A Vida É Bela (La Vita È Bela),
de Roberto Benigni (Itália, 1998)

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A Vida É Bela trabalha com um mote geral: "é preciso salvar o olhar de uma criança de todas as maldades da vida". O filme torna-se então o caminho pelo qual o pai/ator/diretor Roberto Benigni transforma o campo de concentração ao olhos de seu filho Josué em um circo. O problema é que nesse caminho ele acaba transformando – também aos olhos do espectador – um circo de horrores em um circo simplesmente. Daí vermos Benigni fazer uma emissão radiofônica para avisar à esposa, presa no mesmo campo, que ele e o filho estão vivos, daí vermos todo o sofrimento dos prisioneiros ser reduzido a um simples jogo de crianças.

Isso para não falar na robusteza dos personagens, no molengar dos guardas, na falta de vigilância e num espírito apenas um pouco menos alegre do que um spa. Na verdade, a única crítica decente a A Vida É Bela seria o filme Noite e Neblina, de Alain Resnais, esse sim um filme que consegue unir estética e ética. De resto, A Vida É Bela permanece sendo um filme esteticamente nulo (o cineasta Benigni não consegue com seu filme chegar a lugar nenhum além do óbvio e da pieguice) e eticamente comprometido (pois, além de fazer dos campos um espetáculo, trata os nazistas apenas como bobalhões malvados). Em todos seus aspectos, enfim, o filme de Benigni não consegue em nenhum momento sair do medíocre.

Ruy Gardnier

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