One Plus One /
Sympathy For The Devil

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Os Rolling Stones em One Plus One

Freudemocracy, black power, militância intelectual "de esquerda". One Plus One, filme seguinte a Week-End, tenta reconstruir o cinema depois do fim-de-semana godardiano (que na verdade termina como fim-de-cinema). Reconstrói como pode, a partir de blocos assíncrones e sem ligação um com o outro. Num momento vemos os Rolling Stones em ação (compondo e gravando "Devoção Pelo Demônio", a tradução é da época...). Depois vemos Anne Wiazemsky travestida de Eve Democracy a escrever palavras de ordem (ou melhor, palavras-cruzadas de ordem) nos muros. Depois vemos um grupo paramilitar negro discutindo sobre a política racial e suas práticas políticas.

Se A Chinesa era o filme que a França merecia antes de Maio de 68, One Plus One é o filme que o mundo merece depois disso. Ao contrário da felicidade de esquerda (mesmo estando "errados", os personagens do filme de 1967 não deixam de ser apaixonantes...), Godard nos dá nesse simples 1+1 um filme em que tudo está distanciado, longe do impulso revolucionário dos filmes anteriores. Se n'A Chinesa os estudantes concluem que aquele verão foi apenas o primeiro passo de uma longa caminhada, One Plus One é o passo seguinte: o mundo mudou e é preceiso que o cinema mude também. Não é à toa que depois disso Godard vai pegar em "armas" cinematográficas (é importante saber que ele sempre recusou a metáfora da "câmera como fuzil"...) e filmar com seu Grupo Dziga Vertov de Cinema Revolucionário...

One Plus One, filme simples como 1+1. Filme que denota o cinema como uma arte da montagem, UM plano mais UM plano, o segundo sendo a crítica ao primeiro (montagem dialética), a tese e a antítese para poder criar uma síntese. Filme marxista. Cinemarxismo.

Ruy Gardnier

 

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