O BARBEIRO ACUSADO E O JUIZ


Adaptado do livro Reminiscências de Dagoberto   No dia 18 de agosto de 1937, Felu já residia em São José do Mipibu, onde era Promotor Público da respectiva Comarca.  Foi chamado com urgência ao Acari para assistir aos últimos momentos do seu pai Félix de Araújo Pereira Filho.

Sem outro meio de transporte, tomou a boléia de um caminhão e partiu.  Ao alcançar Santa Cruz, procurou fazer a barba.

Um menino logo prontificou-se a ajudá-lo e lhe foi mostrar onde poderia ser atendido.  Ao chegar à barbearia, o menino lhe disse: - O barbeiro é aquele, "seu" doutor!

Lembrou-se Felu de que aquele barbeiro havia sido acusado por ele, em um júri, em Nísia Floresta, pelo crime de ferimentos graves a navalha.  O barbeiro, a partir daquele julgamento, tornara seu inimigo, pois não o cumprimentava.

Não obstante, Felu aproximou-se dele e lhe disse: - Quero fazer a barba.  A isso, de cabeça baixa e fisionomia trancada, falou-lhe: - Sente-se aí.  E começou a afiar a navalha.  Felu o olhava com a mão no punho do revólver que estava na cintura.  Ao passar o sabão no rosto de Felu, foi-lhe dizendo: - Doutor, tenho tido muita raiva do senhor, desde aquele júri, depois percebi que o senhor estava com a razão, diante das provas do processo, todas contra mim.

Em tais circunstâncias, Felu inferiu que estava neutralizada a raiva do barbeiro.

Após o barbeiro terminar a barba, Felu lhe pagou; em seguida prosseguiu viagem, chegando ao Acari às vinte horas, quando seu pai já havia falecido.

 

Página inicial Felu & Mely Raízes Aniversários JequitiNET

 
 


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