Seja bem vindo a seção Raimundos, aqui você encontrará início da trajetória da banda e os principais acontecimentos ocorridos desde 1994, quando a banda foi descoberta pela imprensa. Aproveitem!!!
 

HISTÓRIA DA BANDA
 

O COMEÇO

         Tudo começou em 87, quando Digão e Rodolfo se conheceram, por morarem na mesma rua, num dos bairros de Brasília. Naquela época Rodolfo tocava guitarra , e Digão bateria. Logo se reuniram para jogar conversa fora e tocar as músicas de seu grupo favorito - os Ramones. Segundo Rodolfo, o amplificador utilizado por ele era tão ruim que ficava igual. E Digão levava um som bem “hardcore”, influenciado principalmente por Dead Kennedys(ele considera o álbum “Bedtime For Democracy” o seu predileto). Mas faltava o baixo.

CANISSO NA BANDA

         A sugestão de Rodolfo foi chamar o Canisso, pois ele daria um visual “arrojado” para a banda. Com a entrada de Canisso, o negócio começou a ficar um pouco mais sério, e as primeiras composições começaram a surgir. Foi no reveillon de 88, na casa do amigo Gabriel(atual vocalista e guitarrista da banda Little Quail), que aconteceu o considerado primeiro show do Raimundos. E uma das pessoas na platéia era ninguém menos que o futuro baterista da banda, Fred Melo. E ele comenta: “eu lembro que eles tocaram covers de bandas que eu gostava muito naquela época, além de músicas próprias com letras interessantes”. Rodolfo complementa: “Já era 'forró-core' na época: a gente tocava uma música nossa, uma do Zenilton(o forrozeiro predileto dos caras) e um monte dos “Ramones”, conta - utilizando o rótulo criado por eles próprios, mas que depois viria a ser “amaldiçoado” pela banda, por limitar o som (mais detalhes adiante). A parte nordestina do som do Raimundos é hereditária, a cultura nordestina sempre esteve presente na vida deles. “Minha família é da Paraíba, e eu me lembro que desde os dez anos, eu sempre ia naqueles churrascos com os meus pais. Tocava forró o tempo inteiro, e eu achava aquilo um saco. Só gostava das músicas do Zenilton, por causa das letras sacanas, achava aquilo muito “fera”, conta Rodolfo. Dessa forma, estava definida a fonte de inspiração da banda. O próximo passo era a divulgação, através de shows em pequenos bares de Brasília, e principalmente festas. Segundo Fred, “existia um estigma em Brasília, sempre que tinha uma festa e o Raimundos ia tocar, a festa lotava”. A banda continuou dessa forma durante dois anos, até sua separação.

O FIM DO RAIMUNDOS

         Com o surto de bandas de heavy metal que tomou conta da cidade (1989/90) , a banda passa a acreditar que deveria seguir o mesmo caminho para atingir o sucesso. Resolvem recrutar músicos melhores(um novo baixista e um segundo guitarrista), achando que deveriam tocar melhor. Em 90, a banda se separa, devido a diversos problemas internos. “Cada um foi cuidar da sua vida. Canisso foi estudar Direito(Universidade de Brasília) e teve seus filhos, o Digão largou a bateria por problemas auditivos(estava ficando surdo) e começou a tocar guitarra, e eu cantava em uma banda chamada 'Royal Straight Flesh', afirma Rodolfo. Depois, Rodolfo se casou e foi morar no Rio. A separação nos fez bem. “Todos crescemos muito e chegamos à conclusão de que queríamos ser músicos mesmo”, afirma Digão.

O RETORNO

         Em 92 surgiu uma oportunidade de tocar em um bar em Goiânia e a decisão foi unânime: o Raimundos seria ressuscitado. Porém, como a banda não tinha mais baterista (Digão agora era guitarrista, deixando Rodolfo livre para os vocais), a saída foi apelar para uma bateria eletrônica. Canisso explica: “Arrumaram um show pra gente em Goiânia. Levamos tudo preparado na eletrônica, pois a mesma batida dava pra todas as músicas dos Ramones. Só que por um problema de impedância, o negócio tocou tudo diferente”. Era inevitável a procura por um novo baterista.

FRED NA BANDA E A FITA-DEMO

         Ainda em 92, Fred, que já era fã do grupo, foi recrutado para a bateria, dando um direcionamento mais sério para o trabalho da banda. Rodolfo conta: “o Fred entrou na banda e logo se adaptou. Tirou todas as músicas na bateria, começamos a fazer shows, no ano seguinte já gravamos a demo, e estamos nessa correria até hoje”. A famosa fita demo do grupo gravada em 1993, levou o mesmo nome da banda, e continha quatro músicas: “Nêga Jurema”, “Marujo”, “Palhas do Coqueiro” e “Sanidade” - esta inédita em álbuns até hoje, por se tratar de uma letra séria, totalmente diferente do estilo que consagrou o grupo). Com essa fita, a banda iniciou a sua divulgação pelo país. A fita espalhou-se rapidamente, pois o som da banda era uma novidade no cenário musical brasileiro. Algumas bandas que gostaram daquele novo estilo começaram a convidar os caras para abrir shows no Rio de Janeiro. Eles abriram shows do Camisa de Vênus, Ratos de Porão no Circo Voador e uma temporada para o Titãs. O convite lhes rendeu uma legião de fãs, e a atenção das grandes gravadoras. Rodolfo conta: “várias delas nos procuraram querendo mexer no nosso som, censurar as letras e diminuir a intensidade. Podíamos estar agora cheios da grana e infelizes, mas preferimos recusar as propostas”. Mal sabia ele o que essa fidelidade com o som original da banda viria a acarretar para o rock nacional dos anos 90.

JUNTA TRIBO

         Mas a imprensa preferia ignorar o movimento “underground”, as bandas sem gravadoras e principalmente as letras recheadas de palavrões. Mas o grupo crescia, e foi no festival Junta Tribo, realizado pelo fanzine Broken Strings em plena Unicamp(universidade de Campinas) que a banda começou realmente a chamar atenção. O evento reuniu cinco mil malucos e dezessete bandas independentes durante três dias. Quem viu a apresentação daqueles quatro candangos de crossover alienígena diz que foi memorável. “O engraçado é que eu mesmo liguei pedindo pra gente tocar”, conta Fred. “Nosso nome não estava nem no cartaz”. Terminaram como unanimidade do festival. A partir daí, o Brasil começou a ouvir falar no som do Raimundos, e a fita demo passou a ser disputada a tapa pelos quatro cantos do país.

O SELO BANGUELA

         O jornalista e radialista brasiliense Carlos Marcelo, tendo uma cópia da fita demo em mãos, entrou em contato com um amigo jornalista da revista musical Bizz, ninguém menos que o Carlos Eduardo Miranda, que conta: “Eu escutei aquela fita e já entrei em contato com os caras, falei pro Fred vir para São Paulo, que a gente precisava conversar, pois já existia alguns planos sobre o selo Banguela, mas nada estava certo ainda. Então a gente se encontrou, já ficamos amigos”. Só quando os Titãs tiveram a abençoada idéia de criar o seu próprio selo, o Banguela, junto com o produtor Miranda, é que os Raimundos finalmente encontrariam o local apropriado para lançar o primeiro álbum. “As outras gravadoras oferecem contratos milionários, limusine, hotel cinco estrelas, só que quem acaba pagando todo isso são as próprias bandas, que tem que vender muito para cobrir os gastos. Nós temos o suficiente, o mínimo necessário pra fazer algo apresentável”. Foi assim que, após um acidente com Fred (na última apresentação com os Titãs, ele deu um mosh, só que a platéia se afastou e ele abriu um racho na cabeça), o grupo finalmente começou a gravar o seu disco de estréia. A partir daí a banda passa a morar em São Paulo, já que nenhuma gravadora teria condições de ficar bancando as viagens para Brasília. No início eles ficaram hospedados na casa do Carlos Eduardo Miranda, onde tiveram que dormir no chão. Mas não por muito tempo.

FORRÓ-CORE x ROCK PAULEIRA

         Mas afinal, o que era o “forró-core”? Este termo foi criado para definir a mistura que a banda fazia em algumas músicas, mas surgiu mais como uma brincadeira. Alguns repórteres chegaram a perguntar para eles como foram os trabalhos de 'pesquisa' de forró. Mas, como já havia sido dito, o forró surgiu meio que inconscientemente no som da banda. E como o termo criado por eles próprios passou a limitar o som do grupo(já que se esperava algo com metade rock e metade forró), eles preferiram passar a denominar o estilo como sendo apenas “rock pauleira”.

M2000 SUMMER CONCERTS

         E foi no festival M2000 Summer Concerts, em Santos (04/02/94), que o Raimundos passou a chamar a atenção de todos. O show, bastante aguardado por aqueles que já haviam ouvido falar da banda, mais ainda não conheciam o som, serviu para firmar a banda com um som totalmente hardcore(como pôde ser visto na imprensa, no dia seguinte), diferente do que alguns esperavam - 50% forró e 50% hardcore. Apesar do som ter apresentado problemas, e a banda estar um pouco fora de forma(“fazia um mês que a gente estava parado, só tomando Coca-Cola e comendo pizza”, entrega Digão), o show foi um dos mais aplaudidos da noite(tocaram Doctor Sin, Deborah Blando, Rollins Band, Mr. Big e Lemonheads), pelo público de 80 mil pessoas. Rodolfo comenta: “Na hora que eu vi o hotel cinco estrelas e o ônibus só pra gente eu pensei: “cara, a gente é banda!”.

O PRIMEIRO CLIP

         Um pouco antes do álbum de estréia sair eles gravaram de forma independente, com a produção do “CPCE” da UnB(Universidade de Brasília) e direção de Eduardo Bellmonte, o clip da música de trabalho do álbum, “Nega Jurema”. Este foi o pontapé inicial para a divulgação da banda para aqueles que ainda não conheciam o som, ou seja, através da MTV(já que o som era impróprio naquela época para tocar em certas rádios FMs). Um fato curioso é que o clip, apesar da precária produção visível, devido a pedidos do público, participou da escolha da audiência na MTV, para o clip que representaria o Brasil nos Estados Unidos(perdeu para o Sepultura, com o clip de “Territory”). A banda se despediu de Brasília com um show no bar/boite Gate's Pub, no dia 21/04/94.

O PRIMEIRO ÁLBUM

         Com o lançamento do álbum, a banda volta pra São Paulo, para divulgar o disco. É nessa época que o grupo é apresentado aos seus maiores ídolos, os Ramones. Eles estavam de passagem pelo Brasil, e participaram de um coquetel, onde também estava sendo lançado o álbum dos Raimundos. Digão conta: “Pois é, a gente estava lá no hotel, maior festa, disco do Raimundos pra lá e pra cá, de repente eu olho pro lado e vejo o C.J., aí pensei: “caralho, fudeu!” a gente conheceu os caras, eles são muito loucos; entregamos o disco pra eles. “Eu nunca pensei que isso fosse acontecer comigo algum dia”. A partir desta época a banda começou a ganhar espaço na mídia, e o resto nós já sabemos...

Veja algumas fotos da banda

Se você quiser mais informações sobre a banda vá para o Raimundos Official Web Fan Club, que você encontra na seção de links.
 


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