Titanic, foi um filme incrível. James Cameron conseguiu juntar realidade com ficção cientifica. Realidade porque este filme é baseado numa história verídica, E ficção cientifica porque, quando vemos as personagens no barco, elas não estão no barco, mas sim em estúdios vazios.
Glória Stuart não poderia estar mais feliz, pois é actriz e participou na viagem inaugural do Titanic. Como foi na primeira e última viagem de Titanic, James Cameron decidiu convidá-la para contar a sua história. Glória Stuart têm neste momento 104 anos, e na altura em que fez o filme tinha 101.
Esta actora veio contar a sua história, mas os nomes que estão no filme só 3 é que são verdadeiros. Um é o do Comandante Smith, outro é do arquitecto, Mr. Andrews e do dono da White Star line, Mr. Ismay. O resto foram nomes inventados por Cameron. Pois o nome verdadeiro de Rose, não é Rose, mas sim Glória.
A história encheu os
corações de todos os felizardos que tiveram o privilégio de ver
o filme.
James Cameron, quase recriou "Titanic" pois o
verdadeiro navio tinha 269 metros de comprimento, e todas as
maquetes utilizadas tinham 236 metros.
1º Texto da minha autoria
Em 1912 o mais famoso transatlântico do mundo, o "Titanic", naufragou na sua viagem inaugural quando chocou com um icebergue. Em 1987 James Cameron encena magnificamente a tragédia no seu novo filme - Titanic. Isto leva-nos a uma pequena viagem no tempo. Podemos dizer que a tragédia do paquete marcou o fim de um século e de uma época. Foi o fim de uma tempo de optimismo em que tudo era possível e em que a fé na ciência e nas capacidades do homem era inabalável. Foi igualmente prenúncio de tempos piores que chegariam em 1914 com a primeira guerra mundial, guerra em que o avanço tecnológico em vez de promover um conflito rápido, como se esperava, trouxe quatro anos de longos sofrimentos e grande angústia para os soldados.
O "Titanic", o primeiro de uma série de quatro gigantescos e luxuosos paquetes que a companhia de navegação White Star Line pretendia construir, ganhou vida em três anos nos estaleiros Harland & Wolff em Belfast para ser sepultado quatro dias depois da sua viagem inaugural nas frias águas do Atlântico Norte, 650 quilómetros ao largo da Terra Nova. Durante muito tempo pensou-se erradamente que o navio afundara devido a um rasgo de mais de 90 metros. Descobriu-se recentemente, e não deixa de ser irónico, que bastaram seis pequenos rasgos, feitos em embates sucessivos no icebergue, para afundar a grande maravilha, o ex-libris da técnica e da superioridade humana. Quem lucrou na época indirectamente com o terrível acidente foi Marconi. O acontecimento tornou de tal modo evidente a importância das comunicações rádiotelegráficas, que as acções da Companhia Marconi subiram em flecha em Wall Street tornando o prémio Nobel da Física de 1908 num milionário.
James Cameron, fanático das histórias subaquáticas, viu pela primeira vez imagens do interior dos destroços do "Titanic" nos finais dos anos oitenta, num documentário televisivo sobre a expedição de Robert Ballard. As imagens espantosas deixaram-no deslumbrado, tinha que fazer um filme sobre aquela história. Em 1995 ele próprio filmou, a partir de um pequeno submarino com uma câmara construída para o efeito, partes do interior do "Titanic". O prodígio técnico do filme - Titanic - começa logo aí. Recusando-se a utilizar imagens de documentários sobre expedições anteriores, Cameron abre o filme com planos reais do navio filmados pelo próprio a mais de 4000 metros abaixo da superfície do oceano. Não conseguimos distinguir os planos verdadeiros dos falsos, feitos por computador. Esta situação acontece por todo o filme. Há um plano picado espectacular em que a câmara percorre o navio da proa à popa. Vemos as bandeiras desfraldadas, o fumo a sair das chaminés e as pessoas passeando pelo navio. O realizador admite que foi tudo feito com modelos do paquete à escala sendo as figuras humanas sobrepostas posteriormente. O incrível é que sabemos isso, mas não conseguimos descobrir nenhuma falha nesta falsificação. A reconstrução dos interiores, nomeadamente o espaço dos passageiros de primeira classe, é cuidada e bastante fiel. As filmagens do "Titanic" permitiram constatar que as águas geladas do norte Atlântico conservaram quase intacto o interior do navio. Os cenógrafos souberam aproveitar bem essa informação.
Os planos do naufrágio, filmados em estúdios diferentes em enormes tanques, tiram o fôlego a qualquer um. Se as cenas mais perigosas foram simuladas em computador, Cameron ainda utilizou para as quedas 6000 duplos. Por outro lado, senão reconstruíram o "Titanic" pouco faltou. A maior das maquetas utilizadas media 236 metros enquanto o verdadeiro "Titanic" media 269 metros de comprimento. Mas o mais surpreendente numa superprodução destas é que toda a parafernália técnica e os efeitos especiais de última geração não são o filme, nem sequer se substituem à história - servem-na. Hoje em dia podemos dizer que esse mero facto só por si é um prodígio.
James Cameron construiu o argumento do filme de modo muito cuidadoso e inteligente. Basicamente temos três histórias que se dissolvem engenhosamente umas nas outras, dando-nos um filme ao mesmo tempo épico e intimista. A narradora é uma senhora de 101 anos (Gloria Stuart), sobrevivente do naufrágio. Ao ver um documentário televisivo sobressalta-se ao reconhecer-se num desenho de uma rapariga nua retirado dos destroços do "Titanic". Aqui começa a primeira história. Ela é Rose DeWitt Bukater (Kate Winslet) que juntamente com Jack Dawson (Leonardo DiCaprio) formam o par romântico do filme. A velha senhora conta as suas recordações ao explorador que encontrou o desenho e aí começa num flash-back a história da trágica viagem.
A história romântica, a segunda história, parece ter a sua heroína tirada de uma obra de Henry James, é o arquétipo da novela amorosa oitocentista. Uma bela rapariga da alta sociedade, Rose, é forçada pela mãe a casar com um milionário que despreza, Cal Hockley (um esplêndido Bill Zane). Sabendo que nunca cumprirá o desejo da mãe resolve suicidar-se saltando do navio. É salva por Jack, um pobre artista. Os amores proibidos que logo ali começam entre uma passageira da alta sociedade e um rapaz da terceira classe dão o tom ao filme e permitem-nos observar o microcosmos que é o transatlântico. Espelho da sociedade altamente hierarquizada da época, dos seus tiques, das suas contradições, das suas tensões e das suas injustiças. Estas ficam bem presentes na terceira história do filme, a do naufrágio. O facto de o "Titanic" ter levado mais de duas horas a ir ao fundo permitiu a Cameron expor todas as forças e fraquezas da natureza humana. Cada personagem teve tempo para aperceber-se do que lhe ia acontecer e tomar uma atitude. Não podemos deixar de pensar no que faríamos em semelhante situação, o que é algo de terrível. Se, por um lado, é angustiante presenciar o pânico de uns e a coragem de outros perante a insuficiência de barcos salva-vidas, por outro é desgostoso ver como a prioridade de salvamento não é simplesmente a das mulheres e crianças em primeiro lugar, mas a dos passageiros com bilhete de primeira classe sobre os de terceira classe, estes últimos convenientemente mantidos fechados abaixo dos convés. É uma situação que mostra a hipocrisia do tão falado cavalheirismo de uma época. Os passageiros da terceira classe mesmo assim ainda tiveram algumas hipóteses de salvamento se tivermos em conta os membros da tripulação. O pessoal que ficou até ao fim na sala do gerador e na sala das máquinas, com o fim de manter a iluminação suficiente para se poder fazer a evacuação do paquete, sabia que a sua probabilidade de salvamento era mínima, mas mesmo assim não entrou em pânico. Das 1500 pessoas que morreram, 600 a 700 eram membros da tripulação.
Em Hollywood poucos acreditaram no sucesso deste projecto, principalmente depois do orçamento ter disparado para cima dos 200 milhões de dólares. Um número demasiado abstracto para qualquer pobre mortal. O naufrágio do filme de James Cameron era um dado adquirido e o adiamento da sua estreia de Agosto para Dezembro do ano passado só o confirmava. Nestas questões sou tão céptico como o mais empedernido analista de Hollywood, mas como admirador incondicional do seu filme mais maltratado pelo público, O Abismo (The Abyss, 1989), película passada a uns quantos mil metros de profundidade, nunca duvidei que Cameron levasse o seu Titanic a bom porto. Para o fazer chegou a devolver o seu salário e desistir de uma percentagem sobre os possíveis lucros.
Evitando todas as armadilhas e o lado circense em que este tipo de filmes costuma cair, Cameron misturou eficazmente realidade e ficção, momentos privados e grande espectáculo num filme que vale a pena ver em todo o seu esplendor, no maior ecrã que conseguirem encontrar. Mas não se esqueçam do colete salva-vidas e de comprar um bilhete de primeira classe. A segunda viagem do Titanic vai começar!
2º texto da autoria do dono da mitish's page