Saiba Os Principais Acontecimentos Da Banda Nirvana
1988
Em 1988 quando a independente Sub-Pop editou o single seminal dos Mudhoney "Touch me I'm Sick" só dois bares e dois clubes de Seattle se arriscavam a abrigar esta nova corrente da música, um deles chamava-se Crocodile Café.
Para os músicos a opção parecia clara, ou mudavam de terra, ou mudavam de som. Assim, os Blackout fizeram as malas rumo a Chicago onde apresentaram como Ministry, Duff Mackgan deixou os Ten Minute Men mergulhou no Underground de Los Angeles e tornou-se baixista do Guns N' Roses, os Melvins deixaram Aberdeen e foram para São Francisco e permaneceram os Melvins.
A casa dos Melvins era em Aberdeen. Uma Aberdeen que ficou na história, apesar de ser uma pequena cidade, no estado de Washington, da dimensão de Twin Peaks, cujos habitantes até então, só tinham feito fortuna através de comércio da madeira, mas esta Aberdeen durante um tempo foi o epicentro de uma nova cena que ao crescer se realojou em Seattle e a que chamaram de Grunge.
Diz uma anônimo que o Grunge nasceu quando Jimi Hendrix no final de "All Along The WatchTower" ( Bob Dylan ) despejou gasolina de isqueiro sobre a guitarra e rodou o botão do amplificador para o nº11.
Quando Butch Vig, Produtor do Álbum Nevermind do Nirvana, opta por uma definição menos bombástica: "Grunge é apenas um termo que alguém inventou. É apenas guitarras... Não sei. Grunge Rock? Ponham as guitarras bem alto"
A estética que se desenvolvia baseava-se em conceitos comuns ao punk - som eto, honesto, rude e confrontacional, a única diferença é que estas cabecinhas que andavam sempre a mudar de banda e de companheiros de quarto adoravam também o Kiss e idolatravam os Sex Pistols. O som que produziam era um misto de Black Sabbath, Black Flag, e Big Black e muita independência.
A Sub Pop começou como fanzine, pertença de Bruce Pavitt, que algumas vezes trazia associada uma casseta com canções de bandas independentes locais. Mais tarde transformou-se numa coluna no Magazine Musical de Seattle The Rocket com edição mensal. Por fim metamorfoseou-se na editora discográfica, arrancando com um capital de $19.000 que foi gasto no alojamento, em alguma promoção, no primeiro single do SoundGarden e no EP do Green River.
A Filosofia da Sub Pop e da maioria de seus artistas foi capturada numa T-Shirt que dizia apenas "Loser". O Famigerado anátema "No Future" lançado pelo punk foi desmentido pela própria geração que o criou e lhe sobreviveu.
O Movimento grunge se resume nas palavras de Kim Thayil do SoundGarden: "O Grunge é duas partes de punk e uma de metal. Talvez uma de punk, uma de metal e a última parte entre psicadélico e atrasado mental"
1989
O Nirvana, claro, assinaram com a Sub Pop, e editaram o primeiro single "Sliver" antes do longa duração "Bleach", no inicio de 1989, o qual ostenta a contracapa: "Recorded in Seattle at Reciprocal Recoring by Jack Endino for $600". O valor não é exato já que não inclui a mistura, mas chega para dar idéia do pequeno investimento. É de referir que o nome do Vocalista/Guitarrista é grafado como Kurdt Kobain.
Jack Endino que era engenheiro naval, era também guitarrista de uma banda desconhecida que se dava pelo nome de "Skin Yards" e talvez, numa perspectiva histórica, seja o primeiro responsável pelo "Seattle Sound", porque entendia as bandas, imaginava a melhor forma de captar o som que elas produziam em garagem e conseguia de forma rápida e eficiente capturar os sons em fita.
O Choque provocado pelo "Seattle Sound" não se limitou às sonoridades, mas principalmente à atitude raivosa de uma nova geração de quem se esperava que entrasse no caminho suave do dia à dia e que de repente alguém descobriu que caminhava nas margens da delinquência, escondida no aconchego das camisas de quadrados largos estampados em flanela grossa.
O Nirvana lançaram desde o inicio álbuns de octanas elevadas e de moral duvidosa. Canções como "Floyd the Barber" e "Mr. Moustache" contam histórias brilhantes e provincianas recheadas de violência escondida na moral WASP e, a t-shirt usada pela banda com "Fudge Packin', Crack Smokin', Satan Worshippin', Motherfuckers" estampados em letras grandes era sem dúvida o manifesto da banda.
1990
A mudança constante do line-up da banda, com o principal incindência do baterista; os espetáculos ao vivo alternavam entre o excelente e a maior desilusão de sempre; e, as loucuras habituais do Nirvana só foram acalmadas com a entrada de David Grohl. David trouxe consigo o profissionalismo necessário para evitar que após um mau espetáculo, no seguinte, com penitência, Kurt usasse um vestido e Chris rapasse o cabelo.
Como Thurston Moore, dos Sonic Youth faz questão de lembrar: "Nós demos o aval ao Nirvana quer quanto ao management, a Gold Montain, quer à editora. Dissemos ao pessoal da Geffen que apoiávamos o Nirvana em consciência".
Para a Sub Pop foi ouro sobre o azul, pois o potencial do Nirvana era mais que assumido pelos responsáveis da pequena editora independente, e sabiam que era necessário um salto para que a banda se projeta-se no mercado mundial.
Para o Nirvana a assinatura com a Geffen não teve metade do impacto emocional do primeiro contato, muito inferior em termos monetários, mas muito mais a concretização do sonho.
1991
"O novo álbum "Nevermind" parece um furacão a subir nas tabelas de venda, os espetáculos ao vivo esgotam e, de repente toda a gente quer um pouco de Nirvana" dizia a propósito Shaun Philips.
Do bolo total da assinatura com a Geffen, um quarto de milhão de dólares, a Sub Pop recebeu uma parte, mas mesmo assim isso não evitou que as vendas de "Nevermind" se começaram a repercutir em "Bleach", para a Sup Pop fosse uma benção de Deus, pois estava a beira da falência.
Conforme consta na Biografia autorizada do Nirvana "Come as you are", da responsabilidade de Michael Azzerad, teria sido durante a turne européia de "Nevermind", com o álbum a subir virtiginosamente nas tabelas de venda que Cobain decidiu tomar heroína como anestésico para as dores constantes e insuportáveis de estômago. Estava no final de 1991 e Cobain insiste que foi ele que incentivou Love a tomar heroína e não o contrário.
A primeira vez que alguém da imprensa se referiu à condição de saúde de Kurt, dando os primeiros indícios de um provável abuso de substâncias, foi Gerry McCully em 1991, numa entrevista que fez com o Nirvana para o BAM Magazine. No entanto, não referia nada concreto, foram as negações de consumo que acabaram por referir a malfazeja heroína. E assim mais uma vez se comprovou que os boatos ao serem desmentidos, mais se espalham.
Courtney, por seu lado, também deu uma forcinha ao descrever à jornalista da Vanity Fair os detalhes da sua aventura para comprar heroína num bazar de Alphabet City, situado em Lower Manhathan, aquando da curta estada da banda em New York para gravar o "Saturday Night Live".
1992
A tour do "Nevermind" trouxe consigo escândalo atráz de escândalo, principalmente nos contatos com meios de comunicação. Basta lembrar a presença no Top of the Pops, onde Kurt foi tratado como um excêntrico drogrado, no The Word, onde Kurt se declarou publicamente para Courtney Love, como "Thou Art Thee Greatest Fucke in The Worlde..." como se já não bastasse, o escândalo em pleno "Saturday Night Live", em que os set do Nirvana terminou com todos aos beijos uns aos outros. Foi Kris quem começou atacando Kurt e Dave. Na repetição do programa o final foi censurado.
Foi o vídeo de "Smells Like Teen Spirit" que conquistou o mundo, a sua passagem na MTV provou ser mais eficiente que todas as outras formas de promoção e, de repente, ei-lo em número 9 na tabela de vendas. A bola estava a rolar e a máquina da indústria aproveitou de imediato o balanço, mas a prova de que foi apanhada desprevenida é o volume de prensagem inicial no Reino Unido que se limitou a escassos 40.000 exemplares
Quando Kurt Cobain subiu ao palco do Los Angeles Univesal Amphitheatre para receber o troféu "Best New Artist" MTV1992, declarou: "Sabem, é difícil conseguir acreditar na maior parte das coisas que se lêem."
Para Cobain no entanto, as coisas descontrolaram-se mas após o nascimento da filha resolveu parar de jogar o jogo da arte com a própria vida e limpou-se. O médico sugeriu que as dores de estômago poderiam ser provocados pela coluna - tratamento exercício aliviaram os sintomas e, assim, Cobain apareceu a gravar a sequela de "Nevermind" de boa saúde.
A bomba estourou de novo com a nomeação de Steve Albini para produtor, o famigerado de renome dos Big Black e Rapeman. A sua técnica garantiria a captura do som essencial do Nirvana. Escolheram o Pachyderm Studios, um estúdio menor no Minnesota e lançaram-se ao trabalho.
Steve começou por infestar o estúdio com microfones, só para tarola usou cinco. Depois foi em frente, gravando quase todas canções ao primeiro take. Para a mistura Steve Albini gastou não mais que uma hora em cada canção e ficou satisfeito
O Nirvana saíram do estúdio contentes, os custos foram de $17.000. Uma ninharia!
Mas depois de ouvirem o resultado em casa, as coisas mudaram. Quando contataram Albini para as remisturas, este acusou-os de recusarem o som alternativo e sucumbirem ao comercialismo imposto pela Geffen.
Cobain negou dizendo que o contrato que assinara lhe dava 100% de autonomia. O boato, sobre o comentário da Geffen, quando confrontados com o resutado da gravação: "Grandes demos, quando é que poderemos ouvir a versão definitiva do álbum" começou a circular.
O Álbum Incesticide é lançado com pouca repercussão, mesmo assim conquista o público com algumas canções: "Molly's Lips", "Dive" , "Aneurism", etc.
1993
Será que a Geffen teria medo de ir à bancarrota com o álbum que fosse um regresso à estética de "Bleach"? Não parece verosímil, dado que David Geffen em entrevista à Rolling Stone revelara que em 1993 pertencera ao TOP 5 dos pagadores de impostos na América e Nevermind já vendera mais de 10.000 de cópias em todo o mundo.
Esperar que o novo álbum trouxesse outro "Smeels Like Teen Spirit" era um erro porque a banda considerava como hino o tema "Lithium", o qual foi editado em single utilizando uma imagem da ecografia de Frances Bean com escassos meses.
Mas a guerra das canetas continuou. Na "NewsWeek" de junho, Jeff Giles informava que a Geffen como "Não Passível de Edição" e que tinham sido sugeridas remisturas de algumas faixas sem Steve Albini.
A confusão já era tal que foi feita um press-release destinada à MTV, onde por inverosímil que possa parecer Cobain e Ed Rosenblatt, presidente da Geffen Records se uniram para negar a informação da NewsWeek - escrita em papel timbrado da Geffen e intitulada: "Nirvana's Kurt Cobain Debunks Rumours of Geffen Interference New Album"
Rsenblatt era claro nas suas palavras: "A Geffen editará o álbum que a banda nos entregar. Negamos categoricamente quaisquer rumores de censura à criatividade do Nirvana. Quando a banda der o álbum como terminado entrega-nos e nós fornecemos a data da edição. É assim, como de costume, chato e eto.
Kurt Cobain, pelo seu lado, abria mais o jogo: "Demoramos duas semanas com Steve Albini, no Minnesota, a gravar algumas das melhores faixas que alguma vez fizemos e a maior parte das misturas estão perfeitas. No entanto, Steve não se demorou muito nas misturas e no geral, nós pensamos que a voz não esta suficientemente alta em algumas das faixas. Queremos alterar isso"
E continuava: "Steve tem feito carreira com sendo anti-rock establishment, mas ser comercial ou anti-comercial não é o que faz um bom disco de Rock, mas sim as canções. E até termos as canções gravadas como queremos não vamos editar esse álbum"
A questão de ir buscar outro produtor para remisturar algumas faixas não era caso virgem. Com "Nevermind" fora questionada a mistura de Butch Vig, que deixaria o álbum com a sonoridade demo típica da Sub Pop. A solução passou por contratar Andy Wallace para fazer as remisturas, devido ao trabalho por ele realizado em 1990, nas misturas do Álbum dos Slayer "Seasons in the Abyss". Andy Wallace foi o mágico da voz de Kurt que finalmente deixou de se perder na ruideira induzida pelo uso e abuso dos pedais Fuzz e transmutou-se numa voz única de entoações dolorosas e angustiantes.
1994
Cobain: "Algo estava, errado, por fim descobrimos que era o baixo e a voz que estavam baixos e pe am a Scott Litt produtor do REM para resmisturar os temas "Heart-Shaped Box" e "Scentless Aprentice". O resto conseguiu-se melhorar no martering do álbum. Agora estamos totalmente satisfeitos"
Entretanto o baixista Khris Novoselic ( que passou a grafar seu primeiro nome conforme manda a origem croata ), comentava: "Acho que toda essa imprensa é ótima. Agora só falta que algum grupo cristão de eita classifique o disco como satânico. Isso faria saltar as vendas"
O Álbum que começou por se chamar "Versus Chorus Versus" e depois "I Hate myself and I Want to die", e acabou por ser editado com "In Utero".
O concerto de regresso realizou-se no Roseland Dance Hall em New York. O Nirvana entraram em palco e atiraram com o álbum "In Utero" às massas que fizeram o mosh habitual; os representantes da indústria estavam satisfeitos. Mas depois chegou a menina do contrabaixo, Laurie Goldsten, e começou uma cena acústica com "Polly", "Something in the Way" e "Where Did You Sleep Last Night" de LeadBelly. O Nirvana saíram do palco em silêncio. O Nirvana voltou ao palco para tocar um eletrizante "Smells Like Teen Spirit" e o espalhafatoso "Endless Nameless", mas não foi pedido de ninguém do público. Ninguém pe ia um encore.
Seguiram-se as turnes canceladas, o dinheiro a rodos, os escândalos com drogas e as zangas entre toda a gente, até o último show a 29 de fevereiro de 1994 em Munique, à tentativa de suicídio em Roma e a concretização em Seattle.
No meio de toda excitação Cobain preferia dormir: "Aqueles prazeres simples e quotidianos que as pessoas têm, de falar sobre assuntos sem interesse, são para mim chatos, prefiro dormir"
Krist Novoselic e Dave Grohl apresentaram-se em palco, pela primeira vez desde o suícidio de Kurt Cobain, no Capitol Theatre em Olimpia, no estado de Washington, com uma banda chamada "The Stinky Puffs" - que essa noite incluiu Timony, 10 anos de idade, filho de um elemento da banda e que cantou uma canção dedicada a Kurt Cobain "I Love you anyway".
"A indústria músical está cheia de gente arrogante, gente sem vergonha, gente sem o mínimo de decência..." - dizia habitualmente Kurt Cobain
Atualmente o Foo Figthers de David Grohl andam por aí, recorrendo a doses da fórmula viciante num q.b que não poderemos provar que seja um plágio, mas no fundo da alma sabemos quem era o mestre alquimista.
Cabelo Sujo, barba por fazer e olhos nublados, distantes, um casaco comprido com nódoas e lixo agarrado - o Insustentável regrume do ser que se dá pelo nome de KURT DONALD COBAIN.
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