APOSTILA DE
TÁTICAS E
TÉCNICAS DE
REGATAS
DE LASER
ABCL 1999
NELSON ILHA
APOIO ANDRÉ STREPPEL
Tópicos:
A1: Biótipo do velejador
A2: Escolha do barco
A3: Escolha e manutenção do material
A4: Regulagens e medidas básicas do barco.
A5: Tabela de regulagem da vela
A6: Preparação física e psicológica
A7: Hidratação e o uso de isótopos.
B1: Uso da bússola
B2: Anotar os rumos antes da largada
B3: Alinhamentos em terra
B4: Escolher o melhor lado para largar
B5: Definir qual lado da raia é mais favorável
B6: Avaliação da corrente
B7: Aproximação da bóia de contravento
B8: Aproximação da bóia de través
B9: Aproximação da bóia de sotavento
B10: Constatação dos lay lines
B11: Definir qual o lado da chegada favorece
B12: Quando cambar, velejar pela valuma ou dar o jibe.
B13: Usar as regras taticamente
B14: Como marcar o adversário no contravento
B15: Como marcar o adversário no traves
B16: Como marcar o adversário no popa
C: Práticos:
C1: Domínio do barco
C2: Inclinação do barco em cada condição
C3: Roll tack na cambada e no jibe.
C4: Exercícios de 720º e 360º
C5: Arrancar com o barco parado
C6: Técnicas de popa e de pegar ondas.
C7: Treino de entrada na bóia com o barco pronto.
C8: Como caçar o burro com vento forte.
C9: Caçada da escota na entrada do contravento
C10: Como tocar o barco no contravento com vento forte
C11: Como treinar sozinho ou em grupo.
A1: BIÓTIPO DO VELEJADOR:
O Velejador; a aspectos básicos:
É muito importante a fixação de objetivos. Para que os objetivos sejam alcançados é necessário que haja dedicação. Devemos treinar já pensando nos próximos campeonatos ou regatas. Isso faz com que os treinos tenham maior rendimento.
Outro aspecto que deve-se ter em conta é a conduta do velejador. Uma discussão durante uma regata, pode não só prejudicar sua regata, como também seu vínculo com outros velejadores, por sua vez já não terão tanto respeito por você. Por isso em caso de envolvimento em incidentes, simplesmente siga os procedimentos de protesto que é a melhor forma de manter os amigos. Nada de discussões e bate-boca.
Temos basicamente três tipos de laser difundidos no Brasil e mundialmente:
O Standard com vela de 7m2 que o velejador deve estar pesando entre 78 kg e 85 kg e com altura entre 1,70m a 1,90m, sendo que os mais altos levam alguma vantagem no vento forte.
O Radial com vela de 5,2m2 em que o peso do velejador oscila entre 65Kg e 80 Kg e que é muito usado para regatas femininas. A classe está revendo o tope do mastro, pois os velejadores que tem ganho no radial, tem ganho também no standard, ou seja está muito próximo.
O 4.7 como o nome já diz a vela tem 4,7m2 e o peso do velejador pode oscilar entre 45kg a 60kg, ideal para quem está saindo do optimist.
A2: ESCOLHA DO BARCO
O fato do seu barco não ser o melhor, não significa que você não deva cuida-lo. Ter um barco em que todas as regulagens funcionam bem, o material bem cuidado, torna sua velejada muito mais prazerosa, pois você não precisa lutar contra seu próprio barco e assim apenas se preocupar com os adversários.
O casco do laser em todos as versões comentadas anteriormente é o mesmo, só troca a base e a vela no caso do radial e a mastreação e a vela no caso do 4.7.
O peso mínimo do casco é 57,5kg e o peso ideal é ao redor de 58 Kg.
O casco deve ser duro, com o fundo liso sem imperfeições ou arranhões. A bucha torneada que é aonde está o bujão do cockpit deve ser de metal e estar seguramente vedada.
O caimento do mastro (Rake) é medido usando somente uma base standard do mastro, até a popa do barco deve oscilar de 3,80 a 3,83m.
A3: ESCOLHA E MANUTENÇÃO DO MATERIAL
A bolina e a pá do leme devem ser plásticas e estarem retas e lisas.
O mastro deve estar reto e com as ferragens em boas condições. O ideal é uma base mole e o tope duro, podendo no caso de velejadores muito leves ser indicado tope mole também.
O copo do pé de mastro deve ser limpo sempre para que não haja risco de abrasão ou mesmo rompimento, por areia ou outros objetos estranhos. A maioria dos barcos tem infiltração de água pelo copo do pé de mastro.
As ferragens devem ser periodicamente retiradas e recolocadas com borracha de silicone ou sikaflex para que não haja infiltrações.
O bailer deve ser fixo e alinhado com o parafuso e bastante sikaflex, além de periodicamente retirado e revisado.
Os cabos devem ser revisados sempre, especialmente o do pé de galinha, o do burro e o da testa que são os que fazem mais força. O da esteira pode ser necessário trocar periodicamente devido à abrasão das reduções.
O leme e a extensão não podem ter nenhum tipo de folga, deixando o velejador com total controle sobre o barco.
A4: REGULAGENS E MEDIDAS BÁSICAS DO LASER
Cabos usados e medidas:
USO |
MATERIAL |
COMPRIMENTO |
ESPESSURA |
BURRO |
ALMA-SPECTRA |
4.4m |
6mm |
ESTEIRA |
PRÉ-ESTICADO |
4.3m |
5mm |
ESCOTA |
MARLOW |
13m |
6 ou 8mm |
TESTA |
ALMA-SPECTRA |
3.7m |
5mm |
TRAVELLER |
SPECTRA |
3.2m |
6mm |
OLHAL |
SPECTRA |
0.7m |
3mm |
Regulagem da alça de escora:
Fundamental para poder escorar o barco adequadamente.
No contravento deve estar mais solta. A perna do velejador deve estar apoiada totalmente no deck do barco.
No través e nos popas pode ser caçada um pouco pois o barco aderna menos e é necessário que a fita esteja mais esticada para servir de apoio, para evitar que o barco entre em pêndulo.
A5: TABELA DE REGULAGEM DA VELA NO CONTRAVENTO
REGULAGEM |
VENTO FRACO |
VENTO MÉDIO |
VENTO FORTE |
OLHAL |
Caçado |
Caçado ao máximo |
Muito caçado |
ESTEIRA |
20 a 30 cm entre retranca e o clan cleat |
8 a 15 cm entre a retranca e o clan cleat |
3 a 8 cm entre a retranca e o clan cleat. |
BURRO |
Prender com moitão escota a 10cm. |
Moitão escota encostado mais pressão |
Moitão escota encostado muito mais pressão. |
TRAVELLER |
Caçado com pouca pressão |
Muito caçado |
Muito caçado |
TESTA |
O mínimo para tirar as rugas da vela |
Um pouco de tensão a mais |
O máximo de tensão |
TRAVÉS
REGULAGEM |
VENTO FRACO |
VENTO MÉDIO |
VENTO FORTE |
BOLINA |
Subir metade |
Subir metade |
Subir metade |
ESTEIRA |
Soltar até 35 cm |
Soltar até 15 cm |
Soltar até 10 cm |
BURRO |
Deixar moitões da escota a 30cm |
Deixar moitões da escota a 30 cm |
Soltar no contravento moitões da escota a 10cm. |
TRAVELLER |
Igual ao contravento |
Igual ao contravento |
Igual ao contravento |
TESTA |
Solto |
Solto |
+ pressão=bolsa+frente |
POPA
REGULAGEM |
VENTO FRACO |
VENTO MÉDIO |
VENTO FORTE |
BOLINA |
Subir bem |
Subir bem (não virar) |
Subir o possível |
ESTEIRA |
Solta |
Solta |
Solta |
BURRO |
Bem solto perpendicular ao mastro |
Bem solto |
Soltar no contravento moitões da escota encostado. |
TRAVELLER |
Igual ao contravento |
Igual ao contravento |
Igual ao contravento |
TESTA |
Solta |
Solta |
Solta |
A6: PREPARAÇÃO FÍSICA E PSICOLÓGICA
O laser exige do velejador um ótimo preparo físico.
Nesta classe o uso das pernas e abdômen é fundamental. Devemos fazer exercícios para fortalecimento dos braços e das costas também.
Os exercícios aeróbicos como natação, corrida e ciclismo são os mais indicados para a preparação física, além disso deve-se manter exercícios específicos em academia com orientação de profissional em Educação Física.
Exercícios de alongamento são fundamentais antes e depois das regatas e treinos.
É na hora dos treinamentos que você deve exigir o máximo de você mesmo. Lembre-se de não fazer nas regatas o que você não está treinado.
Treinar o que você menos gosta também é importante, pode parecer chato no começo, mas na hora da regata, vemos como vale a pena.
Observar como os outros velejam também pode nos ensinar muito, comparando seus erros e acertos, fazemos uma análise de nossa forma de velejar.
Se podemos treinar com outro e depois trocar idéias, vale a pena, pois de fora é mais fácil observar as falhas e acertos.
Preparação psicológica:
Se sabemos que podemos vencer alguém, já vamos para raia com mais tranqüilidade, portanto ao treinarmos estamos nos fortalecendo psicologicamente também.
Com nosso material revisado, treinados e sabendo que estamos bem preparados, podemos ir ganhando confiança em nós mesmos, o que é fundamental para ganhar regatas e campeonatos.
A7: HIDRATAÇÃO E USO DE ENERGÉTICOS
A hidratação e a reposição de energia durante uma série de regatas é muito aconselhável, pois o esforço muitas vezes está acima da capacidade normal do atleta.
Por isso devemos nos preocupar com a reposição liquida e muitas vezes de energéticos e de potássio. Bananas são muito recomendadas em eventos que requerem muito esforço físico.
B: ASPECTOS TÁTICOS:
B1: O USO DA BÚSSOLA
A bússola é um instrumento muito útil em regatas, pois independente das marcações em terra, você pode perceber as rondadas e variações do vento.
Por exemplo, se em um bordo lemos 3º e cambamos no outro bordo iremos ler 13º.
B2: ANOTAR OS RUMOS ANTES DA LARGADA
Todo velejador deve procurar chegar com antecedência de pelo menos meia hora na raia.
Devem experimentar ambos os bordos várias vezes anotando mentalmente os rumos, até estar com uma boa idéia da média do vento e suas variações. Pode ser uma boa idéia, anotar com lápis de cera os rumos no deck ao lado da bolina.
Calcula-se o rumo do través diminuindo 135º do rumo do vento, ou diminui-se 90º do rumo de contravento imediatamente antes de entrar no través.
Calcula-se o rumo do popa somando ou diminuindo 180º do rumo do vento.
Desta forma tem-se uma boa situação de como será a regata.
B3: ALINHAMENTOS EM TERRA
É a forma mais fácil de obter referências dos bordos e da linha de largada.
Da linha de largada, obtem-se parando atrás da CR no alinhamento do mastro e da bóia e marca-se um ponto em terra.
Antigamente, com a dificuldade em adquirir bússolas, só se usava as referências em terra para perceber as rondadas, por isso tem muita gente continua usando estas referencias além do uso da bússola.
B4: ESCOLHER O MELHOR LADO PARA LARGAR
Para medir qual o lado da linha favorece mais, faz-se o seguinte: Para-se atrás da Comissão de Regatas no alinhamento do mastro de bandeiras com a proa apontada para a bóia de sotavento e mede-se o rumo da bússola.
Depois aproa-se ao vento e mede-se o rumo do vento. A diferença deve ser 90 graus Qualquer diferença significa que a linha está torta e portanto favorecendo para um lado.
Por exemplo; Rumo da linha=90º Rumo do vento=185º
A linha esta favorecendo 5º na Comissão.
B5: DEFINIR QUAL O LADO DA RAIA É MAIS FAVORAVEL
Por exemplo; em sua avaliação prévia, você percebe que as rondadas mais fortes vem por boreste. Você pode decidir explorar o lado direito da raia. Desta forma pode ser interessante largar em uma posição que lhe permita cambar logo depois da largada, mesmo que esteja favorecendo a sotavento.
B6: AVALIAÇÃO DA CORRENTE
Em muitas raias a corrente é muito importante, assim como as mudanças de maré. Por isso é fundamental conseguir uma tábua de maré do local, verificar os horários e anotar no barco ou colar com contact transparente. Prestar a atenção no período de horário de verão.
Na água, aproximar-se de algo ancorado ou de uma bóia já presa ao fundo. O ideal é ter algo pequeno que flutue, que pode ser jogado na água e observado durante uns dois minutos, desta forma saberemos qual a direção e intensidade da corrente.
B7: APROXIMAÇÃO DA BÓIA DE CONTRAVENTO:
Com a regra nova a aproximação da bóia de contravento mudou bastante.
Hoje é muito perigoso se aproximar da bóia com amuras a bombordo (sem direito), Ao cambar dentro do circulo de dois comprimentos da bóia, fica-se em uma situação muito perigosa, pois se um barco amurado for obrigado a navegar mais orçado que seu rumo de contravento em qualquer momento depois desta cambada, ele poderá protestar e muito provavelmente irá ganhar o protesto.
Independente do bordo, tem-se que cuidar muito para não ultrapassar nenhum lay line, pois qualquer rondada pode resultar em "sangrar" a bóia.
B8: APROXIMAÇÃO DA BÓIA DE TRAVÉS
Normalmente é mais interessante ser o barco interior na bóia de través, principalmente se for necessário dar o jibe. Desta forma, no través, deve-se ter em mente que o alinhamento da popa do barco externo determina para quem tem que dar água ou não, exatamente no momento que chega-se ao círculo de dois comprimentos de barco da bóia a ser montada.
Desta forma convém, antes de chegar ao círculo de dois comprimentos, estar navegando para sotavento da marca para poder orçar na entrada do círculo, diminuindo assim a possibilidade de existirem outros barcos internos ao alinhamento de popa .
B9: APROXIMAÇÃO DA BÓIA DE SOTAVENTO
Da mesma forma que a bóia de través convém também ser o barco interior na bóia de sotavento. Porém a regra faz duas distinções:
Montagem tática que consiste; se tirassem a bóia e você tivesse direito, você poderia fazer uma rondagem tática, que é afastar-se um pouco da bóia, de tal forma que possa passar bem colado a mesma pelo outro lado. O outro barco tem que dar água e manter-se separado.
Se tirando a bóia, você não tivesse direito, mas tem por ser o barco interno, pode montar a bóia, mas não pode se afastar dela para tentar fazer a rondagem tática.
Nesta situação, acontecem 80% dos protestos.
B10: CONSTATAÇÃO DOS LAY LINES
Determinar os lay lines não é tarefa muito fácil, especialmente nos ventos folgados. E estes variam também com a intensidade do vento e a influência das correntes.
Em ventos muito fracos, os lay lines de popa podem estar mais longe do que os de ventos fortes, pois tem-se que velejar um pouco mais orçados para obter-se vento aparente.
B11: DEFINIR QUAL O LADO DA CHEGADA FAVORECE
Muitas vezes só percebe-se que um lado da linha favorece mais que outro quando já é muito tarde. Por isso ao aproximar-se da chegada inicialmente deve-se preocupar em velejar para linha de chegada abaixo de ambos os lay lines da linha, nunca sangrados para nenhum lado. Até que tenha-se certeza de qual lado favorece, não é aconselhável arremeter para a bóia ou comissão.
B12: QUANDO CAMBAR, VELEJAR PELA VALUMA OU DAR O JIBE
No contravento todos sabemos que se o vento arriba para um bordo, é óbvio que para o outro bordo terá orçado. Na marcação prévia de rumos observa-se com quantos graus estão se dando as rondadas e com que freqüência, fazendo com que determinemos um padrão para cambar ou não.
No popa nem sempre o caminho direto é o mais rápido, orçando ou arribando com o vento entrando ora pela testa, ora pela valuma cria um vento aparente maior que o vento real que nos "empurraria" direto em popa raso. Além disso as ondas são fundamentais neste processo, que sabendo-se como surfá-las aumenta a velocidade e consequentemente o vento aparente.
Em popa, na maioria das vezes o laser veleja mais rápido pela valuma. Desta forma se você por uma rondada é obrigado a velejar pela valuma mais arribado do que vinha velejando, vale a pela dar o jibe e sair velejando pela valuma pelo outro lado.
B13: USAR AS REGRAS TATICAMENTE:
Algumas pessoas tem horror as regras, não gosta de protestar e acha que protestar é fazer algo contra a pessoa. Mas não é, faz parte do jogo e muitos usam as regras para tirar vantagem durante a regata.
Assim como é importante saber que vale a pena ser o barco interior em uma bóia de sotavento, temos que saber como nos colocar na prática, assim como "negociar" esta posição e quando.
B14: COMO MARCAR O ADVERSÁRIO NO CONTRAVENTO
No contravento é a situação que podemos ter mais controle, pois cambando imediatamente a proa fazemos que cambe, entre o adversário e a bóia, deixamos que respire, mas fica impossibilitado de passar.
B15: COMO MARCAR O ADVERSÁRIO NO TRAVÉS
No través se o adversário resolve passar por barlavento, orça-se no mesmo angulo para obter a mesma velocidade, o que normalmente é feito.
Nesta condição só orça-se com ângulo acima do barco de barlavento se for para impedir realmente que passe.
Porém se ele opta por passar por sotavento, não é permitido arribar mais que o rumo correto para bóia, assim como o que estabelece compromisso por sotavento não pode velejar mais orçado.
B16: COMO MARCAR O ADVERSÁRIO NO POPA
As regras são como no través.
Se o adversário opta passar por barlavento, basta orçar sempre um ou dois graus mais que ele, que teremos mais aparente e consequentemente mais velocidade.
Se optar por sotavento, e nos interessa proteger este lado, cabe um jibe.
A regra não permite arribar para impedir que passe por sotavento se o adversário optar passar por sotavento.
Muitas vezes ganha-se mais se concentrando em andar mais, do que tentando evitar ser ultrapassado.
C: ASPECTOS PRÁTICOS
C1: DOMÍNIO DO BARCO
Quanto mais barcos e quanto mais pressão existir, mais importante se torna a capacidade de dominar o barco. Temos que estar preparados para poder parar, fazer andar, orçar, arribar ou mesmo executar um jibe em qualquer condição de vento e mar. Para isso é muito importante os treinos práticos. Fazer exercícios de pegar coisas na água é um dos melhores, saber andar de ré também, ficar com o barco parado ao lado de uma bóia, independente das condições de vento e mar, os movimentos de leme são permitidos desde que não ultrapassem a linha do centro do barco, quando passam a ser considerados "lemadas", o que infringe a regra 42.
C2: INCLINAÇÃO DO BARCO
A inclinação do barco influi muito no seu desempenho. Temos várias forças atuando em um barco quando velejamos. Alguns itens que devemos ter em mente são: Centro Vélico que varia lateralmente quando aderna-se o barco para sota ou barlavento; o peso do tripulante que ao movimentar-se faz com que mude o Centro de Gravidade do barco. Quando o barco aderna a sotavento o centro vélico se afasta do centro de gravidade faz com que o barco tenha tendência de orça. Se aderna do muito para barlavento terá tendência à arribar. Deve-se ter a sensibilidade de achar o ponto de equilíbrio. Nos popas invariavelmente o barco deve ser levado mais adernado a barlavento, pois com a retranca aberta o centro vélico fica mais para sotavento. Adernado a barlavento, aproxima-se mais este ponto do centro de gravidade do barco, neutralizando os esforços.
C3: ROLL TACK
O movimento de roll tack consiste em adernar o barco para ajudar na manobra, aproveitando posteriormente que o barco está adernado para com um movimento brusco endireitá-lo ganhando novamente um aumento de velocidade.
Esta manobra está prevista nas regras e dá um ganho para quem está treinado em executá-la. É usada tanto na cambada como no jibe.
Adernar e puxar o barco sem a manobra, não é permitido, apesar de alguns usarem deste movimento especialmente nas largadas e montagens de bóias.
C4: EXERCÍCIOS DE 720º E 360º
Para "pagar" as penalidades em popa; normalmente o melhor é soltar o burro para posição de dar jibe, arribar, dar o jibe, orçar, cambar e voltar ao rumo, se for 720º repetir a manobra.
No contravento, é preferível, soltar o burro e arribar, dar o jibe e depois cambar, mas algumas vezes estamos impedidos por algum barco a sotavento, aí vale começar cambando, mas sempre soltando o burro antes.
Não esquecer que tem que terminar a manobra no mesmo bordo que começou, e que enquanto está manobrando não tem direito sobre ninguém.
C5: ARRANCAR COM O BARCO PARADO
Esta situação é bem comum na linha de largada e largar bem é fundamental para quem quer ir bem numa regata.
Com muitos barco e linha curta dificilmente temos espaço para largar andando. Ficam todos barcos alinhados, lado a lado, com as velas batendo em rumo de bolina cochada, fazendo todo esforço para manterem-se na linha. Quando é dado o tiro de largada, todos tentam arrancar o mais rápido possível, pois nesta hora meio barco pode fazer toda diferença da regata.
Por isso é importante ter domínio sobre o barco e cuidando o tempo, estar com o barco um pouco mais arribado que bolina cochada para poder justamente alguns segundos antes do tiro, "se puxar".
Nos campeonatos importantes os juizes estão orientados à fiscalizar o momento da largada, para coibir as lemadas e os puxões.
C6: TÉCNICAS DE POPA E DE PEGAR ONDAS
Posição do velejador no barco:
Quanto mais para frente melhor, para que o barco entre com mais facilidade nas ondas.
A perna da frente deve estar flexionada com o pé no fundo do convés. A perna de trás deve estar posicionada de modo que o joelho fique apoiado no fundo do convés, servindo de perna de apoio.
O movimento do corpo é muito importante também, tanto no sentido proa popa, para facilitar as descidas de onda, como no sentido lateral para aliviar as tendências do leme.
C7: TREINO DE ENTRADA NAS BÓIAS COM O BARCO PRONTO:
Na maioria das vezes perdemos muito tempo, colocando o barco no ponto novamente depois de entrarmos no contravento. Para evitar isso, além das marcas de referências, devemos treinar muito para sabermos como e quando caçar cada coisa.
Se será necessário dar um jibe para montar uma bóia, é melhor faze-lo um pouco antes da bóia e já chegar tranqüilo para a manobra.
A seqüência pode ser: Caçar a testa, baixar a bolina, caçar esteira, caçar escota, caçar burro, ajustar esteira, ajustar a testa e ajustar o burro.
C8: COMO CAÇAR O BURRO NO VENTO FORTE:
O burro é fundamental no laser, pois é a única forma de achatar a vela. Mesmo para os mais pesados, é importante caçar bem o burro.
Precisamos ter o distorcedor do burro para poder caçar e soltar da borda.
Para caçar na entrada do contravento, caçamos a escota moitão com moitão, esticamos o burro, pressionamos com o pé entre o moitão catraca e o moitão de desvio da retranca e assim podemos caçar bem mais.
A redução dos cabos também é importante, para facilitar o trabalho de caçar e soltar, assim como o tipo de cabo que deve ter o mínimo de atrito.
C9: CAÇADA DA ESCOTA NA ENTRADA DO CONTRAVENTO:
Temos que estar treinados para podermos entrar no contravento com o barco sob inteiro domínio, ao ponto de podermos caçar a escota com as duas mãos. Parece impossível, mas não é. Com o domínio sobre quanto o barco aderna, podemos diminuir sua tendência de orça, e ficar com as mãos momentaneamente livres para caçar, inicialmente caçamos com a cana na mão de trás, juntamente com a escota. Quando estamos bem treinados conseguimos caçar toda escota, enquanto o barco orça naturalmente.
C10: COMO TOCAR O BARCO NO CONTRAVENTO DE VENTO FORTE:
O laser exige muito esforço em todas as condições, mas mais especialmente nos contraventos com vento forte e ondas. Para que o barco não pare ao chocar-se com as ondas é importante procurar encaixar a proa nas ondas.
Desta forma, "trabalhamos" o tempo todo.
Em condições de grandes vagas, devemos arribar um pouco na subida da vaga e orçar quando passamos o topo.
Algumas vezes com ventos acima de 35 nós convém navegar com dois palmos de escota solta, mesmo no contravento.
A posição do velejador é sempre bem para frente no barco.
C11: COMO TREINAR SOZINHO OU EM GRUPO:
Se vamos treinar sozinho, o que muitas vezes é aborrecido, preparar em terra um roteiro, ajuda muito,
Por exemplo:
Dia: xx/xx/99 treino laser:
executar:
1) total de 40 minutos de contravento
2) 10 jibes
3) 15 minutos de popa alternando velejadas pela valuma e orçadas
4) 20 minutos de través
5) 5 entradas de contravento utilizando a bóia nº xx do canal xx
6) 3 voltas de 720º uma no início, outra no meio e outra bem no final do treino, perto da rampa do clube.
O ideal em qualquer treino é estabelecer objetivos e usar referências.
Treinar em grupo:
Fica muito mais fácil, mas se não estabelecemos objetivos, o treino fica pouco produtivo. Por isso é bom quando se tem um grupo que pode treinar junto sempre.
Se elege alguém para orientar os treinos, pode ser um cada dia, estabelece-se os objetivos e carências do grupo. Se o pessoal anda mal de través, além dos treinos normais deve, forçar um pouco mais nesta área, buscar literatura, falar com quem já está mais treinado.
Como existem diferenças grandes de níveis entre os que treinam juntos, que as vezes inviabiliza o treino, faz-se largadas em fila, ou seja o mais lento sai na frente, do segundo mais lento e assim sucessivamente, até largar o mais rápido. Com uma bóia de objetivo, os que estão na frente tem que evitar que os que vem atrás passem.
O uso de referências é fundamental, assim como objetivos.
Sair para passear de barco é legal, mas demora muito para dar resultados práticos.
Temos que ter em mente que se nossa flotilha é fraca, nos também somos.
É importante puxar todos para cima. Só com gente boa é que podemos crescer.
É melhor ser 3º no clube e 5º no brasileiro do que ser campeão do clube e 88º no brasileiro.