Como é esta Senhora?...
"Ela se apresenta adereçada como uma grande senhora, como uma rainha do nosso tempo. Ela mostra-se como uma bela princesa, sem afetação, extremamente educada, de maneiras impécaveis, discreta, serena, dona de si, jovem, de cara limpa, sem qualquer maquilagem. Leva ouro ou prata, alguma jóia, véus e vestidos de seda, manto que desce até os pés. Não se poderia ver figura mais atraente e, no entanto, Ela não se gaba nem ostenta. É muito natural. Mostra-se com poder e glória. Alguns videntes quando lhe perguntaram... "Porque sois tão bela..." e Ela respondeu "Porque Amo...".
Na assunção, a virgem foi em "corpo e alma" para os céus; e assim é como Ela aparece. Por qual parte dela nos apaixonamos perante a sua visão? Por qual suspiramos? Ela mostra a sua figura encantadora em silêncio; nós não a fragmentamos. Ela nos fala; o que nos fala: seu corpo ou sua alma? A imagem é um todo. O seu amor não é de abstração platônica, intelectualizado, ideal. Não, nada disso. A sua fineza eterna, imortal, sobrenatural, incorruptível, divina, é de carne efêmera e ossos como os nossos.
A primeira aparição.
A primeira aparição da Virgem Maria, sem dúvida e segundo a lenda, é esta do Pilar de Saragoça:
Aconteceu que, por volta do ano 40 da nossa era, em vista do desânimo do apóstolo Santiago por causa das poucas conversões que conseguia, Maria se apresentou a ele em carne mortal, rodeada de anjos que a levavam, num presentimento já do mistério da assunção em corpo e alma da Mãe de Deus (Theotokos) aos Céus: o seu trânsito e não sua morte. Foram os próprios anjos que, como prova de tão maravilhoso prodígio, deixaram o apóstolo ficar com a coluna de pedra, e depois com a imagem (replica exata da Virgem aparecida) que hoje é venerada na cidade do Ebro. São muitos os milagres registrados na folha desta Virgem, mas nenhum é tão célebre como o do coxo de Calandra.
No ano de 1617, Miguel Pellicero, servidor de seus semelhantes através da Ordem de Calatrava, tropeçou e a roda de sua carruagem acabou passando por cima de seu pé, por cujo motivo ficou mancando e depois perdeu a perna. Tanto ele se aspergia com o óleo da lâmpada votiva da básilica que, uma noite, entre sonhos e aromas agradáveis que recendiam pelo quarto onde Pellicero dormia, a perna cresceu de novo.
Breve relato de Aparições.
- Notre-Dame de Chartres: A senhora de Audignecourt padecia certa doença incurável da pele; pediu à Virgem que a curasse, e sarou pelo efeito de suas orações. Ao ir agradecer diante da imagem de Nossa Senhora de Soissons, a Virgem apareceu-lhe no caminho, dizendo-lhe que não fora aqulea mas a imagem de Notre-Dame de Chartres quem a tinha curado.
- A Virgem do Arco, venerada num bonito santuário entre Nápoles e o Vesúvio, deu ensejo a uma romaria celebrada todos os anos. Seu primeiro prodígio remonta do século XV. Um moço estava tão suarento quanto aborrecido, após perder um jogo de bola. Sem pensar duas vezes, jogou a bola contra a pequena capela da Virgem. A cara da imagem, como aconteceu com muitos outros ícones por esse mundo da devoção mariana, sangrou copiosamente à vista de todos, ficando com a cicatriz que ainda hoje ostenta.
- Vincent de Beauvais, entre os séculos XIV e XV, conta que um frade pintava o pórtico principal da abadia com beleza e esmero artístico. Os pedestres, admirados, paravam para ver o seu trabalho. Já dera cor À Virgem e ao Menino, quando passou a pintar em cima deles uma cena do Juízo Final. Para contrastar, fez um demônio de feiúra forçada e, ao que parece, se aborreceu muito, Tão zangado estava que, com um gesto brusco, empurrou o frade, que despencou do andaime. Mas não chegou a cair. O braço da imagem da Virgem, previamente pintada, saiu literalmente do afresco e segurou-o com a ajuda do Menino Jesus. Foi assim que o monge salvou-se de morre estatelado contra o chão. Todos que passavam ou observavam a realização da obra foram testemunhas. Salvo o frade, que desceu por uma escada de pau, a imagem recolheu o braço e ficou do jeito que estava na pintura.
- Um jovem frade, que consagrara seu amor por inteiro a virgem, tinha uma bela estátua d`Ela em sua cela. todos os dias enfeitava a pequena escultura com uma grinalda de rosas e, ao fazê-lo, a Virgem parecia inclinar a cabeça na direçao onde ele estava. Mas quando a estação das rosas acabou, ele afundou na tristeza, melancolico: onde acharia flores para enfeitar a sua adoração a imagem;? o abade do mosteiro deu a solução: se não há as rosas, há Ave-Marias, que resultam, em simbolo e na verdade, a mesma coisa. Assim, a partir daí, começamos a ver o nosso frade rezar, substintuindo suas flores por orações, até o total de 25, que era o numero de rosas que empregava para fazer sua grinalda. E o mílagre se mostrou. Para cada Ave-Maria, o jovem apaixonado pela Senhora, via as mãos da imagem criarem, uma apos outra, as rosas; Assim, "até que com a vigésima quinta Ave-Maria completou a grinalda".
- Estamos em 1519. As crianças de Fontiveros brincam a beira de uma lagoa pantonosa; João está entre eles; como mais um. Eles se entretêm enfiando paus e varetas na água,cujo fundo negro desconhecem. João arrisca de mais para pegar a vara, escorrega, perde o equilíbrio e cai na água. A viscosidade do brjo, seu lodo, puxa-o para dentro, ele afunda, e então...
ouçamos o que o próprio poeta da Noite escura, do Cantigo espirítual e da Chama de Amor viva, nos conta: " e viu, estando dentro, uma senhora muito bela que lhe pedia a mão, estendendo a sua, e ele não queria dar para não sujá-la...". São João da Cruz contou esta aparição da Virgem pelo menos duas vezes, uma a Frei Martim da Assunção, companheiro de fádigas e reformas durante seus anos Andaluz, e ao Padre Luiz de Santo Angelo. Contínuemos, porém, pois a mais. Outro dia, também entre brincadeiras. Vemos o nosso Santo com outras crianças do colégio da Doutrina, ligado ao mosteiro da Madalena, fundado por Dom Rodriguo de Dueñas, um cavaleiro. Estamos em Medina Del Campo, onde a então viúva Catalina Alvares, sua mãe, chega vindo de Arévalo com seus filhos. João fracassara nas suas tentativas de aprender ofícios, e agora estudava. Meio dia, do século XVI. num hospital - Nossa Senhora da Conceição - e um poço de nora. João caí, empurrado pela íra de um dos meninos. o poço é muito fundo; está cheio de água, e João, mais uma vez, chega até o fundo. E alí foi onde, segundo o relato do Padre Inocencio de San Andrés, que o ouviu do Santo, como frei Martim da Assunção, e dona Maria da Paz, dirigida sua, em Baeza,
Lhe apareceu Nossa Senhora e segurou sua mão e o íçou até a superfície ou o alto da água, esteve nela como se estivesse sobre alguma tábua, e passou algum tempo, e gritando os meninos e rapazes que o viram caí, que tinha caído um menino e afogava-se, acorreu gente a remediá-lhe, e ao se debruçarem no poço dizendo já estava afogado, respondeu: não estou afogado, que a virgem me tem guardado; jogai uma corda, eu a amarrei e vós me tirareis.
Outra vez, já carmelita descalço, e caminhando de Castela à Andaluzia, com seu irmão de fé, Pedro da Mãe de Deus, se vêe diante do vau de um rio, medonha e torrencial, por causa da enchente, que literalmente interdita a passagem. A quatro arrieiros acampados alí, à margem, esperando que a vazão diminua, mas João não pode esperar. E atira-se com sua cavalgadura para atravessar a correnteza. Alguma coisa enreda-se nas patas do animal, e este tropeça, jogando Frei João da Cruz no rio. " Mas ele consegue sair na outra margem, parece-lhe que puxado pelas pontas da capa pela Virgem ".
ainda outro epísodio da sua vida alude a outra aparição da Rainha do Céu. Nessa ocasião, João de Yepes achava-se em Córdoba, na cela de um convento, onde fadre e pedreiros lutavam com o muro que desejavam derrubar para as obra de ampliação da Igreja conventual. Má sorte, porque em vez de ceder e cair para cá, foi para o lado contrário, indo descarregar seu descomunal peso de pedra maciça sobre o cômodo de João, com ele dentro. Alí tudo ficou destruído com o estrondo. Correm frades e artesãos tangidos pelo susto, e começam a tirar entulhos e a procurar o Santo sepultado pelos escombros, já o têm por morto, mas eis que o descobrem sorridente, sentado num canto, "dizendo que teve grandes esteios, porque a Virgem da Capa branca o favoreceu ". E no mais, mesmo o dia da sua morte, segunda o confessa o Santo reformador do Carmelo, foi lhe anunciado com antecipação pela Virgem, numa aparição. Oito dia antes soube João da Cruz a hora da sua partida desse mundo. "bendita seja tal Senhora - confesso - que em seu dia, sábado quer que parta desta vida." Como de fato aconteceu: a 14 de dezembro de 1591.
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