Até pouco depois do século XVI, a nudez era vista com a maior naturalidade. Em Israel, no tempo antigo, tomava-se banho completamente nu em fontes e jardins públicos. Também em Israel, nos tempos helênicos, a ginástica era praticada sem roupa alguma.
O próprio Francisco de Assis ficou nu em público, na presença do bispo Guido e do povo e não foi preso por atentado ao pudor. Santo Agostinho de Hipona, de grande influência maniqueísta, permitia às suas virgens tomarem banho público duas vezes por semana.
O pintor Buonarotti, pintou totalmente nus, na Capela Sistina, Jesus, Maria e todos os eleitos, assim como todos os condenados, no quadro do Juízo Final. Mais tarde, um papa contratou outro pintor para "vestir" as pinturas.
As imagens de Cristo crucificado eram todas nuas, mesmo durante a época da Renascença (1350 - 1560). Mas a influência do maniqueísmo foi aumentando e criou-se a "cultura da vergonha". Do nu natural passou-se a tomar banho de camisolão. Criou-se até a camisola com buraco para os atos genitais e passou-se a praticar esportes de batina.
Com o maniqueísmo, veio a vergonha, a curiosidade e a malícia. O que era puro e natural, passou a ser perverso a ponto de gerar crimes, discórdias, tristezas, dispersão e esfacelamento.
Hoje não podemos negar que vivemos num mundo genitalizado e hedonista, que se projeta para o egoísmo, o desrespeito e até mesmo para o uso do ser humano como mero objeto, objeto descartável.
O Naturismo é um apelo, um caminho, um retorno aos valores humanos do natural, do bem estar do corpo e mente sadia. Ser natural e viver natural é ser livre de um bocado de coisas medíocres e alienantes. O Naturismo nos liberta, principalmente quando a nudez é praticada em grupos, pois altera os padrões emocionais, diminuindo o orgulho, os disfarces e até mesmo a hipocrisia.
O Naturismo nos coloca quase na condição de criança, iguais a todo mundo, sem preconceitos ou maldades. E, se observarmos bem, veremos que nenhuma pessoa nua é feia. Todos são bonitos: os altos os baixos, os gordos, os magros, jovens, velhos ou crianças. Existe algo de misterioso e lindo quando todos se fazem iguais junto à Mãe Natureza.
E como é salutar estar nu junto à natureza! Francisco de Assis, no meu ver, é o "Patrono do Naturismo". Ele bem entendeu o que é a integração do homem com a natureza. Ele foi o primeiro naturista assumido.