Ela É Demais (She's All That),
de Robert Iscove (EUA, 1999)

A proposta é interessante: fazer um príncipe social de uma high-school descer aos infernos para buscar uma desajeitada nerd, plebéia total da pequena economia da moda escolar. O argumento é simples: o casal mais popular da escola se separa; ela, uma completa boçal, começa a sair com um rapaz que apresenta um show debilóide de tv; o jovem abandonado faz uma aposta e diz que consegue conquistar e popularizar qualquer menina da escola; a menina escolhida é a mais desajustada de todas; ele acaba se apaixonando por ela.

Os primeiros momentos do filme são realmente instigantes, os primeiros encontros idem, assentados na empatia que existe entre os dois atores (os dois são jovens e bonitos, têm corpo bonito, etc.). A idéia já batida de fazer de uma simples aposta uma coisa que pode mudar a vida inteira de duas pessoas incomoda até um certo ponto, porque sabemos que a força do filme está em outro lugar: fabular sobre o imaginário dos jovens, traçar um esboço dos vai-véns sentimentais dos estudantes americanos. Mas o duro é ter que agüentar junto toda a saraivada de lugares-comuns a que o roteiro se submete: a defesa do irmão menor, a namorada ciumenta que derrama vinho no vestido da outra... Ela É Demais é o clássico exemplo de um filme bem-intencionado que não sabe o que fazer com as intenções que tem. Vale como documento e só (o que hoje ainda é alguma coisa...).

Ruy Gardnier

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