Refossilizações Existentes na Bacia do Recôncavo: Análises Paleontológicas.

Neste arquivo apresentamos novos exemplos de poços onde a mistura de fósseis é patente pelos próprios relatórios do laboratório de Paleontologia em todas as latitudes da Bacia. Outros mais podem ser encontrados nos arquivos técnicos da Estatal brasileira de petróleo. Na realidade, todos os poços que forem furados neste tipo de bacia, em qualquer parte do globo, todos, apresentarão as mesmas características litológicas e o mesmo problema paleontológico.
Este é o exemplo clássico da tese inicial: estudo isolado de uma parte da ciência gera confusão. A causa central do erro assenta-se sobre o defeito inicial do estudo da Terra. De um lado a Paleontologia seria uma espécie de ciência autônoma, pura, e seus profissionais desconhecem problemas estratigráficos, isto é, de um lado paleontólogos têm interesse em animais do passado encontrados nas rochas, enterrados. Do outro, os geólogos conhecem rochas e desconhecem o valor da informação paleontológica e não ligam para elas. Esse divórcio de atitudes leva a mapas errados e ao fracasso na exploração. Vejamos como se passa o erro estudando os poços construídos na Bacia do Recôncavo. Frizemos mais uma vez, o fenômeno só acontece nas bacias do tipo Recôncavo, uma bacia especial: a evidência física do fenômeno maior, a separação continental.

Área de Lamarão

Nesta área temos dois poços que serão estudados em conjunto. No pioneiro de Lamarão (1-LM-1-BA), situado ao centro-sul da Bacia, diz uma das partes do relatório da Paleontologia (Documentos da pasta do poço):

A partir de 2.160m tornam-se raros os fósseis em toda a seção do poço. A única evidência de R-8 (dado em base de um exemplar de C.(M)candeiense var Spinigera) foi encontrada na amostra 4080-4110. Abaixo desta profundidade apenas se constatou a existência de fósseis desmoronados de R-6, havendo também outros não identificáveis pela má preservação.
A Zona R-6 é mais jovem do que a R-8 e não pode ocorrer nesta posição. Para compreender a inversão veja e copie esta figura (ela é importante para compreender o fenômeno da mistura dos fósseis) onde aparecem as zonas paleontológicas organizadas pelo estudo das diversas fáunas. A Zona R-8 (R quer dizer Recôncavo e RT, Recôncavo/Tucano) é mais antiga que R-6 e por isso, não pode ficar acima dela (2a Lei da Sedimentação). Notar ainda a profundidade onde foi encontrado o único fóssil do Candeias: a mais de 4km de profundidade.
Vejamos o segundo poço observando o que diz o relatório paleontológico do mesmo(1-LM-2-BA):
Desde a superfície até a profundidade de 240m foi observada a presença de ostracóides das zonas R-8 (Candeias) e R-9 (Itaparica) misturados aos de R-2 (S.Sebastião). Na amostra 420-450m foram encontrados exemplares típicos da subzona R-4.1 (Ilhas superior parte superior). Na 480-510 ostracóides de R-8 (Candeias médio) e de 630 a 660 ostracóides de R-5 (Ilhas).
No primeiro poço, achou-se um fóssil R-8 a mais de 4100m de profundidade e assim foi determinada a formação Candeias. No segundo poço, pioneiro adjacente do primeiro, os fósseis Candeias estão presentes desde a superfície, misturados aos fósseis do Itaparica, fósseis de S.Sebastião e nas partes mais profundas, junto com fósseis do tempo Ilhas tornando-se um problema nomear qual a formação que está sendo estudada ou datar qualquer coisa, porque, obviamente, os fósseis estão misturados, não interpretativamente pelo pesquisador, mas na linguagem clara dos próprios cientistas da paleontologia.

Área de D.João

Nesta área, quase mil poços têm o mesmo problema. O 1-DJX-6-BA representa-os bem. A estratigrafia prevista, confrontada com a achada, é a seguinte:

FormaçõesTopos previstosTopos achados
IlhasFundo do mar-6m
Candeias-125m-219,8m
Zona A-625m-905m
Itaparica-630m-909m
Sergi-800m-1044m
Prof. final -1125m

Vejamos o que diz o Relatório da Paleontologia

Início na Zona R-6
Topo da Zona R-8 (?)entre 255-270m
Topo da Sub-zona R-9.1660-675m
Topo da Subzona R-9.2(test. no3)915,6-918,5

"Obs: A determinação paleontológica do topo da Zona R-8 torna-se difícil não só pela pobreza da fauna como pela ocorrência de fósseis retrabalhados desta seção dentro da Zona R-6".

Veja-se na outra tabela o Relatório da Paleontologia, as mesmas incorreções geológicas e as mesmas incertezas:
Geologicamente impossível a Zona R-8 dentro da Zona R-6. É um erro grave de estratigrafia que precisa ser corrigido. Por isso o ponto de interrogação ao lado do "Topo da Zona R-8" que se observa na tabela.
Os fósseis Candeias e Ilhas estão misturados e quem o diz é o relatório dos próprios paleontólogos. Neste caso, não houve desabamento. Os fósseis de R-8 foram dados como retrabalhados o que implica em redeposição, uma teoria não justificada pelos paleontólogos. A mistura dos fósseis verifica-se desde a superfície, dificultando a separação das formações Ilhas e Candeias. Note-se ainda a pobreza da fauna.

Área de Malombê

Área situada ao norte da Bacia onde afloram sedimentos Candeias recobertos por delgada camada de sedimentos da formação Barreiras. Em outras palavras, somente a parte inferior da coluna estratigráfica, de Candeias para baixo, ocorre na área. Da parte superior, somente o Barreiras se acha presente.

3-ML-6-BA (Malombê no6) - A estratigrafia prevista/achada é a seguinte:

FormaçõesTopos previstosTopos achados
BarreirasSuperf.(+80m)Superf.(+80m)
Candeias Méd.30m(+50m)10m (+72m)
Candeias Inf.840m(-760m)Falhada
Zona "A"910m(-830m)Falhada
Itaparica930m(-850m)Falhada
Sergi1000m(-920m)Falhado
Aliança Sup.não previstoFalhado
Aliança Med.não previsto1190m(-1104m)
Prof.final1100m no Sergi1250m no Aliança.

Observar que antes de perfurar o poço, o prospecto dá a impressão de que a área era bem conhecida. Depois da perfuração observa-se que nada do que foi previsto aconteceu o que mostrava que a área era desconhecida pois nada do que foi previsto aconteceu.

Observe-se o Relatório da Paleontologia para mais perplexidade:

Poço iniciado na Zona R-6.1
Primeiros ostracóides deR-830-60m
Apenas ostracóides deR-6.1 60-150m
Topo (?) da Zona R-8 150-180m
Topo da Subzona R-8.1 330-360m
Topo da Zona R-91110-1140m

Seguindo-se esta observação:

Não sabemos se os ostracóides da Zona R-8 encontrados no intervalo 30-60m são provenientes de contaminação, hipótese esta que é mais aceitável dado a ocorrência ser de apenas dois (2) ostracóides com predominância da fauna R-6.1. Neste caso é mais lógico dar o topo de R-8 em 150-180m. Como aconteceu com o poço 3-ML-3-BA, a subzona R-8.1 apresenta-se bastante espessa. A zona R-9 não apresenta ostracóides de qualquer das suas duas (2) subzonas.
A incerteza do paleontólogo vem do fato da área ter sido mapeada com clásticos do tempo Candeias à superfície, mais antigo que o Ilhas, não se justificando a presença dos fósseis do Ilhas especialmente com predominância. Entretanto eles foram encontrados, daí a contaminação, que deveria ser dos fósseis Ilhas (desde que a área é mapeada como Candeias!) e não o contrário como foi apresentado. Em fevereiro de 1969 outro relatório da Paleontologia sugeria a espessura das diversas formações, inclusive a da formação Itaparica entre 1110m-1260m. Esta formação está falhada no poço, ou seja ela está ausente da coluna estratigráfica por efeito do falhamento, o que coloca os fósseis Itaparica dentro da formação Aliança, informação que resvala para o surrealismo geológico. Impossível. E se a formação está falhada, ou seja, ausente da seção, como explicar a presença dos seus fósseis?
Aparentemente, mas só aparentemente, detalhes sem importância. O fenômeno se repete no 1-ML-1-BA e no 3-ML-2-BA, quando os fósseis do Itaparica, também aparecem até o fundo do poço, passando por dentro da espessura da formação Sergi.
É evidente o erro do mapeamento. Com mapas errados, descobrir petróleo é pura sorte.

Área de Progresso

Esta área fica situada na parte centro-leste da Bacia, 5km ao sul do Campo de Araçás.
Especificamente, no poço 1-PE-1-BA, após o recebimento de um rádio do laboratório de paleontologia informando que, (Documento da pasta do poço)

...último intervalo examinado 2280-2310. Desmoronamento do Ilhas superior parte inferior,
o geólogo do poço escreveu carta mal humorada ao seu supervisor (documento na pasta do poço), tecendo críticas ao laboratório da Paleontologia, chamando atenção para o fato de que o intervalo de onde teriam desmoronado os fósseis do Ilhas superior parte inferior, já estava revestido com tubos de aço, tornando impossível o desmoronamento.
A observação é nossa: é mais simples e coerente admitir que os fósseis estão misturados e por isso podem aparecer a qualquer profundidade, do que tentar justificativas que soam impertinentes.

Fazenda Mangueira

1-FM-1-BA - Este poço fica situado na mesma latitude dos poços de Lamarão e D.João na borda leste da Bacia, área onde hoje se localiza o Pólo Petroquímico de Camaçari. Vamos apreciá-lo sob dois pontos de vista exploratórios, sísmico e paleontológico, suas interrelações e influências. É um prospecto de 1964 que diz:

...baseado em trabalhos sísmicos de reflexão que delineou... ...A profundidade final será no embasamento esperado a aproximadamente 3600m de profundidade... ...objetivos desta locação são a Formação Sergi e a Zona "A" bem como os arenitos erráticos das Formações Ilhas e Candeias, visando também um melhor conhecimento da estratigrafia ao sul do trend Mata/Catu. A profundidade final será no embasamento, cujo topo é esperado a 3600m. Recomenda-se uma sonda com capacidade de 4000m para uma boa margem de segurança.
O sumário estratigráfico prevê todas as formações conhecidas da coluna geológica da bacia até o embasamento. A sonda 14, com capacidade de perfurar 5000m, foi a encarregada da perfuração. O poço foi tamponado e abandonado como seco a 4.704m de profundidade, 1.104m além da previsão inicial, sem encontrar qualquer dos objetivos esperados, inclusive o embasamento. A sonda ficou pendurada em sedimentos desconhecidos.
Quando o poço chegou a profundidade de 3315m, próximo ao embasamento previsto pela sísmica, a Paleontologia verificou e informou que os fósseis ainda eram do Ilhas superior (parte rasa da Bacia), mas que seriam desmoronados, devido a perplexidade causada pela notícia. Pouco antes, os responsáveis pela locação redigiram um expediente justificando alguns pontos de vista e reformulando as interpretações, como aconteceria mais tarde em outras locações (locações de 1-CAB-1-BA e Jacuipe):
Sob o ponto de vista da sísmica, lembramos que o mapa do embasamento utilizado, quando da aprovação de Fazenda Mangueira e Jacuipe Sul, baseou-se fortemente na informação de refração no local, na suposição de que os mesmos refletissem em essência a situação real ou aproximada do embasamento. Como resultante este mapa deixou de considerar reflexões mais profundas que o nível indicado por refração...
Argumentando que as análises paleontológicas indicavam que o poço ainda estava perfurando o Ilhas superior, e que ainda faltavam as formações do Grupo Sto.Amaro (Candeias e Itaparica), argüía-se que o embasamento poderia ser encontrado a mais de 5000m de profundidade, ou seja, além da capacidade de perfuração da sonda no14. A Paleontologia confirmaria seus resultados com muita ênfase:
...o poço terminou dentro da Formação Ilhas superior, parte inferior a profundidade de 4702m.
Ressaltou ainda que dentro das camadas de conglomerados não foram encontrados ostracóides, mas nos folhelhos aparecidos dentro do conglomerado, os fósseis achavam-se muito bem preservados...
...permitindo uma fácil e segura determinação bioestratigráfica. É interessante observar que a despeito da grande profundidade atingida por este poço, a contaminação por desmoronamento é praticamente nula não prejudicando a identificação das formações S.Sebastião e Ilhas, apesar das dúvidas surgidas quanto a excessiva espessura das formações S.Sebastião e Ilhas obtidas com base nas determinações paleontológicas. Nenhuma evidência forte existe que modifique os resultados da micropaleontologia. Até que novos fatos surjam consideraremos como definitivas as informações contidas no resumo acima indicado. Convém assinalar o fato, para nós importante, de que pela primeira vez foram encontrados ostracóides com boa preservação, em profundidades maiores que 4000m, contrariando o conceito de que, em áreas com espesso pacote sedimentar, os fósseis não resistiriam à compactação dos sedimentos. A fauna encontrada surgiu à profundidade de 3960-3975m, o poço tem revestimento intermediário até 2003m, o que exclui a possibilidade de desmoronamento das camadas superiores. Tal fato abre novas perspectivas para a identificação das formações em poços profundos.
Em Fazenda Mangueira, não são os fósseis antigos que aparecem nas camadas superficiais, ao contrário. São os mais jovens que se aprofundam. Por estarem misturados nas três dimensões é impossível predizer o aparecimento ou desaparecimento de qualquer biozona. Observe-se ainda que neste poço o revestimento intermediário
...exclui a possibilidade de desmoronamento das camadas superiores.
Vale lembrar o prospecto de Capianga onde o geólogo que acompanhou o poço quase foi demitido por sacar uma falha que colocava o Ilhas contra o Sergi devido à desordem dos fósseis no volume dos sedimentos da Bacia.
Mapas errados são antieconômicos.

Área de Cinzento

Nesta área, nos arredores do Centro Industrial de Aratu na parte sul da Bacia, foram furados, à época deste estudo, dois poços. O primeiro (1-CZ-1-BA) é um poço profundo com 4430m, e como em Fazenda Mangueira, sem qualquer definição estratigráfica.
O relatório da Paleontologia diz textualmente:

Obs: Este poço apresenta um sério problema de retrabalhamento de sedimentos o que torna difícil ou mesmo impossível a obtenção de resultados paleontológicos precisos, pois os ostracóides apresentam a preservação original. Desde a primeira amostra encontram-se ostracóides de diversas biozonas, numa clara evidência de desordem estratigráfica, onde a seqüência sedimentar mostra-se amplamente perturbada. Não existe predominância de ostracóides de determinada zona, pois a freqüência dos mesmos é variável neste poço. Nota-se porém, que até a profundidade de 300m encontram-se apenas ostracóides das zonas R-6 (Ilhas basal) e R-8 (Candeias). Entretanto, abaixo dos 300m começam a surgir fósseis da zona R-5 e, principalmente da zona R-5.2. Mesmo abaixo do intervalo com revestimento intermediário (1832m) ainda encontramos ostracóides das três zonas citadas com ligeira redução dos tipos da zona R-8.
O relatório final do geólogo diz textualmente (pg 6): "A mesma ocorrência misturada de fósseis existente na Formação Ilhas, continua persistente na Formação Candeias, sem possibilidade de definição paleontológica, apenas litológica. Pertence ao Cretáceo inferior."
Observar que a misturada de fósseis continua a aparecer, mesmo abaixo do intervalo revestido, como em Progresso e Fazenda Mangueira evidenciando um fenômeno abrangente.

O segundo poço da área, 1-CZ-2-BA, tem o seguinte resultado paleontológico:

"Obs. Não houve possibilidade de estabelecer topos de zonas de ostracóides. Apenas foi constatada a presença dos mesmos formando uma miscelânea sem seqüência estratigráfica."
Algumas vezes a mistura de fósseis é muito clara, que não há necessidade de explicações.

Área de Buracica

Esta área fica 5km sudoeste da cidade de Alagoinhas no noroeste da Bacia. O poço 7-BA-184-BA seria um poço externo no flanco oeste do campo, que visava testar um bloco interpretado como rebaixado aos níveis dos topos das formações Itaparica e Sergi (Ver documentos da pasta do poço). O item 4 da Ata da Reunião da Comissão de Completação e de Abandono de Poços de Desenvolvimento diz:

A seção estratigráfica atravessada apresentou-se anômala: foram atravessados sedimentos do Grupo Ilhas e da Formação Candeias, penetrando aos 269m em uma seção pelítica vermelha de características litológicas da Formação Aliança (inclusive dados paleontológicos situaram essa seção no Andar D.João-RT-001) que persistiu até os 700m. A partir de então foi atravessada a seção normal da formação Sergi (zonas F a H) e da Formação Aliança, com seus membros Capianga, Boipeba e Afligidos, tendo encerrado a perfuração neste último, já bastante próximo ao embasamento.
A situação descrita inverte a estratigrafia da Bacia colocando o Aliança sobre o Sergi tendo-se de admitir uma falha reversa dentro da Bacia sem uma justificativa teórica para amparar a idéia. A Paleontologia confirmou a estranha inversão.
Evidentemente que não existe a inversão. Os fósseis é que estão misturados e aparecem em qualquer profundidade. São fruto de redeposição e tem de ser reportados como refossilizações, sem evidenciar qualidades ambientais e muito menos caracterizar e/ou datar qualquer coisa.

Área de Fazenda Imbé

É outro campo de petróleo com algumas dezenas de poços. O pioneiro, 1-FI-1-BA é um poço de 1963 com a seguinte estratigrafia prevista/achada:

FormaçõesTopos previstosTopos achados
S.SebastiãoSuperf.111m(+107m)Superf.(+107m)
Ilhas sup.120m (-13m)294m(-183m)
Ilhas inf.Não previsto952m(-841m)
Candeias1600m(-1493m)1350m(-1239m)
Zona "A"2140m(-2033m)Falhada
Itaparica2150m(-2043m)Falhada
Sergi2200m(-2093m)Falhada
AliançaNão prevista1581m(-1470m)
EmbasamentoNão previsto1768m(-1657m)

Diz o Resumo da Paleontologia sobre os resultados do poço:

Ostracóides
1290 - 1350mIlhas inferior
1350 - 1500mCandeias médio
1500 - 1650mDesmoronamento
1650 - 1680mHum ostracóide do Aliança
1680 - 1710mHum ostracóide do Aliança
1710 - 1740mDesmoronamento
1740 - 1770mDesmoronamento.

Evidente que, até o fundo do poço, os fósseis misturados são de seções mais novas sendo por isso dados como desmoronados pois é antigeológico reportá-los àquelas profundidades, junto com formações mais antigas. Apenas que não há o desmoronamento do poço, os fósseis é que estão misturados e os geólogos ignoram o fato.

Área de Fazenda Azevedo

Situa-se esta área ao norte do Campo de Imbé e tem os mesmos problemas dos outros poços da Bacia: O pioneiro do campo é o 1-FA-1-BA.



Formações       Topos Previstos     Topos achados

S.Sebastião     Superf.(+92m)       Superf.(+92m)
Ilhas           342m(-250m)         145m   (-49m)
ILhas inf.      Não previsto        1057m  (-961m)
Candeias        1542m(-1450m)       1695m  (-1599m)
Candeias inf.   Não previsto        2020m  (-1924m)
Zona "A"        Não prevista        2152m  (-2056m)
Itaparica       Não prevista        2162m  (-2066m)
Sergi           Não previsto        2192m  (-2096m)
Aliança         Não prevista        2310m  (-2214m)
Embasamento     1842m(-1750m)       Não atingido
Prof. final                         2335m   (-2239m)

Relatório parcial da Paleontologia:

0-120m S.Sebastião inferior 120-150m Topo Ilhas superior, pte superior 510-540m Topo Ilhas superior, pte inferior 1050-1080m Topo Ilhas inferior 1710-1740m Candeias médio 1920-1950m Candeias médio 1950-1980m Desmoronamento 1980-2010m Desmoronamento 2010-2070m Microfósseis ausentes 2070-2100m Desmoronamento 2100-2130m Desmoronamento 2130-2160m Candeias inferior 2160-2196m Microfósseis ausentes.

Ainda aqui repete-se a mistura dos fósseis anacrônicos explicados pela teoria tola do desmoronamento.

FA-5 e FA-5R

Nesta mesma área há um caso interessante. Durante a perfuração do poço FA-5, houve um acidente na sonda quando o poço estava a 1909m de profundidade. Desde o intervalo 1410-1440m, o laboratório da Paleontologia informava que os fósseis presentes nas amostras eram possivelmente do Candeias ou R-8.
O acidente provocou a mudança de lugar original da sonda, para outro, 40m ao norte do primeiro, que tomou a sigla FA-5R (o R quer dizer repetição). Neste Repetição a Paleontologia foi encontrar o primeiro fóssil Candeias a 2100-2130m de profundidade, ou 700m de intervalo vertical entre poços distantes 40m horizontalmente. Dizendo:

...Somos obrigados mais uma vez a discordar dos dados paleontológicos... (Relatório semanal No 5),
o geólogo colocou o topo do Candeias a 1704m de profundidade. Na oitava semana de perfuração, muda o geólogo e com ele também muda o topo da formação Candeias para 1885m e no relatório final ficou este parâmetro a 1820m, sem que as análises paleontológicas influenciassem minimamente aquela decisão.
Não havia nenhuma disciplina no mapeamento, porque, ninguém compreendia o que se passava na paleontologia, mesmo as chefias.
Se o critério (Zona Diferencial Superiior) para marcar o topo de uma formação (o aparecimento do fóssil ligado à formação) fosse obedecido, como explicar a variação do topo do Candeias neste caso? Tivesse sido perfurado apenas o primeiro poço acidentado, o contato do Candeias poderia ter ficado na primeira ocorrência do fóssil (1440m). O acidente com a perfuração mostrou que a variação espacial da ocorrência dos fósseis dentro da Bacia é tão grande, que é melhor, mais fácil e mais inteligente, considerar os fósseis misturados, do que julgá-los sincrônicos com as supostas formações da coluna estratigráfica ortodoxa usada na exploração.

Área de Bom Lugar

1-BL-3-BA, pioneiro, cuja seção geológica prevista/achada é a seguinte:


Formações      Previsão       Achada

S.Sebastião    Superf.(+80m)  Superf.(+88m)
Ilhas sup.     1056m(-971m)   1167m(-1064m)
Ilhas inf.     1670m(-1585m)  1786m(-1693m)
Candeias       2446m(-2361m)  2552m(-2459m)
Zona "A"       3118m(-3033m)     ?
Itaparica      3131m(-3046m)     ?
Sergi          3204m(-3119m)     ?
Embasamento        N.P.	      3236m(-3143m)

A profundidade final, segundo o prospecto, seria a 2600m na formação Candeias. Recomenda-se uma sonda para 3000m. Vai para a locação a sonda 65, com capacidade para perfurar 3.000m.
Transcrição do Relatório Final:

...A profundidade final prevista era de 2600m, na formação Candeias. Entretanto, após ser penetrado o topo da formação Candeias, como o Laboratório da Paleontologia indicasse para o intervalo 2610-2640m a sub-zona R-9.1 (Candeias inferior), decidiu-se que o poço fosse perfurado até o Sergi.
A profundidade final do poço foi de 3238,5m (638m além do previsto e 238 além da capacidade de perfuração da sonda) no... Embasamento Cristalino. A formação Candeias, que fora penetrada a 2580m, foi encontrada diretamente em contato com o Embasamento cristalino a 3236m.
O Relatório da Paleontologia, após a Zona R-6 diz:


"Topo da zona      R-6    1800-1830m
Topo da sub-zona   R-6.1  2340-2370m
Topo da sub-zona   R-9.1  Testemunho no6, 2557,0/2559,8

Observação: Não foram encontrados ostracóides característicos da zona R-8. A sub-zona R-9.1 está bem representada principalmente no intervalo 2580-2610 e 2670-2700m; daí até as últimas amostras são encontrados, esparsos elementos característicos de R-9.1 ao lado de ostracóides não diagnósticos, fragmentos mal preservados e ostracóides de seções mais novas. Não foram encontrados ostracóides da sub-zona R-9.2.

Transcrição do Relatório Final do poço:
Estão ausentes por falha as formações Aliança, Sergi, Itaparica e possivelmente a parte basal da formação Candeias. Esta última formação apresentou um zoneamento paleontológico anômalo, com a sub-zona R-9.1 próxima a seu topo, havendo ausência total da zona R-8.
Zoneamento paleontológico anômalo é a maneira eufemística dos paleontólogos, referírem-se ao problema dos fósseis misturados, que arrasam qualquer possibilidade de definição e interpretação estratigráfica. Outro ponto interessante: a zona R-8 correspondente ao Candeias está ausente mas a formação está presente, acontecendo o contrário com o Itaparica que está ausente da coluna por efeito de um "falhamento", mas os fósseis correspondentes àquela formação estão presentes nas amostras coletadas durante a perfuração e examinadas no laboratório. Como explicar o fenômeno? Provavelmente não é possível explicá-lo. Mas fica explicado porque a exploração da Bacia do Recôncavo é dita tão difícil.

Área de Irai

O pioneiro da área é o 1-IR-1-BA - Irai no1. A estratigrafia prevista/ achada é a seguinte:


Formações        Topos previstos  Topos achados

Barr./Mariz.     Superf.(392m)    Superf.(392m)
S.Sebastião      Não previsto     277m   (+115m)
Ilhas            130m   (269m)    626m   (-234m)
Ilhas inferior   Não previsto     1139m  (-747m)
Candeias         550m   (-161m)   1223m  (-831m)
Itaparica        980m   (-591m)   Falhada
Sergi            1010m  (-621m)   Falhado
Aliança          1215m  (-826m)   1359m   (-967m)
Embasamento      1465m  (-1076m)  1545m   (-1153m)
Prof. total      1110m  (-721m)   1551m.

A falta do Itaparica e do Sergi foram explicados por falhamento, porque o poço não encontrou os seus objetivos.


Resultados Palinológicos.
Amostras de calha:
1230-1290m     Zona palinológica 4 sup. i.é. Ilhas inferior.
1290-1350m     Zona palinológica 5 sup e média ou Candeias.
Obs: de 1359 a 1545m Aliança médio, sem resultados Palinológicos definitivos.

Ostracóides: Até 270m sem ostracóides. 270-480m S.Sebastião parte inferior 482,1-486,1 Test.no1, sem microfósseis. 480-690 Ilhas superior, pte superior. 690-1260 Ilhas superior, pte inferior 1380-1545m Desmoronamento de Candeias médio.

Segue a observação:

Segundo o log elétrico o poço penetrou a partir de 1359m no Aliança, parte média, o que não pode ser provado por microfósseis, porque os mesmos não existem nessa parte da Fm.Aliança.
O topo do Aliança está marcado a 1359m, mas até o fundo do poço, a 1545m os fósseis analisados são do Candeias médio, dados como desmoronados.
De fato, é impossível a ocorrência de fósseis do tempo Candeias dentro do Aliança, pois, ao tempo da sedimentação do Aliança, os fósseis do tempo Candeias ainda não existiam, não podendo por isso fossilizarem. O paleontólogo chama atenção para o fato, pois sua maior intimidade com o assunto diz-lhe que é errado assim proceder.
No capítulo das correlações diz o geólogo:
The stratigraphic section in this well is completely different from its counterpart in EI-1 (Estação de Iraí-1, outro poço da área). No positive E-log correlation can be made.

Em 1-IR-2-BA, o topo do Sergi está marcado a 1202m, mas até o fundo do poço, a 1270m de profundidade, somente ocorrem fósseis do Candeias inferior que a partir de 1200m, foram dados como desmoronados, o modo paleontológico de justificar o absurdo.

Estação de Iraí

Em Estação de Irai 1, a 4,5km sul do poço acima, havia problema semelhante. O topo do arenito Sergi fora marcado a 417m, e no relatório final do poço, no resumo paleontológico, há o seguinte:

Primeiros ostracóides de Itaparica entre 420 e 435m, Observação: Em virtude de estar a amostra de Itaparica já no Sergi, a indicação de Itaparica significa somente a presença dessa formação talvez entre 405-417m com espessura pequena.
Os paleontólogos tentavam "livrar a cara" do grave erro de constatar a ocorrência de fósseis jovens em formações antigas como no caso acima.

No 3-EI-3-BA, o topo do Sergi está marcado a 218m, e o poço tem a profundidade final em 700m. O relatório da Paleontologia diz:

150-180m Provavelmente Candeias inferior
180-270m Ostracóides não diagnósticos. Possivelmente desmoronamento.
A Palinologia confirma:
90-120 Zona palinológica 5 média, parte inferior correspondente a Candeias médio parte inferior;
120-240m Zona palinológica 5 inferior correspondente a Candeias inferior.

Norte de Iraí

Na área de Norte de Irai, o prospecto do pioneiro 1-NI-1-BA, geologicamente falando na mesma área dos dois poços antes estudados, diz o seguinte na parte da estratigrafia prevista/achada:



Formações       Topos previstos       Topos achados

Barreiras       Superf.(+340m)        Superf. (+340m)
Ilhas           200m   (+140m)        180m    (+160m)
Candeias        600m   (-260m)        487m    (-145m)
Itaparica       1000m  (-660m)        não encontrado
Sergi           1020m  (-680m)        792m    (-450m)

O relatório da Paleontologia revela:
O testemunho no2, retirado na profundidade de 806,3-810,8 portanto dentro do Sergi (topo marcado a 792m ou -450m), apresentou pólens do Candeias inferior.
Trata-se do mesmo caso que viemos analisando desde o princípio: fósseis ocorrendo fora das formações originais ou seja, a repetição do erro grave de estratigrafia primária. A informação do Laboratório tenta chamar atenção do geólogo responsável pelo mapeamento, para o erro que estava cometendo. É impossível a ocorrência de fósseis jovens em formações antigas. Isso colide frontalmente com a Segunda Lei da Sedimentação, e o relatório reflete a preocupação do paleontólogo, infelizmente, sem nenhum sucesso.

Em 4-NI-3-BA diz o relatório da Paleontologia:

Observação: Os testemunhos números 2 e 3 entre 1286 e 1289m considerados como pertencentes ao Sergi, mostraram ostracóides do Candeias inferior ou provavelmente Itaparica.
Este resultado é corroborado pelo exame palinológico que diz:

"Testemunhos números 2 e 3 provavelmente zona palinológica 5 correspondente a Candeias inferior, ou provavelmente zona palinológica 6, correspondente a Itaparica".
aviso que não foi levado em consideração, constituindo apenas a repetição monotônica do mesmo fenômeno que estamos demonstrando existir ao longo desta pesquisa, e configura um erro estratigráfico primário mas de importância crucial e fundamental para a exploração.

Em 4-NI-4-BA, o topo do Sergi está marcado a 1038m. O relatório paleontológico diz:

Testemunho no3, 1044-1048m ostracóides mal preservados não determináveis;
Testemunho no 4, 1048-1052m, ostracóides mal preservados não determináveis.
A Palinologia informa:
Testemunho no 4, 1048-1052m Zona palinológica no6, correspondente a Itaparica.
Quantos poços forem furados, e quantos forem examinados, tantas vezes o fenômeno se repetirá. A conclusão da pesquisa é definitiva:
Os fósseis na Bacia do Recôncavo e Tucano estão misturados por razões geológicas, e não podem ser usados da maneira que o foram, e isso tem profundas conseqüências no serviço da exploração, que veremos adiante.

Anderson Caio


© 1997 acaiors@terra.com.br


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