Nouvelle Vague

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O movimento da natureza em Nouvelle Vague

A partir de seu renascimento em 1979, com Salve-se Quem Puder (A Vida), Godard foi ficando cada vez mais abstrato nos seus temas. Se com Salve... e Prénom Carmen tivemos dois filmes magníficos, com Nouvelle Vague já não podemos dizer o mesmo. Claro, vemos sempre o usual Godard, sempre excelente nas minúcias, mas em Nouvelle Vague nada excede isso. Num esboço de roteiro incrivelmente simples, que bem poderia dar uma obra-prima ou um fracasso total, vemos as linhas principais do filme: dois amantes, vivendo na tristeza, num barco, ela deixa ele se afogar; numa segunda vez (uma "nova onda"...), com um gêmeo idêntico, ela o salva.

Godard em Nouvelle Vague filma o campo, a fábrica, a usina, o verde, as ondas que quebram nas pedras. Filma o trabalho, como na maioria de seus filmes (e em nenhum filme de nenhum outro cineasta, quase sempre), mas o trabalho tem mais fins 'estéticos' que qualquer outros. Filma a natureza, tornada absolutamente godardiana, mas ela não consegue em nenhum momento encontrar um real denominador da história. São imagens belas e sons belos, que quase nunca se encontram para fazer a síntese. Ao mesmo tempo que fazia suas História(s) do Cinema, Godard esquecia sua própria história. Nada em Nouvelle Vague consegue adquirir real força de invenção.

Ruy Gardnier

 

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