O CONSOLADOR
Informativo Espírita

 

 

Janeiro à Junho de 1.999
Nº 65, ano XV

Órgão de Divulgação da Sociedade Espírita "Dr. Bezerra de Menezes" - Jardinópolis (SP)


AMOR DIVINO

Hernani T. Sant’anna

 Relatando-nos, em seu livro "Obreiros da Vida Eterna", os memoráveis acontecimentos que precederam a uma de suas excursões socorristas na região dos encarnados, conta-nos André Luiz que compareceu a excelsa reunião no Santuário da Benção, da Colônia Espiritual "Nosso Lar", onde "materializou-se" um sublime Espírito chamado Asclépios. A propósito, entendendo muito oportuno transcrever aqui o registro do nobre escritor desencarnado:

"Com a permissão de Jerônimo e liderando companheiros tão curiosos e pesquisadores quanto eu mesmo, acerquei-me de Cornélio e despejei-lhe aos ouvidos grande cópia de interrogações. Acolheu-me, benévolo, e informou:

_ Pertences Asclépios a comunidades redimidas dos Plano dos Imortais, nas regiões mais elevadas da zona espiritual da Terra. Vive muito acima de nossas noções de forma, em condições inapreciáveis à nossa atual conceituação da vida. Já perdeu todo contacto direto com a Crosta Terrestre e só poderia fazer-se sentir, por lá, através de enviados e missionários de grande poder. (...)

Não me deixei impressionar e prossegui perguntando:

- Asclépios, todavia, não mais reercanará na Crosta? O Instrutor gesticulou, significativamente, e esclareceu:

- Poderá reencarnar em missão de grande benemerência, se quiser, mas a intervalos de cinco a oito séculos entre as reencarnações. (...)

- Devemos acreditar – interroguei, admirado – seja esse o mais alto grau de desenvolvimento espiritual no Universo?

O diretor da Casa sorriu, compassivo, em face de minha ingenuidade, e considerou:

- De modo algum. Asclépios relaciona-se entre abnegados mentores da Humanidade Terrestre, partilha da soberana elevação da coletividade a que pertence, mas, efetivamente, é ainda entidade do nosso Planeta, funcionando, embora, em círculos mais altos de vida. Compete-nos peregrinar muito tempo, no campo evolutivo, para lhe atingirmos as pegadas; no entanto, acreditamos que o nosso visitante sublime suspira por integrar-se no quadro de representantes do nosso Orbe, junto às gloriosas comunidades que habitam, por exemplo, Júpiter e Saturno. Os componentes dessas, por sua vez, esperam, ansiosos, o instante de serem convocados às divinas assembléias que regem o nosso sistema solar. Entre essas últimas, estão os que aguardam, cuidadosos e vigilantes, o minuto em que serão chamados a colaborar com os que sustentam a constelação de Hércules, a cuja família pertencemos. Os que orientam nosso grupo de estrelas aspiram, naturalmente, a forma, um dia, na coroa de gênios celestiais que amparam a vida e dirigem-na, no sistema galáxico em que nos movimentamos. E sabe meu amigo que nossa Via Láctea, viveiro e fonte de milhões de mundos, é somente um detalhe na Criação Divina, uma nesga do Universo?!..."

Noutro capítulo do mesmo esplêndido livro, transcreve André Luiz o expressivo relato de outro grande Espírito, o Instrutor Metelo, que nos vale a pena recordar. Diz ele:

"- Também eu tive tempo a obcecação de buscar apressado a montanha. A Luz de cima fascinava-me e rompi todos os laços que me retinham em baixo, encetando dificilmente a jornada. A princípio, feri-me nos espinhos pontiagudos da senda, experimentei atrozes desenganos... Consegui, porém, vencer os óbices imediatos e ganhei, jubiloso, pequenina eminência. Em me voltando, todavia, espantou-me a visão terrífica do vale; o sofrimento e a ignorância dominavam em plena treva. Desencarnados e encarnados lutavam uns contra os outros, em combates gigantescos, disputando gratificações dos sentidos animalizados. O ódio criava moléstias repugnantes, o egoísmo abafava impulsos nobres, a vaidade operava horrenda cegueira... Cheguei a sentir-me feliz, diante da posição que me distanciava de tamanhas angústias. Contudo, quando mais me vangloriava, dentro de mim mesmo, embalado na expectativa de atravessar mais altos cumes, eis que, certa noite, notei que o vale se represava de fulgente luz. Que sol misericordioso visitava o antro sombrio da dor? Seres angélicos desciam, céleres, de radiosos pináculos, acorrendo às zonas mais baixas, obedecendo ao poder de atração da claridade bendita. "Que acontecera?" – perguntei ousadamente, interpelando um dos áulicos celestiais. – "O Senhor Jesus visita hoje os que erram nas trevas do mundo, libertando consciências escravizadas". Nem mais uma palavra. O mensageiro do Plano Divino não podia conceder-me mais tempo. Urgia descer para colaborar com o Mestre do Amor, diminuindo os desastres das quedas morais, amenizando padecimentos, pensando feridas, secando lágrimas, atenuando o mal, e, sobretudo, abrindo horizontes novos à Ciência e à Religião, de modo a desfazer a multimilenária noite da ignorância".

Será preciso mais que isso, para inclinar-nos o coração ao amoroso socorro aos mais desventurados do mundo? Não será este o apelo silencioso e permanente que a todos nos dirige o Amor Divino? Se o Céu, malgrado os desesperos da iniqüidade, não cessa de socorrer os infernos, que fazemos nós para colaborar com Jesus?

( REFORMADOR, MARÇO, 1990 )

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