Matrix (Matrix),
de Larry e Andy Wachowski (EUA, 1998)

Filme-sensação da temporada, o sucesso de Matrix resulta mais de um universo de desejo do que das particularidades da narrativa. A história – um novo Cristo que aparece para salvar a humanidade do domínio dos autômatos que eles mesmos construíram – é o menos importante no filme. O que conta em Matrix é uma coisa confusa, chamada de "o visual". Esse "visual" é algo entre o cyber e o publicitário, um Blade Runner número dois. Um mundo da tecnologia, da corporificação por telefone que ainda veste seus personagens de forma atraente e coloca neles óculos-fetiche. Espécie de Hacker meets Armani, o segundo filme dos irmãos Wachowski surpreende pela nulidade do conjunto, da referencialidade vazia, do enredo plano, que não aprofunda o sentido. Se a Matriz é o mundo falso (paranóia do complô universal, índice do solipsismo mais ridículo, reprise do Show de Truman), Matrix dele faz parte: não há nele nada além da superficialidade de um mundo de faz-de-conta.

Ruy Gardnier

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