O GRANDE DIÁLOGO DO AMOR
Assim falou, um dia, o Amante à sua Amada:
"Não quer você seguir, comigo, a mesma estrada?"
E ela disse: "E se for uma grande subida
para enfrentarmos, os dois, durante toda a vida?"
"Não temas a subida" - então diz-lhe o Amante,
"pois o amor nos transporta em sua asa possante."
Mas a Amada persiste: "E se houver muito espinho
e muita pedra aguda, ao longo do caminho?"
E ele responde: "Espinho e pedra viram flor,
quando existe no peito um grande, imenso Amor."
"E se a noite chegar, deixando tudo escuro",
- diz ela - "como achar a trilha do futuro?"
"Sossegue!... A minha vida, unida sempre à tua,
será brilho de sol, será clarão de lua!"
Mas ela insiste: "E o frio?... a neve em vez de orvalho,
e a gente a caminhar, sem agasalho?"
"Querida, o nosso Amor" - diz ele - "é chama ardente
que sempre há de aquecer a existência da gente!"
"E se chegar um dia a fome, em mau momento
e a vida nos negar o trigo do sustento?"
"Cavaremos a terra, os dois juntos, então,
para plantar o Amor que é trigo, fruto e pão!"
"E se formos, depois, por um grande deserto,
uma região sem água alguma, longe ou perto?"
Mas ele dizia: "Querida, a vida de quem ama
É fonte de onde a água, em ondas se derrama"
"E se o Amor acabar?..." a Amada então hesita...
"que nos vai suceder em tamanha desdita?"
"Querida, o Amor não morre, o Amor é puro e terno,
Porque o Amor é Deus e o grande Deus é eterno!
Não, o Amor não acaba..." o amante respondeu...
"se todo Amor for grande assim como este meu.
Ele só acabará quando o sol apagar
e não houver mais água alguma em todo o mar!"
E ele estendeu a mão, assim como proposta
e ela lhe deu a sua, assim como resposta...
E sorrindo, o bom Deus, que tudo estava a olhar,
Pôs mais chamas no sol e mais águas no mar!
Autor desconhecido
Enviado por Albio Boeing
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