Gilberto Rabelo Profeta
Dizer/Fazer Médico
Modelos de Relação Médico-Paciente
01 - INTRODUÇÃO
São muitos os modos de relação médico-paciente e a maioria dos profissionais adotam um método intuitivamente. É aconselhável que distingamos qual o padrão de relação estabelecemos com nossos pacientes, conhecendo-o e aprimorando-o, evitando as armadilhas que qualquer método nos impõe.
Sledge1997
O médico deve saber variar os modelos de relação médico-paciente com o tipo de paciente, seus desejos, expectativas e necessidades, bem como sua história pessoal não médica.
02 - MODELOS
01 - PATERNALISTA
02 - INTERVENÇÕES
Roter 1997
Neste modelo, o médico determina qual a melhor intervenção biomédica, articulando e implementando uma série de ações.01 - VALORES
Roter 1997
Os valores do paciente são assumidos serem consistentes com os do médico03 - AUTONOMIA
Roter 1997
sua autonomia se resume em assentir às recomendações médicas.
ACOMODAÇÃO
Siegler 1981
O modelo de acomodação médico-paciente pode ser visto como um processo e um OUTCOMEÉ um processo de comunicação e negociação, ora curto, ora prolongado, dos direitos e responsabilidades, tanto do médico quanto do paciente, os quais guiarão a consulta e as subsequentes.
01 - RESILIÊNCIA
Siegler 1981
A resiliência de um processo de acomodação entre médico e paciente é determinada largamente pela extenção de confiança e confidenciabilidade entre ambos.O processo é constantemente revisto em função dos novos problemas colocados em pauta pelo paciente.
02 - PRECEITOS
Este modelo procura:
- acomodar atitudes e valores do médico e do paciente
- uma comunicação e negociação entre médico e paciente
- ocorre em um contexto social caracterizado por incerteza
- mantém preocupação com autonomia, responsabilidade e obrigações.
- permite máxima flexibilidade, do médico e do paciente, no processo de decisãoLIBERDADE
01 - DO PACIENTE
Siegler 1981
O paciente tem maior liberdade para procurar outro médico se o atual não o agrada, se o julga incompetente, não tem os diplomas que esperava, mantém um consultório desorganizado ou o tem muito cheio, não atende em hospital, ou apresenta personalidade ou sistema de valores que o leva a confrontos repetidos.02 - DO MÉDICO
Siegler 1981
O médico é menos livre para escolher o paciente.O médico não terá a obrigação de manter a relação médico-paciente se acredita ser incapaz de ajudar o paciente, se se acredlita que, atendendo-o, sacrifica seus valores, se não percebe habilidades suficientes para os problemas apresentados. Também é lícito recusar atenção ao paciente quando surgem conflitos de personalidade sérios o bastante para prejudicar a relação, quando ocorre profunda imcompatibilidade de objetivos ou se determina que o paciente não deseja assumir responsabilidades pelo tratamento.
03 - JUSTIFICATIVAS
O direito de paciente e médico recusarem entrar em uma acomodação:
- se o objetivo médico é a alcançar metas em benefício do paciente, é vantajoso para ambas as partes que tenham prudência e discrição em não entrar em uma relação predestinada ao insucesso.- A necessidade de atingir-se uma acomodação entre duas personalidades para que busquem determinados objetos pede mutualismo, vontade e respeito à autonomia das partes envolvidas.
- a alternativa em que nem o paciente nem o médico tenham liberdade de determinar o arranjo interpessoal a ocorrer, pode resultar em uma forma mecânica, inferior, de medicina.
03 - LIVRE ESCOLHA
Balint et Shelton 1996
A tríade de Hipócrates - o médico, o paciente e a doença - deve ampliar-se para conter também "escolhas de tratamento" e "demanda social"
- o médico deve balancear o seu papel de cidadão e o de médico, aceitando a responsabilidade de planejar cuidadosamente o uso dos recursos sociais.COMUNICAÇÃO
NEGOCIAÇÃO
MUTUALISMO
RESPEITO À AUTONOMIA
ALIANÇA MÉDICO-PACIENTE NA COMUNIDADE
Balint et Shelton 1996
Os autores descrevem um novo modelo, a que denominam "aliança médico-paciente na comunicade", compartilhando com os outros modelos suas características, mas acrescentando a aceitação pelo médico e pelo paciente de uma responsabilidade racional pelo uso apropriado dos recursos da sociedade. Responde à crítica de que o médico passa a ser um "agente duplo" - o médico é advogado do paciente e ao mesmo tempo da sociedade - lembrando que "o que se faz a um paciente afeta todos os outros pacientes".
DELIBERATIVO
02 - INTERVENÇÃO
Roter 1997
O médico provê o paciente com informações técnicas e adota técnicas de persuasão e sugestão para que o paciente aspire a valores relacionados à saúde, mais elevados01 - VALORES
Roter 1997
O médico investiga e analisa os valores do paciente, e o ajuda a escolher os melhores valores possíveis em sua situação clínica.03 - AUTONOMIA
Roter 1997
A liberdade do paciente consiste em não aceitar os valores novos que o método de sugestão lhe propõe. Pode ser visto também como uma relação em que o médico investigando os valores do paciente, analisa-os e ciente de que hajam valores melhores, sugere-os ao paciente: informações técnicas sobre valores, permitindo ao paciente melhor selecionar as intervenções.
INFORMATIVO
02 - INTERVENÇÃO
Roter 1997
O papel do médico é prover o paciente de informações técnicas, cabendo ao paciente selecionar a intervenção que lhe parece mais adequada.A função do médico é responder aos questionamentos do paciente, que se transformou em um "consumidor": vai ao médico para escolher, por si, o que fará.
01 - VALORES
Roter 1997
Os valores, tanto do médico quanto do paciente, não são examinados.03 - AUTONOMIA
Roter1997
A autonomia do paciente é preservada, enquanto a autonomia do médico fica prejudicada.
INTERPRETATIVO
02 - INTERVENÇÃO
Roter 1997
O médico provê o paciente com informações técnicas e assiste ao paciente no processo de escolher a melhor intervenção.01 - VALORES
Roter 1997
O médico investiga os valores e necessidades do paciente, ajudando-o a interpretá-los e entendê-los, ajudando-o a selecionar a melhor intervenção.03 - AUTONOMIA
Roter 1997
A autonomiia do paciente é respeitada, mas o médico tem controle sobre qual seria a melhor intervenção para um paciente com as necessidades e valores em jogo na interrelação.
01 - QUANTO À DINÂMICA
RMP ATIVA
RMP PASSIVA
RMP DIRETIVA
RMP COOPERATIVA
RMP COM PARTICIPAÇÃO MÚTUA
CONSUMISTA
Neste modelo, o paciente dita as regras: "o que eu quero fazer é", em atitude formada pelos meios de comunicação e de propaganda, bem como pelo "ouvi dizer" de amigos e parentes.
A30 Silverman 1996
A lei nos Estados Unidos privilegia uma relação médico-paciente consumista: o paciente tem direito a receber a mais alta qualidade de cuidados. Leva rigidamente em consideração o direito de autonomia do paciente em detrimento da autonomia do médico.