O Guardião da Floresta (The Ogre),
de Volker Schlöndorff (França, 1998)

O Ogro traz estranhas semelhanças com O Tambor, filme mais conhecido (e conceituado) de Volker Schlöndorff. Em ambos, a questão é a mesma: como pode uma elemento diferente crescer no seio do regime do Terceiro Reich? A questão é difícil, pois pelo que a História nos mostra, todos os diferentes abandonaram a Alemanha antes que começasse a Guerra, entre filósofos, cineastas, escritores e pintores (não necessariamente judeus). Que tipo de diferente poderia então permanecer sob dominação nazista? O ogro e o menino do tambor, figuras da alienação — nos diz Schlöndorff. Mas a nossa tarefa é ir um pouco mais longe. Nos resta perguntar: "Para que filmar duas vezes a mesma história?" A única resposta possível seria a má-consciência alemã. Se a partir de 1945 restava aos artistas e aos filósofos pensar Auschwitz e os micronazismos do povo alemão (principal responsável por um macronazismo de Estado), alguns entretanto preferiram ignorar o problema e seguir outro caminho. O Ogro parece ficar no meio dos dois, considerando o nazismo mais em sua faceta interpessoal do que no modo como ele exerce sua força. Pode-se fazer um filme sobre alienados sem ser alienado. Lars Von Trier que o diga. Mas não há idiotia em O Ogro: há condescendência, resignação, caridade. Longe de querer colocar qualquer coisa em questão, Schlöndorff preferiu seguir a via límpida do "deixa disso", do trabalho sujo sendo cometido por mãos limas. Um filme de funcionário público.

Ruy Gardnier

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