A VIDA DE SANTA RITA




Rita nasceu numa pequena aldeia na região de Cássia, província da Úmbria, chamada Rocca Porena, a 22 de maio de 1381, filha do casal Antônio e Amata.

A Úmbria foi sempre palco de bandidos, ladrões e malfeitores que depredavam e semeavam a confusão por toda a parte. Foi em meio à agitação de todo o tipo que Rita veio ao mundo, viveu, deu seu testemunho evangélico de santidade.
Os documentos mais antigos sobre Santa Rita ressaltam a simplicidade do lar em que se criou. Seus pais eram analfabetos, mas na freqüência à igreja iam aprendendo as lições do evangelho. Aprendendo, vivendo, ensinando à menina Rita a dar os primeiros passos na vida cristã.

Naquele agitado final do século XIV, não se poderia imaginar uma dedicação integral a Cristo a não ser nos conventos e mosteiros, verdadeiros refúgios de paz em meio à confusão geral. Rita ainda menina acalentara este ideal. Aprendeu a rezar com seus pais, e na oração encontrava a resposta às suas indagações. Deus, porém, tem seus planos que, às vezes não coincidem com aquilo que nós imaginamos ser a felicidade. Rita imagina ser a felicidade na paz do convento. Mas, Deus queria fazer de Rita um exemplo de santidade, nos caminhos mais diferentes possíveis. Com seus 17 ou 18 anos, surge um pretendente. Não era por certo, o homem ideal para nenhuma moça cristã. Rapaz violento, dados à farras e bebedeiras. Mas Rita acostumara-se a ver na vontade de seus pais, a vontade de Deus. E o rapaz, chamado Paulo Fernando, conseguiria o seu intento. Dentro de pouco tempo era realizado o casamento. Rita aceitou aquele casamento, e empenhou-se em viver a vida cristã com o homem que Deus colocara no seu caminho. Os historiadores falam do caráter violento de Paulo, de suas brigas e bebedeiras, como também de seu envolvimento com os bandos armados que percorriam a região. Sem dúvida Rita ouvira falar do exemplo de Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho, que com paciência, ternura, modéstia, humildade conseguira transformar seu marido Patrício e levá-lo a receber o batismo, antes de sua morte. A região de Rita contava com inúmeros conventos de frades agostinianos, muitos deles famosos por sua santidade de vida e pela pregação do evangelho. Estes frades atendiam espiritualmente o povoado de Rita, Rocca Porena. Deles Rita aprendeu as lições de humildade e mansidão, e começou a viver dentro de casa, em plenitude, as lições do evangelho. Em pouco tempo, Paulo transformou-se. Deixou de ser aquele marido violento e esforçou-se por ser mais compreensivo e mais dedicado aos filhos e à esposa.

Do casamento de Rita com Paulo Fernando nasceram dois filhos. E naquele lar transformado pela piedade de Rita começou a reinar a paz. Sustentada pela força dos sacramentos, deu a seu casamento a verdadeira dimensão de sacramento e conseguira fazer de sua família que hoje chamamos "Igreja doméstica". Rita amava intensamente seu marido e seus filhos.
Os habitantes da região não tinham esquecido o comportamento anterior de Paulo, marido de Rita. Voltando, numa noite, de Cássia, onde estivera tratando de negócios, ao passar pelo estreito caminho que margeia o rio, foi atacado pelos seus inimigos e assassinado. Diante da morte do marido, Rita não se enche de cólera. Com o Senhor Jesus aprendera a perdoar. Perdoa e reza. Reza por seu marido e pelos assassinos. Não param aí os sofrimentos de Rita. Num curto espaço de tempo ela perde ainda os seus dois filhos. Toda a sua vida tinha sido uma entrega ao Senhor. Por amor abraçara a vida conjugal, no amor tivera dois filhos, com amor conquistara o marido, amansara seu caráter briguento e impetuoso, transformando-o em um marido amoroso e dedicado à educação dos filhos e à vida cristã. Tornou-se então um exemplo para as viúvas.

Viúva, Rita começou a pensar. Quem sabe surgia ali a grande oportunidade de sua vida. Não afastou a hipótese de um antigo desejo de doação a Deus na vida religiosa. O desejo foi tomando forma e Rita foi estudando as possibilidades de torná-lo realidade. Sua idéia fixou-se no convento das agostinianas de Cássia. Cássia distava só uns cinco quilômetros de Rocca Porena. Por amor tinha seguido os caminhos mais diversos. Por amor quer entregar-se inteiramente ao serviço de Deus. Amar a Cristo, desejar estar em comunicação com Ele, viver na expectativa de ser transformado por sua graça, colocar todo o empenho para fazer de sua vida uma imitação da vida de Jesus, esforçar-se para viver as bem-aventuranças, aí está o núcleo da vida religiosa. Foi sem dúvida com uma visão assim que Rita decidiu empreender seu novo caminho de consagração total a Cristo. Os biógrafos da santa contam que Rita tentou uma e mais vezes a entrada no convento das agostinianas de Cássia, após a morte dos filhos. O convento não aceitava a entrada de viúvas. Diante de muitas recusas, seria para desanimar. Mas Rita aceita, reza e espera. Espera e o Senhor dobra os regulamentos rígidos do convento e faz com que as freiras a aceitassem na comunidade.

No silêncio do claustro Rita foi aprendendo a executar com atenção a prece da igreja com simplicidade de criança. A grande lição que Rita aprendeu na escola de Santo Agostinho, foi unir vida e oração. Os primeiros biógrafos da Santa põem em relevo sua profunda oração, e sua devoção ardente ao Cristo padecente. A oração é a palavra de Deus que se torna nossa palavra. Refletindo na vida de oração de Santa Rita compreendemos que a verdadeira oração cristã é um mergulho de toda a nossa vida em Deus, e sairemos transformados.
Rita era uma mulher de fé. E é na luz da Fé que Rita caminha durante toda sua vida, para mostrar que a santidade deve ser vivida em todas as situações; para dizer a nós que é assumindo nosso dia a dia, que chegaremos a ser verdadeiros cristãos e santos.
As imagens de Santa Rita representam-na sempre com um espinho na fronte. Sem dúvida uma forma de mostrar como Rita procurou durante toda a sua vida, unir-se à paixão de Cristo. Também uma forma de mostrar ao público o estilo de vida despojado e mortificado da Santa, na aceitação do sofrimento e da dor, como uma forma de completar a Paixão de Cristo.

Santa Rita morreu no dia 22 de maio de 1457, contanto setenta e seis anos de idade. A fama dos milagres de Santa Rita espalhou-se rapidamente e o nome da taumaturga ficou para sempre ligado à intervenção nos casos difícieis. Para nós o que tem sentido, mais que fatos extraordinários acontecidos na sua morte, é sua vida inteira. Uma vida vivida em muitos caminhos, mas sempre orientada para Deus. Uma vida que teve momentos fortes de dor, de ansiedade, de ternura, de dúvidas, de fracassos e vitórias, de tristezas e alegrias como nossas vidas. Santa Rita foi uma criatura humana que percorreu tão diferentes caminhos, deixando, em cada um deles, um exemplo para nós.
Rita foi beatificada em 1628, e a canonização foi realizada no dia de Pentecostes do ano santo de 1900. Quando a Igreja colocou Santa Rita sobre os altares depois de um longo e minucioso processo e após a manifestação de inúmeros milagres, apresentou esta humilde freira agostiniana como exemplo a ser imitando por todo nós em qualquer estado ou condição de vida.
Chega a ser um fenômeno digno de estudo o caso da veneração que o povo brasileiro tem por Santa Rita. O número de igrejas e capelas que estão dedicadas ao culto de Deus, sob a proteção da Santa é imenso. É grande o número de cidades, arraiais e lugarejos com o nome de Santa Rita. Fazendas. Bairros, usinas, lojas, farmácias e indústrias, com o nome da Santa multiplicam-se por todo o Brasil.
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