Ensinar não é apenas um processo de transmissão de conteúdos.
Que o professor seja um especialista em sua disciplina e domine com firmeza os conteúdos tratados é a primeira condição de seu ensino, mas não a única. Transmitir ou demonstrar o que se aprendeu em livros ou em experiências realizadas é muito fácil, porém, nem sempre o mais adequado.
2 - Relacionamento.
Na relação professor-aluno, não pode existir a distância entre um agente que domina, comanda, impõe, de um lado, e, de outro lado,
elementos passivos submetidos a armazenar fórmulas e conteúdos que
lhes são apresentados.
Ensinar e aprender implica uma rede de relações íntimas dos
processos comunicativos. Neste sentido, não é apenas transmitir
conteúdos, mas, sim, um processo de troca de experiências,
organizadas e sistematizadas em função da aprendizagem. Não existe
um agente e vários pacientes, mas sim, um grupo de sujeitos
envolvidos na solução de um problema ou no alcance de objetivos. O
professor não pode se limitar a uma comunicação unilateral (do
professor para o aluno). Deve, sim, estimular os seus alunos para que
eles próprios busquem as respostas aos seus próprios problemas.
Antes de fornecer aos alunos o resultado do problema é preciso que
ele suscite a sua própria descoberta.
3 - Diálogo.
O ato pedagógico se realiza pelo diálogo e não pelo monólogo. Este aspecto complementa os dois anteriores. Pelo monólogo o professor se
impõe frente aos alunos. O monólogo é frio e cansativo. O diálogo
(dialogus = através de conhecimentos) dinamiza o processo
pedagógico e com isto educa. O professor que monologa se esconde
atrás de seu próprio conhecimento ou não revela os pontos críticos da
sua falta de conhecimento. Com o diálogo os alunos se sentem
envolvidos e o tempo passa tão depressa que não percebem (tempo
cronológico - tempo psicológico). "O monólogo afoga os indivíduos na
multidão, despersonalizando-os. O monólogo inibe, o diálogo motiva".
4 - Motivação.
Antes que o aluno aprenda de cor determinadas regras, princípios e fórmulas, é preciso que ele se sinta motivado para aprender.
A motivação é um dos aspectos mais importantes do processo
ensino-aprendizagem. Grande parte das reprovações, do fracasso e da
evasão escolar está intimamente ligada à motivação. Motivar significa
provocar movimentos, impulsionar em direção de uma meta
estabelecida. É um aspecto psicológico da aprendizagem. O estímulo
leva à motivação e torna a aprendizagem mais significativa. Motivar,
analogicamente, significa fazer com que o aluno ligue a sua "máquina
interior" que o impulsiona, o faz crescer. Neste caso, a relação entre o
que se aprende na escola com o que se aplica na vida profissional é
uma atitude motivadora.
A motivação deve ser adequada a cada situação, não existindo uma
fórmula mágica e nem uma receita prontas.
5 - Planejamento.
O planejamento de ensino, dos materiais, dos passos de cada aula,
auxilia o professor a conduzir dinamicamente a aprendizagem dos alunos.
É preciso que antes de cada aula, o professor já tenha em vista os
seus próprios resultados. Para atingi-los, não basta apenas que ele
estude o conteúdo específico, mas que programe antecipadamente
todos os materiais, recursos e meios que facilitem a compreensão
fundamental deste conteúdo. Textos, filmes, diapositivos e tantos
outros meios são suportes básicos do seu ensino.
6 - Arte.
Ensinar engloba em uma só situação, uma atitude científica e artística
da parte do professor.
As palavras mestre e maestro estão intimamente relacionadas. Estas
funções supõem harmonia no conjunto. Organizar o conteúdo de forma
científica significa trabalhá-lo metodologicamente segundo a sua
própria estrutura. Fazer do ensino um processo de pesquisa é sem
dúvida uma atitude científica. Porém, na sala de aula, outros processos
estão envolvidos: movimentos do professor, gestos, tonalidade de voz,
pausa, empatia, proximidade dos alunos, utilização dos recursos
físicos, observar o aluno para conhecê-lo melhor. Quanto mais próximos estiverem mutuamente estes processos
(científico e artístico) mais eficientes serão os resultados.
7 - Diversificação.
Diversificar as formas (métodos e técnicas) de ensino, significa
enriquecer e facilitar o processo da aprendizagem.
Um semestre escolar, seis horas de aula por semana, implica um
contato muito freqüente com os alunos. Este contato pode se tornar
mais vivo e dinâmico e menos cansativo, se o professor se utilizar de
diferentes alternativas para o seu ensino.
Para que ocorra o processo de ensino-aprendizagem, de forma
significativa, é necessário que haja a empatia entre professor e aluno.
Sabe-se que a relação entre professor e aluno, passa pelo trato do
conteúdo de ensino. A forma como o professor se relaciona com a sua
própria área de conhecimento é fundamental, assim como a sua
percepção de ciência e de produção do conhecimento. E isto interfere
na relação professor-aluno, é parte desta relação.
Outro aspecto que se entrelaça é a metodologia do professor. Um
professor que acredita nas potencialidades do aluno, que está
preocupado com sua aprendizagem e com seu nível de satisfação,
exerce práticas de sala de aula de acordo com esta posição.
Para tanto, faz-se necessário que a prática pedagógica do professor
esteja embasada na prática social do aluno, e que esta última seja o
ponto de chegada qualitativamente transformada pela mediação do
conhecimento sistematizado.
A escola é responsável por sintetizar o saber a todos os alunos, porém,
de maneira a evitar o "despejar" de conteúdos de forma fragmentária
que devem ser tão somente estocadas pelo aluno e devolvidos em
avaliação.
Para que o professor situe sua atuação em uma prática
transformadora, é preciso que faça de suas aulas um lugar de
interação entre pessoas que têm experiências e visões de mundos
diferentes.
Wallon já dizia: "Somos geneticamente sociais" e, portanto, não se
pode considerar o aluno apenas como ser intelectual, mas também
afetivo, emocional.
O conteúdo acima foi o assunto tratado num encontro de professores
do Colégio Cenecista de Concórdia e não deve ser visto como verdade
final e sim servir como ponto de reflexão, sujeito a ser enriquecido e
aperfeiçoado. Dê a sua opinião