O CONSOLADOR Informativo Espírita |
|
Janeiro à Junho de 1.999 |
Órgão de Divulgação da Sociedade Espírita "Dr. Bezerra de Menezes" - Jardinópolis (SP) |
Direção emotiva ( editorial )
É voz crescente no movimento espírita que a condução de nossas casas anda trilhando exageradamente os caminhos da emoção, tornando nossos centros em arremedos de templos religiosos não espíritas. É preciso pensar sobre isso. Os exemplos mais rasteiros deste tipo de direção encontramos nos centros que ainda se comportam na base de velhos conceitos religiosos, mantendo em suas paredes quadros ou imagens ou fazendo concessões em suas atividades que alimentam os ranços existentes nos frequentadores. Mas esse tipo de desvio é fácil de combater por estar à vista. Basta um pouco de paciência às vezes e uma certa dose de convencimento. O mais difícil de modificar é a conduta segundo o conceito farisaico, que não se mostra claramente mas se introjeta nos centros e cria raízes difíceis de serem arrancadas.
Em "Obras Póstumas", Kardec afirma - "...o pior de todos os chefes seria o que se desse por eleito de Deus". Em algumas poucas casas doutrinárias os dirigentes chegam ao acinte de se autoproclamarem "eleitos de Deus". Felizmente, o pudor já é alguma coisa de concreto nessas criaturas. Isso, porém, não impede de existir em inúmeras instituições dirigentes que não alardeiam essa condição mas que se comportam como tal, isto é, não se declaram "eleitos de Deus" mas agem segundo modelos definidos que se aproximam daquela condição. No seu íntimo, se imaginam missionários e acreditam com sinceridade farisaica que possuem um pedacinho de céu no seu patrimônio futuro.
Esse comportamento acaba por se distribuir de forma geral sobre as atividades da casa e sobre o aprendizado dos frequentadores e é o que confere à casa uma aura de templo religioso. No fundo disso tudo está a incapacidade de compreender o tipo de revolução que o Espiritismo veio realizar na Terra por extensão, a sua prática correta. Por omissão ao estudo ou por intenções generosas que preferem desenvolver em relação ao proselitismo, em lugar do emprego da razão, tais criaturas se entregam com idealismo ao trabalho da conversão dos corações, na base de atitudes exteriores, e para tanto fazem mil concessões. Seu "rebanho", contudo, não se encaminha na direção de uma nova sociedade, mas parasita nos campos da emoção.
Um grande engano cometem os espíritas mal preparados: imaginam que a Doutrina é a revivescência pura e simples do Cristianismo e em nome disto, quando não transportam para o centro os comportamentos dos templos envelhecidos, transmitem aos seus a doutrina segundo os ditames da emoção. No entanto, o Espiritismo é um passo à frente do Cristianismo e é nisso que reside a sua grande força, tão inaproveitada ainda em nossos dias. Indispensável que dirigentes e estudiosos pensem nisso. E à medida em que descobrirem que os caminhos precisam ser reposicionados, façam-no, para que o Espiritismo não se perca como pérola preciosa nas mãos incapazes de reconhecerem seu valor.