A Voz de Bergman, de Gunnar Bergdahl

(Suécia, 1997)

Um plano fechado no rosto de Ingmar Bergman, e ele fala de cinema e de sua vida. De suas atrizes, de seu modo de trabalhar. Sem clips de filmes, sem exemplos na tela. Apenas oito episódios em que ele fala sobre tudo que o interessa. A Carroça Fantasma, de Victor Sjöstrom, O Martírio de Joana d'Arc, de Carl Th. Dreyer, vários filmes suecos, dos mudos aos recentes, Waterworld, Independence Day, tudo aquilo que lhe provoca algum tipo de emoção.

Não é o tipo de filme para não-admiradores do cineasta, ou para quem nunca viu nenhum filme seu. O flime não faz concessões ao público em geral. É Bergman falando de seus projetos, de sua vida na ilha de Farö, sempre com a câmera no mesmo lugar, sem se mexer, no mesmo plano fechado. E a intimidade que esse plano nos revela vai permitir entender suas motivações e pensamentos.

Por exemplo: a afinidade dele com seus atores e os papéis que cria especialmente para eles. Bergman cita o caso de um filme todo em close (à maneira de O Martírio de Joana d'Arc) que seria um monólogo de Liv Ullmann. A atriz, entretanto, não estava disponível no momento e o projeto foi engavetado. Os momentos em que Bergman fala do close, aliás, são os mais bonitos do filme. Fala da força que um grande close cria, o grau de intimidade.

E, num close, Bergdahl nos dá esse Bergman, íntimo.

Ruy Gardnier

1