Revista Vanity Fair - Great Danes - 02/98
Por Kevin Sessums


Aos 14 anos, Claire Danes estrelou na aclamada série da ABC My So-Called Life. Quatro anos depois, ela adiou entrar na Universidade de Yale pela excitação em Reviravolta (U-Turn), O Homem que fazia Chover (The Rainmaker)contracenando com o seu ex-namorado Matt Damon, Les Miserables e Polish Wedding. Andando na montanha russa Splash Mountain na Disney, Danes concede a Kevin Sessums as informações a respeito de sua infância voltada a arte e a técnica de representação e método, acampada no banco de trás de um carro com o roqueiro australiano Ben Lee, e seu novo flat de 1 milhão de dólares no SoHo de Nova York.


O carro entra em um estacionamento: A última vez que eu estive aqui, eu havia sido contratado por um grupo de árabes diz o motorista. Era a família de um príncipe saudita. Algumas esposas tinham seus rostos cobertos. As crianças eram como em qualquer lugar, todas com os olhos brilhantes. Trazia-os todos os dias durante 3 benditas semanas. Eu não me cansava do lugar.


A última vez em que estive aqui eu tinha 5 anos. Claire Danes conta para ele, ela mesma. Seus olhos brilham com a perspectiva de ver a Disney depois de 13 anos. A aclamada atriz-controlada, uma profissional do cinema amadurecida, após ter emprestado sua beleza a nove filmes, tem apenas 18 anos de idade. O motorista abre a porta para ela, e ela salta para fora sob a luz da Califórnia. Vestindo shorts bordados, uma minúscula camiseta cor de uma velha National Geographic e sandálias da Dr. School, Danes começa a saltitar em direção às inúmeras bilheterias que fizeram de Anaheim, um ponto turístico. Quer que eu conte uma piada? ela diz; O Mickey Mouse entra contudo no escritório do Walt Disney começa ela. Ele está soltando fumaça de raiva! Então Walt Disney pergunta: Qual é o problema, Mickey? O Mickey diz: Ah, é a Minnie cara! Eu tenho que divorciar-me dela! Disney diz: Tudo bem, acalme-se. Porque você quer se divorciar da Minnie? O Mickey diz: Ela é uma idiota cara! Disney diz: O que é isso, Mickey? Você está sendo muito injusto. Você não pode ficar acusando os outros! Então Mickey fala: Mas Disney, ela está transando com o Pateta!


Entendeu? Diz Danes. Depois ela sai arrastando as sandálias entre uma volta e outra nos brinquedos até que finalmente ela vai à montanha russa de água conhecida como Splash Mountain. Quando eu tinha 5 anos a Califórnia era a coisa mais exótica que eu podia imaginar ela diz, enquato entra em um assento em algo que parece ser um tronco cavado feito de fibra de vidro. Ela solta um grito agudo na primeira enorme descida da montanha. Não fiquei nem um pouco decepcionada!!! ela grita para mim, que estava ensopado e espremido atrás dela. Foi simplesmente fantástico.


Estou parecendo a Minnie Mouse! Danes reclama pra David Letterman, enquanto senta no programa de televisão deste, alguns meses depois. Seu cabelo havia sido mudado, ficando parecido com o da Shirley Temple, e alguém havia a convencido a usar um tomara-que-caia da Dolce Gabanna. Ela enrola seus cachos nos dedos e mexe no vestido. Ela e Letterman brincaram o quanto quiseram diante de milhões de telespectadores antes de ela dar uma canja de uma coreografia de Footlose, seu filme predileto quando criança. Este é o 1º passo de uma agitada sequência de semanas de exposição na imprensa nova-iorquina que coincide com o lançamento da versão de Coppola, para O Homem Que Fazia Chover (John Grisman's The Rainmaker), na qual Danes co-estrela com seu ex-namorado Matt Damon. Ela está lá também para aparecer no programa de Rosie O'Donnel e apresentar Saturday Night Live , que mesmo depois de tantos anos, é ainda o lugar para a fama de quem faz sucesso no momento.


Ao final de semana Danes está exausta, mas as Sextas-Feiras no Saturday Night Life são reservadas para enquadramento de imagem e ela inicia o cansativo trabalho com muita paciência. Finalmente todos fazem uma pausa entre uma cena e outra, e Danes aproveita para tirar uma soneca no camarim do apresentador. Ao lado, nos camarins reservados aos convidados que vão tocar no programa, Cheri Oteri, um dos mais animados novos integrantes do programa, se joga em um sofá de veludo preto. Todo espaço da parede está preenchido com fotos de cenas do programa. Eu acho incrível como alguém tão jovem seja tão concentrado, diz Oteri, se referindo a Danes. Ela esta cuidando de sua carreira com muita dignidade. Comédia ao vivo é bem diferente. Por isso muitas pessoas se assustam. Mas ela consegue divertir-se e trabalhar sério ao mesmo tempo. Dá para ver que ela é profissional.


Quando Danes aparece no camarim, ela apressadamente lê as fichas de um quadro absurdo sobre devolver à floresta Mr. Peppers, um animal que é uma mistura de homem e macaco. O elenco vai aparecendo no estúdio, mas os operários cênicos pareciam mais entediados do que nunca. Alguns escritores amontoados, atrás do guindaste de câmera, já cochicham sobre o apresentador da próxima semana, o prefeito de Nova York Rudolph Giuliani, e riem da paródia de Larry King que havia ido ao ar na semana anterior. Danes está com o ar longinquo de uma menininha que gosta de artes presa em uma aula de geografia...


Ela passou a maior parte de sua infância no SoHo dos anos 80, durante o auge deste bairro de Manhattan. Sua mãe Carla Danes, uma artista de Vermont, e seu pai um fotógrafo arquitetônico que hoje trabalha com consultoria de computadores, tinham um Flat ali, onde estimularam a sua filha a seguir os interesses de arte da mãe. Aos nove anos de idade, ela estudou dança moderna e se apresentou em trabalhos de vanguarda do East Village. Mais tarde ela mudou para arte cênica e seus pais a matricularam no Instituto lee Strasberg.


Você estudou a Técnica Método?


Olha, nós trabalhamos com memória sensorial e coisas desse tipo, diz Danes encolhendo os ombros.


Ela não era jovem demais para isso?


Eu tinha 11 anos, ela responde com toda seriedade. Eu tinha a vida toda pela frente. Eu me lembro quando eu era um bebê. Lembro de estar nos braços de uma amiga de minha mãe e ela não sabia me segurar direito e eu me sentia desconfortável. E eu pensava: Vou ter de ser paciente até que isso acabe. Os bebês estão sempre sintonizados. Eles só não sabem como se comunicar.


Ela é do tipo das pessoas que nascem com um dom enorme diz Jared Leto, que interpretou Jordan Catalano na série de TV My So-Called Life, o paquera por quem a personagem Angela irá sempre desmaiar, contanto que a TV continue a reprisar seu sucesso de audiência a série de novela colegial que foi ao ar pela primeira vez na temporada de 1994 na rede ABC.


Claire Danes frequentou o P.S.3, P.S.11, o Dalton School e o Professional Performing Arts School em Manhattan, antes de se mudar para Los Angeles aos 14 anos para estrelar My So-Called Life. Em Los Angeles, seguindo os passos de Jodie Foster, que mais tarde a dirigiu em Home For The Holidays (Feriados em Família), ela estudou no Lyceé Français, além de instrução particular em vários sets. Foster tornou-se um tipo de mestre durante a filmagem, e agora Danes é admitida em outras das antigas escolas de Foster, Yale, onde o avô de por parte de pai de Danes já havia sido reitor da faculdade de Arte e Arquitetura. Ela planeja se formar em psicologia, filosofia ou História da Arte, mas está adiando os seus estudos por um ano para fazer mais alguns filmes, incluindo Breakdown Palace, que fala a respeito de duas jovens mulheres presas no sudeste asiático e acusado de tráfico de drogas, o qual ela está filmando atualmente nas Filipinas.


De volta a Califórnia se encontra comigo no Rose Café em Santa Monica, algumas quadras do apartamento que ela mora com os pais durante as estadas cada vez mais raras na Costa Oeste. Ela voltou há pouco tempo de Londres, onde teve que dublar alguns diálogos de seu papel como Cosette na versão não musical do filme Les Miserables, que estréia em breve, dirigida por Billie August, cujos pais no filme são representados por Laim Neeson e Uma Thurman. Esse é um dos três filmes que ela fez em uma única sequencia. Os outros são Polish Wedding dirigida por Tereza Connelly, no qual ela faz uma grávida de classe média baixa, filha de Lena Olin e Gabriel Byrne e The Rainmaker (O Homem que Fazia Chover).


Danes está naquela fase de sua vida entre os 18 e 40 anos, em que ela já viu de tudo mas ainda tem a energia e o desejo para ver mais. Depois de terminar o seu trabalho em Londres, ela correu para Espanha onde se encontrou com o seu novo namorado, o roqueiro Australiano Ben Lee de 19 anos que é contratado pelo Grand Royal. Os dois passaram os dias juntos perambulando por Madrid e Toledo.


em 72 horas, depois de ter participado com Jay Leno do programa The Tonight Show para promover o mais recente filme de Oliver Stone, U-Turn (Reviravolta), no qual ela faz o papel de uma garota traiçoeira, ela vai fazer as malas de novo e pegar um voô para Austrália, onde ela deve encontrar com os pais de Ben Lee pela primeira vez.


Eu encontrei a Veronica Webb por acaso no jardim de Chateau Marmont eu conto a ela. Ela me disse que toda garota que tinge os cabelos de loiro, ou veste Guess, ou é roqueira alternativa, ou é apaixonada por Ben Lee. Mas eu fui sincero e disse na cara dela que foi você quem o conquistou.


Seu rosto se ilumina como nunca na tela. Ela conta que tem curtido muito a música de Ben Lee, por algum tempo se sentia atraída por ele, antes mesmo de conhecê-lo. Um dia meus amigos trouxeran-no de Sydney, como surpresa para o meu aniversário de 18 anos. Ela diz: Estou fora de casa a seis meses e nós estamos praticamente morando juntos... Eu sou demais! ela grita, rindo de tamanha gabação. A pouco tempo eu passei algumas semanas na parte de trás do carro com Ben, me limitando a apoiá-lo e ser a namorada boba na estrada com ele em uma de suas turnês. Foi demais! Adorei ser apenas um detalhe depois de ter sido o centro das atenções durante tanto tempo. Algumas fãs me avisaram pela Internet que eles estavam preocupados pois eles souberam que eu estava namorando Ben Lee. Por engano eles achavam que ele era mais novo do que eu e que eu poderia ser presa por estupro de menor.


Isto poderia mudar a sua imagem, eu digo.


Eu costumava discutir com as pessoas por causa disso, alguns anos atrás. Pessoas que ficavam estudando que tipo de imagem elas passariam ao mundo, como elas iriam "forjar" aquilo. Porque ficar tão preocupada com isso, porque não "ser" apenas? É estranho como no mundo dos negócios, quando fiz 18 anos e comecei a fazer funções diferentes e a estar entre outras atrizes, as mesmas atrizes que eram amáveis comigo quando eu tinha 16 anos, se tornaram mais frias, secas e fechadas, só porque agora eu estava entrando para o círculo delas. De repente me dei conta de quanto tudo é competitivo. Foi assustador!


Claire tem provavelmente a adolescência mais glamourosa que eu já vi, diz Foster, supostamente desviando seu olhar dela mesma... Eu sem dúvida, considero a coisa do ator criança com carinho. Faço tudo para que a experiência seja a mais útil e consciente possível. É fácil impor todos os tipos de penas nos atores, principalmente nos atores jovens. Eu de cara me encantei muito com a Claire Danes, porque ela não tinha nenhum vício de representação. Ela é muito pé-no-chão e você pode conversar com ela a respeito de várias coisas, além da representação. Ela é uma menina séria.


Sem dúvida que pessoalmente Claire possui um tipo de qualidade de reserva, uma espécie de afastamento diz o escritor Winnie Holzman, o criador e co-produtor de My So-Called Life. Contudo, ela não foi assim na 1º vez em que nos encontramos, alega Holzman, lembrando-se da notável jovem que se apresentou para o teste da personagem principal do programa. Danes havia voado para Los Angeles para se encontrar com Steven Spielberg, que estava formando o elenco para a Lista de Schindler. Ele ficou tão impressionado com ela, que lhe ofereceu um papel no filme. Ela recusou pois achou que à aquela altura, seria prejudicada nos estudos. Não é que se formou uma estrela do cinema e decidiu se retirar,diz Holzman. O que eu quero dizer é que é por isso que ela é uma estrela. Claire possuii um tipo de mistério magnético que atrai as emoções das pessoas. Ela não é do tipo de atriz que apenas repete diálogo. Ela não preenche todas as lacunas...


Danes não é exagerada quando representa. O que ela conseguiu dominar com sua idade surpreendentemente jovem, foi a habilidade de ser calma em cena. Contudo ela consegue preencher esta tranquilidade, assim como seu ídolo, Maryl Streep, com uma grande carga de emoção. Leonardo DiCaprio me disse uma vez durante as gravações de Romeu e Julieta: Como você consegue ser tão calma? Lembra Danes. Ele gosta de ir pra lá e pra cá no set e estar sempre ativo. Então eu perguntei: Como você consegue ser tão ativo? É, eu consigo encenar bem quietinha. Bem de mansinho.


Existe uma certa tristeza em Danes. Talvez tristeza seja uma palavra forte demais. Mas há sem dúvida algo que no fundo a preocupa. Não sei se é por causa de sua idade ou se é algo inerente à sua personalidade. Mas para cada qualidade que você percebe nela existe uma outra quase oposta. Ela é como um prisma: A cada luz que ela emana é uma Claire totalmente diferente. Ela como pessoa é muito generosa e gentil. Porém eu percebo que ao mesmo tempo ela tem para consigo hoje em dia uma necessidade de ser valorizada por quem ela é, uma mulher.


Eu a encontrei pela primeira vez no teste para Pé-na-Estrada, que estávamos tentando transformar em filme a uma certa altura, diz Francis Coppola, se referindo ao discurso de Jack Kerouac sobre a Geração Beatnik. Se ela fosse uma pianista, harpista ou flautista, ela seria considerada uma criança superdotada. Não sei se é por causa da sua inteligência, mas ela entende do assunto. É claro que não há dúvidas de que ela é ainda uma menina com toda inocência e entusiasmo de uma jovem, mas há nela, ao mesmo tempo, uma grande sabedoria.


Nos últimos anos Danes representou duas cenas importantes de mortes de obras literárias, a de Julieta e a de Beth de Little Women (Adoráveis Mulheres). Será que alguma vez ela já enfrentou o problema da morte em sua vida real?


Meu avô, pai do meu pai, cometeu duplo suicídio com a mulher dele, ela diz calmamente. Meu pai te que lidar bastante com a morte. A mãe dele, cujo nome foi dado a mim, morreu quando ele tinha 10 anos. Portanto ele tentou e ainda hoje luta contra isso. Através do meu pai eu sei o que isso significa de modo indireto. O duplo suicídio aconteceu 4 anos atrás. A mulher de meu avô, Ilse, sua 3º pessoa, tinha o mal de Alzheimer. Quando ela ainda estava bem, ele prometeram que quando ela chegasse a um ponto em que ela não tivesse mais suas atividades normais, ela morreriam juntos. Isto foi traumático. Só recentemente que pudemos absorver tudo isso. Quando aconteceu, eu sabia que levaria um bom tempo para aceitar a entender tudo. Só há dois anos que tivemos a missa de 7º dia. A família toda adiou a missa, nenhum de nós havia lidado com isso até então. Jogamos as cinzas em um córrego de Connecticut. Fiquei aborrecida por meu avô ter feito aquilo. Achava que tinha sido egoísta por parte dele. Até aquela altura eu não havia dado conta do tamanho da coisa que ele havia feito. Mas eu só fiquei chorando, totalmente abalada. Senti mais pena do meu pai do que qualquer outra coisa.


Você já viu o seu pai chorando?


Meu pai? Ela pergunta rindo. Nossa, meu pai é um chorão!


E a sua mãe?


Ela não chora tanto quanto meu pai.


Carla e Chris Danes, ainda no começo de seus 40 anos, estão hoje em dia passando pela ansiedade da separação, a qual todos os pais sentem quando seus filhos crescem e saem de casa pela 1º vez. Pelo fato de Carla ser uma das empresárias de Claire, a ansiedade que ela e seu marido sentem se multiplica por várias razões: Agora que a filha atingiu a idade da emancipação, ela mesma escolheu abrir seu próprio caminho no meio artístico. Outra preocupação é a sua riqueza que é maior que a maioria das pessoas, especialmente, se comparada às das pessoas de sua idade. Danes ganha hoje em dia cerca de 3 milhões de dólares por filme. E por fim, o mais importante: ela está se mudando de volta para Nova York, deixando para trás sua amada Chevy Blazer e colocando um enorme vão entre ela mesma e seus pais. Dizem que ela desembolsou cerca de 1 milhão de dólares por um flat no SoHo, na vizinhança em que passou a infância. Para seus pais, o único consolo é que seu irmão de 25 anos, Asa Danes, um ex-funcionário da UNICEF na África que está tentando entrar para a faculdade de Direito, está morando em Nova York e pode ajudar a tomar conta de Claire.


Meu novo espaço ainda não está preparado, ela me conta animada. Contratei o mesmo arquiteto que meus pais usaram para reformar nosso flat inúmeras vezes. Parecia que sempre havia alguma reforma acontecendo.


Você se dá conta da sua sorte? eu pergunto. Dezoito anos e falando sobre contratar seu arquiteto...


Tenho bem a consciência de quanto sortuda eu sou. Fiquei tão indignada quando estava procurando um apartamento. As pessoas que representavam as imobiliárias só viam dinheiro em sua frente. É inacreditável quanto dinheiro se ganha neste negócio. Há pouco eu retirei meu cartão magnético para usá-lo em caixas automáticos e ainda não entendo direito esse negócio de dinheiro. Estou lidando com tanto dinheiro que perdi a noção do valor. É assustador, ela diz com um suspiro profundo.


É difícil ter 18 e ser rico, eu falo.


Não é tão difícil assim, ela diz. É mais difícil ter 18 e ser pobre...


Claire, você é uma das poucas sortudas da sua geração que ainda tem pais que não se divorciaram, eu digo tentando voltar ao assunto dos seus pais, que recusaram inúmeras entrevistas sobre a filha. Isto deve facilitar muito.


É isso é mesmo muito bom, mas... sabe... é difícil, ela admite. Estou separada deles agora. Por isso existem muitas emoções. Algumas vulneráveis com as quais estamos aprendendo a lidar. Acho que não dá pra evitar que os pais sintam-se rejeitados quando um filho sai de casa. Isto, por si só, é como um divórcio.


Essa foi Freudiana, eu digo. Você se sente um pai, as vezes por ser quem mais põe comida na mesa em sua familia? Sem dúvida que você ganha muito mais dinheiro que todos eles.


Hmmm... Quando um dos pais sai de casa, ela repete baixinho. Esta é interessante. É difícil para eu assumir a responsabilidade de sair de casa. É duro falar sobre minha mãe, pois nós duas estamos no meio desse processo de separação. É mesmo muito estranho ganhar mais dinheiro que seus pais. E não dá para evitar ser assunto quando você empregar seus pais. É complicado. Estou numa fase de transição, mas quem nesta vida não está?


Claire! Você esqueceu o sutiã!


Danes e eu haviamos acabado de sair do carrinho após uma volta na montanha russa Splash Mountain. Danes, com a camiseta molhada e com duas saliências, nem ficou vermelha. Mas ela meter sebo nas canelas quando percebeu que a haviam reconhecido. Você percebeu quantas imagens da morte existe nesse parque? Ela cochicha, quando, mais tarde, saímos da casa assombrada e nos dirigimos a saída.


Bandos de garotas começam a chegar pois a notícia de que Danes está no parque se espalha. Danes dá vários autógrafos e posa para algumas fotos. Ela só gostam de mim porque eu beijei o Leonardo DiCaprio em Romeu e Julieta,ela diz. Eu estou com uma vontade danada de fazer xixi, só que se eu for ao banheiro agora elas entrariam comigo, ela acrescenta. Vou ter que esperar até chegar na cidade...


Estamos quase chegando, digo ao motorista.


O carro entra no Denny's na distante Sunset Boulevard. Danes entra correndo no restaurante. Depois sai com uma cara perplexa.


Não me diga que está cheio de garotas adolescentes lá dentro também, eu digo.


Não, apenas uma mendiga.


Ela reconheceu você?


Não. Quer dizer, sim. Mas ela achou que eu fosse outra pessoa. Para ela eu era alguém, mas não eu, exatamente.


No carro, Danes olha para a rua, franzindo as sobrancelhas, ela ri.




®traduzido por Eduardo Paulo de Araújo especialmente para o O Mundo de Claire Danes




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