Os sinais verificados são
poliaquiuria, hematúria e disúria; alguns animais rompem
a disciplina de higiene costumeira. A hematúria ocorre com maior
frequencia na parte final da urina eliminada. À palpação,
a parede da bexiga está espessada ou macia. As infecções
podem ser assintomáticas e serem detectadas incidentalmente durante
uma urinálise de rotina.
Diagnóstico:
O histórico e achados físicos podem ser sugestivos mas não
suficientes para estabelecer o diagnóstico. Deve-se proceder à
urinálise e cultura da amostra de urina coletada por técnica
estéril. É preferível a cistocentese que a cateterização.
A urinálise de um caso típico de infecção do
sistema urinário revela alta concentração de hemoglobina
e proteína e aumento do número de glóbulos vermelhos,
brancos e bactérias; o pH mostra alcalinidade, principalmente no
caso de infecção por bactérias urease-positivas como
Staphylococcus ou Proteus spp. As infecções
micóticas normalmente são diagnosticadas pela observação
de elementos fúngicos no sedimento urinário; a confimação
feita por cultura micológica.
Nas cistites bacterianas crônicas
ou recurrentes as causas predisponentes devem ser consideradas. A persistência
de sinais clínicos apesar de terapia antimicrobiana apropriada sugere
patologia adicional do trato urinário inferior, como por exemplo
urolitíase e neoplasia. A cistouretrografia de contraste duplo ou
a ultrassonografia são utilizadas para diagnosticar cálculos,
neoplasias e problemas anatômicos. A pielonefrite deve ser descartada.
A prostatite crônica dos cães pode ser diagnosticada por citologia
e cultura do fluido prostático obtido por ejaculação
ou massagem prostática. Devem ser feitos hemograma completo e perfil
bioquímico sorológico para diferenciar doenças sistêmicas
predisponentes como diabetes mellitus e hiperadrenocorticismo.
Tratamento: Os primeiros
episódios de cistite devem ser tratados por 2 a 3 semanas com antibióticos,
preferivelmente baseando-se em cultura e antibiograma; quando não
há possibilidade de tal procedimento, devem ser utilizados antibióticos
de largo espectro que atingem alta concentração na urina.
A ampicilina ou o conjugado sulfa-trimetropim devem ser utilizados nestes
casos pois a maioria dos patógenos urinários são sensíveis
a estes agentes. A droga deve ser administrada após eliminação
de urina e esta deve ser evitada, o maior tempo possível, para aumentar
o tempo da urina contendo antibiótico na bexiga. Para aumentar a
taxa de absorção, o animal não deve ser alimentado
nos 30 minutos após a administração da droga. A urinálise
deve ser refeita 3 a 5 dias após o final do tratamento; deve ser
feita cultura se nesta ocasião for verificado sedimento ativo na
urina. Não há necessidade de tratamento posterior caso o
sedimento for inativo; se a cultura de urina for positiva, uma segunda
série de antibiótico é administrada por pelo menos
3 semanas.
Se a urina posterior a este
segundo tratamento ainda for positiva, o animal deve ser avaliado através
de radiografia e ultrassonografia quanto a causas predisponentes. Caso
não se verifique nenhuma, a antibioticoterapia é reinstituída
por 4 a 6 semanas. É feita cultura novamente após este tratamento.
Se esta ainda for positiva, pode ser indicada a terapia de supressão
antibiótica: um antibiótico de largo espectro é administrado
a noite, na dosagem de 1/4 a 1/3 da dosagem diária normal pelo período
de 4 a 6 meses, após o qual a cultura de urina é repetida.
Pode ser necessária a administração perene. Terapias
de suporte que ajudam a drenagem das bactérias da bexiga podem ser
úteis. Para os cães, deve ser permitido, nestes casos, micção
frequente e no caso dos gatos, as caixas de areia devem estar sempre disponíveis
e limpas.
A pielonefrite aguda pode provocar
sinais sistêmicos como febre, anorexia, depressão, vômitos
e dor durante a palpação dos rins. A pielonefrite crônica
pode ser subclínica, provocar febre intermitente, anorexia e depressão
ou provocar uremia se tecido renal suficiente for destruído. A habilidade
diminuída para concentrar a urina pode provocar polidipsia e poliúria.
Uma cistite coexistente pode provocar sinais de afecção do
trato urinário inferior.
Diagnóstico:
O histórico e achados físicos podem ser sugestivos de pielonefrite
aguda, porém não são úteis nas infecções
crônicas. Pode ocorrer aumento da concentração sérica
de nitrogênio uréico e creatinina como também outras
anormalidades laboratoriais associadas com falência renal. Na maioria
dos animais, a urinálise é consistente com infecção
bacteriana e produz cultura bacteriana positiva. Grumos de bactérias
ou glóbulos brancos na urina são muito sugestivos de pielonefrite.
A urinálise é normal e a cultura de urina é negativa
naqueles poucos animais em que a infecção se localiza no
parênquima renal.
A confirmação
da pielonefrite pode ser difícil. Na pielonefrite aguda as radiografias
e ultrassonografias podem demonstrar rins aumentados, enquanto na pielonefrite
crônica apresentam-se pequenos e irregulares. A avaliação
de urograma endovenoso pode revelar a existência de pielonefrite
(cálices dilatados e deformados) ou ureterite (ureteres dilatados
e tortuosos). Ocasionalmente são necessárias a biópsia
e cultura de tecido renal para diagnosticar definitivamente uma pielonefrie
e identificar o patógeno
Tratamento: É
necessária terapia antibiótica por pelo menos 4 a 6 semanas,
baseando-se nos resultados da cultura de urina ou de biópsia renal
e antibiograma. A cultura de urina deve ser repetida 7 a 10 dias após
a terapia e posteriormente a cada 30 dias até se conseguir 3 culturas
negativas seguidas. Os animais com infecções crônicas
ou recurrentes devem ser avaliados para causas predisponentes, que devem
ser corrigidas caso seja possível. As infecções crônicas
podem algumas vezes ser controladas com terapia de supressão antibiótica.
Animais com falência renal causada por
pielonefrite devem receber terapia fluida e medicamentosa apropriada.
A nefrite intersticial aguda
dos cães pode ocorrer devido a infecção por leptospirose.
Outras causas específicas de nefrite instersticial aguda ou crônica
raramente são identificadas. Polaquiuria, hematúria, perda
de peso e dor podem ser causadas por infecção verminótica
renal.
Este parasito tem forma de
filamento (as fêmeas chegam a 60 mm) e é encontrado na pelve
renal, ureter ou bexiga de cães, gatos e outros animais. Casos relatados
na América do Norte, Europa e antiga URSS. Normalmente não
provoca sinais clínicos. A minhoca é o hospedeiro intermediário.
Estes vermes produzem ovos bem parecidos com os dos nematódeos (porém
menos corados), os quais saem pela urina. Apesar de não serem aprovados
para este fim, o fenbendazol (50 mg/kg/dia por 3 dias) e a ivermectina
(200 microgramas/kg) têm sido utilizados com sucesso prar o tratamento
de cistite nos raros casos em que a C. plica provoca doença.
(Nota: cães sensíveis reagem severamente a esta dose de ivermectina)
Nos gatos, um parasito semelhante, o C. felis cati, tem a infecção
eliminada pelo tratamento com Levamisol.
Parasito que ocorre normalmente
no mink e ocasionalmente em cães e várias outras espécies,
incluindo o homem. As fêmeas são os maiores nematódeos
conhecidos, com 75 a 100 cm de comprimento e diâmetro maior que 1
cm; os machos são menores, com até 35 cm de comprimento.
Os adultos são vermelhos e vivem nos tecidos renais, em geral, no
rim direito. O parenquima renal é gradativamente destruído
a medida que as fêmeas se desenvolvem.
Os ovos, eliminados pela urina,
são côncavos, com a casca espessa e com dobra bipolar; se
ingeridos por anelídeos oligoquetos, se desenvolvem e forma-se a
larva infectiva. A infecção se dá por ingestão
do anelídeo ou hospedeiro paratênico (ex.: certos peixes)
que foram alimentados com vermes anelídeos infectados. As larvas
migram do estômago ou duodeno para a cavidade peritonial e, ocasionalmente,
para o fígado antes de ir maturar no rim. Os ovos são eliminados
pela urina 4 a 6 meses após a infecção. São
poucos os casos reportados em cães; já a incidência
no mink é de 2 a 48%.
Achados clínicos
e Diagnóstico: Até que os parasitos atinjam a maturidade,
não ocorrem sinais clínicos. A progressão envolve
notável perda de peso, hematúria, micção frequente,
inquietação e evidência de dor abdominal ou lombar
severa. Pode ocorrer anemia secundária a perda de sangue. O diagnóstico
se baseia nos sinais clínicos e presença de ovos na urina.
O verme adulto pode ser detectado esportadicamente por ultrassom ou radiografia.
Profilaxia e Tratamento:
É recomendada a prevenção da ingestão de peixe
cru ou outro organismo aquático, especialmente nas áreas
onde há ocorrência do parasito em animais selvagens. A nefrectomia,
nos estágios iniciais da infecção, leva a rápida
recuperação.
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