Os Movimentos da Terra

  Para efeitos didáticos, dividiremos os movimentos da Terra em duas classes:

Movimentos no Espaço

São quatro os principais movimentos da Terra no espaço e somente dois deles são importantes para a Geologia. Os quatro movimentos são:

Os dois primeiros, rotação e translação, são os geologicamente importantes.
Os dois últimos, precessão e nutação, são muito sutis e importantes na confecção dos calendários e no registro da passagem dos equinócios e de relativa pouca importância na Geologia e serão referidos brevemente.

Rotação

É o movimento que o globo faz em torno do seu eixo na direção oeste/leste ou da esquerda para a direita para uma pessoa que esteja de frente para o norte. (Ver fig. ao lado que será referência para todos os movimentos da Terra. Clic para ampliar as figuras).
Tal configuração dá a impressão de que o Sol se movimenta de leste para oeste quando observado da Terra, fato que durante muito tempo, levou os antigos cientistas, ao raciocínio errado sobre o movimento dos corpos no sistema solar.
Uma rotação inteira, relativa ao Sol, dura 24 horas. Neste caso fala-se em dia solar, que é quase 4 minutos mais longo, precisamente 3' e 56", se o dia for medido em relação às estrelas. Neste caso fala-se no dia sideral. (Veja a figura abaixo.)

A rotação deriva os dias, as noites e o tempo e frações do tempo.
O hemisfério voltado para o Sol é o dia quando a Terra sofre aquecimento pela insolação, e o outro, a noite quando a temperatura, na superfície do globo é mais baixa.
O resultado é um balanceamento da temperatura da superfície do planeta tornando-o adequado à continuidade da vida na Terra. Este movimento tem como eixo uma linha imaginária interior ao globo, traçada pelos dois pólos, norte e sul chamado eixo de rotação e cujo prolongamento atualmente aponta para a estrela Poláris na esfera celestial. O eixo de rotação é inclinado em relação ao plano da eclítica por um ângulo de 230 27`.(Ver a figura)
Informações recentes obtidas com foguetes e estações orbitais, indicam que a circunferência da Terra no equador tem 40.074.249 metros, distância esta que é percorrida a cada 24 horas do dia solar. Eqüivale a uma velocidade de 464 m/s que é 28,8% maior que a velocidade do som, de 360 m/s ao nível do mar. Isto quer dizer que viajamos pelo espaço com velocidade supersônica e não notamos nada de anormal. A melhor evidência da velocidade deste movimento e a observação da subida e a descida do Sol no horizonte tendo em conta a distância que separa a estrela do planeta, e a variação da sombra dos objetos na superfície do globo, que correspondem ao giro da Terra em frente ao Sol, o qual se mantém, de fato, parado relativamente à ela.

Ligando os pólos norte e sul Passando na superfície, são traçadas infinito número de linhas imaginárias chamadas de meridianos, que marcam as longitudes. Somente um desses meridianos é assinalado e serve de referência para leitura das longitudes e das horas. É o meridiano de Greenwich onde ficavam os instrumentos de trânsito do Observatório Real na Inglaterra tomado como 0o (Desde 1950 este observatório mudou-se para Hailsham, East Sussex, Inglaterra mas o nome foi conservado para referência do meridiano).(Britannica. V.5, pg 475. 15a Edição. 1987).
A partir do meridiano de Greenwich, lê-se a leste e a oeste, as longitudes até 180o. Os 360o da circunferência da Terra, por acordo internacional, foram divididos em 24 gomos cada gomo agora chamados de hora, dividindo o dia em 24 horas, cada hora com 150. Cada uma dessas faixas ou gomo chama-se fuso horário.
A hora é dividida em 60 minutos, estes em 60 segundos e dependendo da necessidade de precisão, estes últimos são divididos em frações ainda menores.
É mais cedo a oeste e mais tarde a leste de qualquer meridiano. A linha de mudança de data se faz teoricamente no meridiano 180o, que é uma linha irregular no Oceano Pacífico, onde coincidem 24 horas e 0 hs de um dia e do dia seguinte respectivamente.
Cruzando os meridianos traçam-se os paralelos que são contados a partir do equador para os pólos de 0 a 90o de latitude norte e sul. Os paralelos são círculos traçados paralelamente ao equador terrestre e também são inúmeros, havendo cinco especiais:


Meridianos e paralelos cruzam-se na superfície da Terra em ângulo reto. Um grau de latitude ao longo de qualquer meridiano mede 111,11 km ou 60 milhas náuticas, ou seja, uma milha náutica é igual a um minuto de latitude.
O movimento de rotação distorce a forma fluida da Terra devido a força centrífuga do movimento que aumenta o raio no equador encurtando o polar. O raio equatorial mede 6.378,2 km, enquanto o raio polar mede 6.356,8 km. Este fato altera a leitura da gravidade do planeta que é maior nos pólos do que no equador devido a menor força centrífuga e menor distância ao núcleo da Terra.
Em 1791, foi medido, pelo método da triangulação, o comprimento do meridiano de Paris entre o equador e o polo, quando os franceses admitiram o metro como medida de comprimento: a décima milionésima parte da distância entre o polo e o equador. Disso resultou a medida do raio equatorial com 6.378.160 metros e o polar 1/298,25 menor que aquele determinando-se assim o achatamento dos pólos. Dessa maneira, um círculo máximo da Terra teria 40.000 km (atualmente medido com maior precisão, 40.074.249m).
Translação

É o movimento da Terra em sua órbita ao redor do Sol ciclo que tem o nome de ano tropical, a maior medida do tempo iniciado precisamente no equinócio da primavera e dura 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 45,7 segundos sendo um pouco menor que o ano solar em virtude do movimento de precessão o qual veremos adiante. A translação é o movimento do qual resultam as estações, os climas da Terra e a contagem do tempo de maior duração.
O ponto da Terra mais próximo do Sol (ponto de maior insolação) desloca-se, entre os dois trópicos, traçados na máxima declinação do sol (solstícios) ao norte e ao sul, passando por um ponto intermediário alternadamente no sentido norte/sul (nó de descida) e sul/norte (nó de subida) onde se dão os equinócios. (Veja esta figura.
Isto, mencionado anteriormente, origina as estações do ano e os climas do planeta. No hemisfério mais iluminado, ou mais insolado da-se o verão, acarretando automaticamente o inverno no outro hemisfério. Ainda como conseqüência desse movimento, temos duas estações intermediárias: o outono que segue o verão e a primavera que segue o inverno.
Geologicamente diz-se que o outono é o resfriamento de um dos hemisférios e a primavera e o aquecimento do outro.
Assim, os climas na Terra acompanham essa estrutura geral:

Os seres orgânicos, animais e vegetais, que habitam todo o globo, adaptam-se a esses climas adquirindo qualidades e costumes de maneira a melhor preservar cada espécie.

Precessão.

O eixo de rotação, de fato, não é fixo em um ponto da esfera celeste. Ele também se movimenta e atualmente aponta para a estrela Poláris da constelação da Ursa Menor; Ele realiza um movimento circular muito sutil que é chamado de precessão ou ano platônico (Platonic Year) o qual se completa a cada 25.800 anos. Este movimento do eixo, naturalmente desloca também o plano do equador, alterando a posição do equinócio na direção do oeste, gastando 25.800 anos para chegar de novo ao mesmo ponto. É importante para a confecção do calendário, mas não é para estudos geológicos.

Nutação

O quarto movimento da Terra é a nutação que é uma sinuosidade existente no movimento da precessão, provavelmente devido à influência do movimento da Lua que é feito a um ângulo de 5,1o fora da eclítica, o qual desequilibra a precessão (ver a fig anterior).
Um ciclo completo da precessão dura 25.800 anos como anteriormente mencionado, e por isso não é importante para estudos geológicos. A nutação completa um ciclo em 18,6 anos e é extremamente sutil, perdendo também importância em estudos geológicos e por isso aqui abandonado.

Na Galáxia

O movimento da Terra na galáxia ocorre como um todo do sistema planetário inclusive o Sol. A galáxia onde fica situada o planeta, chama-se Via Láctea, a qual gira em torno de um eixo, e a própria galáxia move-se também para alguma parte desconhecida e sem qualquer importância para a espécie humana ou estudo geológico e por isso, também, aqui abandonado.

Movimentos Próprios do Planeta

Também aqui os movimentos serão divididos em duas classes: internos e externos. Entretanto, de fato, eles são solidários pois os externos são conseqüência dos internos. Vejamos primeiro os movimentos internos isto é, os que se passam no interior do globo, e os conseqüêntes movimentos externos ou seja, os movimentos da litosfera terrestre.

Movimentos Internos

Os movimentos internos do planeta, são os movimentos convectivos o movimento próprio dos fluidos e que se verifica no magma do manto. É um movimento circular, em cortinas de magma, surgido pelo aquecimento de uma parte da massa do manto do planeta na periferia do núcleo(Ver figura ao lado). A parte aquecida sobe, provocando a descida da parte menos aquecida que se aquece na mesma região, continuando a corrente, sem fim previsível.

Por ser um movimento interno ao globo, que se origina na esfera do núcleo, existem diversas células convectivas girando continuamente desde o dia do abalo sísmico máximo que levou a que se fragmentasse o supercontinente original. Esses movimentos estão com a intensidade em fase de declínio.

As conseqüências de terceira geração desses movimentos, são as formações geológicas que resultam de cada um. Bacias, abismos, montanhas, falhamentos e terremotos, são resultados estudados sob o título de Tectônica, uma ciência menor dentro da Estratigrafia e que constituem os movimento externos da superfície do planeta.

Movimentos Externos

São dois os movimentos da litosfera ou movimentos externos:

ambos referentes à esfera onde se realizam: a Terra.
Os radiais, como o nome o indica, se fazem ao longo dos raios da esfera do planeta. São os movimentos verticais e podem ser positivos se aumentam o raio terrestre (ex:rifts e montanhas), e negativos quando ao contrário (bacias).

Aos movimentos radiais seguem-se os tangenciais. Estes podem ser convergentes e divergentes e, naturalmente, são os movimentos laterais da superfície terrestre (chamada imprópria e erradamente de tectônica de placas).
Esses são os movimentos passíveis de serem estudados pelos humanos de onde deduz-se os movimentos internos.
A crosta da Terra é obviamente solida e por isso é passiva e por via de conseqüência não tem movimentos próprios. Disso deduz-se que os movimentos da crosta são dependentes dos movimentos internos ou do magma interior da Terra. Isto significa que existem movimentos no manto subjacente a ela; automaticamente significa também que o manto é fluido. Assim, os movimentos externos, ou movimentos da crosta, são conseqüências dos movimentos convectivos do manto fluido da Terra os quais se verificam dentro de uma esfera. Desse modo, os movimentos divergentes da crosta são conseqüência de movimentos divergentes de células convectivas dentro do globo e por via de conseqüência os convergentes tem o mesmo significado.

Eles então provocam impactos entre dois segmentos da litosfera reunindo-os ao longo de uma linha, a linha de convergência.. Movimentos divergentes separam segmentos da crosta, também ao longo de outra linha, a linha de divergência. As linhas de reunião e de separação da crosta são as áreas sismicamente ativas do globo. Duas linhas contíguas sismicamente ativas limitam uma área sismicamente estável ou sismicamente quieta. Exemplos clássicos (v.fig acima): linha de divergência é a linha central (rift) do Oceano Atlântico. Linha de convergência é a borda ocidental do continente sul-americano.

Áreas convergentes: a área sul-americana e a área sudoeste do Oceano Pacífico. Essas áreas, sismicamente quietas, se tocam nas linhas, margens ou bordas de convergência, que é uma linha sismicamente ativa.

Finalmente, a borda ou margem divergente é a linha onde se formam as novas rochas basálticas da litosfera. Borda ou margem convergente é o lugar onde as partes mais antigas da litosfera basáltica se perdem para dentro do globo voltando ao seu estado original de magma do manto.

Geologicamente diz-se que o magma do interior do globo tem uma fase superficial quando se torna rígido fazendo parte da litosfera como rochas oceânicas, voltando em seguida para o interior do globo e ao seu estado fluido, magmático normal. Não há perda ou ganho de material, permanecendo o globo inalterado tanto em área como em volume. As rochas continentais jamais voltam a ser magmáticas. Elas apenas flutuam ao sabor das correntes convectivas do manto.


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