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Arquivo de atualizações Imprensa CE - Dezembro/2005

ATUALIZAÇÃO N.º 295 - 04/12/2.005

BARBÁRIE – O episódio do assassinato do presidente em exercício da Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF), Marcionílio Pinheiro, irmão do presidente de fato, Adler Pinheiro, ocorrido no Rio de Janeiro, após o jogo contra o Botafogo, foi um ato de barbaridade, mas que exemplifica bem a forma distorcida como grupos de bandidos se agrupam escondidos em torcidas organizadas. Há duas semanas integrantes dessa mesma TUF agrediram a golpes de faca um torcedor do Ceará, que passava em frente à sede da torcida, na rua Conselheiro Tristão, no Bairro de Fátima, fato que a imprensa local ignorou mas que o Em Off noticiou.

BARBÁRIE – A polícia do Rio investiga a denúncia de que os assassinos sejam integrantes da torcida Fúria Jovem do Botafogo. É a mesma que há alguns anos envolveu-se em briga com torcedores do Ceará no jogo que o Botafogo ganhou de 2 x 0 do Fortaleza, pela Copa do Brasil, no estádio Presidente Vargas. O curioso é que os torcedores alvinegros estavam lá para reforçar a FJB nas arquibancadas. O grupo que veio para Fortaleza era formado por skin heads, os típicos "pit boys". Não será surpresa se as suspeitas da polícia acabarem se confirmando. Em compensação, quando aqui estiveram no jogo Fortaleza x Botafogo também houve hostilização contra a torcida do time carioca. Será que vai ser sempre assim? Violência para responder à violência? Até quando?

BARBÁRIE – A TUF é uma das torcidas organizadas locais que promovem deploráveis espetáculos de violência nos estádios cearenses. Outra é sua arquirrival Cearamor, contra a qual a maioria dos confrontos ocorre. Para que se tenha a idéia da total selvageria dos que compõem as torcidas organizadas – salvo raríssimas e microscópicas exceções – no dia 02/12, na comunidade da Fúria Jovem do Botafogo no Orkut, um indivíduo que se identifica como Alex Ceamor deixou a seguinte mensagem: "ei galera tem q quebra o onibus dos tuf gay ei galera da furia tem q quebrar o onibus da tuf gay eles botaro pra coma de vcs aqui em fortaleza agora tem q quebra eles mete a pea mata pelomenos 1 ou 2 pra dizer q a uniao e do mal cearamor + furia otem pra cima desses filhos da puta cearamor + furia vlw" (sic). Típico de uma mente doentia e bandida.

BARBÁRIE – Ou o Ministério Público Estadual age com mais energia e força, extinguido essas torcidas organizadas, ou essa escalada de violência só tenderá a aumentar. Não será surpresa – nem por falta de aviso – se daqui a alguns dias bandidos resolverem "vingar" a morte do presidente da TUF em quem eles considerarem que foram culpados pelo assassinato, entretanto não lá no Rio de Janeiro, mas aqui. Esse triste e trágico episódio ocorre algumas semanas depois da condenação de Zairton Cavalcante, o playboy, pelo assassinato de um torcedor do Ceará e outro do Paysandu (PA).

BARBÁRIE – No próximo ano as torcidas irão se cruzar novamente, tanto no Ceará quanto no Rio de Janeiro. Prenúncio de mais violência. A menos que o episódio sirva para uma reflexão – o que parece pouco provável – ou o Poder Público deixe de ser omisso. Evidentemente a maioria da imprensa esportiva local vai deitar ladainha sobre o fato, o que é justificável e até poderia ser produtivo, não fosse esse grupo um hábil manipulador dessas torcidas, aproveitando-se dessas pessoas para colher dividendos financeiros, pessoais, eleitorais, etc. Oxalá não aconteça em nenhum momento, mas esse confronto pode até ser mais breve do que se pensa: a FJB tem uma espécie de "convênio" com a Cearamor. Quando aqui vem jogar o time carioca, integrantes da FJB ficam hospedados na sede da torcida alvinegra. Até porquê minutos após o crime já circulavam pelo Orkut mensagens de vingança e ameaças.

BARBÁRIE – Hoje lamenta-se a vida perdida, que poderia ter sido salva se não fossem selvagens que utilizam o futebol para extravasar seus institutos. Adler Pinheiro, irmão da vítima, já foi algumas vezes flagrado em ações de incitação à violência. Em alguns debates promovidos para a discussão da violência em torno do futebol chegava, até mesmo, a não pronunciar o nome do Ceará Sporting e referir-se ao clube como "o outro time". Infelizmente um episódio trágico e que merece todo o repúdio talvez faça com que até ele repense suas atitudes. A Justiça precisa identificar e punir severamente os assassinos de Marcionílio Pinheiro, pois bandido é bandido, seja qual for a camisa de time de futebol que use para se disfarçar.

PRÊMIO – O empresário Deusmar Queiroz, proprietário da rede de farmácias Pague Menos, foi contemplado com o prêmio Delmiro Gouveia, promovido pela Bolsa de Valores Regional e o jornal O Povo. Foi aquinhoado no setor de “desempenho social”. Tudo bem se o agraciado em questão não fosse o mesmo que, dias depois, foi pronunciado pela Justiça por crime de homicídio qualificado, formação de quadrilha e outros delitos, em virtude das investigações feitas pelo Ministério Público Federal e Estadual, que resultou na ação impetrada pelo MPE contra diversos policiais militares e empresários.

PRÊMIO – O caso ficou conhecido como grupo de extermínio, cujos serviços foi, segundo denúncia do MP, utilizado pelas empresas de Deusmar Queiroz. O caso teve ampla repercussão nacional. Torna-se no mínimo estranho o empresário ser agraciado com um prêmio exatamente por causa de seu “desempenho social”.

PRÊMIO – O Em Off não deseja, em nenhum momento, desrespeitar o princípio da presunção de inocência, mas foi, no mínimo, um erro dos encarregados pela premiação não evitar que o título fosse associado a uma pessoa sobre a qual pesam acusações da natureza das que foram formuladas pelo MPE. Seria mais prudente esperar pela decisão da Justiça sobre o processo no qual figura como réu para, em caso de absolvição, aí sim, reinseri-lo no leque de concorrentes ao prêmio.

ROBUSTAS – Espera-se que a Justiça cearense – apesar da responsabilidade maior recair sobre o júri popular, ao qual serão submetidos os pronunciados – não perca a oportunidade de realizar um julgamento isento e que, de fato, reflita os anseios da sociedade. As provas colhidas pelo MP são robustas.

IMPUNIDADE – Aproveitando o assunto Judiciário cearense, nesse mês de dezembro o assassinato da empresária Ethel Angert completa treze anos sem que o autor do crime, o também empresário e ex-marido da vítima Flávio Carneiro – proprietário da rede de lojas de disco Tok Discos, da empresa de lacticínios Tok Milk e outros empreendimentos – tenha sentado no banco dos réus. Em vez disso o acusado é visto com certa freqüência em colunas sociais impressas e eletrônicas da mídia local. Ethel foi covardemente assassinada a tiros de pistola durante a execução de uma ação de despejo contra uma das lojas do assassino.

FUTILIDADE – E na melhor vertente futilidade a colunista Sônia Dinheiro, ôps, Pinheiro, noticiou que o bon vivant Régis Benevides viajará para Modena, na Itália, para participar do encontro mundial dos proprietários de veículos da marca Ferrari. Sinceramente, o espaço de um jornal diário é por demais precioso para que seja ocupado com esse tipo de futilidade, ainda mais quando se trata nitidamente para contemplar a vaidade do enfocado e os interesses pessoais de quem redige a coluna.

FUTILIDADE – Aliás, o jornal O Povo há algum tempo resolveu apostar mais firme no setor de futilidade, ou, como queiram, “o colunismo social”. Além dos colunistas Lúcio Brasileiro e Sônia Pinheiro, o caderno Buchicho foi inundado com esse tipo de “atração”. Um sem número de colunas sociais – praticamente todas entregues a falsos profissionais – ocupa diariamente a maioria das páginas do caderno. Vai desde o colorido Lázaro Medeiros até o playboy sem causa Pompeu Vasconcelos, passando pela dublê de performer/cantora/misto de Maga Patalógica e Amy Lee Karine Alexandrino.

PRIMEIRA – E apareceu a primeira pessoa a utilizar a inédita expressão "o bom velhinho" para denominar o Papai Noel. Coube à "repórter" (?) Clotilde Dantas (TV Diário) inaugurar a galeria de 2005. Quanto aos produtores dos telejornais locais já "bateram o centro" há muito tempo: as matérias sobre o "rififi" das compras de final de ano, as lojas cheias, vendedores e consumidores falando sobre o que irão presentear e o que desejariam de presente no Natal, dicas de como fazer uma ceia mais barata, sobre decoração natalina, colecionadores de objetos referentes ao Natal, os empregos temporários e os trabalhadores sazonais rezando para serem efetivados, as luzes da decoração, enfim, uma sucessão de pautas que se sucedem sucessivamente sem cessar, mas cansando e fazendo pouco caso da inteligência do telespectador/leitor. Originalidade e criatividade mandaram lembranças. Ah! Íamos esquecendo das matérias com corais e as pessoas que passam o ano todo virando a cara para o próximo, mas é tomada de uma fraternidade repentina no período.

EXTRAPOLOU – O repórter Afrânio Marques extrapolou com folga o limite do racional e do bom senso. Semana passada, ao fazer uma matéria sobre um flagrante de acidente envolvendo um carro e duas motos, aproximou-se de um dos motociclistas que estavam no chão, aguardando socorro médico e iniciou a entrevista com o desafortunado: “Oi, tudo bem contigo?”. Deitado no chão, sob sol escaldante, gemendo de dor após uma colisão de trânsito, seria estranho se o indivíduo estivesse bem. A matéria foi ao ar nos programas policiais da TV Diário.

SUTIL – Sutilmente as emissoras do Sistema Verdes Mares de Comunicação, especialmente a TV Diário, deu um enfoque maior à greve dos professores da Universidade Federal do Ceará (UFC). Também passou a ser explorada uma suposta onda de insegurança no Campus do Itaperi, da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Com efeito, alguns pontos do Campus não possuem iluminação, bem como o local não está imune à onde de violência que assola todo o País, mas daí à afirmação de uma onda de insegurança vai uma distância muito grande.

SUTIL – No pano de fundo o vestibular da Universidade de Fortaleza (Unifor), que estava com inscrições abertas. A Instituição integra o Grupo Edson Queiroz, ao qual também pertence o SVM. As emissoras do Sistema, entretanto, silenciam para os diários casos de assaltos, roubos e furtos que ocorrem no Campus da Unifor. Aliás, o exemplo mais emblemático dessa postura foi a forma como as empresas do SVM noticiaram o assassinato da estudante Elian Aguiar Mendes, assassinada em um dos banheiros da Unifor, durante provas do vestibular da UFC. Naquela ocasião as empresas do SVM omitiram o local do crime.

FOCO – Curiosamente os comentários feitos pelo diretor de jornalismo da TV Diário, Roberto Moreira, dentro do telejornal Diário na TV, focam quase que exclusivamente o governo federal, sempre contemplado com críticas, muitas delas repetitivas. O comentarista não faz nenhuma menção ao descalabro administrativo no governo estadual, bem como à quase inexistente ação da bancada federal cearense. Nem mesmo o fato, por exemplo, de o deputado federal cearense Eunício Oliveira estar ocupando o cargo de ministro das comunicações quando da eclosão do escândalo de corrupção nos Correios, empresa pública subordinada à pasta que era ocupada pelo parlamentar do PMDB.

CORREIO – Falando em Correio, a empresa resolveu incluir, num aditivo ao edital original, a obrigatoriedade do curso de web designer, para os candidatos à vaga de técnico em comunicação social júnior que a Empresa oferece em concurso público. Ocorre que o curso posteriormente exigido para a investidura no cargo não é área afim da comunicação social. A manobra será facilmente derrubada e procedimentos administrativos estão sendo impetrados por concorrentes ao cargo. Caso deseje manter a posição autoritária que já expôs em concursos anteriores e negue os recursos administrativos, o Correio passará pelo constrangimento de ter que sofrer a ação do MPF, instância à qual, fatalmente, os prejudicados irão recorrer.

INDICIAMENTO – Quando das investigações sobre o caso “cuecagate”, onde o ex-assessor do deputado estadual José Guimarães (PT) foi preso no aeroporto de São Paulo com uma pasta contendo mais de R$ 200 mil e cerca de US$ 100 mil escondidos na cueca, episódio em que acabou implicado também o ex-chefe do Gapre do Banco do Nordeste Kennedy Moura, o Em Off afirmou que seria muito difícil o presidente da Instituição, Roberto Smith, não ser indiciado no caso.

INDICIAMENTO – Por omissão o presidente do BN foi indiciado pelos procuradores federais Márcio Torres e Alexandre Meireles por improbidade administrativa. Não dava para acreditar na versão de que as ações do ex-homem forte do BN e pessoa da mais alta confiança de Smith e de Guimarães ter feito, segundo apurou o MPF, praticou tráfico de influência e outros delitos, sem que seu chefe soubesse.

INDICIAMENTO – Ainda mais após o fato de Roberto Smith ter declarado apoio publicamente ao ex-chefe do Gapre quando do episódio ocorrido com superintendentes do Banco acusados infundadamente por Kennedy de corrupção no caso da contratação da empresa Cobra. O TCU inocentou os acusados por Kennedy, constatou irregularidades no processo comandado pelo então chefe de gabinete da presidência do BN e determinou a anulação do contrato, o que o Banco acabou fazendo. Smith ainda pode ter que responder a mais uma ação de improbidade administrativa, em virtude da investigação do MPF do patrocínio do Banco do Nordeste ao Festival Vida & Arte, realizado em janeiro desse ano. Na ocasião o promotor do evento, o jornal O Povo, realizou shows musicais com cobrança de ingresso. Como empresa pública o BN não poderia ter patrocinado um evento de empresa particular destinado à aferição de lucro.

SINAL – Há algum tempo o sinal da TV Diário não é mais transmitido para a capital paulista por sinal UHF. Naquele Estado, quem tiver o estranho desejo de assistir à emissora somente através da parabólica. Melancólico destino de quem já chegou a ser apregoada, como fez o falso profissional Walney Haidar, “a quarta emissora de maior audiência na capital de São Paulo”. Será que alguém acreditou nisso? Provavelmente nem o formulador da descabida sentença.

SIGILO – O procurador da República no Distrito Federal, Bruno Caiado Acioly, tentou contestar judicialmente o direito do jornalista de preservar o anonimato de fonte de notícias de interesse público. Segundo matéria publicada no jornal O Estado de São Paulo, Acioly trocou mensagens através de correio eletrônico com colegas de MPF, nas quais solicita subsídios para sua intenção de mover mandado de segurança para quebrar sigilo telefônico de quatro jornalistas que escreveram sobre corrupção envolvendo servidores do Banco Central e dirigentes de bancos privados.

SIGILO – O Estadão revelou que, entre os alvos de Acioly, estariam dois jornalistas da revista Veja e um do próprio jornal. O procurador da República no DF justificou-se ao jornal paulista dizendo que “Por enquanto, é uma discussão acadêmica, teórica, para promover reflexão sobre os limites do sigilo da fonte”. Discussão teórica ou não, o fato é que a intenção de Acioly preocupa a todos os profissionais do jornalismo brasileiro. Afirmando não ser contra o sigilo da fonte, o procurador defendeu uma “flexibilização” quando a fonte se envolve em crimes. Utiliza um argumento extremo para justificar seu pensamento: “Um terrorista que avisa ao jornalista que vai contaminar o reservatório de água de uma cidade não deve ter seu sigilo quebrado?”.

SIGILO – Na verdade o procurador argumenta que o interesse coletivo se sobrepõe a algumas garantias individuais e de determinados grupos. Uma boa discussão acadêmica, de fato, mas que pode desbancar para distorções incomensuráveis. Seria o caso de perguntar ao procurador, por exemplo, se um assassino em série relatasse a um sacerdote seus crimes durante uma confissão, ele defenderia que o padre tivesse quebrado o sigilo da confissão para que os crimes fossem punidos e outros evitados?

SIGILO – São casos extremos, a bem da verdade, mas enquanto o sigilo da confissão é um preceito restrito apenas à religião católica, o sigilo da fonte é uma garantia constitucional, através do inciso XIV do Artigo 5º da Constituição, que preceitua: “é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”. Portanto, o procurador deseja a suspensão de um direito constitucional, o que só poderia ser possível mediante modificação na Carta Magna, mediante emenda constitucional.

SIGILO – Ainda que isso estivesse em curso – o que só seria possível mediante proposta de, no mínimo, um terço do Congresso Nacional; de mais das Assembléias Legislativas dos Estados, manifestando-se pela maioria relativa de seus membros e do presidente da República – o objeto da discussão trata-se de um inciso do capítulo referente aos direitos e garantias individuais, sendo vetado pelo inciso IV, parágrafo 4º do Artigo 60º emenda que vise abolir quaisquer deles.

SIGILO – O procurador desejava relativizar o sigilo da fonte. Bruno Acioly e a procuradora Raquel Branquinho já haviam entrado com medida cautelar para a quebra do sigilo telefônico dos quatro jornalistas, mas a titular da 10ª Vara Federal de Brasília, Maria de Fátima de Paula Pessoa Costa, negou a solicitação. Os dois procuradores são os autores da ação contra o escândalo Marka FonteCindam, que acarretou prejuízo de R$ 1,5 bilhão ao erário, em 1999. Os quatro jornalistas invocam o sigilo profissional para não revelar o nome do informante das matérias relativas ao caso.

SIGILO – O interesse coletivo, em muitas vezes, sobrepõem-se ao individual, mas um princípio constitucional não pode ser desrespeitado. Além do mais, trata-se de ferramenta mais do que necessária à atividade jornalística o sigilo da fonte. Há algum tempo uma jornalista norte-americana acabou presa por meses ao recusar-se revelar sua fonte numa matéria onde foi revelada a identidade de uma espiã daquele País. Somente foi libertada após ser autorizada pela própria fonte a revelá-lo. O episódio foi mais um dos que feriram de morte a prática livre do jornalismo nos Estados Unidos. Talvez seja isso que o procurador brasileiro deseje.

SIGILO – A Procuradoria Geral da República divulgou nota desautorizando o procurador Bruno Acioly a intentar ação para quebrar o sigilo da fonte dos jornalistas, bem como boa parte dos procuradores federais é contra isso. Mas, caso fosse levada a cabo e encontrasse respaldo no Judiciário a medida abriria um precedente extremamente perigoso não apenas para os jornalistas, mas também para a sociedade, uma vez que praticaria inibiria por completo que se formulassem denúncias para que a imprensa investigue e leve ao conhecimento do povo.

VOTO – O voto do relator da ação que restabeleceu a lei e a exigência do diploma de graduação universitária para a obtenção do registro profissional de jornalista, Manoel Álvares, da 3ª Região da Justiça Federal, está a disposição no endereço: http://geocities.datacellar.net/emoffbr/especial.htm

CARO – A Guarda Civil de Fortaleza aditivou um contrato firmado com a Palmilhado Boots Indústria e Comércio, no percentual de 25% no valor inicial do contrato, que era de R$ 58,8 mil, resultando num acréscimo de R$ 14,7 mil, perfazendo um total de R$ 73,5 mil para a compra de 210 coturnos, calçado militar. Cada coturno custará ao contribuinte R$ 350,00, preço de sapato de primeira qualidade. A não ser que o coturno seja feito em couro de avestruz, crocodilo no Nilo, tenha seu desenho assinado por um shoes estilist...

COPA – A Prefeitura vai também, através da Secretaria Executiva Regional V, comandada por Oriá Fernandes, bancar a 1ª Copa Colegial de Fortaleza Belas das Escolas Públicas e Particulares da SER V (ufa!), através de convênio assinado entre a PMF e a Liga Esportiva do Bom Jardim, cujo valor não foi especificado no documento. Caso envolvesse apenas estudantes de escolas públicas, o convênio seria plenamente justificável, mas como envolve alunos de escolas particulares, não é justo que o munícipe arque, sozinho, com todas as despesas.

ALUGUEL – O Instituto de Pesos e Medidas de Fortaleza (Ipem), firmou contrato de locação com João Marreiros da Rocha para a locação de um imóvel destinado a serviço público localizado em... Caucaia. O imóvel fica na Travessa Plácido Monteiro Gondim, nº 28, no Centro daquele Município. Segundo o contrato, o imóvel será destinado à instalação de uma Agência Regional do Ipem. Valor do aluguel mensal: R$ 300,00. Ora, mas o que o Ipem teria a resolver em Caucaia, fora de sua jurisdição? Tudo bem que Caucaia seja, digamos, uma cidade-dormitório e que boa parte de seus habitantes trabalham em Fortaleza, mas daí a extrapolar sua área de jurisdicional é outra história.

MILIONÁRIO – No esteio dos contratos milionários assinados entre a Prefeitura de Fortaleza e Organizações Não Governamentais, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Infra-Estrutura (Seinf), comandada por Luciano Linhares, firmou contrato com o Centro de Incentivo à Vida (CINV) – muito prazer! – para a “execução das atividades de promoção dos programas pró-saneamento a serem executadas pelo Município, com utilização de recursos humanos, execução dos serviços de organização de eventos, transporte dos participantes e fornecimento de material de expediente para os projetos sociais”.

MILIONÁRIO – O contrato – 035/2005 – tem a duração de doze meses, com possibilidade de prorrogação, e o módico valor de R$ 3 milhões. A escolha deu-se mediante pregão presencial, mas é curioso uma ONG pouco ou quase desconhecida apresentar-se qualificada para um serviço de tal envergadura. A CINV é sediada na rua São Cura Dars, 85, no bairro Cristo Redentor e é comandada por Jovanildo Sobral do Nascimento. O contrato proporciona R$ 250 mil mensais para esses “eventos de promoção”. Nesse caso o processo licitatório deveria ser mais criterioso.

OUTRO – Depois de Dacildo Mourão, o também ex-árbitro Luciano Monteiro da Silva é outro que conseguiu um “gancho” na PMF. O moço foi nomeado para o cargo em comissão de Assistente Técnico de Esporte e Lazer, da SER II, comandada por Rogério Pinheiro.

PARA REFLETIR – “Você pode dizer que eu sou um sonhador, mas eu não sou o único” (trecho da música Imagine, de John Lennon, cujo assassinato completa 25 anos no próximo dia 08/12).

 

ATUALIZAÇÃO N.º 296 - 12/12/2.005

ESCUTA – O procurador da República no Distrito Federal, Bruno Acioly, tentou mover ação – felizmente abortada em seu nascedouro e repudiada pelo próprio corpo do Ministério Público Federal – para que fosse suprimido o direito constitucional do sigilo da fonte. O procurador queria que fosse quebrado o sigilo telefônico de jornalistas da revista Veja e do jornal O Estado de São Paulo, para que fosse reveladas as fontes das denúncias feitas em matérias, sobre irregularidades no Banco Central no episódio Marka/Fonte Cindam, que lesou o erário em R$ 1,5 bilhão.

ESCUTA – No Espírito Santo um organismo do governo estadual, chamado "Guardião", realizou escutas telefônicas ilegais, através de "grampos" instalados na central telefônica da Rede Gazeta, que engloba o jornal A Gazeta, a emissora de rádio que retransmite a CBN e a TV Gazeta. A escuta telefônica somente pode ser realizada através de autorização da Justiça, o que não era o caso das realizadas pelo tal "Guardião".

ESCUTA – Aqui no Ceará o governador Lúcio Alcântara (PSDB) enviou projeto para a Assembléia Legislativa criando a "Agência Estadual de Informação", que teria, entre outras atribuições, a de executar serviços de escuta telefônica. Um organismo semelhante ao "Guardião" capixaba. Ora, muito provavelmente a tal "Agência" proposta por Lúcio Alcântara teria a mesma função de seu "co-irmão" do Espírito Santo. Será um instrumento para que o governo monitore quem lhe faz oposição. Típico de regimes ditatoriais, assim, como esse que o Ceará vem sofrendo desde 1987. Aliás, Lúcio iniciou sua vida política na Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de sustentação do regime militar que ficou vinte anos no poder. Depois, com a restauração do pluripartidarismo, acompanhou os companheiros de Arena e filiou-se ao PDS, mais tarde desaguando no também refúgio de ex-militantes ditatoriais PFL, estando hoje no PSDB.

ESCUTA – A exemplo do que o "Guardião" capixaba fez, agindo ilegalmente e funcionando como um instrumento de repressão e intimidação, a "Agência" que o governo estadual cearense pretende criar trilhará o mesmo caminho. Não será surpresa se for flagrada em situação idêntica. Espera-se que a Assembléia não referende esse absurda iniciativa do governador, mas com seu histórico de subserviência ao Executivo, dificilmente o Parlamento Estadual contrariará o desejo do governo, e aí não apenas jornalistas mas qualquer cidadão que se oponha ao jugo dos que detêm o poder estará sujeito a ter suas conversas telefônicas gravadas. Puro saudosismo de uma época nefasta da história brasileira e no rastro do famigerado Ato Institucional Nº 5. A sociedade precisa se mobilizar para evitar esse tipo de atentado aos seus direitos.

ABUSO – Recentemente o programa comandado por João Kleber foi retirado do ar pela Justiça Federal, através de ação movida pela Procuradoria da República em São Paulo. O motivo foi a propagação de mensagens preconceituosas aos homossexuais. A Constituição garante ao cidadão o direito de se defender de programação televisiva e radiofônica que lhe for agressiva. Por aqui os abusos em programas de rádio e TV são da mais variada natureza.

ABUSO – Os programas policiais de infestam a programação das emissoras de TV locais desrespeitam as mais básicas leis. Nem mesmo um termo de ajustamento de conduta (TAC), assinado entre as emissoras e o Ministério Público Federal, que em ação conseguiu que a Justiça determinasse a exibição desses programas somente após as 22 horas enquanto não se adequassem ao que determina a lei, está sendo cumprido. Os motivos que levaram o MPF a mover a ação continuam presentes.

ABUSO – As imagens de cadáveres banhados em sangue não são mais desfocadas, sendo veiculadas com requintes de detalhes. Três dos quatro programas policiais são exibidos no final da manhã e início da tarde, no horário do almoço. Semana passada a TV Diário exibiu imagens de um homem assassinado a tiros, com closes detalhados. Também foi exibida a imagem de três crianças filhas de um casal de portadores do vírus HIV, o que as colocou em risco, expostas à discriminação.

ABUSO – Os “repórteres” desses programas, em sua maioria falsos profissionais, também se excedem em acusações e incitando brigas e violência. Está mais do que na hora do MPF novamente voltar a agir para coibir esses abusos. Como está havendo descumprimento do TAC, promover a execução das sanções previstas no acordo. Mas não são apenas os programas policiais que se excedem.

ABUSO – O programa “Garras da Patrulha” (TV Diário) utiliza uma linguagem chula e esquetes preconceituosos. O fato verifica-se também no programa homônimo veiculado pela Rádio Verdes Mares AM. Uma grosseira e descabida confusão entre humor e baixaria. Uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas os redatores teimam em querer misturar texto humorístico com esculhambação.

IMPRUDENTE – Semana passada o apresentador João Inácio Júnior (TV Diário) mostrou em seu programa um “vidente” que, dentre outras sandices, fez a previsão de que na próxima década ocorrerá uma onda gigante (tsunami), nos moldes como aconteceu na Ásia. Ora, a “previsão” pode provocar nos incautos um terror que pode traduzir-se em conseqüência grave. O apresentador passou dias anunciando a “atração” em quase todos os programas da emissora.

IMPRUDENTE – Esse tipo de espertalhão é facilmente desmascarado: como uma pessoa com o dom da vidência ainda está pobre, não está rica? Afinal, se tem mesmo esse dom, por qual motivo não prevê os números que serão sorteados na mega sena? Infelizmente ainda existe muita gente que crê nesse tipo de bobagem e pode tomar uma atitude catastrófica baseada na bazófia de um bufão.

RECORDE – E para quem pensava que nada mais de estrambótico poderia ocorrer nas “reportagens” das emissoras de TV locais, eis que surgiu um indivíduo, José Filho (TV Cidade), que apareceu no vídeo fazendo matéria mascando chiclete. Temos um “repórter” que utiliza óculos escuros em suas “matérias”, tínhamos um que usava um chapéu e agora há o mascador de chiclete.

TIRO NO PÉ – Comentando no Diário na TV o episódio em que um torcedor do Fortaleza e outro do Botafogo foram assassinados, o diretor de jornalismo da TV Diário, Roberto Moreira, atribuiu a culpa da violência nos estádios a profissionais de imprensa que “incitam e se aproveitam das torcidas organizadas até para conseguir mandatos eletivos e para o que fazem de errado fecham os olhos”. Um dos “profissionais” vem a ser exatamente o chefe da equipe esportiva da Rádio Verdes Mares AM, Gomes Farias, que inclusive elegeu-se deputado estadual em 2002 com o voto de torcedores desprovidos de inteligência.

CAMPANHA – A TV Cidade promove, nas sextas-feiras, shows nos bairros de Fortaleza, onde, além das presenças de bandas de forró, há também a participação do apresentador do programa Cidade 190, Edson Silva; o comentarista/advogado/marido da filha do dono Vitor Valim; o vereador e também apresentador de um programa na emissora Alri Nogueira e o deputado federal Moroni Torgan, ambos do PFL. O que é anunciado como um evento para “ouvir a população” na verdade nada mais é do que um comício disfarçado, onde os quatro discursam para um público que se acotovela esperando pelas bandas de forró.

CAMPANHA – Os quatro estão em plena campanha política. Edson Silva sonha com uma cadeira na Câmara Federal – caso Moroni Torgan não dispute a reeleição para deputado federal e alce um vôo mais alto – ou na Assembléia Legislativa. Alri também possui a intenção de deixar a Câmara Municipal de Fortaleza para candidatar-se ao Parlamento Estadual. Trata-se da mais descarada utilização de um meio de comunicação para contemplar aspirações políticas.

CAMPANHA – Semana passada o “comentarista” do Jornal da Cidade Márcio Lopes criticou indiretamente o ex-prefeito Juraci Magalhães, que está espalhando cartazes por todos os cantos da Cidade, fazendo campanha antes do prazo permitido pela Justiça Eleitoral, uma vez que já apregoou ser candidato a uma vaga na Câmara Federal nas eleições do próximo ano. Não se referiu, entretanto, à mesma estratégia de Moroni, Edson Silva e Alri.

CAMPANHA – Assim como a Procuradoria Regional Eleitoral apareceu em matéria no Jornal da Cidade, através do procurador Oscar Costa Filho, assumindo a postura de que irá investigar o responsável pelos cartazes para punição, tem que coibir esse tipo de irregularidade. Não apenas as cometidas nos “comícios”, mas também nas verificadas nos programas e telejornais da TV Cidade.

CAMPANHA – Ano passado a TV Cidade apoiou abertamente a candidatura de Moroni Torgan nas eleições municipais. O deputado federal, inclusive, utilizava um caminhão de apoio pertencente à emissora em seus showmícios. Emissora de TV é concessão do Poder Público, não pode ser usada para satisfação de interesses pessoais. Infelizmente ela não é a única a proceder dessa maneira. A TV Jangadeiro retrocedeu de vez e está mais chapa branca do que nunca, inclusive tendo transformado os editoriais do programa Barra Pesada em propaganda eleitoral tucana.

ATRASADO – O colunista Alan Neto escreveu em sua coluna Vale Tudo (jornal O Povo), edição do dia 11/12: “O ÚLTIMO SERÁ O PRIMEIRO? Já está escolhida a lista tríplice para a escolha do novo Procurador Geral do Estado. Desta vez, os promotores mais unidos passaram a perna nos procuradores. Cada nome melhor que o outro. O primeiro mais votado está, porém, sem pregar o olho. Por qual razão? Dentro do estranho critério adotado por Lúcio Alcântara, nem sempre quem recebe mais votos dos companheiros emplaca no cargo. Ele prefere optar pelo segundo ou pelo terceiro. Será masoquismo?”.

ATRASADO – Ocorre que no dia anterior o jornal O Povo noticiou com uma extensa matéria: “O governador Lúcio Alcântara (PSDB) nomeou ontem Manuel Lima Soares Filho para a Procuradoria Geral de Justiça do Ceará. Ele foi escolhido com base em lista tríplice votada no último dia 2 pelo Ministério Público do Estado. Desde a Constituição de 1988, Manuel Lima é o primeiro promotor a ocupar o cargo de procurador-geral de Justiça”. O colunista além de estar desinformado demonstrou que não lê nem mesmo o próprio jornal onde rabisca suas linhas.

PÉROLA – Essa foi publicada na edição do dia 05/12, no jornal O Povo, sobre o desempenho do Fortaleza na Série A do campeonato brasileiro de futebol: “Leão: bem em casa, mais mal fora”. Nesse caso o correto não é o advérbio de intensidade “mais” e sim a conjunção indicativa da oposição ou restrição “mas”.

PROGRAMA – O dublê de radialista/apresentador paraense Carlos Santos é o mais novo a arrendar horário na TV Diário e vai comandar um programa semanal na emissora. O apresentador ficou famoso na década de oitenta, quando vendeu milhares de discos, mas depois foi descoberto – e o próprio admitiu – que não cantava, mas pagava para que cantores de sua terra natal gravassem as músicas. Ele apenas posava para as fotos das capas dos discos e dublava nos programas que se apresentava. Em resumo: um embuste.

CONTINUA – O Saloon Savana, bingo ilegal, continua funcionando abertamente na rua Major Facundo, a um quarteirão da Praça do Ferreira. Agora, além de bingo, máquinas de vídeo-pôquer, o “estabelecimento” também oferece jogo do bicho. Infelizmente a ação da Procuradoria da República ainda não ocorreu para fechar o local.

CONTINUA – O curioso é que a poucos metros do local há uma van da Polícia Civil estacionada, prestando serviços aos que freqüentam e transitam pela Praça do Ferreira. Tudo bem que a ação para o fechamento dos bingos é jurisdição do Ministério Público Federal e, conseqüentemente, da Polícia Federal, mas a repressão à contravenção do jogo do bicho é atribuição do Ministério Público Estadual e da Polícia Civil.

REVOLTA – O presidente do Fortaleza Esporte Clube, Ribamar Bezerra, causou revolta na Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF), por ter se negado a contribuir para que o grupo retido no Rio de Janeiro após o confronto com a torcida do Botafogo, que resultou na morte do presidente da TUF e no vice-presidente da Fúria Jovem do Botafogo, voltasse de avião da capital carioca. Quando um dos integrantes da TUF disse que um dos componentes do grupo poderia ser filho dele, Ribamar respondeu que seu filho jamais andaria com torcida organizada nem estaria naquele ônibus. O clima não está nada bom entre o mandatário tricolor e a torcida.

OMISSÃO – Falando ainda sobre o episódio do confronto entre torcedores do Fortaleza e do Botafogo, a imprensa esportiva (?) local omitiu o fato de encontrar-se no microônibus que conduzia os integrantes da TUF e que foi interceptado pelos torcedores da FJB, Francisco Menezes da Ressurreição, que é procurador do Tribunal de Justiça Desportiva da Federação Cearense de Futebol. Qualquer pessoa tem o direito de torcer por qualquer time que deseje, mas não é prudente, no mínimo, que o procurador da instância encarregada de julgar os processos afeitos ao futebol cearense não se expusesse dessa forma.

OMISSÃO – Aliás, a “imprensa esportiva” local tem silenciado sempre quando os interesses pessoais de seus pseudo-cronistas determinam. Foi assim, por exemplo, quando o vice-governador Maia Júnior determinou que o estádio Castelão fosse fechado, ano passado, a fim de que não fosse realizado o primeiro jogo da decisão entre Ceará x Fortaleza, pelo campeonato cearense do ano passado, em cumprimento a um acordo assinado entre os dois times, mas posteriormente contestado pelo tricolor, que se recusou ir a campo.

COLÔNIA – No dia da Justiça, comemorado no dia 08/12, a Associação Cearense de Magistrados inaugurou 10 apartamentos estilo chalé, em sua colônia de férias, localizada na praia da Tabuba. A colônia se chama Senador Carlos Jereissati. Ora, o natural seria que a colônia recebesse o nome de um magistrado e muitos nomes notáveis da história da magistratura cearense poderiam nomear o local. Talvez o fato de a colônia ter sido construída pelo empresário Carlos Jereissati – irmão do senador Tasso Jereissati, ambos filhos do homenageado – e que arcou com o custo de R$ 200 mil do projeto, assinado pela então esposa Bia Barros, em terreno doado pela Prefeitura de Caucaia.

COLÔNIA – A ampliação foi feita com a contribuição do ex-deputado federal Etevaldo Nogueira e um busto do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) César Asfor foi inaugurado. Esquisito esse tipo de homenagem para uma pessoa que está viva. Não que o ministro não mereça, mas é que essas homenagens geralmente são prestadas a pessoas que já faleceram.

PREJUÍZO – O Ceará Music é um evento particular, realizado por uma empresa particular num hotel. O festival de música proporciona um excelente lucro para a empresa promotora. Alguns custos, entretanto, ficaram a cargo do contribuinte, que não teve acesso aos lucros aferidos pelo Ceará Music. Nesse ano, durante os três dias do festival – 14 a 16 de outubro passado – 62 agentes da Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania de Fortaleza (AMC) trabalharam no ordenamento do trânsito.

PREJUÍZO – O munícipe acabou arcando com o ônus do pagamento das 16 horas extras – acrescidas de 50% por cento – que a AMC pagou aos agentes. Não é justo que o contribuinte pague por um serviço prestado a uma empresa privada num evento particular com o fito único de lucro, claro. Não houve qualquer retorno social, ainda que alguns ingênuos argumentem que o Ceará Music deixa dividendos, gira a economia. Ele gera lucro para um determinado segmento, mas a maioria da população fica apenas com o ônus, não com o bônus.

DESPESAS – O munícipe também pagou uma passagem aérea Fortaleza/São Paulo/Fortaleza, R$ 948,00 referentes a seis diárias e R$ 320,00 de taxa de inscrição para que Maria de Lourdes Góes Araújo, coordenadora da saúde da mulher e gênero, participasse do 10º Encontro Feminista Latino Americano e do Caribe, que segundo a Prefeitura de Fortaleza, é “de interesse da municipalidade”.

POLIVALENTE – Depois de fornecer alimentação, fardamentos, a Top Comercial de Produtos Eletroeletrônicos e Serviços Ltda. firmou contrato, através de pregão presencial, para fornecer bandeiras e pesca larvas para uso específico dos profissionais do Programa Municipal de Controle da Dengue. Essa empresa é bem eclética...

MILIONÁRIO – Mais uma ONG foi contratada sem licitação pela Prefeitura de Fortaleza. Através da Secretaria de Saúde, o Movimento Integrado de Saúde Mental Comunitária (Mismec), assinou convênio para a execução de “um Projeto Interdisciplinar e transcultural que articula o ‘saber científico’ com o ‘saber popular’ numa perspectiva complementar a serviço das dinâmicas individuais e comunitárias”, com um contrato com o valor global de parcos R$ 1,427 milhão. O contrato tem vigência até o dia 31/12/2008.

FECHADO – A Câmara Municipal promulgou a lei 9.033, de 10/11/2005, que obriga os estabelecimentos comerciais que prestam serviços similares a bancários, destinarem ambiente próprio isolado e seguro a funcionários, clientes e usuários. O prazo para que os estabelecimentos se adequem à lei é de seis meses, sob pena de ter cassado o alvará de funcionamento. Isso atingirá em cheio agências lotéricas, supermercados, a rede de farmácias Pague Menos e da rede Chegue e Pague. Essa última está instalada em lojas de uma rede de farmácias. Será difícil que as empresas aceitem cumprir essa lei, mas a Prefeitura tem que fiscalizar e exigir seu cumprimento.

PARA REFLETIR – “Estou convencido das minhas próprias limitações - e esta convicção é minha força”. (Mahatma Gandhi)

 

ATUALIZAÇÃO N.º 297 - 19/12/2.005

EXPOSIÇÃO – Depois de crianças em situação de risco – filhas de um casal de portadores do vírus HIV – cujos rostos foram mostrados, os programas policiais da TV Diário mais uma vez extrapolaram e cometeram irregularidades. Dessa vez divulgaram o nome de uma senhora de 94 anos, que teria sido estuprada e cuja acusação de autoria do delito era atribuída a um ex-marido de uma de suas netas.

EXPOSIÇÃO – A emissora deveria ter divulgado apenas as iniciais do nome da anciã. Infelizmente o Ministério Público e as organizações de defesa dos direitos humanos – ou pelo menos se dizem defensoras – continuam de olhos vendados para esses abusos. Quando denúncias de desrespeito aos direitos humanos são feitas, por exemplo, contra policiais, se apresentam como bastiões dos ofendidos, mas silenciam quando a irregularidade é cometida pela mídia.

ABERRAÇÃO – Falando na TV Diário e seus programas policiais foi absolutamente constrangedor ver o delegado da Polícia Civil Cid Júnior e um oficial da Polícia Militar assistindo ao dublê de palhaço/falso profissional Ely Aguiar invadir uma casa onde funcionava um terreiro de candomblé, sem mandado judicial, tomando a frente e ordenando que o portão fosse imediatamente aberto. As duas autoridades assistiram a tudo caladas. No local havia, segundo denúncia, dois irmãos menores de dezoito anos.

ABERRAÇÃO – Mesmo que houvesse um mandado judicial – ou a iminência do cometimento de um crime, como prevê a Constituição para a quebra da inviolabilidade do domicílio – o que não era o caso, não caberia ao falso profissional tomar a frente da entrada na casa/terreiro. Arrogantemente e sob os olhares complacentes das duas autoridades policiais, o individuo ordenava que fosse aberto imediatamente o portão. Mais deprimente impossível.

PERDEU – O jornal O Povo perdeu uma boa oportunidade de discutir a forma como estão sendo estruturadas duas novas emissoras de TV: a TV Fortaleza, que está no ar desde julho e que é mantida pela Câmara Municipal de Fortaleza e a TV Assembléia, do Parlamento Estadual, que entrará em atividade nos próximos dias. A matéria foi titulada com “Democracia no ar” – publicada na edição do dia 12/12 do caderno Vida & Arte – mas a maneira como estão sendo estruturadas não está sendo nada democrática.

PERDEU – O texto afirmava que “com isso, amplia-se o mercado de trabalho para profissionais de Comunicação no Ceará”. Ampliou-se, com efeito, o mercado para os profissionais de comunicação que utilizaram o famoso “Q.I” – Quem Indica – para conseguirem um gancho nas novas emissoras. Os cargos são comissionados, pois os presidentes dos dois poderes, Tin Gomes e Marcos Cals preferiram esse dispositivo ao concurso público.

PERDEU – Na matéria, os radialistas Arnaldo Santos e Carlos Silva foram “promovidos” à condição de jornalistas. A TV Fortaleza é utilizada para acariciar o ego dos citados e satisfazer seus interesses pessoais. Tudo bancado pelo contribuinte. Excetuando-se a transmissão das sessões, não há nenhum programa que justifique os R$ 579 mil que o munícipe pagou pela instalação da emissora. A TV serve também para promoção pessoal dos vereadores, o que gerará um grande problema nas próximas eleições, pois os que já detêm assento na Câmara certamente não irão abrir mão de colocar seus rostos na telinha, via TV Fortaleza, burlando a legislação eleitoral, justificando que a exposição é inerente ao cargo que ocupam.

PERDEU – A TV Fortaleza não exibe nem mesmo a produção audiovisual local. Poderia servir como um instrumento de incentivo aos que militam nessa área, mas opta por incentivar a egolatria de seus “profissionais” e dos parlamentares. A TV Assembléia terá a mesma característica, não atuará diferentemente de sua coirmã primogênita. O jornal não procurou contraponto ao que expôs os que comandam as emissoras. Preferiu contentar-se apenas com o discurso oficial. Mas a prática é outra bem diferente.

COMPARATIVO – Em Belém, o navio San Martin chegou ao porto de Belém na sexta-feira, 16/12,
trazendo da Alemanha a primeira Uniset Full Color, com forno secador, da América Latina. A nova rotativa tem capacidade para imprimir jornais a uma velocidade de 70 mil cadernos de 32 páginas totalmente em cores por hora e com qualidade de revista. É mais um passo importante na história da tecnologia de mídia impressa no Brasil.

COMPARATIVO – Enquanto isso a máquina dos jornais Diário do Nordeste e O Povo são obsoletas. O DN, o único que possui duas máquinas de impressão – uma principal e outra reserva – ainda assim, vez por outra, atrasa exatamente por problemas de impressão. No jornal O Povo a máquina de impressão está tão ultrapassada que não será novidade se o jornal passar a circular com uma luva para que seus leitores não se sujem com a tinta.

PRÊMIO – Merece o prêmio "Toiceira de capim de ouro" o idealizador – ou idealizadores – do comercial do Ceará Sporting sobre a campanha para angariar recursos através da conta de energia elétrica, que está sendo veiculado na mídia. Faz uma apologia do nada, é completamente ininteligível.

ARTIGO – Está causando rebuliço o episódio no qual o jornalista e âncora do Jornal Nacional (Rede Globo), William Bonner, compara o telespectador médio do telejornal com o personagem Homer Simpson. O Em Off está disponibilizando o artigo escrito por Laurindo Leal Filho, que foi um dos professores universitários presentes no dia da visita que realizou com colegas de Academia à Rede Globo. O texto está disponível no link http://geocities.datacellar.net/emoffbr/laurindo.htm ou na página "Especial" http://geocities.datacellar.net/emoffbr/especial.htm

RETRATO – O resgate de dois periculosos presos que se deslocavam numa vã da Secretaria Estadual de Justiça do presídio para o fórum é o retrato da incompetência do governo estadual em todos os níveis e ramificações do que diga respeito à segurança pública. Os dois presos foram enviados ao fórum com a escolta de apenas dois policiais militares. Quinze homens interceptaram o carro e libertaram os presos.

RETRATO – Enquanto o governo do Estado pensa segurança pública de maneira amadora, os profissionais do crime cada vez mais se esmeram em beneficiarem-se dessa incompetência. Há muito tempo o governo tucano demonstra que segurança pública – ao lado de educação e saúde – não é prioridade. Em vez disso prefere apregoar uma falsa idéia, por exemplo, de industrialização do Estado, alardeando que a cada dois dias uma nova indústria é inaugurada no Ceará. Um dado que não tem muita significância se levarmos em consideração dados divulgados pelo IBGE, onde há o registro de uma retração na atividade industrial no Estado. Quanto ao resgate dos dois presos, o velho discurso de que todas as providências serão tomadas e os responsáveis identificados e punidos. Nada quanto ao modo como a ação se procedeu, de quem foi no Poder Público a negligência, a incompetência que proporcionou o fato.

COMILANÇA – Final de ano é época de instituições públicas promoverem as famosas “confraternizações de fim de ano” com a imprensa. Usam o dinheiro do contribuinte para fazer cortesia, algumas instituições, além de oferecer salgadinhos, jantares, bebidas, ainda sorteiam “brindes” entre os “profissionais de imprensa”. Tudo bancado pelo contribuinte. Prefeitura, governo do Estado, Assembléia, Câmara Municipal, Banco do Nordeste, etc.

COMILANÇA – Seria muito mais produtivo e interessante para a sociedade que essas instituições utilizassem esse dinheiro para, por exemplo, distribuir cestas básicas para famílias carentes, a fim de que tenham um Natal menos sofrido. Ainda que se caracterize clientelismo, proselitismo, seria muito mais lucrativo do que encher a pança de uma turma que não dispensa uma boca livre e, em sua maioria, não exerce legalmente a profissão.

ATRASO – Com um grande atraso a “imprensa esportiva” local reportou-se ao fato dos que comandam a arbitragem do futebol de campo profissional – profissional, nesse caso, é uma força de hábito – sejam os mesmos que comanda a arbitragem no futebol de salão cearense, cuja Federação é presidida por Sílvio Carlos, conselheiro do Fortaleza Esporte Clube.

ATRASO – Semana passada no programa “A grande jogada” (TV Diário), o ex-árbitro Dacildo Mourão referiu-se ao fato, mas preferiu dizer que a Federação Cearense de Futebol “é dirigida por um diretor do Fortaleza”. Optou por omitir o nome do “diretor”. Quem sabe pelo fato do “diretor” ser colunista do jornal Diário do Nordeste, que, a exemplo da TV Diário, também integra o Sistema Verdes Mares de Comunicação. Mesmo assim, antes tarde do que nunca.

JABÁ – Algumas bandas de forró estão reclamando pelo fato de pagarem R$ 600,00 de jabá para se apresentarem nos programas diversificados, mas terem que desembolsar R$ 800,00 para poderem aparecer no programa “Forrobodó”. Embora essas bandas de forró sejam absolutamente bisonhas e bizarras, não se justifica a cobrança de jabá por parte dos programas da emissora.

HUM... – A Prefeitura de Fortaleza possui uma Fundação de Cultura, Esporte e Turismo (Funcet), mas foi a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), através de José de Freitas Uchoa, que destinou R$ 50 mil para a financiar a realização do Campeonato Mundial da Classe Laser Radial Aberto, feminino e Júnior, que se realizou de 01 a 17 de dezembro, em Fortaleza. Não está nas atribuições da SDE patrocinar esse tipo de evento, mas nas da Funcet.

HUM... – O convênio – nº 18/2005 – foi assinado pelo titular da SDE e o presidente da Federação de Vela e Motor do Estado do Ceará, Ricardo Zanetti London. Mas, afinal, qual a função da Funcet? Peça decorativa, já que patrocínios para eventos esportivos estão sendo concedidos por secretarias municipais. Caso seja isso mesmo, melhor seria a Prefeitura extinguir a Fundação, extirpar esse penduricalho e fazer o que parece ser rato no Executivo Municipal: gastar com racionalidade o dinheiro do munícipe.

PINTURA – Para coroar a bela apresentação das crianças que cantam num prédio na Praça do Ferreira, que já se tornou tradição natalina – ainda que copiada do coral infantil que canta no edifício sede do HSBC (antigo Bamerindus) em Curitiba – o prédio deveria receber pintura nova. A fachada está suja, deteriorada.

ESTREITO – Em sua coluna do dia 17/12, o ombudsman do jornal O Povo, Plínio Bortolotti, escreveu o seguinte sobre uma polêmica sobre a palavra “buchicho”, que é utilizada como nome de um dos cadernos do jornal: “O interessante é que o mais liberal Aurélio Século XXI, no qual se apoiou o jornalista para negar a existência da palavra, de fato, deixa de anotar ''buchicho'', registrando ''bochicho'', ''bochinche'', ''bochincho'' e ''bachinche'' (formas também aceitas pelo Houaiss). Poder-se-ia então dizer que ''há controvérsias'' quanto à existência da palavra, mas, duas coisas: 1) não é aconselhável discutir com o Houaiss (..).

ESTREITO – Preocupa no momento em que o ombudsman aceita o dicionário de Antônio Houaiss, como um livro de sentença inquestionável, ou, como escreveu, desaconselhável se discutir. Ora, não há afirmação, situação indiscutível. Isso seria a negação da dialética, na qual o jornalismo mergulha como um dos princípios fundamentais. Pior: abdica de seu direito – obrigação na verdade – de formular seus próprios conceitos a partir de seus conhecimentos.

ESTREITO – O ombudsman d’O Povo, por exemplo, considera correta a palavra “protocolar” como o ato de registrar um documento no protocolo de um órgão público ou privado, uma instituição, etc., quando o correto é “protocolizar”, utilizando o dicionário Houaiss como sua “bíblia” para fundamentar sua posição. Ocorre que, mesmo o Houaiss afirmando ser correta a forma “protocolar”, a gramática aponta para outra direção. Palavra que exprime o modo de atividade ou estado que apresentam as pessoas, animais ou coisas de que se fala é classificada como verbo. “Protocolar” é adjetivo masculino e feminino, que significa relativo ao protocolo, em harmonia com o protocolo, mas esse protocolo é no sentido de relação formal.

PARCIAL – Matéria sobre apresentação de balanço social do Estado no ano de 2004, por parte do governador Lúcio Alcântara, publicada no jornal O Povo, foi bastante parcial. Segundo o texto, entre as conquistas estavam “uma melhor distribuição de renda da população e investimentos na Educação”. Difícil acreditar quando a concentração de renda é cada vez mais aparente e num cenário onde a educação aparece sucateada. Ano passado diversas escolas estaduais tiveram fornecimento de água, energia e telefone cortado por falta de pagamento, além das péssimas condições para alunos e professores.

PARCIAL – Não houve qualquer matéria com contraponto. A matéria ficou restrita ao que expôs o governo. Na saúde, o jornal publicou que cobertura vacinal, aleitamento materno, cobertura do pré-natal e outros trazem resultados positivos. Nada sobre o surto de dengue que mais uma vez castiga o povo cearense. O texto também afirmou que o Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecop) teria “colaborado para a obtenção de bons índices”. Reproduz o número oficial de que 77% dos recursos, nos seis primeiros meses de 2004, “foram destinados à melhoria da qualidade de vida da população, com programas de saneamento básico, transporte, energia, educação, saúde, entre outros”.

PARCIAL – Ora, não é isso que aponta outros dados apresentados pela bancada oposicionista na Assembléia Legislativa, inclusive com números do próprio Tribunal de Contas do Estado (TCE). A propósito: o Fecop foi criado pelo governador Lúcio Alcântara através do aumento da alíquota do ICMS de produtos “supérfluos”, como combustíveis, energia, telefonia. Teve o cuidado de excluir dessa lista, por exemplo, o essencial “refrigerante”, que não foi considerado supérfluo.

CORREIO ELETRÔNICO I – Do internauta José Maria Castiel <zemariacastiel@hotmail.com>, recebemos a seguinte mensagem:

Caros do em off:

A respeito do comentário da semana passada, sobre o forte e irritante sotaque da repórter Tereza Tavares, do canal 10, notei que, surpresa e inesperadamente, ela o perdeu. Foi, muito provavelmente, o caso mais rápido de correção de vício de fonoaudiologia que já vi na minha vida, ou a moça perdeu o que não era dela...

RESPOSTA – Caso isso seja realmente verídico, é digno de registro nos anais da fonoaudiologia, com direito à medalha para o autor ou autora da proeza.

CORREIO ELETRÔNICO II – Do internauta Antônio Castelo Ferreira <antoniocasteloferreira@bol.com.br>, recebemos a seguinte mensagem:

Nessa época de Natal as pessoas exercitam a solidariedade e a compaixão, mas uma ação me chamou a atenção: o casal responsável pelo Swing Clube do Ceará está organizando uma arrecadação de alimentos para a Casa do Menino Jesus. Causou-me espécie pelo fato da referida Instituição ser administrada por freiras e estranhei o fato de uma instituição de religiosas aceitar ajuda de um grupo de pessoas que pratica o swing, que para quem não sabe é troca de casais, ferindo um dos pilares da Igreja Católica, a fidelidade”.

RESPOSTA – Caso a ajuda fosse proveniente de uma atividade ilícita, caberia alguma observação, mas a lei não proíbe que um casal conduza sua vida sexual da maneira que achar melhor. Do ponto de vista legal não há nada o que condenar. Do ponto de vista ético somente as freiras que dirigem a Instituição é que podem dizer se sentem-se desconfortáveis com essa ajuda. O mais importante, nesse caso, não é quem doa o alimento, mas se os que têm fome estão sendo saciados.

CORREIO ELETRÔNICO III – Do internauta Emílio Moreno <emiliomneto@gmail.com>, recebemos o artigo do jornalista Carlos Castilho:

O dilema do desemprego entre jornalistas

Aproximadamente 60% dos jornalistas graduados em universidades latino-americanas ganham o diploma e vão direto para o desemprego ou para outras atividades. Esta assustadora estatística ocupou o centro de um debate no Colóquio Internacional Sobre a Sociedade da Informação, realizado em S antiago do Chile, no começo de dezembro, no qual fui um dos expositores.
Foi impossível estabelecer números absolutos apesar do evento contar com a participação de diretores de algumas das mais importantes faculdades de jornalismo da América Latina. Mas um expositor chegou a mencionar, conservadoramente, um total anual de três mil recém formados sem emprego, em toda a região. Um número que provoca imediatamente uma série de perguntas, entre as quais duas foram as mais mencionadas no evento realizado na Universidade do Chile:

1) É necessário desestimular o ingresso de jovens nas faculdades de jornalismo para evitar um crescimento ainda maior do desemprego profissional?
2) Ou a universidade deve entrar para valer no esforço para desenvolver novos projetos jornalísticos capazes de absorver os novos profissionais?

O dilema colocado diante dos professores de jornalismo não é simples, porque a primeira pergunta equivale a um reconhecimento do próprio fracasso, sem falar que uma redução do número de faculdades provocará também desemprego no corpo docente.
A segunda resposta parece mais fácil mas imbute uma série de desafios. A universidade é sem sobra de dúvida a instituição melhor capacitada para buscar alternativas para a atual crise na mídia impressa. É ela que pode explorar os novos caminhos abertos pela internet para a comunicação social e testar a viabilidade de projetos inovadores.
Mas para fazer isto, a universidade também precisa mudar, porque a esmagadora maioria dos cursos de jornalismo ainda estão orientados para a produção de profissionais para a imprensa escrita e só marginalmente preocupam-se com o jornalismo via internet.
Haverá necesidade não só de alterar currículos e programas como reorganizar o corpo de professores para atender às demandas das novas áreas de conhecimento. Esta não é uma tarefa fácil porque mexe com interesses e estruturas já consolidadas.
A nova relação entre cidadãos/jornalistas/veiculos de comunicação pode ser a chave para que os profissionais encontrem funções que não existem atualmente. Os profissionais terão que orientar e capacitar as pessoas comuns sobre como usar a informação para evitar as trágicas consequências da desinformação, que a internet transformou em arma letal, à disposição de qualquer indivíduo.
Outras áreas ainda inexploradas são o jornalismo local e hiperlocal, bem como a informação multimídia em ambiente de convergência de meios. Estes segmentos da comunicação só poderão crescer como resultado de muita pesquisa e experimentação, coisas que só a universidade pode oferecer neste momento de profunda transformação na mídia convencional.

(Carlos Castilho, jornalista)

RESPOSTA – O artigo do jornalista demonstra com precisão a realidade e merece ser objeto de reflexão por parte de jornalistas e estudantes de jornalismo.

PARA REFLETIR – “Existem apenas duas maneiras de ver a vida. Uma é pensar que não existem milagres e a outra é pensar que tudo é um milagre”. (Albert Einstein)

 

ATUALIZAÇÃO N.º 298 - 26/12/2.005

ESQUENTOU – O clima esquentou entre os tucanos na votação das emendas ao orçamento na Assembléia Legislativa e quase voou pena para tudo que é lado. O líder do governo, Adahil Barreto (PSDB), quando soube que seu colega da bancada Teo Menezes havia assinado emendas que o governo não queria ver aprovadas, partiu para cima do deputado – filho do ex-deputado estadual e conselheiro do TCM Teodorico Menezes – e o tempo fechou.

ESQUENTOU – Ainda na Comissão de Orçamento, dedo em riste, Adahil aos gritos xingou Teo Menezes. Os que presenciaram a cena descreveram que, à natural expressão de maluco, o líder do governo acrescentou um semblante de extrema ira. Teo optou por não promover um confronto ainda maior. Insatisfeito, Adahil pegou o celular e ligou para o secretário de governo, Luiz Pontes e, gritando, exigia que Teo falasse com o titular da Segov.

ESQUENTOU – Adahil também não fez segredo – até porquê era impossível não ouvir seus gritos – das ameaças que dirigiu ao companheiro de plumagem tucana, afirmando que “isso não iria ficar barato” e que “ano que vem vai ter eleição e você vai ver”. Ser líder de um governo incompetente e falacioso é missão espinhosa para qualquer parlamentar, mas Adahil demonstrou que, efetivamente, não tem equilíbrio para exercer a função. Arrogante, prepotente, grosseiro fez jus ao apelido que lhe foi dado pelo também tucano Osmar Baquit, em situação idêntica: cavalo.

CONTAS – Na votação que inocentou o deputado estadual José Nobre Guimarães (PT) e rejeitou a cassação de seu mandato, os meios de comunicação locais utilizaram uma aritmética errada para relativizar o número de votos favoráveis à cassação – 16 – e o número de deputados do PSDB – 17 –. A bancada tucana havia fechado questão pelo voto favorável à cassação. Os veículos de comunicação, na cobertura, afirmaram que um dos deputados do PSDB havia descumprido a orientação partidária.

CONTAS – Na verdade, não foi apenas um parlamentar emplumado de bico grande que resolveu descumprir a orientação da sigla. Pelo menos dois deputados de fora do ninho tucano votaram favoravelmente à cassação do deputado petista. O deputado pedetista Heitor Férrer declarou publicamente voto favorável e o petista Artur Bruno já havia sinalizado, desde quando pediu desligamento da Comissão de Ética da Assembléia e sepultou a possibilidade do pedido de cassação ser substituído por uma suspensão do mandato, fazendo com que o pedido fosse a plenário, que votaria contra o colega de partido.

CONTAS – Dessa forma não apenas um, mas pelo menos dois ou três deputados do PSDB descumpriram a orientação do partido de votarem favoravelmente à cassação. A mídia local parece ter optado por não levar esses fatos em consideração, coincidentemente evitando uma rusga maior entre os parlamentares tucanos e um desgaste maior para o governador Lúcio Alcântara, um dos mais interessados na cassação de Guimarães.

ABSOLVIÇÃO – A expressiva votação favorável ao deputado petista, que impediu a cassação de seu mandato, não implica em atestado de idoneidade e Guimarães sabe disso. O legislador quebrou o decoro parlamentar? Quebrou. Fez uso de dinheiro de caixa 2, ou, como batizou o ex-tesoureiro nacional do PT, "dinheiro não contabilizado"? Fez. Sabia que o dinheiro provinha de operações ilegais? Sabia. Deveria ter tido o mandato cassado? Deveria.

ABSOLVIÇÃO – O fato é que os julgadores do deputado petista não têm, salvo uma ou outra raríssima exceção, respaldo moral para cassar seu mandato. Quem dos 46 deputados não utilizou-se de "engenharia contábil" para declarar gastos à Justiça Eleitoral? Praticamente todos, senão todos. Quem não deixou de declarar recursos efetivamente utilizados em sua campanha, cuja origem não teria como ser justificada dentro da lei? Praticamente todos o fizeram.

ABSOLVIÇÃO – Poucos – talvez nenhum – são os que não utilizam a prática da famosa "rachadinha", onde ficam com parte do salário de seus assessores. Do mais discreto, simples a membros da mesa diretora da Assembléia fazer uso dessa aberração. A maioria esmagadora utiliza o Parlamento como um cabide de empregos, chegando a lotar centenas de pessoas em seus gabinetes. Por fim: a maioria recebe benesses do Executivo para compor sua base de sustentação, privilégios esses que são utilizados para a manutenção de seus redutos eleitorais, num esquema similar ao do denunciado "mensalão" da Câmara Federal. Esses parlamentares não teriam e não têm a reserva moral para cassar Guimarães. Ainda que o legislador petista tenha quebrado o decoro parlamentar, como o fez.

LAMENTÁVEL – O governador Lúcio Alcântara classificou como "lamentável" a absolvição do deputado Guimarães por parte da Assembléia Legislativa. Lamentável mesmo é a forma como ele manobra para que não seja instalada a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar denúncias de irregularidades nas dispensas de licitação por parte do Executivo. Muitas irregularidades seriam comprovadas e expostas. Quem tem telhado de vidro, como o governador, não deve jogar pedra no dos outros.

DERROTA – O governador e sua entourage foram os maiores derrotados no episódio da rejeição ao pedido de cassação do deputado José Nobre Guimarães. Lúcio Alcântara desejava utilizar a cassação como instrumento para atingir seus opositores na campanha pela reeleição. Pelo andar da carruagem, como forma de pagamento pela manutenção do mandato, Guimarães deverá encaminhar o PT para uma aliança com o PSB, ocupando a vice de uma chapa encabeçada pelo ex-prefeito de Sobral Cid Gomes, onde o PMDB – que também descarregou seus votos, ou pelo menos a maioria em favor do petista – ficaria com a vaga para concorrer ao Senado.

DERROTA – Lúcio já pressentiu que, apesar do desgaste que partidos oposicionistas vêm tendo nacionalmente, a campanha será tão acirrada quanto a de 2002 e, provavelmente, os salvadores três mil votos que o separaram do petista José Airton e lhe deram o mandato, dificilmente aparecerão novamente. Além do mais uma outra derrota imposta no mesmo dia da votação do pedido de cassação de Guimarães deu um golpe efetivo e simbólico: a aprovação da emenda do deputado Sávio Pontes (PMDB), que retirou pouco mais de R$ 900 mil da verba prevista no orçamento para publicidade, encaminhando-a para a segurança pública.

DERROTA – Efetiva pois tira dinheiro de uma área crucial num ano de eleição: propaganda. Simbólica porque demonstra a desarticulação do governo e explicita que segurança não está nas prioridades do governo estadual. Lúcio Alcântara sabe que para ser o candidato do PSDB ao governo do Estado precisa chegar na convenção com um cenário de folga nas pesquisas de intenção de voto, situação que hoje, decididamente, não tem.

DERROTA – Em 2002, o então candidato do PSDB surgia com um grande percentual, com muitas das pesquisas colocando-o como vencedor já no primeiro turno. A realidade foi outra: apesar da enorme diferença dos votos recebidos em relação à soma dos opositores, Lúcio não conseguiu ganhar a eleição no primeiro turno e passou sufoco para conseguir suplantar José Airton no segundo turno. O governador tem o primeiro semestre para tentar conseguir essa folga que o credenciará a ser ungido candidato à reeleição, mas pelo andar da carruagem essa missão cada dia que passa se torna mais difícil. Pode entrar no campo do impossível.

DERROTA – Aí entra o velho esquema que o grupo político que detém o poder a dezenove anos no Estado possui: um forte aparato da mídia, através de veículos de comunicação e profissionais de imprensa sempre dispostos a satisfazer os interesses oficiais. As matérias e comentários elogiosos ao governo pulularão.

DERROTA – Um bom exemplo disso foi a entrevista feita com o governador Lúcio Alcântara e exibida no último dia 23/12, no Jornal Jangadeiro (TV Jangadeiro), feita pelo jornalista Fábio Campos. Questionamentos superficiais e nenhum mais incisivo quanto aos mais graves problemas do Estado. Na edição do próximo dia 31/12 será a vez da prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, quando certamente as perguntas serão mais profundas, questionadoras e capciosas.

FOTOCÓPIA – A TV Diário resolveu reformular o programa Debate Bola, esportivo apresentado no final da noite de domingo. O problema é que a emissora resolveu copiar descaradamente a fórmula do também esportivo Terceiro Tempo, apresentado pela Rede Record, igualmente no final de noite de domingo e apresentado por Milton Neves. O formato é o mesmo, até a postura e a marcação de cena do apresentador, Tom Barros, e a disposição das cadeiras para os convidados. Tom foi metido num terno e gravata e apresenta a atração em pé. Criatividade mandou lembrança.

ÁSPERO – Falando em Debate Bola, na edição do dia 25/12 houve um início de diálogo áspero entre o ex-árbitro e comentarista de arbitragem Dacildo Mourão e o presidente da Comissão Estadual de Arbitragem de Futebol (CEAF) da Federação Cearense de Futebol (FCF), coronel Afrânio Lima. Dacildo resolveu questionar o presidente da CEAF pelo que o Em Off já havia exposto há algum tempo, o conflito do presidente da Comissão ser também o presidente da Comissão de Arbitragem da Federação Cearense de Futebol de Salão, presidida por Sílvio Carlos, diretor e conselheiro do Fortaleza Esporte Clube e colunista do Diário do Nordeste.

ÁSPERO – Dacildo evitou falar o nome de Sílvio Carlos, mas o comentarista Wilton Bezerra falou para o telespectador quem era o tal "diretor e conselheiro" do Fortaleza que o comentarista de arbitragem tanto falava. O clima esquentou e Afrânio Lima chegou a usar um tom áspero ao se dirigir a Dacildo. À indagação se achava correto ou não acumular as duas funções, respondeu que não tinha satisfação a dar ao comentarista. Errado. Afrânio tem que dar satisfação a todos os cidadãos, mesmo tratando-se a FCF de uma entidade privada, mas, pelo menos em respeito à grande massa de pessoas que torcem por algum time e acompanham o futebol local, teria que ter dado satisfações. Mas Dacildo preferiu "amarelar" e não apenas recuou da posição de questionador como acabou por atestar publicamente a idoneidade do presidente da CEAF. O caso continua mau esclarecido.

PROBLEMA – De campeão de audiência o programa Barra Pesada virou um grande problema para a TV Jangadeiro. O programa mais uma vez teve seu horário modificado pela emissora, que passará a entrar com sua programação local uma hora mais tarde, apesar do horário de verão da cabeça de rede, o SBT.

PROBLEMA – O horário do Barra Pesada havia sido modificado para as 11:00h, para evitar um choque direto com o Cidade 190 (TV Cidade), com o qual estava perdendo a batalha pela preferência. Começando antes, o Barra ficava a metade de seu tempo em confronto com o Cidade 190. Mesmo assim, os reflexos estavam sendo negativos. Resultado: a partir dessa segunda, 26/12, o programa entrará às 12:50h, fugindo do embate. A emissora avaliou que era melhor duelar com o Comando 22 (TV Diário) do que com o Cidade 190.

PROBLEMA – Infelizmente esse tipo de situação expõe uma triste realidade: a preferência do público, notadamente pelos da classe C e D e os de menos escolaridade – muito embora isso não signifique que pessoas de outras camadas sociais e níveis intelectuais também optem por assistir – , por programas absolutamente execráveis, que em nada contribuem para, por exemplo, que o problema da segurança pública seja, efetivamente, discutido e soluções sejam buscadas.

PROBLEMA – Os três programas, juntamente com o Rota 22 (TV Diário), que é apresentado à noite, são de péssimo gosto e qualidade, além de serem feitos por falsos profissionais, com uma ou outra exceção, e pessoas despreparadas. Triste comprovar que nossa sociedade cada vez mais admira essa catarse negativa que os programas policiais proporcionam.

PROBLEMA – Em nível nacional os anunciantes optaram, após pressão da sociedade e de instituições públicas e não governamentais, por dissociarem suas marcas de programas que exploram distorcidamente a violência. Dessa forma, programas como o Cidade Alerta (Record) e Repórter Cidadão (Rede TV!) foram extintos. Sobrevive ainda o Brasil Urgente (Bandeirantes), mas seu apresentador, José Luiz Datena já externou várias vezes seu desejo de que a atração seja encerrada. Mantém-se no ar ainda apenas por alguns compromissos comerciais, mas está a caminho do cadafalso.

PROBLEMA – Por aqui ocorre o contrário: os anunciantes até procuram esse tipo de programa que, apesar de extrema maleficência, atraem parcela significativa de audiência. Reflexo de um povo que, infelizmente e ainda, não tem como discernir sobre os malefícios que esse tipo de “atração” – do modo como é feita – acarreta para todo o corpo da sociedade.

FANTASIA – Depois de uma onda de assaltos – que ainda não foi controlada, muita menos debelada – na avenida Raul Barbosa, no sentido aeroporto/Meireles, o governo do Estado, diante da repercussão negativa dos casos em que bandidos jogam pedras nos carros para forçá-los a parar e assaltar seus ocupantes, resolveu colocar policiais militares, de moto, ao longo da avenida.

FANTASIA – Semana passada um corretor de imóveis estava se dirigindo à residência, após deixar um investidor estrangeiro no aeroporto, e teve o vidro frontal quebrado por uma pedra arremessada por marginais que queriam assaltá-lo. O corretor não parou, conseguiu livrar-se de mais pedras e alguns metros depois encontrou uma dupla de PM, parada na avenida. Solicitou que os dois fossem até o local para tentar prender os bandidos. Recebeu uma recusa, com os policiais justificando que haviam recebido ordem de não abandonarem seus postos.

FANTASIA – Moral da história: os PM foram colocados na avenida, no trajeto dos que aqui chegam ou, como no caso citado, se dirigem ao aeroporto para deixar visitantes, apenas para fazer jogo de cena. Vale salientar que quem deixa o aeroporto no sentido Montese não tem qualquer segurança, pois por aquele lado policial militar é coisa difícil de ser visto.

EXCELÊNCIA – Falando em segurança pública, a entidade que reúne estabelecimentos ligados ao turismo, a Abrasel, quer que seja criada uma “zona de segurança”, envolvendo os bairros Meireles, Varjota e Praia de Iracema, onde o policiamento seria intensificado, justificando que nesse perímetro estão concentrados restaurantes e estabelecimentos de diversão freqüentados por turistas. Ora, na verdade o que a Abrasel quer é oficializar uma “zona de excelência”, onde a segurança pública seja intensificada, enquanto outros pontos da Cidade continuam descobertos.

EXCELÊNCIA – Na prática, essa discriminação já ocorre, quando normalmente o aparato policial privilegia a chamada “área nobre” – que engloba os bairros Praia de Iracema, Aldeota, Meireles, Varjota e Papicu – que recebe uma atenção toda especial, aumentada quando da alta estação. Enquanto a periferia fica ainda mais descoberta e insegura. Afinal, nos bairros da periferia também existem bares e casas de diversão onde também contribuintes – aqueles que também pagam impostos que financiam o aparato policial – se divertem.

EXCELÊNCIA – Nesse período de alta estação o corredor turístico está bem policiado, com um bom efetivo de policiais, enquanto o resto da Cidade padece pelo descaso e abandono do governo do Estado e nessa época fica ainda mais desprotegida.

ACINTE – Falando ainda sobre segurança pública foi acintoso para a Polícia Militar a “cruzeta” armada por bandidos, onde uma viatura foi acionada para uma falsa ocorrência e no local marginais renderam os policiais, tomaram as armas, os espancaram e os largaram algemados. Típico cenário de um Estado que não se faz respeitar. A culpa não é dos policiais, tampouco da Instituição, mas de quem o dever constitucional de prover e executar políticas de segurança pública: o governo do Estado.

EXTRAPOLOU – Ou a Promotoria da Infância e da Adolescência e o Juizado da Infância e da Adolescência tomam uma atitude ou o Estatuto da Criança e do Adolescente continuará sendo desrespeitado pelos meios de comunicação locais. Semana passada, mais uma vez, a TV Diário exibiu imagens de menores em situações de risco em close, sem desfocar. No Diário na TV do dia 24/12 crianças mendigando foram mostradas, todas identificadas pelas imagens não desfocadas.

EXTRAPOLOU – A emissora vem cada vez mais desrespeitando o ECA sem que nenhuma atitude seja tomada pelo Ministério Público Estadual. No programa “Amigão”, por exemplo, muitas são expostas de maneira irregular. Justifica-se, por exemplo, quando se tratar de algum pedido direcionado ao menor. Uma criança doente necessitando de um remédio ou tratamento; deficiente física precisando de uma cadeira de rodas, prótese, etc., ou outras situações semelhantes. Em qualquer outra situação trata-se de constrangimento ao menor.

SIM, E AÍ? – Há algum tempo um caminhão de propriedade do deputado estadual João Jaime Marinho (PSDB) foi detido conduzindo documentos da Prefeitura de Acaraú, reduto eleitoral do parlamentar e onde ele não conseguiu eleger o candidato que apoiava. No que deu isso? O quê o deputado estava querendo esconder? E porquê?

FORÇANDO – Em matéria sobre surfistas do bairro Pirambu – que estão conquistando títulos nacionais – a “repórter” Clotilde Dantas resolveu dar uma descarada puxada de saco na Prefeitura de Fortaleza. Na passagem, a moça falou: “o surfista iniciou sua carreira nessa escola de surf”, apontou para uma parede postada atrás dela, onde havia a logomarca da gestão Luizianne Lins (Fortaleza Bela) e “Regional 1”, pintadas. A fachada da escola – que tem um bonito grafite – tem a inscrição ASLO (Associação dos Surfistas da Leste Oeste). Mas a moça preferiu mostrar apenas a logomarca da PMF.

SAIA JUSTA – O pronunciamento público do presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, condenando a absolvição do deputado José Guimarães por parte da Assembléia, causou uma saia justa no presidente da secção do Ceará da Ordem, Hélio Leitão, que advogou em defesa do parlamentar petista. Evidente que o deputado petista tinha todo o direito de se defender, constituir advogado, bem como o presidente da OAB-CE é livre para advogar para quem desejar, mas que causou constrangimento o episódio não houve qualquer dúvida.

BLOG – O sítio Em Off dispõe de um blog, onde alguns assuntos que comporão a atualização da segunda-feira são antecipados, além de comentários diversos. O blog pode ser acessado pelo link http://em-off-br.blogspot.com/

PÉROLA I – Essa foi publicada na edição do dia 21/12 do jornal O Povo, em matéria sobre a promulgação da “Lei do Silêncio” na Assembléia Legislativa: “O projeto de lei 22/05, proposto pelo deputado Ivo Gomes (PSB), foi promulgado ontem pelo presidente da Assembléia Legislativa, deputado Marcos Cals. A lei, de número 3.611, irá vigorar após publicação no Diário Oficial da União, prevista para amanhã”. Ora, a lei foi proposta por um deputado estadual, promulgada pelo presidente da Assembléia, trata-se de uma lei estadual, portanto passará a vigorar após publicação no Diário Oficial do Estado, não da União.

PÉROLA II – Mais uma publicada na edição do dia 21/12 do jornal O Povo, título de uma matéria: “Agricultor que mata mulher se entrega”. Nem sempre o agricultor – ou qualquer outro homem independentemente de sua ocupação – que mata mulher se entrega, mas o agricultor que matou a mulher se entregou.

PÉROLA III – Essa foi proferida por Clotilde Dantas, apresentando o Diário na TV (TV Diário), edição do dia 21/12, lapidada pelo editor(a) de texto: “mais uma vez o leilão do BEC foi adiado por causa de uma liminar concedida pelo Superior Tribunal Federal”. Mas que tribunal é esse? Provavelmente o resultado do cruzamento do Superior Tribunal de Justiça com o Supremo Tribunal Federal.

PÉROLA IV – Também traído pelo editor(a) de texto, o apresentador do Jornal do Meio Dia (TV Verdes Mares), Herman Hess, proferiu na edição do dia 23/12, sobre o Centro de Controle de Zoonoses do Município: “o atendimento aos cães é totalmente gratuito”. Ora, e existe alguma coisa “parcialmente gratuita”? Ou é gratuito ou não.

MOLEZA – Já na tarde do dia 23/12, antevéspera do Natal, a maioria das repartições públicas – em todos os níveis da administração: federal, estadual e municipal – não funcionava. Trata-se de um desrespeito à grande massa de trabalhadores da iniciativa privada que não tem esse tipo de privilégio, muito embora pague o salário desses servidores e empregados públicos que não titubeiam em mergulhar de cabeça na moleza.

LEI – Há pouco mais de um mês entrou em vigor a Lei 9.013, que obriga casas de diversões – como cinemas, boates, casas de shows –, além de hotéis, motéis, pousadas, albergues, pensões, pensionatos, bares, restaurantes ou estabelecimentos congêneres a afixarem placas com o número de telefone do Projeto Sentinela – Fundação da Criança da Cidade (Funci)/Governo Federal (0800-280-28-08), para denúncia de exploração, abuso e violência sexual contra crianças e adolescentes.

LEI – A placa tem que ter dimensão mínima de 30cm x 30cm, determinando como punição ao estabelecimento que não cumprir a lei a cassação do alvará de funcionamento. O problema é que nenhum estabelecimento está cumprindo a lei e a Prefeitura de Fortaleza não está fiscalizando. A lei determina que qualquer órgão tem a competência para fiscalizar a exigência. Mas as secretarias regionais e a Guarda Municipal de Fortaleza, por exemplo, nem sabem da existência da lei.

PARA REFLETIR – “As pessoas acham que eu tenho a resposta... Eu não sei qual é a pergunta!?” (Renato Russo).

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