"DICK CAVETT MEETS ABBA"

TV SPECIAL



O ABBA concedeu uma entrevista ao popular apresentador americano Dick Cavett, no que foi um dos últimos especiais de TV do quarteto. Além de falarem um pouco sobre suas vidas e carreira, o grupo também cantou ao vivo. O programa foi gravado na Suécia entre 28 e 29 de abril de 1981.


DC = Dick Cavett
AG = Agnetha
FR = Frida
BJ = Björn
BE = Benny


Parte 1


DC: Se eu estou certo, este é Björn Ulvaeus, ou como diríamos lá nos EUA, "Bidjórn" (risos). Tem aquele tenista famoso com seu nome, não é? [Björn Borg]
BJ: É, gosto muito de esportes.
DC: Ao lado dele está Frida Lyngstad, Agnetha Fältskog, quer dizer, Agnetha... (pronunciando certo, "Ann-yetta")
AG: Sim, Agnetha ("Ann-yetta").
DC: ... e por último e sem importância (risos) Benny Andersson. (mais risos). Nós brincamos e fazemos piadas porque nos conhecemos muito bem... nas últimas três horas. (risos). Foi maravilhoso, muito divertido. Sei que esta é uma pergunta idiota para se começar, mas...
BE: Provavelmente... (risos)
DC: ... Então eu pularei de novo para a primeira. (risos) Todo mundo gostaria de saber o que... como eu posso dizer... Por que esse tremendo carisma do trabalho de vocês - não que as pessoas duvidem - mas é tão grande que... vocês entendem o que é que o ABBA tem, podemos dizer, que quaisquer quatro outros músicos adorariam ter e estar onde vocês estão? Teriam que duplicá-los para se chegar lá novamente. É a pergunta mais boba que já fiz. (risos)
BJ: É claro que não há uma resposta completa para essa pergunta porque se houvesse, seria terrível, não?
DC: Acho que sim, e todo mundo copiaria a fórmula, não é?
BJ: É isso aí. (risos)
BE: Pode ter alguma coisa a ver com o meu belo rosto. (risos)
BJ: Vai ver é o modo como ele esconde o queixo duplo sob essa barba.
DC: Há um queixo duplo debaixo dessa barba, então?
BJ: Eu acho que sim.
AG: Tem, tem sim. (risos)
DC: Está bem. Por que e como, além do rosto dele - vocês querem fazer o favor de falar sério agora? Um dos membros do grupo era uma estrela da música aos 17 anos e, se não me engano, era a Agnetha, não?
AG: Eu não sei se já era uma estrela da música, colocando dessa forma; comecei a cantar aos 18 anos. Talvez seja a Frida, não sei...
FR: Comecei a cantar com 13 anos, então, pode ser eu.
DC: Li em algum lugar, não lembro direito onde, sobre a emoção de Agnetha ao ouvir sua música sendo tocada por músicos de verdade de uma gravadora, pela primeira vez. Isso já foi publicado, está certo?
BJ: Sim, é verdade. É isso que se sente quando se pisa pela primeira vez num estúdio de gravação. Quando você compõe uma música e ouve os caras tocando-a nos violinos, teclados, harpas e outros instrumentos, aquela melodia que você mesmo criou, é um sentimento inigualável.
AG: No meu caso foi um grande salto, eu me lembro, porque comecei a compor quando tinha só cinco anos e quando fui gravar meu primeiro disco, havia vários homens sentados lá, tocando minha música nos violinos, a música que eu tinha composto e... foi uma grande experiência.
DC: Deve ter sido uma experiência e tanto mesmo, ver os músicos tocando a sua música pela primeira vez. Todos vocês compõem? Escrevem música em partitura?
BE: Nenhum de nós.
DC: Nenhum de vocês lê partituras?
BE: Nem lemos, nem escrevemos.
AG: Eu leio música (partitura), mas não escrevo.
DC: Mas como é possível? (risos)
AG: Você parece surpreso!
DC: Será que por engano trouxeram as quatro pessoas erradas aqui? (risos)
BJ: Eu guardo tudo na cabeça. É curioso porque tudo que vale a pena guardar fica "colado" na mente, fica "arquivado" aqui. [indicando a cabeça]. E pode ficar anos assim.
DC: Sei que vocês têm uma cabana particular, uma espécie de refúgio numa ilha que usam para compor as músicas. O que ficam fazendo lá? Ficam cantarolando, dedilhando o violão?
BJ: Bem, se você estiver se referindo àquela ilha, há um cottage [pequena habitação de campo] bem pequeno lá, com um piano e um violão, e lá nós sentamos e tentamos compor, cantarolando refrões improvisados, testando melodias num inglês meio "inventado", na verdade só imitando o som do inglês, e ficamos horas e horas lá. Felizmente sempre surge alguma coisa que vale a pena, você sabe, alguma coisa com a qual trabalharemos depois. É assim mesmo.

CLIPE DE "WHEN ALL IS SAID AND DONE"
(Aplausos após o clipe)


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