AS ORIGENS PATERNAS DE FÉLIX BEZERRA


Adaptado do livro "Reminiscências" escrito por Dagoberto em 1984   Assim se pronunciam os historiadores: após a expulsão dos holandeses, no nosso litoral, em 26 de janeiro de 1654, iniciou-se a penetração para o interior, concederam-se sesmarias às pessoas de confiança do Reino.  Naquela época, os índios Cariris, conhecidos como Janduís, no Rio Grande do Norte, habitavam o Seridó.  Eram de estatura alta, resistentes, valentes guerreiros e defensores intransigentes do seu patrimônio.

De um lado, o espírito combativo desses índios e do outro, a incompreensão, as ações de escravização e o domínio das riquezas daqueles que penetravam para o interior constituíam fatores fundamentais para o acirramento das lutas que se sucederam em várias regiões do sertão.

No Vale do Acauã, travou-se sangrenta batalha entre Janduís e tropas comandadas por Matias Cardoso de Almeida, constituídas por elementos do Terço Paulista, soldados de Pernambuco e Rio Grande do Norte.

Esse cenário de lutas, mortes e destruições durou dez anos, de 1687 a 1697.  Uns chamaram-no de Confederação dos Cariris e outros, de Guerra dos Bárbaros.

Com o término das lutas, os remanescentes retraíram-se, sobrevivendo nas matas e serras da região.

Realmente, as conseqüências de ordem econômica reduziram os dízimos recolhidos ao Reino. As autoridades sentiam a necessidade de levantar as fontes geradoras de capital, para tal estimulou-se a criação de gado, objetivando o abastecimento das feiras do Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Novas sesmarias foram concedidas, para que se agilizasse essa nova forma econômica de desenvolvimento.

O nosso sertão ficara conhecido como o maior fornecedor de carne seca. O mercado da carne atingiu até a Bahia.

Acauã torna-se um lugarejo conhecido, motivo pelo qual o Senado da Câmara pediu a fundação daquele Arraial, em 28 de agosto de 1692, mas ela não se dera.

A 3 km da garganta da serra do Gargalheira, havia um poço, onde os pedestres, viajantes, mascates e outras pessoas faziam parada para descanso.  Aí, encontrava-se um peixe chamado  Acari. Segundo os historiadores, esse poço tornou-se um local de convergência e irradiação dos caminhos que se ligavam com a Bahia, Olinda, Igaraçu, Goiana, Campina Grande, Açu, Jaguaribe e litoral.

Ao seu redor, os viajantes se estabeleceram, fazendo comércio, não deixando também de compor parcela desse núcleo populacional, os índios Janduís remanescentes das lutas, então semicivilizados.

A partir daí, iniciou-se o processo de miscigenação.  Hoje, muitos autores, entre eles Sebastião de Azevedo Maia, Jaime da Nóbrega Santa Rosa, bem como o jornal do Gabinete de Estudos de Geografia e História da Paraíba, publicado em 3 de setembro de 1939, citam que famílias como a Nóbrega, Araújo Pereira e outras tiveram descendentes casados com filhas de alguns chefes de tribos selvagens, apanhadas, algumas delas, a casco de cavalo nas serras da Rajada e da Formiga; meu pai, nascido em 18 de maio de 1884, confirmou tal fato, já antes dito pelo meu avô Félix de Araújo Pereira ( Félix Maranganha ); Antônia, índia da serra da Rajada, foi uma delas, casada com um dos Araújo Pereira.

À proporção que se desenvolvia o povoado do Acari, chegavam novos habitantes, entre eles, em 1718, Nicolau Mendes da Cruz; o português Tomáz de Araújo Pereira, em 1720, estabelecendo-se numa fazenda de gado, em Picos de Baixo, à margem do rio Acauã. Em 1727, chegava Caetano Dantas Correa, estabelecendo-se em Picos de Cima; assim, sucessivamente chegaram à região Francisco Cardoso dos Santos, Cipriano Lopes Galvão, Antônio Garcia de Sá Barroso, Antônio Pais de Bulhões, Francisco Fernandes de Souza, Antônio de Azevedo Maia e Outros.

Constitui Tomáz de Araújo Pereira, o primeiro, português, o tronco de muitas famílias do Seridó.

O saudoso José Augusto Bezerra de Medeiros, no seu livro "Seridó", Capítulo 111 - Famílias Seridoenses, tece comentários sobre os Araújo Pereira e no rodapé escreve o seguinte:

"O Coronel Manoel Maria do Nascimento Silva, descendente do Tomáz de Araújo e Caetano Dantas, em trabalho genealógico que escreveu em 1909, hoje em meu poder, diz que, morrendo Maria da Conceição, Tomáz casou pela segunda vez na Paraíba e, tendo nascido um filho do segundo casamento, foi criado na fazenda "Picos", do Acari, sendo tratado pelo apelido de "Paraíba".  Foi pai de Manoel de Araújo e este de Miguel de Araújo, que residiu no lugar Boqueirão.

Tomáz de Araújo Pereira seria realmente português, como reza a tradição, no Seridó, ou teria nascido já no Brasil, descendendo de Amador de Araújo Pereira, que é o tronco da família em Pernambuco?"

Continua José Augusto, dizendo que vale a pena transcrever a notícia que a respeito de Amador refere-se Borges da Fonseca na "Nobiliarquia Pernambucana".

"Amador de Araújo Pereira é, em Pernambuco, o tronco da família do seu apelido. Dele fazem honorífica memória dos Autores que escreveram a guerra dos holandeses, na qual foi eleito capitão-mor de lpojuca, quando João Fernandes Vieira, em 1645, aclamou a liberdade e procedeu com tanta honra que sua Majestade, em atenção aos seus serviços, o nomeou governador de São Tomé, posto que não logrou, por falecer quando estava para embarcar.  Foi natural da Província do Minho, onde seus pais Pedro Gonçalves, o novo, e Felipe de Araújo Pereira, parentavam em graus muito próximos com a casa do Esquivo e com a de D. Miguel de Azevedo e de Luís de Miranda Pereira, com cujos parentes conservou sempre comunicação, como se prova das cartas, que conservam descendentes.  Veio a Pernambuco antes da entrada dos holandeses e casou na freguesia de Ipojuca, com D. Maria da Costa de Lima, filha de Álvaro Gonçalves de Lima e de Isabel da Costa, pessoas principais da mesma freguesia.  ( Borges da Fonseca, vol.  I, pág. 28 a 456).

Nas notas do Coronel Manoel Maria do Nascimento e Silva há a afirmação de que Maria da Conceição é paraibana. Felipe Guerra, porém, diz que Cosme Soares de Brito casou-se na Bahia com Magdalena de Castro e que a filha do casal de nome Maria da Conceição é baiana, casada com o português Tomáz de Araújo Pereira; e Urbino Viana no seu livro "Bandeiras e Sertanistas Baianos", enumera entre os fazendeiros de gado anteriores a 1664, no baixo São Francisco, o capitão Cosme de Brito.  Será o marido de Magdalena de Castro e sogro de Tomáz de Araújo?"

Também nas "Publicações de Arquivo Nacional", vol.  XXVII, pág. 48, aparece um Tomáz de Araújo, como tendo vendido terras a Antônio de Melo Cabral, nas imediações do rio Sergipe. Será o marido de Maria da Conceição o patriarca Seridoense?  Será Tomáz de Araújo Pereira?"

Quanto à origem portuguesa, os historiadores e pesquisadores já elucidaram-na. Como sabemos, Tomáz de Araújo Pereira fundou a sua fazenda São Pedro, em 23 de maio de 1734.  Aí, criou seus filhos, tronco das muitas famílias e da nossa; com base nesse princípio, partimos para a organização da nossa árvore genealógica.     

Dagoberto

 

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