OK, deste você já ouviu falar, ou pelo menos deve ter lido alguma citação. Do contrário, não andou neste planeta nos últimos 20 anos ou então, perdoe-me, mas tem uma cultura cinematográfica limitadíssima.
O fato é que "Carrie" é um clássico cult absoluto do cinema de horror. Nunca um filme do gênero recebeu tratamento tão caprichado quanto este. Pudera! O diretor da brincadeira foi ninguém menos que o pra lá de consagrado Brian De Palma, discípulo confesso do mestre Alfred Hitchcock.
De Palma caracterizou-se como o mestre do suspense com "Irmãs Diabólicas" (Sisters, 1973). Depois de "Carrie" e ainda sob a influência de "Irmãs Diabólicas", De Palma especializou-se em filmes de suspense, apropriando-se da linguagem cinematográfica de Hitchcok. "A Fúria" (The Fury, 1978), sucessor de "Carrie", não nega. Esta influência (ou homenagem, como preferirem) aparece em trabalhos como "Vestida Para Matar" (Dressed To Kill, 1980), "Um Tiro na Noite" (Blow Out, 1981), "Dublê de Corpo" (Body Double, 1984) e "Síndrome de Caim" (Raising Cain,1992).
Baseado no livro homônimo de Stephen King (publicado pela primeira vez em 1974), o filme mostra a triste e pesarosa existência de Carrie White (Sissy Spacek), uma adolescente constantemente ridicularizada pelos colegas de escola que descobre possuir poderes telecinéticos. É claro que a fúria da pobre garota cai sobre os ditos "colegas" e sobre a mãe (Piper Laurie), uma fanática religiosa e abilolada que a trata com hostilidade e violência. Um dos grandes momentos de catarse do filme é quando a mãe proíbe Carrie de ir ao baile de formatura e Carrie finalmente se impõe, deixando sua usual submissão de lado e afirmando: "Eu vou, mamãe. E as coisas vão mudar por aqui."
Sissy Spacek concorreu ao Oscar de Melhor Atriz de 1976 mas quem levou a estatueta foi Faye Dunaway por "Rede de Intrigas". Piper Laurie também recebeu uma indicação, de Melhor Atriz Coadjuvante, mas acabou não ganhando o prêmio.
A história de Stephen King ganhou ainda mais solidez e impressão com as interpretações magistrais de Spacek e Laurie, perfeitas nos respectivos papéis.
Esse ano (pois é, mais de 20 anos depois!) "Carrie" ganhou uma seqüência, obviamente inferior ao primeiro filme (nem tente comparar). "A Maldição de Carrie" (The Rage: Carrie 2) vale só como curiosidade, já que não acrescente nada à história original. Na verdade é uma cópia do primeiro, porém com efeitos especiais a torto e a direita, numa espécie de "é assim que o Carrie dos anos 90 seria" que só funciona para o público menos exigente.
Leia outras sinopses de "Carrie" aqui.