FESTIVAL DO RIO 99
panorama do cinema mundial
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Dr. Akagi, de Shohei Imamura

 

Dr. Akagi,
de Shohei Imamura

Aos 72 anos e depois do grande filme que é A Enguia, Imamura conta a história de um doutor que tenta procurar a cura da hepatite, doença que mais ataca e mata as pessoas da região. Se o barbeiro de A Enguia já era algum tipo de médico espiritual, Imamura aproveita o ensejo do médico para filmar de perto as relações humanas e o cuidado do convívio.

As Flores de Xangai,
de Hou Hsiao-hsien

O espectador fica hipnotizado ou embriagado a partir da primeira imagem que aparece na tela. O cineasta Hou faz d'As Flores de Xangai, relato canônico da China, um filme magnífico, onde a câmara passeia inteiramente em planos seqüência pelos bordéis orientais, onde vemos os jovens gastadores jogando e humilhando as damas do sexo. Em seu 14º filme, Hou Hsiao-hsien faz um cinema do ritmo, um cinema "de câmara" (sentido mais musical do que cinematográfico) que parece aos nossos olhos a mais bela música.

Dois Córregos,
de Carlos Reichenbach

Dois Córregos é o filme nacional mais esperado esse ano, menos pela concorrência do que por seu valor absoluto. Como não esperar por um filme de Reichenbach e pela volta daquele universo do desejo que ele construiu filme após filme? Considerado por seu autor como um de seus filmes femininos (cf. entrevista), Dois Córregos promete muito.

A Carta,
de Manoel de Oliveira

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Chiara Mastroianni em A Carta

Aos 91 anos, Manoel de Oliveira permanece incansável. Faz quase um filme por ano e continua impecável com seu cinema da rigidez, do quadro e da história. Seu último filme, Inquietude, só passou por aqui em mostras, mas já criou seus adoradores, assim como Viagem ao Princípio do Mundo. Em A Carta, acrescenta-se à sempre presente Leonor SIlveira a beleza de Chiara Mastroianni.

A Última Dança/O Buraco,
de Tsai Ming-liang

Quem já viu algum de seus filmes, Rebels Of The Neon God, Vive l'Amour ou O Rio, sabe qual é o valor do cinema de Tsai Ming-liang. A utilização do som oprime os personagens, a fala é mínima, a comunicação é impossível e a água parece afogar todo tipo de relação.

Ghost Dog,
de Jim Jarmusch

Na última mostra, seu último filme, Year Of The Horse, sobre o cantor e compositor Neil Young, fez sensação. Se podemos encarar os protagonistas de seus dois últimos filme como (anti-)heróis amricanos, Ghost Dog parece voltar com a mesma preocupação, dessa vez sob a pele de Forest Whitaker interpretando um assassino de aluguel.

Filmes que ainda prometem:
LA BALIA (Marco Bellochio)
SUD (Chantal Akerman)
KADOSH (Amos Gitai)
NADA SOBRE ROBERT (Pascal Bonitzer)
BUENA VISTA SOCIAL CLUB (Wim Wenders)
JUHA (Aki Kaurismaki)
TRAPS (Vera Chytillova)
SUMMER OF SAM (Spike Lee)

 

 

 


No grande festival do Rio de Janeiro, CONTRACAMPO dá algumas indicações sobre alguns filmes que prometem fazer bonito. Filmes de grandes cineastas, filmes vistos em outros festivais, filmes elogiados em outros países...

CONTRACAMPO fará cobertura diária do Festival do Rio 99. Mas enquanto o seu lobo não vem, algumas apostas daqui da redação...

ATENÇÃO: os filmes ainda estão sujeitos a confirmação por parte da organização.

 


O Verão de Kikujiro,
de Takeshi Kitano

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O Verão de Kikujiro, de Takeshi Kitano

Sobre a obra de Kitano não é preciso falar muito. Basta dizer que ele realizou Hana-Bi, o mais belo filme em cartaz esse ano, e Sonatine. O Verão de Kikujiro será comparado a Central do Brasil. Certo, a história é a mesma (e igual em Gloria, de Cassavetes, também...). Mas a questão é exatamente de ver como diferentes histórias podem fazer os diferentes autores. E sendo um autor maior, é mister ver o filme de Kitano.

Tudo Sobre a Minha Mãe,
de Pedro Almodóvar

O amor pelo cinema de Pedro Almodóvar mais uma vez se revela quando ele filma um filme baseado em A Malvada (All About Eve), de Joseph L. Mankiewicz. O filme se desenvolve a partir de um diário sobre sua mãe, devidamente intitulado Todo sobre mi madre.

As Bodas de Deus,
de João César Monteiro

João César Monteiro retoma o seu personagem João de Deus em As Bodas de Deus. Quem viu o único filme seu a ser exibido no Brasil, A Comédia de Deus, lembra-se do personagem e do estilo do diretor: anárquico, referencial e ferino. João de Deus volta aqui com seu fanatismo por pelos pubianos e pelo gosto do classicismo estético.

A Outra,
de Youssef Chahine

Chahine é conhecido no Brasil como o diretor de O Destino, musical egípcio sobre o pensador Averróis. Se esse filme conjugava um diálogo entre militância política e popularidade longe do academismo de um Ken Loach, A Outra deve ir pelo mesmo caminho, só que dessa vez sobre o Egito atual.

Fim de Agosto, Começo de Setembro,
de Olivier Assayas

Infelizmente, Olivier Assayas não é um cineasta muito conhecido no Brasil. Realizador de Une Nouvelle Vie e Irma Vep, Assayas é uma das maiores revelações do cinema francês, com um estilo que lembra muito os filmes de Jacques Rivette.

Ninguém Escreve ao Coronel,
de Arturo Ripstein

Baseado em Gabriel Garcia Marquez, o filme de Ripstein fez sucesso em Cannes e quase faturou alguns prêmios também. Mas isso não seria recomendação maior do que Vermelho Sangue e O Evangelho das Maravilhas, seus dois últimos filmes exibidos no Brasil. Essas duas obras fazem dele possivelmente o melhor cineasta da América Latina na atualidade.

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