FESTIVAL DO RIO 99
críticas dos filmes em exibição
AMOR MATERNO, de Kamal Tabrizi
Irã, 1998
O início do filme é de grande promessa, com uma seqüência em table-top (animação de fotos) nos créditos, e um tema ainda não visto nos filmes iranianos que se centram em crianças: a delinqüência juvenil, a vida nas escolas-reformatório (em voga hoje no Brasil com as rebeliões da FEBEM paulista). Infelizmente logo o filme troca de tom, e a partir daí se equivoca completamente. Seu tema passa a ser a fixação de um garoto órfão pela assistente social, e sua tentativa de ser adotado por ela (que mora com sua filha única) como parte da família. É um filme sobre a necessidade do amor materno.Tema em si que poderia resultar num filme muito interessante, não fosse a opção pelo pior do melodrama e por uma estrutura repetitiva na qual rapidamente esgotam-se as possibilidades narrativas. O nível das atuações está muito baixo, sempre na chave do clichê absoluto. Nem as crianças (muitas vezes o forte no cinema do Irã) conseguem atuações satisfatórias, comprovando que o problema deve ser da direção. Satisfeito com seu tema escolhido, o diretor não percebe a possibilidade de linhas narrativas como o fato da mulher (viúva) ser uma mãe que cria sozinha a filha numa sociedade patriarcal como a islâmica. Embora o misterioso plano final injete um pouco de interesse no filme, vamos convir que já era um pouco tarde demais...
Eduardo Valente