Breve Histórico do JIU-JITSU – de 500 A.C. até nossos dias. (cerca de 2400 anos de existência)
JIU-JITSU é uma perfeita arte científica marcial de defesa pessoal. Em combate real é invencível contra qualquer modalidade de luta. É superior a todos os demais estilos por ser o mais completo.
JIU-JITSU dividi-se em:
1. Quedas (Ju-Dô)
2. Traumatismo – Atemi (Karatê-Jitsu)
3. Torções (Aiki-Jitsu)
4. Estrangulamentos
5. Pressões
6. Imobilizações
7. Colocação (Posição de
combate, Momento de Ataque e esquiva)
É praticado em pé e no chão e com
qualquer tipo de vestuário.
Origem
Apesar de contraditórias versões, a origem
do JIU-JITSU é inegavelmente atribuída à Índia,
berço das religiões e de cultura inigualável.
Monges budistas, de grande saber e de perfeito conhecimento
do corpo humano, foram os criadores da mais perfeita e completa forma de
defesa pessoal de todas as épocas, que é o JIU-JITSU – o
pai de todas as lutas.
Torna-se, portanto, necessário o conhecimento
das origens do Budismo, para que se possa compreender a criação
da forma de luta que, séculos mais tarde, foi chamada pelos japoneses
de “Arte Suave”, ou seja, técnica de defesa pessoal que, com o mínimo
de esforço, sem necessidade do uso da força bruta, permite
ao mais fraco defender-se e derrotar um adversário fisicamente mais
forte.
O Budismo
Há cerca de 2500 anos passados, nascia ao norte
da Índia (algumas milhas acima de Benares), o príncipe SIDDHARTHA
GAUTAMA, membro da tribo SAKYA , que usava o dialeto Pali ou o Sânscrito.
Homem culto e de grande inteligência, lançou as bases da religião
que traria o seu nome e logo desenvolve-se por toda a Índia. Uma
das principais preocupações de Buda (“O Iluminado”), foi
dotar seus seguidores de grande cultura e conhecimento gerais, para melhor
propagarem a sua fé.
Dentre seus seguidores – monges de longínquos
monastérios obrigados a percorrer pelo interior da Índia,
em longas caminhadas, tendo de se defender contra assaltos de bandidos
que infestavam a região – apareceram aqueles que realmente são
os criadores da luta que permitia a sua defesa sem o uso de armas
atentatórias a moral de sua religião. Assim nasceu o JIU-JITSU
– com o espírito de defesa que é a sua essência.
A aplicação de leis físicas, tais
como “sistema de alavanca, momento de força, equilíbrio,
centro de gravidade e o estudo minucioso dos pontos vitais do corpo humano”,
propiciou aos seus criadores fazer do JIU-JITSU uma arte científica
de luta.
Propagação
A disseminação do JIU-JITSU pela Ásia
viria séculos mais tarde quando ( a cerca de 250 AC., ou seja, 2.250
anos passados), reinou na Índia DEVANAMPRIYA PRIYADARSIM, conhecido
como rei ASOKA – 2 séculos depois de BUDA.
Abraçado ao Budismo, Asoka desenvolveu-o criando
milhares de Monastérios dentro e fora da Índia. Desta
maneira, o budismo e, com ele, o JIU-JITSU atingiram o Ceilão, a
Birmânia e o Tibet. Depois, o Sião e todo o sudeste da Ásia.
Posteriormente, a China, e, finalmente, o Japão – onde cresceu e
tomou grande impulso, emigrando em seguida para o Ocidente. A entrada do
JIU-JITSU no Japão é anterior ao nascimento de Cristo.
A morte do rei Asoka trouxe funesta conseqüência
para o Budismo e, consequentemente para o JIU-JITSU. Os brâmanes,
(adoradores da religião de Deus Brama, que florescia antes do Budismo),
sentindo-se prejudicados pelo espírito da religião Budista,
moveram pertinaz campanha até conseguir expulsar os monges
budistas do solo indiano; razão da pouca influência do JIU-JITSU
na Índia.
A filosofia ZEN (nascida do Budismo) é, sem dúvida,
o traço marcante entre o Budismo e as antigas Seitas de JIU-JITSU.
JIU-JITSU, Pai de Todas As Lutas Orientais
Na sua migração da Índia para o Continente Asiático, o JIU-JITSU foi-se ramificando, dando origem a estilos e lutas oriundas de suas diversas partes. Desta forma nasceu, inicialmente, a mil anos atrás o
SUMÔ
(sem kimono, com o uso das quedas e desequilíbrio
do JIU-JITSU, é essencialmente um tradicional esporte)
KENPÔ-JITSU
arte de aplicar um golpe traumático (ATEMÍ) de JIU-JITSU (com braço)
Do KENPÔ originou-se o chamado “Box Chinês”.
O KENPÔ, nascido no sul da China, emigrou para
diversas regiões, inclusive a ilha de OKINOWA onde, a cerca de 300
anos, passou a se chamar pelo nome de KARATÊ-JITSU (arte de lutas
com mãos vazias). Tanto o KENPÔ como o KARATÊ nasceram
do ATEMÍ (golpe traumático) de JIU-JITSU. Foi, porém,
no Japão que o JIU-JITSU cresceu e enriqueceu-se, transformando-se
na mais completa e melhor forma de defesa pessoal que se conhece em nossos
dias.
Mais de 100 estilos foram criados, sobre forma de verdadeiras seitas da arte marcial de luta (à serviço dos Senhores Feudais) nas guerras que apreendiam.
Com o passar dos anos, tornou-se o JIU-JITSU a maior arte marcial japonesa e a sua maior riqueza. Sendo os japoneses homens de pequena estatura, o JIU-JITSU os tornava poderosos e invencíveis perante os ocidentais apesar da grande envergadura que possuem.
NASCIMENTO DO JUDÔ
Em meados do século passado, grave ameaça
apresentou-se ao povo japonês, acarretando sério perigo ao
seu grande segredo: o JIU-JITSU.
O Japão que, até esta época, era
um país fechado à cobiça ocidental, recebeu a visita
de uma esquadra norte-americana comandada pelo comodoro Perry, em
8 de julho de 1853, quando entregou ao Xogum uma carta intimando à
abertura dos portos.
Em março de 1854, o comodoro Perry retorna ao
Japão com nova esquadra. O resultado foi a abertura dos portos de
SHIMODA e HAKODATE, ambos pequenos e de pouca importância.
Em 1869, com a vitória do Imperador sobre o Xogum,
novos portos foram abertos – iniciando-se a fase MEIJÍ.
Em 1871, o Imperador MEIJÍ inicia grandes modificações
sociais, propiciando a penetração dos ocidentais. A “ocidentalização”
do Japão e a conseqüente penetração estrangeira
iniciada nesta fase – que até então era um país fechado
à cobiça de europeus e americanos, trouxe sério e
grave problema para os hipônicos.
Um falso estilo de JIU-JITSU
Os japoneses de pequena estatura com conhecimentos de JIU-JITSU, tinham condições de derrotar, numa luta real, aos grandes e fortes ocidentais. Porém, a partir do momento em que estes aprendessem JIU-JITSU, a supremacia técnica dos japoneses, em luta corpo-a-corpo, desapareceria.
A curiosidade dos ocidentais, em aprender o famoso sistema de luta (o JIU-JITSU), passou a ser o problema de maior preocupação para os filhos do império do Sol Nascente. Resolveu então, o governo japonês, criar um falso estilo de JIU-JITSU para uso externo, sem eficiência como luta real. Assim sendo, por volta de 1880, um funcionário do Ministério de Cultura Japonesa ( e professor de JIU-JITSU) é escolhido para criar o JIU-JITSU falsificado “para inglês ver”. Nasceu então o sistema KANO de JIU-JITSU ( que mais tarde foi batizado com o nome de Judô) criado pelo funcionário do governo, professor Jigoro Kano que, em 1882, fundou a escola KODOKAN.
Foi assim fechado aos olhos estranhos os segredos de sua arte marcial milenar.
Os livros e publicações sobre o verdadeiro
JIU-JITSU foram recolhidos. Os cento e treze estilos de JIU-JITSU e milhares
de escolas tiveram seus nomes mudados para Judô.
O ensino de JIU-JITSU aos estrangeiros passou a ser crime
de lesapátria.
O judô esportivo – que nada mais é que um esporte das quedas do JIU-JITSU – foi exportado para o ocidente, acompanhado de grande propaganda.
Os japoneses passaram, então, ao treino de JIU-JITSU,
entre si, às escondidas.
Recentemente, após a morte de KANO, os próprios
japoneses sentiram que o Judô estava lhes prejudicando em relação
aos estudos do JIU-JITSU. E, sem a presença incômoda de KANO,
trataram de introduzir secretamente, no Judô, um estilo de JIU-JITSU
que servisse de defesa pessoal para os judocas – já que o Judô
é mero esporte.
Assim foi ocultamente introduzido no Judô o
GOSHIN-JITSU
Dentro do mesmo espírito de raciocínio do
início deste século, o professor FUNAKOSHI transforma o Karatê-Jitsu
(um estilo de JIU-JITSU traumático), num esporte ineficiente como
luta verdadeira e cria o
KARATÊ-DO
que, como o Judô, ganhou rapidamente o mundo ocidental
com larga propaganda.
Não satisfeitos em desmembrarem o JIU-JITSU (num esporte de quedas e outro de traumatismos) os japoneses criaram um esporte de torções de JIU-JITSU, o
AI-KI-DÔ esportivo
que é oriundo do
AI-KI-JITSU
(arte de executar torções de JIU-JITSU)
o que também ocorreu por volta deste início de século.
INTRODUÇÃO DO JIU-JITSU NO BRASIL
Por volta de 1914, chegava ao Brasil o professor e campeão
mundial de JIU-JITSU, KONSEI MAEDA, conhecido como CONDE KOMA – que obteve
grandes vitórias, em todo mundo, sobre todas as formas de lutas.
Em Belém do Pará, o professor Koma passou
a lecionar o verdadeiro JIU-JITSU, a seu dileto aluno Carlos Gracie, que
chegando ao Rio de Janeiro (em 1920) acompanhado de seus irmãos
mais novos, fundou a primeira academia de JIU-JITSU (localizada à
Rua Marquês de Abrantes, Praia do Flamengo).
A partir daí, o JIU-JITSU passou a ser difundido
com sangue e suor.
A luta de kimono, desconhecida para os brasileiros, foi-se
impondo, através de vitórias , contra todas as formas de
luta que aqui existiam como a Capoeira, a Greco-Romana, o Boxe e, mais
tarde, quando aqui chegou, o Judô Esportivo e (recentemente) o Karatê-Dô
esportivo.
Lutas épicas e memoráveis de Hélio
Gracie (contra adversários fisicamente mais fortes) colocaram o
JIU-JITSU brasileiro acima de todas as demais formas de lutas. As sucessivas
vitórias de homens franzinos (contra gigantes musculosos) fizeram
com que, bem cedo, os mais incrédulos acreditassem na invencibilidade
do JIU-JITSU. Após anos de lutas e de estudos, desenvolveu-se um
verdadeiro Estilo Brasileiro de JIU-JITSU, com aprimoramento de luta de
chão e o lançamento, pela primeira vez, da luta de JIU-JITSU
sem kimono valendo, inclusive, golpes traumáticos.
Atualmente o JIU-JITSU Brasileiro encontra-se em plena expansão à nível mundial, conseqüência de um trabalho que teve seu início na década de 20, através de Carlos Gracie, que repassou aos seus irmãos os conhecimentos recebidos de Conde Koma. Mais adiante, em fase posterior, Hélio Gracie, discípulo e seguidor fiel das idéias de seu irmão mais velho, manteve a tradição, ao tempo em que aguardava a vinda de novas gerações, com nomes notáveis como: Carlson Gracie, Rolls Gracie, Rickson Gracie, o atual n.º 1, e tantos outros nomes de projeção nem tanto repercussiva, porém dignos de toda a admiração e respeito.
Fica, portanto, o compromisso de uma nova abordagem (com
enfoque aos grandes nomes, tanto do passado quanto atuais), do nosso JIU-JITSU
Brasileiro.
Texto Inicial: Helcio Leal Binda
Revisão e Atualização: Reyson Gracie (Fundador
do Jiu-Jitsu no Amazonas)
Grão Mestre - Faixa Vermelha Preta 8º Grau
Presidente da Federação de Jiu-Jitsu da Bahia
Reyson Gracie ensina em