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FANFIC

Título: (ainda indefinido por um tempo)



Timothy Bayliss. Não, detetive Timothy Bayliss, assim fica melhor, pois é isso o que Tim é. É, era ou foi? Um dia no passado, seria ou será. Foi, pois não há mais um distintivo preso a seu cinto, tudo porque quis ser justo, mas legalmente não o foi, ele assassinou o cretino, aquele assassino. Por que não é justo se ele, Tim, matar, mas é quando o Estado mata? Por que teve que deixar de ser o que sempre quis para si e quem injeta o líquido letal ou dá choques mortais em alguém sentado em uma cadeira está legalmente certo? Por que só ele tem uma pena a pagar por isso?

Se ele está tão certo, por que o remorso agora o corrói? Porque o impede de seguir a sua carreira. E, agora, a maior dúvida de todas: por que Frank Pembleton não o absolveu? Os policiais não são os bonzinhos, aqueles cujos atos mais vis são perdoáveis? Imagens lhe vêm à mente: Frank e Gee conversando sobre a possibilidade de um policial ter matado um homem, sem ser pelo serviço.

Ele escuta os passos de Frank aproximando-se em meio de seu transe introspectivo.

- Policiais não são melhores do que ninguém! - gritou Tim, abrindo seus olhos, esbugalhando-os, na verdade, de uma forma desesperada, repetindo as palavras que Frank proferira há anos atrás.

- Tim, eu vim pedir desculpas, fui muito injusto com você. Eu também gostei muito de ter trabalhado com você ao longo desses anos.

- É!? Ou você veio aqui falar isso porque viu o estado deplorável em que estou? Não digo a aparência somente, a barba é só preguiça.

- É verdade..., mas com relação a Luke Ryland...

- Foi como eu dizia enquanto você chegava, mas, Frank, o que podia eu fazer? Ele me disse que continuaria matando, mas Denvers não podia condená-lo! A justiça, Frank, ela é muito injusta. O desgraçado ia acabar não pagando.

- Mas está errado!

- E o Estado está certo quando executa alguém? Se comparado ao Estado, estou na mesma posição, eu o executei, assim como o governo faz sempre em casos semelhantes, assim como Luke Ryland fez!

- Deixe a Justiça para o Tribunal, Tim! - gritou, imperativo, Frank.

- Você sempre mandando, gritando comigo, com todos. Os policiais podem até não ser melhores do que ninguém, mas ninguém pode ser melhor do que Francis Xavier Pembleton! - Tim elevou a voz ao dizer o nome completo de seu parceiro, estava explodindo, tudo que deveria ter dito a Frank ao longo dos anos queria sair naquele momento.

- Tim..., mas...

- Tanto você se acha melhor que afirmou que seus filhos nunca poderiam ser criminosos. Frank, eu e o Jim fomos criados juntos e pensei que o conhecesse muito bem, mas ele assassinou friamente aquele latino. A mesma criação não quer dizer nada. Olívia e Frank Júnior não necessariamente seguirão seus passos. Você não controlará os amigos deles, ninguém que eles venham a conhecer. Eles não foram envoltos em sua aura de perfeição! Eles serão o que devem ser e peça ao seu deus que sejam boas pessoas.

- Eu e a Mary damo-lhes a melhor educação possível e Deus vai querer que eles sigam o bom caminho. - Tim bateu suas palmas uma vez e sorriu, contente.

- Seria tão bom se sempre falasse assim, Frank! Que sempre pedisse desculpas, que fosse mais humilde. Queria que me valorizasse mais tanto como amigo como detetive.

- Tim, apenas um amigo poderia fazer o que você fez por mim, só você poderia ter levado aquele tiro por mim, obrigado por cada momento que esteve ao lado da minha família e pelo simples fato de ter sido meu parceiro por seis anos, ter perdoado as minhas faltas e sabido lidar comigo. Mu... muito obrigado. - hesitou ao pronunciar as últimas palavras. Desculpe-me pelos meus erros.

- Frank, nunca pensei vê-lo dizer tanto "obrigado" e "desculpas". Você não sabe o quanto me deixa feliz, a sua atitude..., mas, eu continuo sendo um assassino.

- As coisas mudam Tim. As pessoas, elas mudam, tinha que fazer com que você se sentisse bem. tinha que demonstrar o que eu sinto, isso faz bem a você. Você é o único amigo que tenho, não posso perdê-lo. Você me fez mudar para melhor; agora, eu tenho um pouco de você e você, um pouco de mim.

- É, Frank, mas como eu devo seguir a minha vida? Me diz! Não sou mais detetive, imagens e sons me atormentam. Amigo, diga-me, por favor, já que me conhece tão bem: o que serei!? O que farei da minha vida, Frank!? Como será a vida de Tim Bayliss daqui para a frente!?

- Você me pergunta, Tim? Você deveria saber, sempre foi muito dependente de mim... mas, eu sei quem é Frank Pembleton.

- E quem é Frank Pembleton por Frank Pembleton?

- Ninguém mais que eu mesmo, um afro-americano nascido em NY e que há muito reside em Baltimore. Conheci uma belíssima mulher com a qual casei e, há alguns anos, fui pai de uma menina, Olívia e depois de um menino, Frank Júnior. Sou o pai e o detetive, os dois no mesmo homem.

- Eu me lembro de quando a Mary estava grávida pela primeira vez, você estava tão nervoso que eu tive que a ajudar.

- É mesmo. Tinha medo de deixar de ser o detetive implacável para ser o pai de uma menina. Tive mais medo de Olívia do que de um suspeito. Voltando ao assunto: fui um ótimo detetive da Homicídios, sou um cara de poucos amigos, mas que teve a honra de ter você como parceiro e tenho a honra de tê-lo como amigo. Agora, responda: quem é ou será Tim Bayliss?

- Tenho que pensar, eu deixei de ser quem sou...

- Você continua vivo. - disse Frank da maneira pausada com que costumava interrogar seus suspeitos.

- Não, agora eu só sobrevivo, rastejo pela vida.

- Você está diante de mim, não me parece que mudou muito. Você continuou a sua vida, praticou novas ações, isso mudou. A sua essência, ela não mudou, Tim. Me responda! - um vento que vinha do mar esvoaçou os cabelos e a gravata de Tim, o mesmo fez com a de Frank. O cheiro gostoso e inebriante daquele ar fez com que Tim fechasse os olhos para refletir se ele se tornara essencialmente diferente ou se apenas novas experiências ele havia presenciado. Será que ele havia deixado de ser o velho Tim?

- Anda, responda, Tim: quem é Tim Bayliss? - o vento voltou e, com ele, uma névoa escura que cobriu a tudo e a todos. Tim empenhava-se em refletir e descobriu algumas respostas, percebia-se pela expressão de seu rosto. Quando passou a prestar mais atenção a sua volta, viu-se completamente coberto de uma escuridão profunda. A névoa levou, ao passar por eles, tudo que os circundava: a Lua, o esquadrão, o mar, as estrelas, tudo. Tim olhava assustado para todos os lados. Ao ver que Frank ria diante de sua confusão; gradualmente, a figura de Frank se ia evaporando. Tim desesperou-se, espantou-se, era algo totalmente irreal e fora do comum.

"Quem é Tim Bayliss?" a voz de Frank ecoava em sua mente. Ou o que passou a ser Tim Bayliss e o que ele virá a ser?

Um conjunto de imagens mais ou menos organizadas cronologicamente ia passando-lhe diante dos olhos: o pequeno Timmy com 8 anos de idade sendo perseguido até o banheiro pelo seu tio George; Timmy ainda criança brincando com o primo Jim, eles mais velhos jogando basquete; desde jovenzinho, um galanteador sem igual; o segundo grau: a época menos memorável (até aquela que estava a viver) de sua vida; na faculdade, quando foi preso por jogatina; quando ingressou na academia e foi trabalhar na segurança do prefeito; finalmente, o tímido Tim Bayliss entrando com uma caixa com seus pertences e um estojinho de canetas em seu bolso, era o novato que seria caçoado por todos durante 4 anos inteiros; a primeira vez que assistiu a um interrogatório conduzido por Frank; o primeiro telefonema a que atendeu, a morte de Adena Watson, o crime que sempre o perseguiu; os outros casos que pegou e suas reações; a associação dele com Meldrick e Munch para comprar o Waterfront, o sócio anônimo; o caso do gay morto por um garoto de programa; a sua vontade de ser feliz tentando assumir uma possível bissexualidade, sua saída com Chris Rowls; outros casos; o tiro que levou para salvar a vida de Frank quando ele hesitou em atirar, sua temporada no hospital; sua volta à Homicídios, o trabalho; Luke Ryland.

A imagem do assassinato de Luke Ryland foi a que ficou mais tempo em sua mente. O frio barulho do metal da bala saindo da arma, atingindo a cabeça do maldito, aquele corpo caído no chão sem vida. Tim escuta o barulho surdo de algo pequeno caindo no chão. Mas..., aquilo não aconteceu de verdade... o... o que é isso!? Seu distintivo caiu no chão e, assim como todo o resto, desapareceu.

- Vários e diferentes Tims, mas não são pessoas distintas. Todos eles formam o que você é, Tim. E o que você é? - ainda era a voz de Frank, meio fantasmagórica.

- Eu sou um detetive, sempre quis ser e serei, não importa com ou sem o distintivo do Departamento de Polícia de Baltimore. Sou todos eles mais os outros Tims que virão.

- Então, siga o seu caminho. - tudo sumiu, até mesmo o próprio Tim. Apenas as imagens voltaram à mente de Tim naquele momento. A voz de Frank continuou: - Ryland foi só mais um de seus pecados, apenas algo que fará parte de você. Você sabe o que fez e como se sentiu. Fará novamente? Não responda agora.

Seus olhos começaram a coçar e acordou de repente, ainda estava atônito com que se passou com ele. "Era um sonho" ele disse. Sim, fora um sonho. Sentou-se na cama, esfregou os olhos e acendeu a luz do abajour. É, era o seu quarto e encontrava-se sozinho. "Será que..." disse e abriu a gaveta do criado-mudo. Lá estava o distintivo. Sim, agora podia dormir. Era o que realmente estava acontecendo, o sonho estava errado. Boa noite, Tim Bayliss... ... Não. Boa noite detetive Timothy Bayliss.

 Fim

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