"DICK CAVETT MEETS ABBA" TV SPECIAL



Parte 2


DC: Vocês fazem muito sucesso. Já perderam algum amigo ou tiveram que pagar algum preço por serem tão... extraordinariamente famosos?

(silêncio)

BE: Eu acho que não. Acho que isso te dá muita coisa. O que pode acontecer é você... perder um pouco, por exemplo, da tranqüilidade, perder um pouco a noção da realidade, porque você acaba ficando mal acostumado, de várias formas.
DC: Vocês perderam um pouco suas identidades, eu quero dizer, suas personalidades próprias, como imposição de ser parte do grupo? Renunciaram a alguma coisa por isso?
BE: Não, não. Mas acho que muita gente faz isso. Temos imagem própria. As pessoas pensam em nós como um só, acham que tudo que um faz ou pensa é válido para os quatro, o que obviamente não é verdade.
BJ: Acontece às vezes que, no nosso meio, um diz uma coisa e a imprensa automaticamente se faz de porta-voz do grupo e coloca aquilo como a afirmação do conjunto todo, o que é totalmente errado. Se tiverem que falar, que seja individualmente. Pode ser gente de fora do ABBA, ou até mesmo nosso empresário Stig Anderson ou outra pessoa qualquer, que quando fala, fica sendo o "porta-voz oficial" do ABBA, e não é assim.
DC: Então se um de vocês mencionar um possível candidato à presidência da França, todos os outros terão apoiado.
AG: É. (risos)
DC [Para Frida]: Você fez carreira no jazz, antes do ABBA, não foi?
FR: Foi sim. Eu comecei aos 14 anos, cantando com uma grande banda e fiquei nisso por dois anos. Então, de certa forma, tenho minhas raízes no jazz.
DC: E como você "adquiriu" estas raízes? Foi à Nova Orleans quando era criança?
FR: Não, não estive lá, mas eu ouvia muito jazz, cantores e bandas de jazz como Count Basie e Woodie Herman.
DC: Você chegou a assistir essas bandas?
FR: Sim, várias vezes na Suécia.
DC: E aí você disse "é isso que eu quero"?
FR: Sim, na época era.
DC: Isso ainda está tão forte no seu sangue como estava?
FR: Não, não tanto como naquela época.
DC: Quando foi a última vez que sua calça caiu enquanto você cantava? (risos)
AG: Mas fui eu!
DC: Você foi a única do grupo? (risos) Quando aconteceu? No verão passado? (risos)
AG: Não, eu tinha só cinco anos. Então estou desculpada. (risos)
DC: Sim. (risos)
AG: Mas aconteceu mesmo.
DC: E como foi?
AG: Eu não me lembro pessoalmente, mas... minha mãe me conta essa história toda vez que eu a vejo. (risos) Eu tinha cinco anos e meu pai era... uma espécie de showman, organizava concertos e espetáculos amadores na nossa cidade, no interior da Suécia, e naquela ocasião - eu era uma garotinha - ele me deu a oportunidade de subir no palco e cantar "Billy Boy": Billy Boy, Billy Boy... Eu estava usando um vestidinho muito curto, preso por suspensórios, com uma bermudinha por baixo, também presa pelo suspensório, e de repente, no meio da música, senti que meu vestidinho estava descendo e o suspensório arrebentou. Fiquei ali parada, sem saber o que fazer. Aí minha calça caiu com tudo.

(risos)

AG: Foi minha primeira vez no palco.
BJ [Para Dick Cavett]: Por falar nisso, você já contou à platéia sobre a bota que está usando? São as minhas botas!
DC: Bem, agora que você já chamou a atenção para mim, obrigado. Essas botas ficaram meio curtas. (risos). Ainda bem que trouxeram para o estúdio. O que eu faço agora? Canto "Billy Boy"? (risos). Vim para o estúdio sem meus sapatos de costume e Lars, o homem que cuida disso, me emprestou essas botas e eu tive que enfiar papel higiênico dentro para encher e ficar vistoso assim, com a calça reta sobre a bota... (risos). Pode falar isso na televisão aqui na Suécia? Quero dizer "enfiar"... (risos). Não vejo motivo para chamar atenção para este fato ridículo... (risos), mas sei que quando vocês ficam famosos, perdem a sensibilidade, não é? Nem ligam para o sentimento das pessoas. (risos)
BJ: É, de qualquer forma, agora já está dito...

(risos)



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