Próxima Parada,
Wonderland
(Next Stop Wonderland),
de Brad Anderson (EUA, 1998)
O que mais surpreende em Próxima Parada, Wonderland são as armadilhas em que o próprio filme cai. Pois como alcançar todo o despreendimento necessário a um filme desses se o diretor parece não confiar tanto em seus personagens? Brad Anderson acaba criando um filme em duas velocidades: em momentos, percebemos um real vigor de narração, uma vontade de cinema que, ancorada em sua personagem principal, olha com alegria e força para o futuro; em outros momentos, vemos um filme que insiste em limitar seus personagens para a fina fruição do espetáculo, sobretudo nas cenas em que o filme cede ao modismo recente (uma bossa nova fácil demais, um espírito college que domina a recente produção independente americana). Resta, entretanto, um bocado de bons instantes quando Brad Anderson deixa sua musa Hope Davis diante da câmara, olhando para todos aqueles homens bobos e imbecis, querendo fazer pose quando deveriam apenas ser sinceros. Fica, assim, uma dúvida ao pé da orelha: seria Próxima Parada, Wonderland um filme melhor se fosse apenas mais sincero? Pensamos que sim, pois um pouquinho mais de realidade não faz mal a ninguém. Ruy Gardnier