"Bailão Classe A", o primeiro cd do grupo, mostra esse jeitão incorreto de ser. Suas letras não poupam nada nem ninguém. O humor, a descontração, a putaria e o inconformismo reinam harmonicamente pelas 19 faixas. Não fica pedra sobre pedra nos seus versos rimados do rap com as guitarras. A cozinha de Gaguéte (bateria) e de Mortadelo "Bass" Gee (baixo) têm o groove num segundo e o peso no seguinte. A Guitarra de Nareba é cúmplice dos dois nos momentos certos. A insanidade desconexa da guitarra do simpatizante de Khrishna Leon Experiênza vai para o lado contrário dos três. Quem nunca viu os Fuckers ao vivo, que feche os olhos e tente imaginar a loucura que são os seus três vocalistas (B. Black, Yurinando e Jimmy Love) pulando insandecidamente no palco com suas vestimentas, mezzo X-large, mezzo circo.
O cd retrata o que os shows dos Funk Fuckers são. Verdadeiras celebrações, onde quem está passando pode penetrar (socialmente, é claro) sem convite e principalmente sem cerimônia. Seguindo essa regra, o grupo convidou Gilberto Suzano para co-produzir com eles 15 faixas e deixou o penetra mor Edu K invadir o terreno. O lendário vocalista, que fez história a frente do tresloucado DeFalla deixou sua marca em 4 faixas. Ele modernizou, com loops de bateria e samplers, canções como "Inthahouse", "Na Pressão" e "Na Testa", estas duas com o naipe de metais do Soul de Quem Quiser. As famosas Bimbadas por Minuto (BPM) te levam, a se ver no Dancin'Days ou dançando com Tony Manero, nos Embalos de Sábado à Noite. Se tem algo que os Funk Fuckers não fazem é abortar influências. Foi assim com "Montagemdaniquilação", onde o funk e os "pancadão" dos morros cariocas invadem a bolacha. "K", que entra depois de um pianinho maroto, mostra uma das novas aquisições do grupo, o ska. "Instituição Falida II" ironicamente apresenta a policia como caras legais e põe lado a lado James Brown, HC e o vozeirão gutural de mais um convidado: Paulão (ex-Gangrena Gasosa). Os invasores não param por aí. Seres conhecidos como DJs deram o ar de suas graças. Dznuts, (ex-Rappa) em "Hold la (Big Pemba)" e "Marieta". RodrigueZ, do Black Alien, em "BPM", "Na Pressão" e "Na Testa". Também em "Marieta" e "Búlica" (o primeiro clip e single do cd), o povo (mais de 20 pessoas) das várias bandas amigas do underground local fazem os refrões parecerem gritos de torcida em dia de decisão.
Até quem já partiu dessa pra melhor participa do cd. "Rappers Reais (Skunk Jammin' II)" mostra uma gravação ao vivo do ex-vocalista do Planet Hemp, Skunk (falecido há 2 anos). Esse registro data do longínquo ano de 93 no terceiro show dos Funk Fuckers, no Sérgio Porto (RJ). E, como se pudesse faltar, o maior penetra dos palcos do Rio, Marcelo D2 divide com a banda os vocais de "021 (Original Style)". Co-autor da letra, Marcelo canta em cima de uma versão original da música, de 94, diferente da do seu grupo. Com umas palmas, a versão Fucker é mais agressiva que a do Planet. "Tudacudaduda", "DDM" (essa ao vivo no estúdio) e "2 Berlotas" dão o tom hardcore do cd, contrapondo com o groove e os samplers de "Brasileiro". "Mary Diesel" é a junção dessas duas influências. Como em "Na Pressão" o hip hop se alia ao hardcore.
Parodiando a vinheta final do cd, que põe a cana de alguém pra assar, bons moços, desavisados e figuras erradas no cartório, cuidai-vos. Suas batatas estão já estão no fogo.
Algumas fotos - Em Breve