Globalização: Texto
A globalização, seus efeitos e a necessidade de uma visão crítica
Apesar de ter-se iniciado em meados do século XIX na Inglaterra, é neste final de milênio que a globalização parece estar dando as mostras mais evidentes de seu poder de atuação nos rumos da História de todo o planeta, ditando normas, exigindo e criando novas necessidades, e tornando interdependentes todas as nações, em escala jamais vista anteriormente, sob a égide de uma vigorosa rede mundial de telecomunicações e de empresas cujo poder chega, em muitos casos, a suplantar Estados nacionais, fronteiras e princípios culturais e étnicos. Compreender as dinâmicas que envolvem tal fenômeno, em nível internacional, é um pré-requisito para que se possa assumir uma postura crítica e participativa perante os principais acontecimentos da atualidade que afetam de modo cabal a vida de todos os indivíduos.
A princípio, deve-se constatar que a globalização tem em si um fundo intrinsecamente econômico, ou seja, é um processo fruto da velha ambição capitalista por novos e intermináveis lucros a partir da progressiva conquista de novos mercados, de novas fontes de matéria-prima e de mão-de-obra baratas. Todavia, apesar de seu cunho e fins econômicos, tal fenômeno tem produzido transformações em todas as esferas da vida humana, alterando regimes políticos, fundindo e uniformizando culturas, e redefinindo os papéis a serem desempenhados pelos mais distintos países em âmbito mundial. Tais países, por sua vez, visando à busca de um fortalecimento perante os novos tempos, têm empreendido uma política de formação de blocos supranacionais que tem modificado substancialmente o cenário do globo.
Como conseqüência direta de todas estas tendência tem-se que a interligação do planeta chegou a um ponto tal que qualquer acontecimento de caráter estritamente regional pode vir a ter repercussões em uma escala antes impensável. Por exemplo, um massacre de indígenas na região amazônica ou uma guerra no Oriente Médio podem vir a estar intimamente ligadas ao trabalho exercido por um executivo de uma grande empresa européia. Ou ainda, uma crise na Bolívia pode vir a ter reflexos imediatos nas bolsas de valores latino-americanas e até, japonesas. É realmente o surgimento de uma nova era em nome do progresso material, através da concepção do mundo como algo sem fronteiras, sem limites.
Contudo, a busca por tal progresso pode provocar efeitos extremamente danosos à população mundial. Alguns deles já se fazem evidentes como o desemprego, a subordinação cada vez mais aguda de alguns países a interesses de grandes conglomerados internacionais, a progressiva difusão de uma mentalidade cada vez mais consumista que põe em risco os recursos naturais do planeta, e a acentuação das desigualdades entre países ricos e pobres. Não é à toa que muitos consideram a globalização como um processo tão exclusivista quanto o próprio capitalismo, pois só poucos poderão dele se beneficiar.
Certamente, os detentores de tais benefícios serão as nações que investiram em um amplo desenvolvimento técnico e educacional, e que possuem uma estrutura social arranjada de forma a possibilitar a seu cidadão desenvolver-se plenamente. Neste aspecto pode-se realizar um paralelo entre a globalização e a própria lei de seleção natural de Darwin: somente os mais adaptados às tendências atuais irão "sobreviver".
Por fim, em vista de todas as considerações até aqui realizadas, deve-se ter em mente que o também chamado processo de mundialização , que vem sendo desenhado atualmente, é algo muito mais próximo da vida cotidiana do que se pode imaginar. É de fundamental importância que se busque uma postura objetiva e consciente perante ele e seus efeitos, criticando-o em sua falhas e enaltecendo as conquistas que têm contribuído para o crescimento pleno da humanidade. Muitas dúvidas e incógnitas ainda restam, sendo somente o tempo e uma visão crítica capazes de trazer alguma resposta consistente.
Um mundo cada vez mais globalizado
- países pobres à gêneros primários
Luiz Henrique Guitte Bernabé