Sônia Braga lembra de "Dancin' Days" e diz que gostaria de voltar à TV


Ah, os frenéticos dancin' days...


Sônia Braga como Júlia Mattos

Se for por um belo papel, ela pensa no caso. Se for para um novo "Dancin' Days", Sônia Braga volta correndo. "A televisão é um veículo democrático, que pode ser maravilhoso para o Brasil. Tem muita gente fazendo coisas legais na TV (...). Fazer uma novela ou uma peça na televisão, eu adoraria", admite. Ela acha que se novos 'Dancins' tivessem surgido, talvez não fosse necessário seu "exílio cultural" em Nova York. Talvez estivesse atuando por aqui. Talvez... Conjecturas. De certo mesmo, a adoração que tem por sua inesquecível Júlia Mattos. Tanta que ela nem lembra o que veio depois.

Convites pintaram, como em 1992, para viver a Betina em "De Corpo e Alma", que ela recusou. Um ano depois, correu um boato de que "Fera Ferida" contaria com Sônia no elenco. Só boato. A façanha se deu apenas em 1999, quando Gilberto Braga (o pai de "Dancin' Days" e do papel que projetou Sônia na mesma novela, em 1978) a trouxe novamente para a televisão brasileira através de sua recente novela "Força de um Desejo". Está certo que Sônia fez apenas uma participação nos primeiros capítulos, mas sua volta já foi suficiente para encher de expectativas e boatos a imprensa brasileira acerca de um possível retorno da atriz às telenovelas do Brasil.

Mas quem se requebrou aos altíssimos decibéis de um "Dancin' Days" até esquece o que veio depois. Sônia lembra que fez uma novela com Tony Ramos, mas o nome... A novela era "Chega Mais" (1980), mas ela prefere parar no tempo do "Dancin". De 1978 a atriz pula para 1999, exatamente 20 anos após o fim de "Dancin' Days", com muitos planos. Voltar à TV brasileira seria um deles. Por enquanto foi só a participação em "Força de um Desejo". Depende dos futuros convites. Mas Sônia não cospe no prato que comeu. E ela garante que não tem qualquer rejeição ao veículo que a consagrou. "Não tenho aversão a fazer TV! Ao contrário: quero fazer. Seria até uma contradição acreditar tanto no potencial dela e dizer que não quero fazer. Quero. E quero muito. Adoraria fazer! Mas não quero voltar a um estilo de 30 anos atrás", diz Sônia. "Quero fazer aquilo que estaríamos fazendo se tivéssemos dado continuidade ao que foi feito em "Dancin' Days". Se isso tivesse acontecido, provavelmente eu não estaria aqui [em Nova York], em exílio cultural. Provavelmente estaria no Brasil, fazendo meu trabalho. De atriz de um veículo popular brasileiro. Mesmo a Globo tendo um caráter conservador, as coisas que se conseguiu fazer ali em termos sociais foram admiráveis", conclui ela.

Veja - maio/78

Por ora, ela se empolga trazendo de volta o passado frenético, feérico. Adora recordar os dias dançantes de Gilberto Braga, que inovaram, modificaram costumes e marcaram época. Dias de febre das noites de sábado e do culto ao corpo. Das meias de lurex e sandálias de salto alto. Ela evoca cada detalhe. Reproduz diálogos. Tim tim por tim tim. Mais marcante do que "Gabriela" (1975)? Dúvida. Mais querida, é certo.

Do público também. Afinal, quem não se lembra da ex-presidiária que se transforma em "pantera" da sociedade carioca e se vinga do mundo ao som dos Bee Gees? De "Dancin' Days" até hoje, são mais de 20 anos. São mil lembranças da felina Sônia Braga. Que leva o leitor no seu sonho mais louco. Lindo, leve e solto.


Leia aqui a entrevista de Sônia Braga concedida ao jornalista Edney Silvestre em Nova York, em 1993, onde ela recorda "Dancin' Days" e fala com prazer da novela.


Dancin' Days



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