Em toda história do homem, nunca se produziu tanta informação como agora. Basta você ir até uma banca de revistas para sentir isso. Sem falar na TV, no cinema, no vídeo, e é claro, na Net. A Rede levou essa confusão um pouco mais a longe. Pois, sendo como é, hiperdemocrática, agora qualquer um pode ser repórter e editor de suas próprias notícias. Isto pode provocar grandes equívocos. Veja só este caso:
Em novembro de 1996, o jornalista americano Pierre Salinger, da rede de televisão ABC, achou que estava perto do sucesso. Num encontro de empresas aéreas, ele anunciou ter um documento comprovando que o desastre do Boeing 747 da TWA, em Nova York, tinha sido provocado por um míssil disparado pela Marinha Americana, e que o governo estava tentando encobrir o fato. FOI UM ESCÂNDALO. A Casa Branca negou, mas o jornalista insistiu: "É preciso que a verdade seja conhecida", disse, certo de que estava abafando.
MAS NÃO ERA NADA DISSO. Naquela mesma noite, outro jornalista lhe telefonou, dizendo que tinha um documento parecido, do qual leu alguns trechos. "É isso! Este é o documento. Onde você achou?", Salinger perguntou. "Na Net", respondeu o outro.
O documento, que Salinger tinha recebido de uma fonte segura, era na verdade a opinião pessoal de um piloto aposentado (e com muita imaginação) que morava na Flórida. O jornalista depois se desculpou, envergonhado.
Mas ele não foi o primeiro, nem será o último a cair numa mentira bem-contada. Há alguns anos, a revista VEJA noticiou um grande feito da engenharia genética: a primeira fusão entre células animas e vegetais. O resultado seria fantástico: O BOIMATE, mistura de boi com tomate, isto é, um tomateiro cujo frutos apresentavam 50% de proteína animal e 50% de proteína vegetal. A solução para a fome no mundo.
Só que os jornalistas não tinham checado bem as suas fontes. Eles haviam tirado a reportagem de uma respeitada revista científica inglesa, que uma vez por ano publica uma EDIÇÃO DE MENTIRA, isto é, cheia de notícias completamente inventadas. Sem saber da piada, eles levaram tudo a sério.
As histórias são bons exemplos das confusões que podem surgir no mundo saturado dos bits que vivemos.
Então: numa época em que para "buscar informações" a gente usa o verbo NAVEGAR, o que é preciso fazer é não NAUFRAGAR ou morrer AFOGADO? É preciso ter senso crítico. E confiar em suas próprias experiências. Olhar tudo com atenção, e uma pequena dose de desconfiança.