da evolução das manchas solares de autoria de João Clérigo, publicado no site da Associação Nacional de Observação Astronômica, uma entidade de Astronomia de Portugal:

"Simulando agora a evolução desde o principio, podemos observar um campo magnético fotosférico suficientemente intenso a dar origem a um grupo de poros próximos (classe A), alcançado este ponto, o grupo desagrega-se rapidamente ou evolui para a classe B, no momento em que se formam outras manchas de polaridade oposta às anteriores.

A área coberta pelas manchas mede-se em milionésimas de hemisfério solar visível, em que uma milionésima de hemisfério corresponde a 3 milhões de km2, ou seja, o equivalente a cerca de 30 vezes a superfície de Portugal, e o máximo fator de crescimento observado é da ordem de 200 milionésimas por dia. Se a atividade de crescimento for suficientemente rápida, o grupo entra na classe C ou D num prazo de 2 - 4 dias. Um aumento da intensidade e da complexidade do campo magnético nos 3 a 6 dias seguintes pode determinar o aparecimento e a evolução de numerosas manchas, que darão origem a grupos de tipo E ou F. O desenvolvimento máximo será alcançado em 8 ou 10 dias, e no decurso dos quais, a área coberta pelas manchas pode chegar a ser de algumas milionésimas de hemisfério solar."

Mauro Pennafort

Bibliografia e Referências:

Associação Nacional de Observação Astronômica - Uma entidade astronômica portuguesa

Departamento de Astronomia da Universidade Federal de São Paulo

Via Láctea - O Portal da Astronomia

"Cosmos" - Carl Sagan

"Pálido Ponto Azul" - Carl Sagan

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