Em Off
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Arquivo de atualizações Imprensa CE - Janeiro/2006
ATUALIZAÇÃO N.º 299 - 02/01/2.006
ANUNCIADA – A queda do helicóptero do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer), da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), na qual perderam a vida o major Lindenberg Austregésilo Andrade (PM), a major Rosana Buson (CBM) e o soldado Roberto Pacheco da Costa (PM) e deixou gravemente feridos José Lopes da Silva, sargento do CBM e Burlon Deivis Gomes de Araújo, soldado PM, não foi de todo surpresa. Pelo menos para o governo do Estado e para quem sabia da realidade da frota do Ciopaer.
ANUNCIADA – Aqui no Em Off já havíamos exposto a situação das quatro aeronaves, três delas compradas no final de 2002, dentre elas a que caiu. Antes de qualquer coisa, é preciso relembrar, também, que o governo do Estado de São Paulo possui oito helicópteros na frota de seu aparelho de segurança pública, enquanto o Ceará tem exatamente a metade desse total. São Paulo possui mais de cinco vezes a população do Ceará, além de dispor de recursos para a manutenção dessa frota, coisa que o governo daqui não possui.
ANUNCIADA – Há um bom tempo informamos que das quatro aeronaves apenas uma se encontrava em operação, estando das três demais paradas por falta de manutenção e peças. O único helicóptero que se encontrava em condições de uso ainda estava conseguindo sair do chão porquê os defeitos que surgiam eram consertados mediante a retirada de peças das outras aeronaves paradas. Sem a manutenção adequada e a utilização de peças “recicladas”, a probabilidade de uma tragédia era grande. Acabou por acontecer.
ANUNCIADA – Na megalomania do governo Tasso Jereissati, foram adquiridas no apagar de seu último mandato três aeronaves, sem licitação, numa transação bastante obscura. Seu sucessor, Lúcio Alcântara, recebeu o encargo e não conseguiu que a frota tivesse a devida manutenção e reposição de peças. Primeiro pelo alto custo, segundo pela incompetência de alocar esses recursos e por não ter segurança pública entre as prioridades de sua gestão.
ANUNCIADA – A morte dos policiais e da oficial do Corpo de Bombeiros Militar não foi obra do acaso, uma fatalidade como o governo deseja passar à sociedade. Foi o resultado da combinação de incompetência e irresponsabilidade. O governo e sua entourage logo se apressaram em ocupar espaço na mídia para tentar enganar a população.
ANUNCIADA – E o dispositivo midiático oficial funcionou fortemente. O jornal O Povo, apesar de ter feito uma ampla cobertura do fato, não questionou se o acidente fora causado por falta de manutenção nas aeronaves, tampouco qual a realidade da frota. O jornal Diário do Nordeste limitou-se a reproduzir o discurso oficial quanto a esse questionamento. Fez uma pequena alusão ao fato do deputado estadual Nelson Martins (PT) ter constatado numa visita ao hangar do Ciopaer a realidade que o Em Off havia descrito. Os telejornais também se limitaram ao registro do fato, à reprodução da versão oficial.
ANUNCIADA – O governo respira aliviado, ainda, pelo fato da tragédia ter acontecido durante o recesso da Assembléia Legislativa. Bem ou mal a repercussão do fato seria estendida se tivesse ocorrido no decurso das atividades parlamentares. Mesmo que o assunto seja retomado no início da próxima legislatura – e será –, o reflexo para o governo estará um pouco amenizado. Cabe à oposição fazer com que a tragédia não fique sem explicação e procurar elementos para rebater a versão oficial, que certamente será reforçada ainda mais pela linha de argumentação de acidente.
ANUNCIADA – Apesar da lamentável perda de três policiais militares, os danos poderiam ter sido ainda maiores. O helicóptero poderia ter caído numa área residencial, na faixa litorânea, o que poderia causar mais mortes. Pior: utilizado sempre no policiamento dos jogos de futebol, o sinistro também poderia acontecer durante sobrevôo a um dos estádios da Capital. Aí as proporções seriam incomensuráveis. E a irresponsabilidade do governo também.
CRÍTICA – Coube a um jornalista de fora do Estado a mais lúcida e veemente da vergonhosa absolvição, por parte do plenário da Assembléia Legislativa, do deputado José Nobre Guimarães. O colunista Elio Gaspari, com o artigo “O ano da pizza começou no Ceará”, faz uma abalizada e forte análise do episódio. Coisa que nossa mídia local simplesmente recusou-se a fazer, seja por incompetência ou por omissão intencional.
CRÍTICA – Escreveu o colunista: “A pizza cearense teve três ingredientes que apontam para a transformação da urucubaca de 2005 no escárnio de 2006. O primeiro está no resultado da votação. Seriam necessários 24 votos para cassar Guimarães, mas só apareceram 16. Como os tucanos da Assembléia cearense são dezessete, pelo menos um deles recusou-se a puni-lo. O segundo está na composição da bancada pizzaiola”.
CRÍTICA – Continuou o texto, dessa vez abordando a bancada neo-socialista, comandada de longe por Ciro Gomes: “Há na política cearense uma corrente denominada ‘cirista’, liderada pelo ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes. Seu irmão Cid é provável candidato ao governo do Estado e um outro, Ivo, é deputado estadual. Se os oito votos dos ‘ciristas’ fossem somados aos 17 tucanos, José Nobre Guimarães estaria cassado. Deu-se o contrário e em seu discurso de vitória, o doutor agradeceu a ajuda que acredita ter recebido de Ivo Gomes”. Boa parte da mídia local preferiu amenizar e evitar possíveis rusgas entre tucanos e o grupo comandado por Ciro. A realidade é que não há mais qualquer possibilidade de convivência pacífica entre os dois grupos.
CRÍTICA – Gaspari escreveu: “O terceiro ingrediente é, de longe, o mais perturbador. Dois hierarcas federais deram expediente na Assembléia durante o dia da votação: Eudoro Santana diretor-geral do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, o Dnocs, e Roberto Smith, presidente do Banco do Nordeste. Juntos, cuidam de uma caixa de R$ 3,5 bilhões anuais. Dinheiro da Viúva. Ambos estão na área de influência do ministério de Ciro Gomes. José Guimarães agradeceu nominalmente aos dois ‘altos companheiros’. Santana circulou no plenário e Smith deu-lhe um espalhafatoso abraço. Não há memória de presidente de banco estatal em papel parecido”.
CRÍTICA – A quase totalidade da mídia local fechou os olhos para isto. No máximo um rápido registro das presenças e mesmo assim com enfoque diferenciado de Gaspari. Qual a forma de influenciar votos dos deputados estaduais possuíam – e possuem – Roberto Smith e Eudoro Santana? Pessoalmente nenhuma, mas com a força das instituições que comanda, toda. Ambos comandam instituições pelas quais passam recursos capazes de mudar o voto de muitos parlamentares. Smith foi nomeado presidente do BN por influência de Guimarães e o aprovo de Ciro Gomes, o mesmo acontecendo com Santana, no DNOCS. Gaspari, de longe, escreveu o que nossa imprensa não quis, não pôde ou não viu.
MENTIRA – Infelizmente a mídia local continua se empenhando para propagar uma notícia distorcida sobre o turismo no Ceará. Semana passada o Diário na TV (TV Diário), numa de suas matérias, afirmou que “o Ceará é o destino turístico mais procurado do País”. Nesse caso nem se trata mais de distorção, mas de mentira mesmo. O Ministério do Turismo divulgou a informação de que o Ceará é o destino que lidera a venda de pacotes turísticos. Acontece que a maioria dos turistas prefere viajar sem aderir aos pacotes oferecidos pelas agências de turismo.
MENTIRA – Rio de Janeiro e São Paulo, seguido das cidades das serras gaúcha e catarinense são os destinos mais procurados, segundo os dados desse mesmo Ministério do Turismo. O Ceará assumiu a dianteira do ranking dos estados com maior número de pacotes turísticos adquiridos, mas está muito, mas muito aquém do fluxo de turistas recebidos pelo eixo Rio-São Paulo. Houve um empenho muito forte da mídia local para distorcer esses dados. O mais grave: para que o cearense tenha a falsa impressão de que o Estado é o preferido dos turistas, com os dividendos, claro, sendo colhidos pelo governo. O velho e forte esquema de mídia oficial e não oficial estatal, mantido pela generosa distribuição de verbas publicitárias e de sinecuras para profissionais de imprensa continua a todo vapor.
CONSEGUIU – Depois de tanto bajular o presidente da Assembléia Legislativa, Marcos Cals, e transformar o distorcido programa Contexto Geral em instrumento de promoção gratuita de deputados, a TV União finalmente conseguiu abiscoitar uma fatia da verba do Parlamento estadual para a publicidade. Mensagens de final de ano foram veiculadas pelo Poder naquela emissora que vai continuar, entretanto, querendo saber o critério, volume de recursos e onde é gasta a verba publicitária do governo do Estado e da Prefeitura de Fortaleza. Até que propaganda oficial deságüe na TV União e cessem os questionamentos. Da mesma forma como aconteceu com a Assembléia.
ILEGAL – Falando sobre TV União, além do programa Rock Collection, que utiliza imagens de DVD sem autorização das gravadoras, a emissora resolveu aderir à mesma ilegalidade: exibe clipes dos quais não tem a anuência dos detentores dos direitos autorais. Semana passada chegou ao ponto de exibir um clipe no qual não teve a decência, pelo menos, de encobrir o logo da emissora onde originalmente foi exibido e de onde foi "chupado". Por baixo do logo da TV União podia se ver, e com sobras, o de outra estação.
CORREIO ELETRÔNICO – Do nosso internauta Paulo Rocha <paulurocha@uol.com.br>, recebemos a seguinte mensagem:
"Na edição de 29.12.05, quinta-feira, a manchete principal do jornal O POVO afirmava: “SUA CONTA CORRE PERIGO”. A matéria noticiava a prisão de três membros de uma quadrilha de hackers. Quando vi a manchete me lembrei de uma absurda declaração feita no dia 23.11.05 pelo Sr. Paulo Oliveira em seu programa na Rádio Verdes Mares.
Disse o radialista naquela oportunidade: “Tenho um amigo ‘hacker’ que, diariamente, faz saques bancários ilegais”. Tom Barros – que participa do programa com Paulo Oliveira - questionou o colega. “Por que ele não está preso?”. Paulo Oliveira não respondeu.
Diante dos dois fatos pergunto: Será que o hacker amigo do Paulo Oliveira fazia parte da quadrilha presa? Caso contrário, não seria uma boa oportunidade para a delegada Rocicleide de Castro da Delegacia de Defraudações e Falsificações ouvir o radialista e quem sabe com as informações adicionais que ele possa ter, desarticular mais uma gangue?
RESPOSTA – Com toda certeza o radialista deveria ser intimado a prestar esclarecimentos na Polícia Civil. A delegada Rocicleide de Castro poderia ter mais informações e, dessa forma, ampliar as investigações. Mas será que o senhor Paulo Oliveira iria ter, com o perdão da palavra, culhão para assumir o que disse ou, pelo menos, explicar-se?
MORAL – O deputado estadual Francisco Aguiar (PSB) – e desde quando o “coronel do Camocim” é socialista? – classificou como demagogia a proposta de emenda constitucional que o petista Nelson Martins quer apresentar, no sentido de diminuir o recesso legislativo de 90 para 45 dias no ano. Aguiar – que preside a Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Assembléia, onde a proposta, caso apresentada, vai inicialmente tramitar e pode já ser abortada em seu nascedouro – disse que “a proposta vai de encontro às reais demandas dos parlamentares cuja base de atuação está no interior do Estado”.
MORAL – Fica difícil levar qualquer coisa que Francisco Aguiar diga a sério, principalmente quando lembramos que ele recebe polpuda pensão vitalícia do contribuinte por ter passado pouco mais de três meses no cargo de governador, em 1994, quando o então governador Ciro Gomes renunciou ao mandato para assumir o Ministério da Economia, enquanto o seu vice, Lúcio Alcântara, não quis assumir o cargo porque queria candidatar-se ao Senado nas eleições daquele ano, e estava mais preocupado com sua campanha. Caso a proposta de redução do recesso legislativo seja “demagoga”, a pensão de Aguiar sempre foi vergonhosa.
DESINFORMADO – O jornal O Povo publicou, no caderno Vida & Arte, matéria sobre os recursos da Prefeitura de Fortaleza para o carnaval de 2006, notadamente na ajuda de custo para as agremiações carnavalescas. O texto apontava para a demora da Prefeitura em repassar o dinheiro e das promessas frustradas. Ora, bastaria que o jornal tivesse buscado mais informações para que não divulgasse informações erradas. A liberação do recurso já foi feito, através de convênio assinado e já publicado no Diário Oficial do Município, entre a Fundação de Cultura, Esporte e Turismo de Fortaleza (Funcet) e a Federação das Agremiações Carnavalescas do Ceará (FAAC).
DESINFORMADO – O contribuinte vai “cair” com R$ 247.400,00 para ser rateado entre as agremiações. Outra parcela será liberada até antes do carnaval. Essa subvenção é altamente questionável. O carnaval é uma festa popular, e como tal deve receber apoio do Poder Público, mas isso deveria ser apenas no tocante à infra-estrutura da festa. As agremiações deveriam contar com esquema de arrecadação de fundos e incentivos da iniciativa privada previstos em lei, contraparteados com abatimento de impostos, não ficarem na dependência do dinheiro do contribuinte. Além do mais não há, pelo que se sabe, prestação de contas de como a verba liberada pela prefeitura é gasta.
CALÇADÃO – Muitas críticas foram dirigidas à Prefeitura de Fortaleza pelo fato da recuperação do calçadão da avenida Beira Mar não ter sido concluído antes da virada do ano. Parte da obra foi entregue e outra parte o será nesse mês de janeiro. Mas pouca gente sabe o que de fato aconteceu nessa restauração, inclusive pelo fato de nenhum centavo ter saído do cofre da Prefeitura, muito embora o Executivo Municipal tenha apregoado, pelos quatro cantos, que seja tudo ação dele.
CALÇADÃO – Tudo se iniciou quando a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Controle Urbano (Semam), em fiscalização, flagrou irregularidades nas obras do Oásis Atlântico Ceará Ltda., empreendimento turístico de propriedade do empresário português José Luís Sá Nogueira. O projeto inicial havia sido acrescentado, sem que tivesse sido dado o licenciamento ambiental pela Semam. O investidor português acusa o escritório do arquiteto Fausto Nilo de ter sido o responsável pela irregularidade, mas o fato é que a Prefeitura propôs que, em vez da multa, o empresário assinasse um termo de compromisso.
CALÇADÃO – Com efeito, o termo 25/2005, assinado entre a Semam e o investidor em 25/11/2005, se compromete a regularizar documentalmente sua obra e, como medida compensatória, contratar pessoa jurídica para execução de projetos de obras e serviços de recuperação do calçadão da avenida Beira Mar, obra orçada pela SER II em R$ 350 mil. O problema é que, após assinar o termo, o empresário passou a considerar a quantia excessiva e estava relutando em cumprir o acordo. Os dividendos da obra – e por conseqüência os prejuízos, uma vez que críticas pelo atraso da recuperação, ainda que timidamente, foram feitas – ficaram com a Prefeitura, que nos meios de comunicação apareceu como responsável pela restauração. Não foi.
MORDOMIA – A Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania de Fortaleza (AMC), firmou contrato com a Vouga Veículos para a aquisição de dois veículos da marca Fiat, bicombustível para apoio do Núcleo de Gestão Energética e suporte à fiscalização dos serviços de iluminação pública. Entre as exigências, além de motor bicombustível, uma “essencial”: que contassem com ar condicionado. Enquanto isso a maioria dos munícipes se desloca em ônibus desconfortáveis e quentes e em vans superlotadas, sem ventilação.
FICTÍCIO – De fazer inveja a qualquer campanha populista – estilo Moroni – a propaganda da Prefeitura de Fortaleza, especialmente quanto a que versava sobre computadores nas escolas municipais. Nela foi mostrara um laboratório arrumado, iluminação indireta, luz colocada aos pés do aluno, completamente dissociada da realidade. No spot sobre saúde, aparece uma família numa favela, sorridente, posando com a equipe do PSF, para foto. Nem Moroni teria criado imagem tão falsa, nem com aquela “mãe” de aluno preocupada com a proposta da então candidata Luzianne sobre ensinar políticas positivas sobre homossexualismo nas escolas, farsa desmascarada rapidamente durante a campanha na TV.
VERBA – Falando em publicidade da PMF, mais de R$ 9 milhões foram autorizados até poucos dias antes do término de 2005. Como é bastante tímida a propaganda do Executivo nos meios de comunicação, por qual canal essa verba estará correndo? Chegando à mídia por outros serviços? Por outros canais?
EXPECTATIVA – Tem gente esperando com expectativa a divulgação da pesquisa Datafolha com o ranking dos melhores prefeitos do País. Principalmente pelo fato de muitos funcionários do Instituto no Ceará acumularem a ocupação com cargo na Prefeitura de Fortaleza. Situação completamente anética.
PARA REFLETIR – "Muitos teriam sido sábios se não tivessem acreditado demasiado cedo em que já o eram". (Sêneca )
ATUALIZAÇÃO N.º 300 - 09/01/2.006
DISPUTA – Os dois grandes jornais impressos locais partiram para uma disputa. O Diário do Nordeste publica depoimentos elogiosos – claro – de personalidades locais sobre o fato de o periódico ter sido apontado pelo Instituto Verificador de Circulação (IVC) como o jornal que mais vendeu no mês de novembro de 2005 na Região Nordeste. Enquanto isso, O Povo faz campanha similar festejando o fato de ter ganhado mais prêmios no ano que acabou de findar.
DISPUTA – O jornal que vende mais exemplares não é, necessariamente o melhor. O mesmo se aplica ao que ganha mais prêmios. Até porquê DN e O Povo vem, nos últimos tempos, em gráfico decrescente em termos de qualidade. O Diário vende mais pelo fato de possuir um pesado e dispendioso esquema de distribuição, que o faz estar presente em todos os municípios cearenses, logo pela manhã.
DISPUTA – O jornal O Povo não consegue competir com essa estrutura do DN, que consome muito dinheiro, o que fez – ou faz – o jornal ser deficitário por um longo período. Mas o periódico possui por trás todo o suporte do Grupo Edson Queiroz, enquanto O Povo não tem como bancar um esquema de distribuição pelo menos satisfatório. Seria estranho se o DN não assumisse a liderança do ranking de mais vendido no Estado, posto que ocupa há algum tempo. Com a retração nas vendas dos jornais em toda a região, o DN abiscoitou a liderança do ranking no Nordeste.
DISPUTA – Vendagem de pouco mais de 35 mil jornais diários não é índice para ser muito festejado. Significa que pouco mais de 0,5% da população cearense consome o jornal. É um índice muito baixo, mesmo para um Estado pobre e que tem um povo não muito afeito à leitura, seja por hábito seja pela limitação de escolaridade. A pouco mais de uma década o DN vendia quase o dobro da tiragem atual.
DISPUTA – O número de prêmios ganhos não significa que um jornal seja o melhor. Até porquê O Povo mescla matérias pensadas, produzidas, executadas exatamente para a disputa de prêmios com erros pueris, que infestam suas páginas. Basta que se use uma lógica futebolística: nem sempre o campeão é a melhor equipe. Tudo depende de uma série de fatores. Quantas vezes times excepcionais não conseguiram títulos? Inúmeras. Nem por isso deixaram de serem consideradas excelentes, tampouco as que conseguiram triunfo consideradas as melhores.
ANÉTICO – O jornalista Donizete Arruda ocupou o espaço que possui na TV Cidade (Ponto de Vista) para falar que o presidente da Assembléia Legislativa, Marcos Cals (PSDB), vai assumir o governo do Estado por três dias, em virtude de viagem do governador e vice. Aproveitou para rasgar seda ao parlamentar. O problema é que a agência dele detém a conta publicitária da Assembléia. Não foi ética a atitude do jornalista.
FASHION – Semana passada o falso profissional Jorge Ribeiro (TV Diário) estava com uma camisa, digamos, extremamente “fashion”. O indivíduo surgiu nos programas policiais da emissora com uma camisa verde musgo cravejada de lantejoulas. Talvez já tomado pelo espírito pré-carnavalesco, quem sabe. Faltaram, entretanto, as plumas e os paetês...
CONTRASTANTE – Na edição do dia 08/12, o jornal O Povo publicou o seguinte, em matéria sobre o fechamento de mais um estabelecimento comercial na Praia de Iracema: “Para o gerente da Arteismo, Rafael Dienstmann, um dos principais fatores que contribuem para o abandono da praia é o aumento da prostituição. ‘O perfil do turista daqui mudou. Antes eram famílias, casais, que compravam nas lojas. Hoje, a maioria são homens solteiros em busca de mulheres e bebidas. E as próprias pessoas que freqüentavam a praia acabavam sendo confundidas com garotas de programa’''.
CONTRASTANTE – Continuou o texto: “De acordo com ele, o proprietário da loja ainda tentou resistir à degradação do local, mas acabou desistindo devido à falta de providências. ‘A gente chegou a participar de movimentos, investiu dinheiro, mas acabamos desistindo porque não surtiu efeito. Assim que acabar o estoque, nós vamos fechar as portas e trabalhar com vendas para o atacado’''. Arrematou com o seguinte: “Os proprietários dos estabelecimentos que ainda continuam de portas abertas também apontam o turismo sexual como fator responsável pelo afastamento dos consumidores”.
CONTRASTANTE – O problema é que na edição do dia 02/12, seis dias antes, o jornal publicou diversas matérias sobre turismo, sendo a principal com a seguinte manchete: “O novo turista que vem ao Ceará trraz a família”. O texto, assinado por Dílson Alexandre, afirma: “Quem anda pelos principais pontos turísticos de Fortaleza e tem um olhar mais atento já percebeu a mudança: mais famílias estrangeiras visitam o Ceará. É visitante da Polônia, Finlândia, Suécia, República Tcheca, Hungria... Público novo que está alterando o perfil do turismo cearense, antes mais freqüentado por homens solteiros que alimentavam o turismo sexual. Essa transição é comprovada pelos números da Secretaria do Turismo do Estado do Ceará (Setur) e pelos depoimentos de quem trabalha no setor”.
CONTRASTANTE – Apenas numa matéria coordenada, assinada por Adriana Albuquerque, há a ressalva: “Apesar das afirmações de agentes de viagem e autoridades do turismo de que há redução no turismo sexual em Fortaleza, basta dar uma volta por alguns pontos característicos para concluir que ela ainda atrai muitos visitantes, especialmente os estrangeiros”. Outras cinco ocupavam a página com muito mais destaque. Das cinco matérias, quatro destacavam essa hipotética redução no turismo sexual, todas reproduzindo dados da Secretaria Estadual de Turismo.
CONTRASTANTE – Ora, como o jornal publica página inteira afirmando que o perfil do turismo mudou, que agora o turismo familiar se sobrepôs ao turismo sexual e seis dias depois publica matéria com informações e avaliações contrárias? Tudo bem que as notícias são dinâmicas, parafraseando o ex-governador Gonzaga Mota, mas ou as primeiras matérias e avaliações estavam equivocadas e a segunda reflete a verdade, ou vice-versa. Ou ainda pesou o interesse e a verba publicitária da Setur para a primeira bateria de matérias.
CONTRASTANTE – Aliás, basta que se veja o próprio caderno de anúncios populares d’O Povo: abarrotado de anúncios de “acompanhantes”. A indústria do sexo, do pornoturismo cresce a cada dia. Apenas quem não quer não enxerga.
CORREIO ELETRÔNICO – Do internauta André Carvalho <acarvalho@sobral.org>, recebemos a seguinte mensagem:
“O que está havendo com O Povo? Sou leitor assíduo dos jornais cearenses, leio os dois e sempre tive preferência pelo O Povo. Embora leia antes o Diário, que aqui nos chega mais cedo.
A diferença de qualidade entre os dois já foi mais acentuada. Essa igualdade nos periódicos está mais próxima não só pela ascensão do Diário mas, também, pela queda de O Povo. E agora o jornal deu para jogar a culpa nos outros pela suas próprias faltas.
Vejamos as capas do dia 21 de dezembro. O Povo levou um furo sobre a
transferência do comparsa de Beira-Mar para o Ceará.
Em vez de o jornal correr atrás do prejuízo, passou recibo do furo da pior forma possível. Transferiu para o governo a responsabilidade. Publicou na Vertical do dia seguinte esta nota:
DESCENDO - Secretaria da Segurança Pública, que, através de alguns assessores, anda sonegando informações. E privilegiando a um só veículo.
A
matéria diz que a transferência foi de responsabilidade do Ministério da
Justiça, feita por policiais federais. Esquisito, então, culpar a Secretaria de
Segurança do Ceará. Não foram órgãos federais???
No dia 30, no caso da queda do helicóptero, outra esquisitice do Povo. Os dois
jornais deram o fato como manchete, mas o Diário foi o único a trazer fotos.
Exclusivas, conseguidas na madrugada, segundo a legenda.
Mais uma vez, O Povo pôs a culpa no governo. Até lembra aquele bordão humorístico: A CULPA É DO GOVERNO, A CULPA É DO GOVERNO. De novo o recibo do furo veio na Vertical do dia 31:
QUEDA
Segue desconexa a área de imprensa do governo do Estado. Compactua com o repasse
de informações públicas, geradas com o aparato oficial, apenas para um veículo
de comunicação. Feio isso para um governo que se diz social-democrata!
Muito lamentável a atitude do O Povo. A foto, surpreenda-se, foi enviada aqui de Sobral, por um dos colaboradores do Diário, o fotógrafo Wellington Macedo. E nem foi competência do Diário, foi só um lance de sorte. Alguém estava lá no momento do acidente e tinha uma câmara digital. Parece que o jornal não acredita no próprio serviço criado por ele o FOTOPOVO.
Passa uma idéia de arrogância. Ou seja: o outro não pode fazer melhor, a não ser que seja por algum privilégio. E do governo. Mais humildade.
No início do ano, outro furo. Na edição do dia 2, a primeira do ano. Os dois trouxeram o jogador Clodoaldo na capa. O Povo: “Clodoaldo perto de assinar com o Ceará”. Diário: “Polêmica: Clodoaldo assinou com o Ceará”. No dia seguinte, a confirmação nos dois jornais. O Terror é do Vovô. A Vertical não tocou no assunto de mais um furo. Terá sido culpa do governo? Vamos melhorar o jornal que já foi o melhor e maior jornal do Ceará. Torço muito por isso.
Atenciosamente
André Carvalho”
RESPOSTA – Com efeito, pode – no campo hipotético – estar havendo privilégios ao Diário do Nordeste com relação às notícias da área policial. Não é segredo que o repórter da editoria de polícia do DN, Fernando Ribeiro, acumula a função com a assessoria de imprensa da Superintendência da Polícia Civil. A situação é condenada pelo Código de Ética dos Jornalistas, e mesmo que o repórter/assessor dispense tratamento isonômico a todos os meios de comunicação, ainda assim questionamentos são suscetíveis.
Mesmo que esse quadro de privilégio seja real, ainda assim não há justificativa para os furos. Caso não consiga pelos canais oficiais, o jornal tem que buscar as informações que precisa em outras fontes. O internauta está correto quando condena o jornal por transferir a responsabilidade por sua incapacidade no governo. A coluna Vertical deveria ter elencado quem são os responsáveis pelo repasse das informações públicas apenas para um veículo de comunicação.
No primeiro caso, quanto à transferência para o IPPS do comparsa do traficante carioca Fernandinho Beira Mar, houve, de fato, o furo que O Povo levou do DN. Mas quanto à manchete de capa, ainda que o jornal dispusesse da informação, cabe à editoria geral a decisão sobre a matéria que a ocuparia. A transferência foi através do Ministério da Justiça, com a colaboração da Secretaria de Justiça do Estado, não da Segurança Pública como tentou justificar a anota da coluna Vertical.
Com relação à foto da queda do helicóptero do CIOPAER, o internauta descreve com maestria o ocorrido. Não foi competência, mas um lance de sorte. Faltou aos dois maiores jornais impressos locais a competência para obter fotos do local do sinistro, com a sorte suplantando a competência. André também foi feliz em citar o Foto Povo, meio que o jornal bolou para ter fotos de flagrantes, como o da queda do helicóptero, e fazer com que qualquer pessoa exerça ilegalmente o fotojornalismo. Uma maneira de ter dezenas de potenciais fotógrafos, nos quatro cantos, com um custo baixíssimo: apenas um valor quase simbólico por foto publicada.
Quando à contratação do jogador Clodoaldo, também foi um furo. Enquanto O Povo noticiava “Clodoaldo perto de assinar com o Ceará”, o DN já trazia a confirmação. O fato é que a notícia da contratação do ex-ídolo tricolor já circulava pelos torcedores no início da noite do dia 31/12. Provavelmente somente os repórteres d’O Povo não sabiam. Pior: o colunista Alan Neto disse que tinha a informação e não conseguiu divulgá-la, uma vez que o jornal circulou não circularia no dia 01/01 e somente retornaria no dia 02/01. Mas se tinha a informação, por qual motivo não repassou aos colegas de redação? A queda de qualidade é pública, vertiginosa e notória, nos dois grandes jornais cearenses.
PÉROLA – Essa foi publicada na edição do jornal O Povo, edição do dia 06/12, em matéria sobre projeto de lei que proíbe a cobrança por estacionamento em hospitais, à espera de sanção da prefeita Luizianne Lins: “Não é a primeira vez que a Câmara tenta proibir a cobrança de taxa de estacionamento em estabelecimentos privados no Município. Em 2001, o vereador Elpídio Nogueira (PSB) apresentou projeto que determinava a gratuidade da primeira hora em shoppings centers de Fortaleza. Mesmo aprovada a lei, os proprietários dos empreendimentos conseguiram derrubar a medida com base em determinação do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), que limita a possibilidade dos municípios legislarem sobre área privada”. Mais uma vez é citado um “Supremo Tribunal de Justiça”, certamente resultado do cruzamento do Supremo Tribunal Federal (STF) com o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Mas um dia os redatores locais acabam acertando... tomara!
COMPETIÇÃO – Os programas policiais das emissoras de TV locais partiram para competição em busca, claro, de pontos nas pesquisas de preferência. Como não têm e não conseguem o que melhorar em conteúdo, partiram para a distribuição de prêmios. O Barra Pesada (TV Jangadeiro) sorteia vales-compra de material escolar. O Cidade 190 apela para o sorteio de uma moto, tendo sorteado em dezembro de 2005 uma casa. Trata-se mais ou menos do duelo que travam os jornais impressos: oferecem brindes que superam, em muito, o valor da assinatura do periódico, fazendo com que o indivíduo acabe assinando não pelo conteúdo, pela qualidade, mas pela quantidade de brindes a que terá direito.
CÓPIA – O Sistema Verdes Mares começou as transmissões das partidas do campeonato cearense de futebol. Inicialmente na TV Diário, depois – quando iniciarem-se os campeonatos do Rio de Janeiro e São Paulo – pela TV Verdes Mares. Como criatividade é produto raro por aqui, o SVM optou por fazer uma cópia fiel do estilo da transmissão da Rede Globo. Tudo é copiado, desde as reportagens até o terno de apresentadores e comentaristas, mesmo com o calor senegalês do Ceará. E como a negada não agüenta passar todo o tempo do jogo empacotado, utilizam apenas quando vão aparecer no vídeo. Com um detalhe: nada de camisa social ou gravata, como usa a Globo. Por baixo do blazer até camisas de malha são vistas. As besteiras proferidas, entretanto, acompanham o padrão local mesmo.
GAGUINHO – Com as transmissões ao vivo – onde quem for podre que se quebre – surgiu o "repórter gaguinho": de cada dez palavras que o "repórter" André Alencar pronunciava, em doze ele gaguejava. Nervosismo ou despreparo. Ou os dois juntos.
EDILSON – Ocorreram os primeiros "erros" de arbitragem no campeonato cearense: no primeiro, o árbitro Manoel Moita deixou de marcar um pênalti claro na partida Icasa x Ceará. O zagueiro do alvinegro cortou a trajetória da bola com a mão, depois que o atacante do Icasa passou pelo goleiro alvinegro e iria ampliar o marcador, que então estava 1 x 0 para o time de Juazeiro. Todo o estádio viu, os telespectadores também. Teria que ter marcado pênalti e expulsado o jogador do Ceará. Não o fez. No segundo, o goleiro do alvinegro, Kiko, para evitar o gol voou nos pés do atacante da equipe juazeirense, tocando a bola com as mãos fora da área. Caso passasse pelo goleiro, o atacante só teria o gol à sua frente. Outra situação na qual o árbitro Manoel "Edilson" Moita teria que ter marcado tiro livre direto e expulsado o gol keeper (é o novo!) do Vozão. Fez apenas o primeiro. Esse campeonato cearense promete...
DÁ LICENÇA, MEU! – Na transmissão do jogo Icasa x Ceará, pela TV Diário, em determinado momento do segunto tempo, foi colocada no GC uma mensagem de internauta. Ou supostamente de um. O moço, de nome Rafael, disse que estava acompanhando o jogo do alvinegro na cidade de Marseille, na França. Segundo o que a suposta mensagem dizia, ele o fazia através de uma web cam. Ora, sejamos francos. A TV Diário pensa, efetivamente, que os telespectadores são todos imbecis? Como o tal internauta estaria assistindo a partida por uma web cam? Só havia duas formas disso: alguém na outra ponta estava com uma web cam apontada para um monitor de TV com a partida, o que seria muito difícil, pois a definição da imagem e a qualidade da "transmissão" seria péssima e isso inviabilizaria a "proeza", ou alguém estava no Romeirão com uma web cam ligada a um computador conectado à internet, fazendo a transmissão in loco. Aí, como detentora dos direitos de transmissão, a emissora poderia acionar judicialmente o tal "cinegrafista". Brincadeira tem hora... e limite.
ESTRAMBÓTICA – Quem foi mesmo o iluminado que teve a idéia de colorir a bola do campeonato cearense com a cor de laranja... ou seria a cor de uma tangerina? O bom vai ser nos jogos noturnos, onde alguns estádios têm iluminação deficiente, a dificuldade de visualização da pelota (é o novo!). Nas últimas edições o balão de couro (é o novo!) era prateado.
QUEIMOU – A prova de que a ex-VJ da TV União, ex-BBB, ex-comungada, ôps, Natália Nara queimou o filme quando de sua participação no ridículo programa global foi dada com a declaração da irmã da nova carreirista cearense, publicada no jornal O Povo, dia 06/01: "'O pessoal da Globo acredita que Roberta vai mudar a imagem do Ceará que não ficou muito boa no último BBB', diz Carla, referindo-se a participação de Natália Nara e suas histórias de lendas urbanas sobre a praia da Leste Oeste". Esperar o quê de gente que se submete a qualquer tipo de coisa para se expor na mídia? A primeira "iracema" queimou o filme dela e do Estado no BBB – mais dela do que do estado –. O quê fará a segunda?
CASADA – Infelizmente a Universidade de Fortaleza, pertencente ao Grupo Edson Queiroz, arranjou um meio no mínimo questionável para a “captação” de alunos para seu curso de jornalismo: as empresas do Sistema Verdes Mares (SVM), em especial a TV Verdes Mares, aceitam apenas estudantes da Unifor para estágio curricular. Não demorará muito contratará apenas “profissionais” formados naquela Universidade. No pior exemplo de “venda casada”... do diploma com o estágio/emprego.
RETRATO – O arrombamento de um caixa eletrônico do Banco do Estado do Ceará (BEC), situado no prédio da Secretaria de Cultura do Estado (Secult) é o retrato da incompetência do governo do Estado com relação à segurança pública. A Secult funciona vizinho à Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), no Palácio da Abolição, ao lado da sede do 2º Distrito Policial, de uma Companhia da Polícia Militar e do prédio do Centro Integrado de Operação Policial e Segurança (CIOPS). Do caixa foram furtados R$ 115 mil.
RETRATO – Nem mesmo o próprio Palácio da Abolição, onde funciona a sede da SSPDS está livre da ação de bandidos, imaginem outras áreas do Estado. A titular da Delegacia de Furtos e Roubos, Marta Reis, disse em entrevistas à imprensa de que desconfia de que o furto teria como autor funcionário ou prestador de serviço da Secult. Caso não consiga identificar o autor do ato criminoso ou se não tratar-se das duas categorias às quais se referiu, terá que vir a público desculpar-se com os servidores da Secult e os prestadores de serviço daquela Pasta.
CONCURSO – O concurso anulado para o Programa de Saúde da Família, promovido pelo governo do Estado, ainda vai dar muito pano para manga. Os que conseguiram atingir o perfil mínimo exigido lutarão, até a última instância do Judiciário, para garantirem o direito que consideram adquirido. O imbróglio criado pela incompetência do governo Lúcio Alcântara – mais uma – é tão grande, que o concurso poderá ficar sub judice, mesmo com a aplicação de novas provas. Mas o estranho é o fato do governo ter insistido com a empresa Conesul, que pode ter vencido a licitação, mas tem um histórico de concursos anulados que põe em xeque sua já frágil credibilidade.
CONCURSO – A empresa aplicou o exames em diversos órgãos públicos e até instituições de ensino e o retrospecto não é nada positivo. Muitos acabaram por serem anulados. O do PSF daqui chegou a ter quase duas dezenas de questões anuladas apenas em uma prova. O mais curioso é que o governo do Estado possui uma Universidade que poderia elaborar as provas dos concursos públicos do Executivo. Aliás, algum deputado poderia apresentar um projeto de lei que instituísse a UECE como responsável por todos os concursos públicos, dos três poderes.
CONCURSO – Além de por um ponto final nas falcatruas nos inúmeros concursos públicos realizados em prefeituras de municípios cearenses, apenas para dar a condição de servidor público aos apadrinhados políticos que já ocupam cargos comissionados ou estão enganchados como terceirizados, a medida poderia reduzir os custos dos candidatos com o preço da inscrição nos certames, pois a UECE não tem fins lucrativos. Extinguiria, também, essa máfia de empresas que se especializam em prestar esse tipo de serviço distorcido de beneficiar os simpatizantes dos ocupantes de cargos no Executivo, Legislativo – Estadual e municipais – e Judiciário. Concurso virou uma mina de dinheiro para governantes e donos dessas empresas.
DESCONTENTAMENTO – Tem sido grande o número de corretores de imóveis descontentes pelo fato do Conselho Regional da categoria (CRECI) ter firmado um vultoso e longo contrato – doze meses – com o “consultor” Sérgio Sobreira, para que ministra “palestras de motivação e auto-ajuda”. Sérgio é uma rotunda, pernóstica e dispensável figura, habitué de programas de auditório locais, especialmente Ênio Carlos (TV Diário). Da “caixola” do moço saiu um projeto apresentado por um vereador na Câmara Municipal que visava criar uma “carteira de motorista” para ciclista. Motivo de pilhéria na Casa, a figura conseguiu essa “mamata” do CRECI. Muitos corretores estão questionando o critério, utilidade, quem autorizou e efetuou essa contratação. Consideram – acertadamente – desperdício do dinheiro que pagam ao Órgão.
BELICISMO – Na corrida belicista do diretor geral da Guarda Municipal de Fortaleza, Arimá Rocha, o Órgão comprou cinqüenta coletes à prova de bala. Valor da compra: R$ 95,3 mil. O diretor da GMF já criou uma espécie de “Batalhão de Choque” na Guarda.
CONTA – O Instituto José Frota firmou contrato (07395/05) com a Coelce para o fornecimento de energia elétrica. Procedimento juridicamente correto e necessário. Duro é lembrar que, quando era empresa pública, o IJF era isento do pagamento do fornecimento de energia elétrica e podia aplicar os cerca de R$ 150 mil mensais que economizava na melhoria do atendimento ao público. Não dispõe mais desse reforço de caixa. E a Coelce ainda fica apregoando estar realizando ações sociais.
VIÚVA – Com a criação da Secretaria Extraordinária do Centro (Sece), a Prefeitura de Fortaleza aumentou em mais onze cargos comissionados, que custarão ao contribuinte mais de R$ 30 mil mensais. Com a Secretaria de Turismo de Fortaleza, foram mais 24 cargos comissionados criados, com um custo mensal de mais de R$ 60 mil nas costas do munícipe. Dentre os “agraciados” com um dos cargos, a jornalista Adriana Saboya, que foi nomeada assessora de comunicação da Secretaria de Turismo de Fortaleza.
VIÚVA – Quem também conseguiu um gancho na PMF foi a também jornalista Ethel de Paula, que agora é membro da Comissão de Trabalho da Operação Urbana Fortaleza Bela (Êita nome pomposo), vinculada ao gabinete da Prefeita Luzianne Lins. Da mesma forma a também jornalista Ana Cláudia Peres, que foi remanejada para exercer o cargo em comissão de Auxiliar Técnico em Análise de Sistema, na Secretaria de Finanças do Município. Antes a moça ocupara cargo em comissão no setor de comunicação da PMF, tendo sido substituída pela também jornalista Sílvia Góis.
VIÚVA – Quem também não ficou desamparado foi o ex-presidente da Funcet, Alexandre Barbalho, sucedido na Fundação exatamente pela esposa, a jornalista Beatriz Furtado. Alexandre agora é Gerente da Célula de Desenvolvimento de Programas Especiais (olha mais um nome pomposo aí), da Secretaria Municipal de Educação e Assistência Social (SEDAS).
VIÚVA – Após reclamar pelo fato de receber salário de apenas R$ 1,8 mil mensais, o presidente da Empresa Municipal de Limpeza Urbana (Emlurb), Ronivaldo Maia, teve uma “compensação”, uma forma de complementação de salário. Agora o rapaz também acumula, juntamente com a presidência da Emlurb, o cargo em comissão de Assistente Técnico de Avaliação, na Secretaria de Finanças do Município. Vai pegar uma estafa de tanto “trabalhar”... mas quem não chora, não mama...
VIÚVA – Que a Prefeitura de Fortaleza tem sido extremamente generosa na concessão de passagens aéreas e diárias a agentes públicos, isso não se discute. Mas existem episódios que aumentam a indignação do contribuinte. A chefe de gabinete da prefeita, Helena Rodrigues Barroso, recebeu três diárias, no valor de R$ 924,00, para acompanhar a senhora prefeita em compromissos de interesse da municipalidade em Brasília. A passagem aérea Fortaleza/Brasília/Fortaleza também foi paga pelo munícipe. O problema é que foram apenas dois dias de viagem, 22 e 23 de dezembro do ano passado.
VIÚVA – A assessora de planejamento, Ondina Maria Chagas Canuto também viajou para Brasília, recebendo passagem aéra ida e volta, para acompanhar projetos remetidos ao Ministério da Saúde. A viagem foi entre os dias 20 e 21 de dezembro de 2005, mas a moça recebeu três diárias, no valor de R$ 594,00. O coordenador do Grupo da Alimentação Escolar da Prefeitura, José Carlos Vasconcelos, também recebeu passagem ida e volta para Brasília, para participar do Encontro Nacional do Programa Nacional de Alimentação Escolar/2005, realizado entre os dias 09 e 11 de novembro do ano passado. Mesmo o evento se realizando em três dias, o coordenador recebeu quatro diárias, no total de R$ 792,00.
VIÚVA – Mas o mais espantoso é que a própria prefeita Luizianne Lins viajou para Brasília – aquela viagem que teve como companhia sua chefe de gabinete, Helena Barroso –, tendo as passagens custeadas pelo contribuinte e, mesmo tendo passado dois dias na capital federal – 22 e 23 de dezembro do ano passado – recebeu três diárias, no valor total de R$ 924,00. Por qual motivo houve o pagamento de diárias extras aos citados? Fica difícil acreditar nas reclamações de falta de recursos por parte do Executivo Municipal com esses fatos.
VIÚVA – São mais fatos que se somam aos muitos que o sítio Em Off já expôs e que mereceriam, no mínimo, uma investigação por parte do Ministério Público Estadual. Infelizmente os membros da Promotoria da Fazenda Pública ainda estão inertes.
ECLETISMO – Depois de empresa de material de informática fornecer lanche, de prestadora de serviço do mesmo ramo também fornecer o mesmo produto, chegou a vez de uma empresa de móveis e equipamentos para escritório, a F.G. Ltda, pertencente a Gean Silva Bessa, vender livros destinados às bibliotecas da rede municipal de ensino. O valor? Besteira: apenas R$ 340 mil. Uma ninharia. Os livros são de literaturas infantis, infanto-juvenis e livros técnicos acompanhados de CD de literatura e músicas infantis.
DISTORÇÃO – Nessa sede de conceder diárias e passagens aéreas para servidores e ocupantes de cargos comissionados, talvez esteja a explicação do fato da Prefeitura de Fortaleza estar praticando algumas distorções quanto à cobrança do IPTU. Desrespeitando a Lei 7.640, a PMF enviou cobrança do Imposto para inválidos, órfãos menores e viúvas, que possuem apenas um imóvel e nele residem, alem renda de até cinco salários mínimos, todos isentados pela Lei que está sendo descumprida.
BABA-OVO – No dia 07/01 o repórter Nelson Faheina apareceu todo “pimpão” no Diário da Manhã (TV Diário), puxando despudoradamente o saco do governo do Estado, pelo fato da construção de uma nova sede para o 8º Distrito Policial, situado no conjunto Prefeito José Walter. Falou maravilhas da política do governo estadual para a segurança pública. Esqueceu-se, porém, de lembrar alguns outros fatos, como a delegacia do município de Icó, que há mais de 60 dias está sem viatura.
PROCAPUI – Há dois anos o sítio Em Off vem acompanhando o caso Procapui, empresa de carnicicultura e exportação de camarão e lagosta, empreendimento que instalou-se no município de Icapuí e que tinha à frente, como sócio e diretor, Marcial Gerald Layani (Foto), também conhecido como Mike, empresário norte-americano de ascendência francesa/árabe. Já expusemos aqui a forma como a Prefeitura daquele município litorâneo desapropriou e entregou um terreno onde funcionava uma salina, da União, para o empresário instalar seu empreendimento. Também abordamos o modo como a Câmara Municipal daquela Cidade aprovou um projeto de lei que criou um selo de qualidade, tudo feito sob a orientação do empresário.
PROCAPUI – Depois que nosso internauta Piero Brigneti, residente em Barcelona, na Espanha e Brian Rattner, residente em Nova York, ambos também vítimas do dono da falida empresa de carnicicultura, revelaram o paradeiro do empresário após aplicar um golpe que resultou num rombo estimado hoje em mais de R$ 18 milhões, novos fatos desse episódio ocorreram. Através do inquérito 478/2005, a Delegacia de Defraudações e Falsificações da Polícia Civil do Ceará está investigando a empresa, através de notícia crime apresentada pelos demais proprietários originais da Procapui, Josef Anavian e Leyla Anavian, respectivamente tio e mãe de Mike, que o acusam de estelionato e fraude. Mas o caso envolve muito mais que isso, indo da sonegação fiscal à remessa ilegal de divisas para o exterior, passando por diversos outros crimes.
PROCAPUI - Juntamente com a Procapui, também partiicipou a empresa Iglomar, também controlada pelo empresário denunciado. Mike acabou sendo localizado na cidade de Santos, onde já está aplicando o mesmo esquema montado aqui. Naquela cidade paulista, já responde por emissão de cheques sem fundo através da empresa Distribuidora de Produtos Helieuticos Diphas Ltda.
PROCAPUI – Josef e Leyla Anavian, juntamente com Rita Ruth Zahabian, sócios na empresa de carnicicultura, enviavam recursos do exterior para capitalizar a Procapui. Com o fito de provocar um déficit contábil, o empresário subfaturava os camarões que vendia à firma G.F. Higgins, nos Estados Unidos. O produto saia do Brasil com uma nota fiscal atestando apenas 80% do valor real. O restante era repassado diretamente ao empresário, sem que fosse registrado pela contabilidade da empresa e pela Receita Federal, em regime de sonegação de impostos. A diferença do preço real e o preço declarado era enviado pelo empresário para paraísos fiscais.
PROCAPUI - Para cobrir o déficit, os sócios no estrangeiro enviavam mais dinheiro. Quando a fonte secou, Mike passou a captar dinheiro local. Tomava vultosas quantias por empréstimo, pagando juros de até 6% mensais e dando sempre os mesmos bens – imóveis – como garantia. Dos empresários João Eudes – proprietário da loja de carros Eudes Automóveis – e Luiz Cidrão "captou" nada menos de R$ 2,930 milhões, numa única operação. Numa outra, conseguiu de Cidrão R$ 948 mil (US$ 316 mil na época), em 2002, pagando juros de 2,5% mensais.
PROCAPUI – De Gilberto Moita o empresário captou R$ 805 mil, com juros de 6% ao mês. Também deu como garantia diversos cheques sem fundos de contas da Procapui e Iglomar no Citi Bank, Unibanco e Bradesco. O rombo atingiu muitos outros pequenos investidores, atraídos pela alta taxa de juros que Mike se oferecia para pagar pelos mútuos. Muita gente ficou sem o dinheiro que cedeu, tampouco os tais rendimentos. Na próxima atualização abordaremos as pessoas que deram suporte aqui para o rombo aplicado pela Procapui.
PARA REFLETIR – "É pior cometer uma injustiça do que sofrê-la, porque quem a comete transforma-se num injusto e quem a sofre não". (Sócrates)
ATUALIZAÇÃO N.º 301 - 16/01/2.006
ILEGALIDADE – Após desfigurar por completo o concurso público para o cargo de Técnico em Comunicação Social Júnior, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos resolveu apelar para mais uma ilegalidade. Mesmo o edital 189/2005, o inicial, não prevendo, a Empresa está querendo devolver o dinheiro da inscrição no concurso aos candidatos que assim desejarem. Tenta, em vão, fazer com que o concurso não caia no descrédito, pois será suspenso – se houver decisão judicial antes da aplicação das provas – ou anulado – se isso ocorrer após o exame – através de ação judicial. Triste exemplo de uma empresa que já foi modelo de administração pública, mas hoje patina num mar de lama da corrupção e numa inacreditável incompetência administrativa.
PANTOMIMA – Bastou que algumas notícias do estado caótico no qual se encontram delegacias do interior do Estado – a maioria com prédios deteriorados, sem o número mínimo de policiais sequer para o essencial, carros sem condições de rodar (a delegacia de Icó, por exemplo, estava com suas duas viaturas paradas há mais de 60 dias) –, que acabaram furando o bloqueio midiático que o governador Lúcio Alcântara resolveu promover uma pantomima para a entrega de viaturas. Fez desfilar mais de 200 carros pelas ruas de Fortaleza, que trafegaram até o estádio Castelão, onde haveria a cerimônia de entrega. Tudo foi feito durante o dia, exatamente para chamar a atenção da população, para passar a falsa impressão de que o governo está investindo pesado em segurança. Não está. As novas viaturas serão até insuficientes para repor as que foram tiradas de uso. Mas 2006 é ano eleitoral e o governador não iria perder a oportunidade de se autopromover.
ANTECEDENTE – Embora revoltante, não há qualquer originalidade nos R$ 500 mil tirados do suado bolso do contribuinte que o governo do Estado destinou para a escola de samba Estação Primeira de Mangueira, do Rio de Janeiro, que desfilará no carnaval desse ano com um enredo sobre o rio São Francisco, de cujas águas o governo defende a transposição. A prática é praxe de tucano, pois antes dele o então governador Ciro Gomes também enviou dinheiro para uma escola de samba do Rio de Janeiro custear parte das despesas com um enredo que falava do Ceará. Enquanto isso os que fazem o carnaval de rua de Fortaleza não vêem um tostão do governo do Estado. O Em Off já se posicionou várias vezes contra a subvenção oficial à agremiações carnavalescas, que deveriam captar na iniciativa privada recursos para financiarem seus desfiles, mas se é de tirar dinheiro do contribuinte cearense para subsidiar o carnaval carioca, melhor que esse dinheiro tivesse sido destinado aos carnavalescos cearenses.
ARDIL – A semana passada foi marcada por um dos mais incríveis casos de engabelação jornalística dos últimos tempos, envolvendo os dois jornais impressos locais, o Instituto Dragão do Mar, o Museu de Arte Contemporânea, o artista plástico cearense Yuri Firmeza e o “artista plástico japonês Souzousareta Geijutsuka”. Yuri resolveu, para chamar a atenção com o que considerou falta de atenção da mídia para com os artistas locais, criar um personagem, o tal Souzousareta Geijutsuka. Uma exposição, também fictícia, do tal artista plástico nipônico, sob o título Geijitsu Kakuu, também foi criada.
ARDIL – Até mesmo a chegada a Fortaleza foi anunciada, para o dia 10/01, às 22:00h. Uma falsa assessoria de imprensa enviou release para as redações dos jornais O Povo e Diário do Nordeste e até mesmo uma entrevista, feita por correio eletrônico com “Souzousareta Geijutsuka” foi publicada. Tudo com o conhecimento do Instituto Dragão do Mar e do Museu de Arte Contemporânea. No dia seguinte a estratégia de Yuri seria motivo de novas publicações dos jornais – na verdade apenas O Povo o fez –, desta vez para condenar a atitude do artista local e dos dois órgãos estatais.
ARDIL – Na edição do dia 10/01, o jornal O Povo publicou, na capa do caderno Vida & Arte, uma matéria, com o título “Desconstruindo a arte”, onde o texto falava de uma exposição onde flores e vegetais carbonizados representavam o equilíbrio entre a vida e a morte. Também afirmava que Souzousareta Geijutsuka não se intimidava com o estranho. O texto dizia que o artista plástico nipônico transformava em arte o que nem de longe parecia isso.
ARDIL – “A exposição de Souzousareta busca a harmonia entre a natureza que nasce e morre, empregando equipamentos tecnológicos, para abordar a discussão em torno da fragilidade da vida e suas conseqüentes contradições. O artista conquistou fama mundo afora, exatamente por elencar assuntos tão distintos, como: arte, ciência e tecnologia em suas exposições. Souzousareta desenvolve pesquisas na Eletrônica e Telecomunicações, isso aliado aos conceitos de tempo real, simultaneidade, supressão de espaço e imaterialidade. O uso de objetos e tecnologias tão ousadas são influências da ‘desmaterialização’ dos anos 60/70”, trazia a matéria.
ARDIL – O Diário do Nordeste, no mesmo dia, também publicou matéria sobre a “exposição”, assinada por Dalwton Moura, no Caderno 3. “Esta é a quarta vez em que Souzousareta, considerado um dos nomes mais importantes quanto à interface entre arte contemporânea, ciência e novas tecnologias, participa de eventos no Brasil. O sofisticado equilíbrio entre vida e morte na natureza é o fio temático de sua exposição “Geijitsu Kakuu”, em que flores e vegetais são revisitadas por meio de objetos carbonizados, em um convite a reflexões sensoriais sobre a fragilidade da vida”. O autor do texto afirmava que por quatro vezes Souzousareta Geijutsuka havia estado no Brasil. Mas onde mesmo?
ARDIL – Dalton Moura também afirmou que o artista plástico japonês já havia exposto seus trabalhos em Tóquio, Nova York, Berlim e São Paulo. Também revelava que “o pintor e escultor francês Marcel Duchamp (1887-1968) é citado por Souzousareta como uma de suas grandes influências”. A primeira pergunta da entrevista feita por e-mail foi a seguinte: “Caderno 3 — Esta é a quarta vez que trabalhos seus são expostos em eventos no Brasil. Que importância esse contato com o País tem para o seu trabalho?”.
ARDIL – Numa de suas respostas, “Souzousareta Geijutsuka” dá uma pista de sua verdadeira mensagem, quando indagado a “resposta que vem obtendo do público e das instituições de arte brasileiras”: “Muito pequena, como deve ser o caso da maioria dos artistas contemporâneos, pelo menos aqueles que ainda resistem a uma total subordinação dos procedimentos e problemas estéticos aos imperativos de consumo. Não só no Brasil, mas me parece que em vários países desenvolvidos, as atividades da cultura precisam apresentar relevância mercadológica para encontrar linhas abertas de financiamento e incentivo. Acontece o mesmo com o público, sobretudo com a arte eletrônica. Precisamos estar o tempo todo brigando com nossa própria produção para não deixar que os clichês tomem conta de tudo. E é esse o problema, o público, em geral, adora clichês. Espero encontrar coisa diferente no Brasil.”
ARDIL – E continuou dando dicas, ao ser questionado se “há ainda uma forte resistência do público a esse tipo de arte, em formas não-convencionais, ou já é mais fácil aproximar a arte eletrônica do público em geral”, ao que respondeu: “o público sempre resiste ao que não é convencional. Por isso a arte necessita tanto do marketing nos dias de hoje”. Fez uma provocação ao responder a pergunta “Você já declarou que os “historiadores de arte” ainda vêem com reservas a arte tecnológica. Há possibilidades de se reverter esse quadro? Em que prazo?”: “normalmente os historiadores da arte, assim como os historiadores da filosofia, são iguais aos públicos: têm dificuldades de reagir ao que não entendem”.
ARDIL – Arrematou com um vaticínio, quando instado a fazer uma síntese do conceito e o objetivo da exposição Geijitsu Kakuu: “essa exposição tem várias facetas, justamente para poder lidar com vários problemas. Tudo está integrado a um exercício do simulacro, cujo objetivo é retirar os hábitos de seu estado de evidência. Inclusive hábitos estéticos, do tipo “Por que gostamos de arte?”. É preciso ver a exposição”.
ARDIL – No dia seguinte à revelação do artista “fake”, o jornal O Povo publicou reações. A primeira, um artigo assinado por Felipe Araújo, “repórter especial” do periódico, sob o título “Arte e molecagem”. Nele, o jornalista ataca – ou rebate, se assim desejarem classificar – a atitude do artista plástico “true” Yuri Firmeza. “A recente molecagem do artista plástico Yuri Firmeza, que inventou o pseudônimo de Souzousareta Geijutsuka e divulgou para a imprensa local seu (...) brilhante currículo de exposições no exterior como forma de conseguir espaço na mídia, revelou alguns traços do espírito da arte contemporânea em Fortaleza. Com algumas caras exceções, uma arte pobre, recalcada e alienada, feita por moleques que confundem discurso (ou melhor, as facilidades conceituais de um discurso) com pichação; que acham que estão sendo corajosos quando não fazem mais do que espernear e gritar por uma mesadinha ou por uma berlinda oficial. Nelson Rodrigues é que estava certo: os idiotas perderam a modéstia”.
ARDIL – Teria sido Yuri moleque – e molecagem é uma forte característica do povo cearense, a não ser que o jornalista tenha utilizado o adjetivo fora do nosso contexto “cearenses” – ou os que embarcaram em seu devaneio artístico/personal irresponsáveis, incompetentes, preguiçosos e outros adjetivos? Afinal, que relação de confiança cega é esse do jornalista/fonte que chega a causar a dispensa da confirmação das informações que recebe? Ademais, se é para usar este parâmetro para classificar o autor da, digamos, molecagem, muitos jornalistas também acham que estão sendo corajosos quando não fazem mais do que gritar, tentar extorquir por uma mesadinha ou por uma berlinda oficial, um lugarzinho no guarda-chuva do barnabé comissionado de “ungimento canetal”.
ARDIL – Continuou o jornalista: “não há nenhuma novidade na invenção de pseudônimos como forma de afirmar determinados discursos artísticos. Yuri, aliás, tem todo o direito do mundo de fazer a brincadeira ou a provocação que quiser. Como ''artista contemporâneo'', sua provável falta de domínio sobre certos procedimentos criativos e o discurso esquálido naturalmente ampliam seu horizonte de atuação estética às raias da falsidade ideológica”. Ora, se a discussão iria enveredar por esse meandro jurídico, com a citação do ilícito de falsidade ideológica, tipificado no Artigo 299 do Código Penal, por qual motivo Felipe também não aproveitou para debater sobre a contravenção penal contra a organização do trabalho exercício ilegal de profissão, tão presente nas mesmas páginas onde escreveu, através de falsos jornalistas que assinam, aos montes, colunas no periódico que o abriga? Para citar alguns: Karine Alexandrino, Pompeu Vasconcelos, Fernando Costa, etc., etc., etc. Que pesos e que medidas distintas são essas?
ARDIL – Felipe terceiriza a responsabilidade pelo erro: “o que estranha é o fato de a presidência do Dragão do Mar - principal centro cultural da Cidade - e a direção do Museu de Arte Contemporânea chancelarem uma irresponsabilidade desse tamanho”. Afinal, quem foi irresponsável, cara pálida? O Dragão do Mar e o MAC, que “chancelaram uma irresponsabilidade desse tamanho” ou o (ir)responsável(is) pela publicação da matéria sobre a tal “exposição”, que não se cercou dos cuidados necessários e que todo jornalista responsável lançaria mão? Afinal, vivemos numa realidade onde a Internet funciona como um apêndice praticamente indispensável nas redações. Bastaria que o pai da criança buscasse informação sobre “Souzousareta Geijutsuka” nos sítios de busca que veria a inexistência. Nessa, com certeza, Yuri foi genial. Apostou que os jornalistas não iriam se dar ao “cansativo” trabalho de confirmar informações, o que colocaria por terra sua engenharia artística.
ARDIL – O jornalista seguiu transferindo responsabilidades: “a título de ‘denúncia’ sobre uma suposta negligência da imprensa com a produção local, Yuri tentou arranhar a credibilidade e a boa reputação de alguns profissionais”. Suposta? Está tudo muito cristalino. Quanto à “credibilidade e a boa reputação de alguns profissionais”, como não citou quais seriam, vale lembrar que escrever sobre o que não sabem é uma prática muito mais comum do que ele ou qualquer outro desavisado pensa. Constantemente a imprensa local se refere a um “Supremo Tribunal de Justiça”, além de já ter jornalista que escreveu ser Buñuel natural da Andaluzia, apenas baseado no fato dele ter em sua filmografia a película “Um cão andaluz”.
ARDIL – Teve mais: “é fato que, demagogicamente, vai arregimentar a simpatia de uma classe artística boçal que (feitas as devidas exceções) projeta na imprensa a frustração de seu próprio fastio criativo. E é fato também que muitos idiotas vão entender esse gesto como um alerta oportuno sobre a cobertura jornalística da cultura em nosso Estado. A imprensa tem seus problemas e deve permanentemente questionar e ser questionada sobre sua responsabilidade com as artes e a cultura. Mas o que se viu nesse episódio foi apenas a face mais evidente da mediocridade”. E a imprensa, projeta seu “fastio criativo” em quem? Álbuns imbecis também teriam que entender o episódio como uma lição, não um alerta. A imprensa não tem problemas, os jornalistas sim. Até mesmo para a categoria a culpa foi empurrada. Toma que o filho é teu! O que se viu foi, também, a face clara da mediocridade, da irresponsabilidade, da preguiça, da incompetência. Ninguém está livre de tudo isso, mas quando se é abatido por elas, o mais digno a fazer é reconhecer a queda.
ARDIL – Continuou o périplo de se eximir: “o pecado dos jornalistas envolvidos no episódio talvez tenha sido o de acreditar na boa fé e no respeito que sempre pautou a relação entre as redações e o Dragão do Mar. E acreditar na reputação do Dragão como um centro que, através do MAC, quer promover exposições e discussões procedentes sobre a arte contemporânea. Não somente a credibilidade do Centro junto à imprensa, mas a própria credibilidade do Dragão junto à opinião pública estão gravemente arranhadas a partir de agora. Afinal, quem iria a uma exposição de Souzousareta sabendo que se trata de uma exposição de Yuri Firmeza?”. O pecado dos jornalistas envolvidos foi, mais uma vez, a irresponsabilidade, a preguiça, a incompetência, somadas à arrogância, prepotência, soberba, medo de assumir o erro. A credibilidade do Dragão do Mar com a imprensa e a sociedade saiu gravemente arranhada? E a credibilidade do jornal, dos jornalistas envolvidos, não?
ARDIL – Semana passada o Em Off publicou mensagem enviada por internauta de André Carvalho, de Sobral, onde expôs a mesma atitude quanto a dois furos tomados pelo O Povo: um relativo à transferência de um comparsa do traficante Fernandinho Beira Mar para o IPPS, outro sobre uma foto do acidente no qual caiu um helicóptero do CIOPAER. O internauta mostrou, com riqueza de detalhes, a forma como o jornal transferiu a culpa dos furos à comunicação social do governo do Estado. Não reconheceu a própria incompetência, tampouco, naquele episódio, a “sorte” que assolou o concorrente. Culpar apenas uma ponta do problema também não é raro: há alguns anos, numa matéria sobre emissoras de rádio do interior do Estado que pertenceriam a políticos, publicada sem qualquer documento que comprovasse as informações, apenas o repórter autor da matéria foi demitido. Editor de política – na época ainda existia isso n’O Povo –, editor geral, gato, cachorro e papagaio ficaram de fora. O erro foi coletivo, pois no jornalismo não há erro de apenas um autor, mas a culpa e a punição foram centralizadas.
ARDIL – Em matéria publicada no mesmo dia que o artigo do jornalista, o jornal O Povo aborda o fato, com o título “Pegadinha contemporânea de artista cearense”. No dia seguinte, 12/01, o jornal mais uma vez reportou-se ao fato, com uma extensa matéria publicada no caderno Vida & Arte. Nela, a professora Adísia Sá, procurada para falar sobre o fato, é citada: “segundo a jornalista Adísia Sá, houve erro tanto por parte do Centro Dragão do Mar, que perpetuou a brincadeira, quanto dos próprios jornalistas, que acreditaram na fonte sem apurar sua veracidade. ‘O Dragão compactuou com a farsa, para fazer charme. Quem se desgasta é a fonte. Vai demorar muito para o Dragão restaurar sua credibilidade. Por outro lado, não há fonte absolutamente veraz. A informação deve ser buscada e investigada pelos jornalistas’, explica Adísia”.
ARDIL – Aliás, a própria Adísia já foi vítima de um caso, no mínimo, parecido: quando dirigia a rádio AM do Povo, foi surpreendida com a informação de que um dos seqüestradores da empresária Paula Frota, uma das herdeiras do Grupo Edson Queiroz, que já havia sido libertada, mas o grupo que a seqüestrara era “caçado” pela Polícia, havia sido preso. A informação foi dada pelo então repórter Afrânio Marques, na abertura de um programa, no início da tarde. Imediatamente um batalhão de jornalistas de todas as empresas de comunicação passou a buscar a informação na emissora e fora dela, mas o repórter, circulando com o carro de reportagem – de onde deu a informação – não respondia aos chamados da redação pelo rádio. Algum tempo depois, quando respondeu ao contato, indagado onde estaria preso o tal seqüestrador, o jornalista disse que se tratava apenas de uma pegadinha: era primeiro de abril, dia da mentira.
ARDIL – O erro, como bem frisou a professora Adísia, foi do Dragão do Mar e dos jornalistas. Caso ao primeiro não tenha ocorrido a responsabilidade devida no trato das informações que divulga, ao segundo segmento isso é imperativo. Não há desculpas para, hodiernamente, alegar confiança na fonte ou dificuldade para a confirmação de notícias que recebe, por parte da Imprensa, como justificativa para um erro. O próprio editorial do jornal O Povo, edição do dia 12/01, “Provocação Infeliz”, também terceirizou a culpa por ter embarcado na fábula, repassando a responsabilidade ao Dragão do Mar e ao Museu de Arte Contemporânea, mas ao final, afirmou: “É preciso reconhecer que a imprensa cearense também não sai ilesa do caso do japonês fictício. Em plena era da Internet, com sites de busca tão precisos, não custava nada uma checagem em torno do nome divulgado. Apenas a credibilidade no Dragão do Mar não era suficiente. Que sirva de lição”.
ARDIL – O jornal O Povo, mesmo com o posicionamento individual/institucional de transferir a responsabilidade pelo episódio, pelo menos expôs o caso e o debateu. De uma maneira distorcida, mas pelo menos não fingiu que o fato não aconteceu. Esse posicionamento, entretanto, ocorreu com o Diário do Nordeste, para quem retificar um erro significa errar duas vezes. Com sua postura hermética e superada, preferiu não mais tocar no assunto depois da revelação da traquinagem. Logo ele, que conseguiu “entrevistar” o artista japonês...
ARDIL – O fato ocorre num período emblemático: de um lado o Diário do Nordeste com uma agressiva campanha de mídia, apresentando-se como o jornal de maior circulação no Nordeste e, segundo sua própria avaliação, tornando-o “o melhor”; do outro o jornal O Povo, igualmente com uma forte campanha publicitária, apresentando-se como o jornal que mais ganhou prêmios, rebatendo a intenção do concorrente. O mais vendido cometeu um erro infantil. O mais premiado idem. Ambos são os melhores? Ambos pagaram o preço, também, de repassar informações oficiais, sem que a veracidade seja confirmada. Do jeito que a coisa vai, se consolidarão ainda mais como flanelógrafos de releases chapa branca.
TRIBOS – Na semana passada, a jornalista Adísia Sá, em seu artigo semanal, abordou a postura da prefeita Luizianne Lins e sua entourage. É fato que o séqüito da prefeita tem criado uma barreira, uma blindagem que não se consegue entender o motivo, tampouco a função. “É tiro de todos os lados: críticas severas... necessárias. E não é sem causa. Nunca um gestor público, nestes últimos tempos, esteve tão exposto e cobrado como a Prefeita. Afinal, muitas foram as promessas, as palavras de ‘deixa eu assumir...’ Uma enorme expectativa foi gerada no seio da coletividade”.
TRIBOS – Continuou a professora: “Fortaleza estava carecendo de novos ares, de um outro modelo de política administrativa, enfim, de uma sacudidela na máquina municipal conduzida há anos por uma mesma ‘filosofia’. Foi este sentimento de mudança que levou Luizianne ao Palácio”. Com efeito, há muito tempo um chefe de Executivo da Capital cearense não era eleito em meio à expectativa tão grande quanto Luizianne. Todos os ingredientes pré-eleição fizeram aumentar essa expectativa.
TRIBOS – Explanou Adísia: “indicados os auxiliares - de todos os escalões - acreditava-se: ‘agora a coisa vai’. A despeito do gigantesco corpo montado, alguns quadros eram da melhor qualidade e, por isto mesmo, garantia de sucesso”. Mas a lógica acabou não se concretizando. “Não foi assim. Houve, pouco depois de empossados, uma debandada expressiva. ‘O que houve? O que aconteceu?’. Cada um deu a sua explicação. Procurada, a Prefeita, blindada por sua tribo, tornou-se inaccessível, distante. Logo ela, tão aberta, democrata, igual”, escreveu.
TRIBOS – Luizianne, como bem descreveu Adísia, transformou-se num ser quase inalcançável. “Alguns dos ex-auxiliares murmuravam e outros continuam dizendo o mesmo: ‘ninguém chega à Prefeita’. Não é só isto: Luizianne não é só alcançada, ouvida: estão falando, batizando ,crismando, casando e divorciando em seu nome”. Embora muitas vezes saiba, sim, quem está sendo batizado, crismado, casado e divorciado em seu nome, Luizianne também não tem conhecimento de muita coisa feita em sua autoridade.
TRIBOS – “Há quem decida, sem que ela saiba. Há quem discrimine pessoas, sem que ela saiba. Há quem queime candidatos a cargos na Prefeitura, não à falta de méritos e qualidades, mas por não seguirem a cartilha da tribo dominante. Tudo como se fora ordem de Luizianne. Até quem é amigo ou parente de críticos da administração é alijado: ‘este não...’ Se ela não tomar cuidados, um dia vai chegar à Prefeitura e não vai entrar: a tribo decidiu... Isto aí, Luizianne, é o resultado de se fechar trancada na torrinha ...”, escreveu.
TRIBOS – Dois dias depois, coube ao assessor da prefeita, jornalista Waldemir Catanho, a missão de rebater o irrebatível. Sob o título “Tempo de falar”, Catanho disse que Adísia havia “lançado um olhar oblíquo sobre a política de obras públicas da Prefeitura de Fortaleza a partir do que via de sua janela”. “Fortaleza é maior do que seus olhos podem alcançar, professora!”, escreveu o assessor. Infelizmente, a trôpega visão do assessor o tornou míope quanto à defesa da prefeita. Pode-se ter um olhar abrangente, cristalino, horizontal, vertical do que se vê nos próprios documentos do Executivo Municipal, a maioria postados em frente à janela do Diário Oficial. Há um bom tempo o Em Off vem expondo mazelas da administração municipal. As contratações sem licitação, a concessão de diárias para “viagem” até o contíguo município do Eusébio, até as da semana passada, quando vários ocupantes de cargos comissionados – incluindo a própria prefeita – receberam uma diária a mais, irregularmente. Caso seja mesmo tempo de falar, o assessor poderia iniciá-lo tentando explicar essa e outras irregularidades.
TRIBOS – “Sob o título Tribo de Luizianne, o último texto de Adísia Sá (O POVO, 10/1/2006) me pareceu um pedido desesperado por uma resposta. Mas não por isso me reporto a ele agora. O diálogo a que me proponho tem fins esclarecedores. Porque acredito que as páginas dos jornais devem ser ocupadas por notícias de interesse público, que tragam uma contribuição para o pleno exercício da cidadania”, escreveu Catanho. Desesperado está o munícipe, para saber por qual motivo o dinheiro que a Prefeitura arranca de seu suado bolso, é canalizado para gastos que não são prioridades à Cidade. E desde quando explicações sobre como o erário é utilizado não é de interesse público? Talvez sejam de mais interesse público as inúmeras viagens custeadas pelo contribuinte, que pagou passagem e diária até para ocupante de cargo comissionado participar de congresso de sua categoria profissional. Aliás, o próprio Catanho foi um dos beneficiados com as diárias pagas pela “viagem” feita ao município do Eusébio.
TRIBOS – “No artigo, Luizianne é acusada ‘de se fechar trancada na torrinha’, ‘blindada por sua tribo’, ‘inacessível’. Curiosa a crítica dirigida a quem atende a uma média de 110 audiências por mês e que vem cumprindo cada palavra do seu programa de governo”, rebateu. E por qual motivo, ano passado, por exemplo, a prefeita “cozinhou” por meses o ex-coordenador de esportes da Prefeitura, Sued Castro Lima, quando este tentava falar com Luizianne sobre o fato do vereador Marcílio Gomes estar bradando, na época, que iria ser nomeado para o cargo dele? Foram meses de tentativa, audiências marcadas e previamente canceladas. O quê fez a prefeita? Enviou a assessora Mitchele Benevides para o Órgão, onde chegou dizendo que era superiora do coordenador – embora o cargo que ocupa não pertencesse à estrutura organizacional da Cordenadoria –, para forçar-lhe o pedido de exoneração.
TRIBOS – Escreveu ainda Catanho: “mas talvez a professora não se refira aos compromissos da prefeita com seu secretariado”. Estranha afirmação, principalmente quando alguns de seus ex-colaboradores – como o ex-secretário de educação, Idevaldo Bodião, por exemplo – terem deixado a equipe reclamando publicamente da dificuldade em serem recebidos pela prefeita. “Talvez Adísia Sá tenha sentido a ausência de Luizianne sob os holofotes. Aí, tenho que acatar. De bom grado, diga-se. Há que se priorizar urgências. No último ano, a gestão consolidou seu projeto político democrático, debruçou-se sobre a máquina pública e implementou ações transformadoras, como a realização do Orçamento Participativo”. Afirmação igualmente estranha, no momento em que se viu, semana passada, a prefeita Luizianne em diversas fotos em colunas sociais. A prefeita no parque Adahil Barreto para o show da Adriana Calcanhoto, a prefeita num restaurante posando com um anão mascote de um restaurante caro, a prefeita aqui, acolá. Quais as ações transformadoras implementadas? As dispensas de licitação? O contrato firmado sem licitação com um instituto controlado por Francisco Auto Filho? Outro da mesma forma com uma associação do Bom Jardim, ambos, somados, superiores a R$ 3 milhões?
TRIBOS – Concluiu o jornalista: “Fortaleza mudou. Basta abrir o jornal. A cidade virou notícia. O cidadão é protagonista. Quanto a nós, pertencemos todos - do Siqueira ao Mucuripe, da Granja Porttugal à Aldeota - a uma tribo que sonha com o coletivo e que luta pela construção de uma Fortaleza Bela”. E quem não tem dinheiro para comprar jornal, vê essa suposta tal mudança como? A administração municipal também deveria ter virado notícia, diante de denúncias feitas. Mas não foi. Por qual motivo? Embora todos pertençamos do Siqueira ao Mucuripe, da Granja Portugal à Aldeota, coube a esse último bairro, ou melhor, ao seu vizinho, a não menos cara financeiramente Praia de Iracema, a melhor festa de reveillon na virada do ano. Com direito até a camarote. Enquanto nos camarotes se refestelavam a tal tribo e seus aliados, regados a uísque e com muitos acepipes, no resto da cidade a turba era mantida em seu lugar. À cacique, seus sub-caciques e pajés as mordomias bancadas pelo "canelau", que a tudo assistia de longe, talvez esperando que algo ou alguma migalha das bebidas e guloseimas caísse perto de si. Muitos desejando a queda de todo o camarote.
MEDROSO – Além de baba-ovo mor, o colunista Alan Neto também se revelou um medroso. O colunista escreveu em sua coluna dominical "Vale Tudo" (sugestivo nome!), do dia 15/01, sobre uma pane que impediu de decolar o avião que levaria o governador Lúcio Alcântara para o Rio de Janeiro, onde de lá seguiria para férias nos EUA: "Foi aquele corre-corre. Cancelado o vôo surgiu outro problema. Como alojar os 275 passageiros pois não havia nenhum apartamento vago nos hotéis da cidade. Todos superlotados. O jeito foi apelar para as apertadas pousadas. No caso de Lúcio Alcântara nem tanto. Ele solucionou o seu problema alugando um jatinho. Não com o dinheiro do seu bolso, claro. Não agisse assim perderia o vôo para as suas deliciosas férias nos States". Não teve culhão para dizer com o dinheiro de quem ele alugou o jatinho para não perder as férias.
MEDROSO – Não contente, ainda lascou essa: "A empresa cearense Chegue & Pague, com seus 108 pontos e em franco crescimento foi, mesmo, vendida a um grupo de investidores ingleses do Lemon Bank. A informação foi confirmada por seu acionista maior, conhecida figura da política tupiniquim. O preço terá sido em dólar, euro ou o desvalorizado real? Segredo de Estado. Todos estão proibidos de falar. Detalhe relevante: as filiais de São Paulo não entraram no negócio. Pelo menos por enquanto". Também não teve culhão para dizer que a "conhecida figura da política tupiniquim", acionista maior da Chegue & Pague é o onipresente deputado federal Leo Alcântara (PSDB), filho do governador Lúcio Alcântara e que, além da empresa vendida, também está metido na controvertida Conap, que recebe milhões do contribuinte cearense para administrar alguns presídios cearenses.
PÉROLA – Essa foi proferida pela falsa profissional Simone Sucupira, no programa Top Mais (TV União): "cozinha, na banda, é o local onde são colocados os metais, como a bateria, baixo, percussão". Alguém precisa informá-la que metais são os instrumentos de sopro, como saxofone, trompete, trombone de vara, etc. Bateria, baixo, percussão não é nem nunca foi metal. Essa destruiu o fogão e matou o cozinheiro... e o telespectador, de raiva.
APITO – Ou a Comissão Estadual de Arbitragem de Futebol (CEAF) da Federação Cearense de Futebol (FCF) toma uma atitude ou o campeonato cearense pode terminar, mais uma vez, numa grande confusão. Desta vez motivada pela péssima arbitragem nos jogos. Nos últimos anos o nível dos árbitros foi lastimável, mas quando se pensava que pior do que estava não tinha como ficar, eis que os candidatos a "Edilson Pereira de Carvalho" cada vez mais capricham. Na rodada do último final de semana, teve até gol de mão validado. O "mão santa" foi o jogador Igor, do Fortaleza, no jogo contra o Quixadá, realizado naquela cidade interiorana. Mas de nada adiantou a "arrumada" do árbitro Manoel Martins, pois o tricolor acabou perdendo a partida por 2 x 1. O rapaz também deixou de marcar um pênalti claro para ambos os lados.
PROCURADOR – É do conhecimento que o Conselho Nacional de Justiça ordenou o afastamento do Desembargador Luiz Sveiter, que além de presidir o Superior Tribunal de Justiça Desportiva(STJD), também integra o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, em face da incompatibilidade do exercício da magistratura com o cargo de membro do STJD. Aqui no Ceará, o Procurador de Justiça Glauberton Alves Sá é também procurador do Tribunal de Justiça Desportiva. Com isso está evidente que o Procurador Glauberton deve ser urgentemente convocado a abandonar os trabalhos no TJD local haja vista que membros do Ministério Público, igualmente aos do Judiciário, nao podem atuar na Justiça Desportiva. É hora da Corregedoria do Ministério Publico estadual tomar providencias.
PROCAPUI – Dando seqüência aos fatos relacionados ao rombo protagonizado pela empresa de carnicicultura Procapui, no dia 18/10/2005 prestou depoimento na Delegacia de Defraudações e Falsificações da Polícia Civil cearense Sérgio Maria Nobre Othon Sidou, que atuou como contador da Empresa. À delegada Maria Celeste Ferreira Ponte afirmou que, ao ser contratado para cuidar da contabilidade da Procapui, em 2003, encontrou uma série de irregularidades referentes ao exercício anterior, tendo que refazê-lo. Ausência de documentos contáveis e saques sem comprovação foram algumas das irregularidades apontadas pelo contador.
PROCAPUI – Revelou o esquema de expedir uma nota de venda de camação pela Procapui com um valor, havendo a expedição de uma outra, para o mesmo produto, para a exportação, com um valor 20% subfaturado. Havia a declaração de um valor para a exportação e outro para a empresa G.F. Higgins, importadora do produto. Além do cometimento de sonegação fiscal, uma vez que o imposto era cobrado sobre a nota declarada, com o valor 20% menor do que o verdadeiro, o déficit era lançado na contabilidade da Empresa, gerando um rombo que era coberto com o dinheiro enviado do exterior pelos sócios de Mike Layani (foto), Josef Anavian, Leila Anavian e Rita Ruth Zahabian. Quando os sócios não mais conseguiram cobrir o buraco, o empresário passou a captar recursos locais, oferecendo taxas de juros extremamente atraentes nos mútuos financeiros.
PROCAPUI – Dessa forma muita gente preferiu emprestar dinheiro ao empresário por uma taxa de até 6% mensais do que deixá-lo numa aplicação bancária. Afinal, que outra operação financeira ofereceria índices tão bons? No mesmo dia do depoimento de Sérgio Maria Nobre Othon Sidou, foi tomado o depoimento de Michael Oliveira Donnely, que trabalhou como gerente administrativo da Procapui. À delegada Celeste Ferreira, afirmou que Mike Layani lesava os sócios e o fisco federal. Revelou que em maio de 2005 o Banco Central solicitou explicações sobre operações de câmbio, além de faturas de exportação não pagas pelo importador. Garantiu que não havia como regularizar a situação da Procapui, uma vez que constatou um débito de US$ 1,5 milhão (cerca de R$ 3,9 milhões), da G.F. Higgins com a Empresa. Declarou que Mike havia feito operações irregulares de câmbio, apontando um doleiro conhecido como “Zezé”, revelando que apanhava dinheiro com ele.
PROCAPUI – Dois dias depois, em 20/10/2005, a delegada Celeste Ferreira tomou o depoimento de Gonçalo Alves Camelo, inspetor aposentado da Polícia Civil e que fazia a segurança e motorista de Mike Layani. Gonçalo confirmou ter levado diversas vezes o empresário ao escritório do doleiro “Zezé”, situado na avenida Dom Luís. Segundo o policial aposentado, Mike apanhava dinheiro e após isso ia para o Bank Boston, localizado na avenida Santos Dumont, onde fazia saques. Em seguida dirigia-se à agência do Unibanco na Aldeota, onde mais saques eram efetuados. Afirmou também ter levado dinheiro a mando do ex-patrão para João Eudes, na sede da Eudes Automóveis, localizada na rua Padre Valdevino.
PROCAPUI – Declarou, também, ter entregado entre R$ 600 mil e R$ 700 mil ao proprietário Flávio Gondim, da Icapel, que também foi sócio de Mike. Mas o mais intrigante ainda estava por vir: falou que, por diversas vezes, levava o ex-patrão para o cassino de Fábio Leite. Fábio é um velho conhecido da sociedade local, proprietário de cassinos que de clandestinos não têm absolutamente nada, tendo sido um dos mais famosos o Guarani, que funcionava sem qualquer constrangimento. Pressionada, a Polícia por diversas vezes fechou o cassino, que voltava a reabrir no mesmo local. Hoje o proprietário de cassino continua no mesmo ramo. Mas parece que acrescentou outras atividades ao seu prontuário de ilícitos: a lavagem de dinheiro e o envio ilegal de dinheiro para o exterior.
PROCAPUI – Gonçalo estimou em R$ 18 milhões o rombo deixado por Mike Layani apenas com os sócios Josef e Leila Anavian, tio e mãe do empresário. O responsável pela Procapui, além do crime de fraude, estelionato, sonegação fiscal e outros delitos, também adquiriu um frigorífico, ao qual não saldou a dívida total, dando ainda um terreno da União, onde estava instalada a fazenda de criação de camarões, como garantia. Na próxima atualização iremos abordar essa transação comercial que acabou gerando uma polêmica decisão judicial.
PARA REFLETIR – “Não são as más ervas que afogam a boa semente, mas sim a negligência do camponês". (Confúcio)
ATUALIZAÇÃO N.º 302 - 23/01/2.006
CORRUPÇÃO – O jornal Folha do Amapá denunciou o pagamento de um “mensalinho” para profissionais de imprensa, empresas de comunicação e políticos daquele Estado, divulgando, inclusive, documentos comprobatórios. O jornal afirma que o dinheiro correspondia a um pagamento para que os jornalistas publicassem matérias parciais ao governo do Estado. Os valores variam de R$ 60 mil a R$ 300 mil mensais.
CORRUPÇÃO – O jornal Folha do Amapá cita vários nomes, dentre eles radialistas de programas jornalísticos de emissoras de rádio FM, detentores de concessões de emissoras de rádio e/ou televisão pelo Poder Público, sete dos vinte e quarto deputados estaduais e donos de veículos de comunicação. Os documentos publicados pelo jornal datam dos anos de 2003 e 2004, com timbre do governo do Amapá e pela Secretaria de Comunicação (Secom), com carimbo e a assinatura da chefe da Divisão de Editoração da Secretaria de Comunicação daquele Estado.
CORRUPÇÃO – Ainda de acordo com o jornal, o esquema teria surgido de contatos com a imprensa de Olimpio Guarany, ex-secretário de comunicação do Amapá, a quem é atribuída a elaboração da lista de instituições e profissionais de imprensa que prestaram serviços – de uma ou outra forma – ou deram apoio à campanha do então candidato e hoje governador Waldez Góes (PDT). Por intermédio da agência de propaganda e publicidade Amazoom Sistema de Comunicação, foi estabelecida uma forma de compensação dessas ligações ilícitas, através de pagamentos. A Amazoom ganhou uma licitação para lá de duvidosa, no ano de 2003, para gerir as contas publicitárias do Governo do Estado do Amapá. A Amazoom funcionaria apenas como um agente intermediário entre a Secom e os destinatários do “mensalinho”, como forma de escamotear o esquema.
CORRUPÇÃO – A Folha do Amapá publicou cópia dos documentos e a lista dos beneficiados, mas, supresamente, deixou de publicar o nome dos dois empresários que receberam as maiores propinas. O jornal afirmou, em outra matéria, que o Poder Público estadual ainda não agiu para investigar os fatos. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) está cobrando atitude do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Amapá (Sindjor), mas a Entidade afirmou que os listados não são jornalistas profissionais. Ainda segundo a Folha do Amapá, a lista não é permanente. Quem pisa na bola tem o nome retirado do pagamento, que, ainda de acordo com o jornal, acontece no prédio da própria agência Amazoom, feito em espécie, sem recibo ou documento que possam deixar provas, claro.
CORRUPÇÃO – Existe ainda um “tele-propina”, onde um funcionário da Amazoom liga para o beneficiado ir receber o dinheiro na sede da agência, para não provocar filas. O Sindjor deveria, no mínimo, acionar os listados no “mensalinho” por exercício ilegal de profissão. Afinal, se não são jornalistas e exercem funções privativas dessa categoria, por qual motivo a Entidade não os já acionou judicialmente por isso? As matérias publicadas na Folha do Amapá estão disponíveis nos endereços: http://folhadoamapa.com.br/more?id=13024_0_12_0_C e http://folhadoamapa.com.br/comments?id=13127_0_1_0_C
CORRUPÇÃO – O esquema não é nenhum tipo de novidade, pois afinal o jabá é algo que sempre foi citado como dispensado a profissionais de comunicação. Aqui no Ceará, os casos não são raros. Pelo contrário, muitos são do conhecimento da categoria e, vez por outra e com muito esforço e raridade, o muro do silencia acaba sendo rompido e tornado público. Mas o corporativismo para acobertar coisas desse tipo ainda é, infelizmente, muito forte. Pagamento de profissionais de imprensa – ou falsos – via agência de publicidade para que tenham sempre uma visão parcial aos que têm a chave dos cofres oficiais – nos três poderes – não é novidade no Amapá nem em qualquer outro estado, muito menos no Ceará.
EDITORIAL – Semana passada o editorial de uma das edições do programa Barra Pesada (TV Jangadeiro) versou sobre a devolução da remuneração que os parlamentares federais têm direito por causa da autoconvocação extraordinária do Congresso Nacional. Com isso receberiam dois salários extras, um no início e outro no término do período extraordinário, valor superior a R$ 20 mil. O editorial dizia que receber os dois salários, que tinha previsão legal, não era errado, considerando como erro o recebimento do tal “mensalão”.
EDITORIAL – Texto típico de quem buscava justificar um erro. Evidentemente que não há vício de ilegalidade no recebimento dos dois salários extras, mas a repercussão negativa do pagamento desses proventos, com a divulgação nacional do Congresso vazio, pesou bastante para a opinião pública. A imprensa nacional passou a pressionar os parlamentares para que renunciassem aos dois salários a que tinham direito. Jogo de cena, hipocrisia, demagogia ou outro adjetivo pejorativo qualquer que a turma agarrada aos salários extras destine, o fato é que um grupo de parlamentares decidiu por renunciar, devolver ou doar os salários extras. Alguns anunciaram publicamente essa intenção, mas ainda não cumpriram efetivamente a promessa. O fato é que a maioria optou por embolsar o dinheiro.
EDITORIAL – Da bancada federal cearense, apenas os deputados federais João Alfredo (PSOL) e André Figueiredo (PDT) anunciaram a doação do dinheiro extra. Alfredo resolveu doar para Instituto do Câncer do Ceará Rede Feminina, Associação de Cooperação Agrícola do Estado do Ceará e Associação do Desenvolvimento Comunitário do Riacho do Meio. Figueiredo doou para o Movimento Hip Hop Organizado, ONG Empreendedores de Sonhos, ONG Bailarinas de Cristo e Associação Monsenhor Diamedes. Os demais parlamentares federais do Estado optaram por receber o dinheiro.
EDITORIAL – Dentre os deputados federais que embolsaram o dinheiro, quatro do PMDB, um do PT, um do PFL, um do PC do B, um do PSB, um do PTB, um do PL, um do PP e nove do PSDB. Dentre os senadores, nenhum deles abriu mão dos salários extras. O editorial em defesa dos que não abriram mão da verba adicional e tachando de hipócritas, demagogos os que resolveram doar o dinheiro não foi apenas pelo fato da maioria dos parlamentares que fizeram ouvidos de mercador aos clamores populares para que esse dinheiro oriundo dos impostos fosse poupado serem do PSDB – a emissora mantém laços estreitos com a sigla tucana, seja por força de verbas oficiais seja pela filiação partidária de seus proprietários – mas por apenas um dos integrantes da bancada federal.
EDITORIAL – Nenhum dos três senadores pelo Ceará – Patrícia Saboya (PSB), Reginaldo Duarte e Tasso Jereissati – ambos do PSDB – resolveu abrir mão dos salários extras. Logo Tasso Jereissati, dono de um megacomplexo empresarial, para quem esse dinheiro não significaria qualquer tipo de baque em suas finanças. A intenção do editorial foi desqualificar quem decidira por abrir mão dos salários adicionais. Em outros tempos, onde os números do Ibope do programa eram bem diferentes, esse tipo de artifício até poderia surtir algum tipo de efeito. Hoje, com a pontuação em latente decadência e com um público não tão ingênuo quanto antes, pouco ou quase nada influiu. Mostrou bem o apego que nossos “homens públicos” no Congresso Nacional têm ao dinheiro, mesmo os que, aparente e logicamente, não precisariam de mais essa sangria no bolso do contribuinte. Triste ver um profissional como Nonato Albuquerque tendo que se submeter a esse tipo de coisa – ele apenas lê, não redige o editorial –.
ARTIGO – A jornalista Adísia Sá, com a maestria que lhe é natural abordou, em seu artigo semanal, publicado no jornal O Povo, a decisão do TRF de São Paulo, que reformou decisão de primeira instância, restabelecendo a lei e a obrigação da apresentação do diploma de graduação em jornalismo para a obtenção do registro profissional, para o legal exercício da profissão. O Ministério do Trabalho já determinou às Delegacias Regionais do Trabalho que anulem os registros precários emitidos com base na equivocada decisão da juíza Carla Rister.
ARTIGO – Com o título “Vitória em dose dupla” a professora relembrou que a regulamentação da profissão, proporcionada pelo Decreto-Lei 972/69 foi fruto de uma luta que se iniciou ainda na segunda década do século passado. Escreveu Adísia: “Procurando subestimar a conquista, elementos desinformados proclamam a ‘ilegalidade’ do ato, pelo fato de haver sido materializado na vigência do regime militar, ignorando que o documento foi obra da categoria elaborada ao longo de congressos e conferências, sob a liderança da Federação Nacional dos Jornalistas e a participação de jornalistas e professores de jornalismo de todo o País, inclusive do Ceará”. Ilegais mesmo são os que exercem a profissão sem a provisão legal e os que, oportunisticamente, requereram o registro precário.
ARTIGO – Continuou a professora: “Como vemos, a luta pela retomada das conquistas históricas foi pesada, muitas vezes bloqueada pela ação de empresas jornalísticas e até, incrível, por profissionais e estudantes de jornalismo”. Por incrível que pareça, não apenas as empresas, mas jornalistas profissionais e estudantes de jornalismo se mostraram a favor da desregulamentação da profissão. São pessoas que não honram a profissão que resolveram abraçar. Alguns profissionais optaram por esse caminho por preferirem se portar como lacaios de seus patrões.
ARTIGO – Concluiu Adísia: “Volta o diploma com toda plenitude de suas prerrogativas e inválidos os registros precários em todo o País. O Ministério do Trabalho e Emprego atendeu à solicitação da Fenaj e determinou a anulação de todos esses registros. Quem ainda ostentar como válido tal registro é passível de enquadramento como crime de falsa ideologia e as empresas que teimam em manter os pseudoprofissionais terão punições legais não menos rigorosas. Registre-se e cumpra-se... “. O jornal O Povo poderia começar dando o exemplo, excluindo de sua redação e de suas páginas os falsos profissionais que o infestam, tais como Karine Alexandrino, Pompeu Vasconcelos, Fernando Costa, e uma penca de nomes.
ARTIGO – Cabe também ao Sindjorce tirar o pijama e partir para a efetiva defesa da categoria. Há algum tempo a Entidade mostrou-se extremamente ágil e eficiente para realizar protesto em frente a O Povo pelo fato de dois jornalistas identificados com o Sindicato terem sido demitidos, sendo atribuído ao fato um motivamento político, retaliação. O Sindjorce, entretanto, não tem demonstrado o mesmo empenho que demonstrou no questionável episódio nas lutas coletivas dos jornalistas. Urge uma imediata mudança de postura, sob pena de acabar por nivelar-se à mesma pasmaceira verificada nas últimas gestões do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará.
COMPARAÇÃO – Ainda falando sobre a professora Adísia Sá, semana passada ela foi entrevistada por Sebastião Belmino – olha um falso profissional aí! – em seu programa na TV Diário. Lá, quando indagada sobre se o cearense não tem o costume de ler ou não tem condições de comprar jornal, fez uma explanação e uma comparação absolutamente pertinente, como tudo o que fala: caso sejam somados os números dos exemplares vendidos pelos três jornais locais – O Povo, Diário do Nordeste e O Estado – não se conseguirá igualar ao de exemplares vendidos pelo jornal O Liberal, do Pará. Os três jornais locais, juntos, conseguem vender pouco mais do que quarenta mil exemplares diários. Às vezes nem chega a isso. Muito menos do que O Liberal, que tem uma vendagem de mais de quarenta e cinco mil exemplares, nos dias de pouca venda.
CORREIO ELETRÔNICO – Do nosso leitor Pedralva <pedra_pereira@yahoo.com.br>, recebemos a seguinte mensagem:
“Assino O Povo nos finais de semana. Fiquei sem jornal para ler no dia 25(natal) e dia 01 de janeiro (Ano Novo) dado o provincianismo dessa terra onde jornais não circulam em certas datas. Eu acho isso absurdo. Mais absurdo, entretanto, é o assinante não ser compensado. O jornal me deve duas edições. Então porque não me mandaram O Povo de sábado, 24, e de sábado 31, datas nas quais o matutino circulou? Vou aguardar pelas respostas no site já que sou leitor semanal. Abraços do velho Pedralva”.
RESPOSTA – Com efeito, o jornal deveria compensar o assinante com a edição do dia seguinte ao feriado de natal e ano novo. Como o jornal não teve a consideração de agir dessa forma com seu cliente, cabe ao consumidor recorrer aos organismos de defesa dos seus direitos.
PÉROLA I – Essa foi publicada na edição do dia 20/01 do jornal O Povo, em nota sobre assalto a casal de turistas: “Um casal de turistas poloneses foi furtado na manhã de ontem, na Praia do Futuro. De acordo com a Polícia, M.O. e sua noiva, M.K. foram surpreendidos quando dois homens passaram e levaram sua bolsa, que estava nas areias da praia. A Polícia viu, do alto de uma das torres de observação, o turista correndo atrás dos assaltantes. Poucas horas depois, policiais militares deteram Carlos Eduardo Araújo Alves, 24, e Carlos Ferreira Meira, 22, na ‘Favela da Embratel'.” A conjugação correta do verbo deter na frase é “detiveram”. O autor(a) dessa pérola merece, sem dúvida, ser detido(a).
PÉROLA II – A praga de “gerundiar” as frases, tão comum aos operadores de telemarketing e de centrais de atendimento por telefone começa a se infiltrar nas redações. Essa foi publicada na coluna Vertical (jornal O Povo), edição do dia 20/01: “A partir de 15 de fevereiro, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar, CPRV e Detran vão estar seguindo a mesma estrada da prevenção contra acidentes durante o Carnaval, neste ano marcado para o fim do mês que vem. É a chamada Operação Carnaval do Estado, com prioridade de combater principalmente o uso da bebida alcoólica. Sem poder usar o bafômetro, hoje proibido”. Vejam que a frase não teria seu sentido alterado se fosse utilizado “vão seguir” em vez de “vão estar seguindo”. Para que erros dessa natureza não ocorram torna-se necessário que as colunas “devam estar passando” por revisão.
CONCURSO – Além de diversas irregularidades praticadas, como desfiguração do edital inicial, os Correios agora se encontra sob mais uma suspeita quanto ao concurso para o cargo de Técnico em Comunicação Social Júnior. A empresa que vai aplicar as provas do concurso é nada mais, nada menos do que a Conesul, que vem a ser a mesma que aplicou as provas do desastrado concurso do Programa de Saúde da Família (PSF), realizado no final do ano passado, cujas provas foram anuladas pelo fato da má elaboração das provas.
CONCURSO – Sobre aquele concurso, o secretário executivo da Secretaria Estadual de Saúde, Galba Gomes, afirmou, em matéria publicada no jornal O Povo, que a elaboração da prova foi desastrosa. Além de outras irregularidades, foram apontadas questões com mais de uma opção de resposta correta, outras sem resposta correta. Mesmo assim a EBCT insiste em manter a Conesul na elaboração e aplicação das provas e se nega a anular os editais posteriores que desfiguraram por completo o concurso. Fez pior: mesmo sendo vedado pelo edital inicial, optou por notificar os candidatos que desejarem requerer a devolução da taxa de inscrição para manter as irregularidades. Tem um fortíssimo cheiro de armação no ar.
CONCURSO – Sobre o concurso para a Procuradoria de Justiça do Estado também pairam diversos fatos nebulosos. Primeiro, dezenove questões versando sobre direito administrativo e legislação do Ministério Público abordavam assuntos que foram retirados do programa de provas, por editais posteriores. Mas o fato mais inusitado se relaciona à prova de informática: todas as questões tinham como alternativa correta a letra “a”. Trata-se de um fato, na melhor das hipóteses, curioso. Na pior, intencional.
MESMO – O PSDB que enviou representação e se empenhou para que fosse cassado o mandato do deputado estadual José Nobre Guimarães (PT) – e aí não vai nenhuma discussão de mérito se o petista deveria ou não ter o mandato cassado, uma vez que já foi absolvido e o Em Off sempre se posicionou publicamente favorável à cassação – é o mesmo que está fechando os olhos para o fato da prefeita do município de Tarrafas, Antônia Simião, que foi flagrada por receber dinheiro do Bolsa-Família? A prefeira será investigada pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal, mas os tucanos deixaram seus bicos distantes da área de bicada da prefeita.
MESMO – Afinal, que respaldo pode ter um partido que utiliza dois pesos e duas medidas para julgar o que ético e moral na política, conforme suas conveniências? Os bípedes emplumados de bico grande invocam a correção e a moralidade apenas para satisfazer seus interesses. Caso realmente se importasse com tudo o que recheia seu discurso, o PSDB teria tomado, pelo menos, a decisão de suspender preventivamente a prefeita.
EXCELENTE – Muito boa as matérias que o jornal O Povo publicou sobre os repasses de recursos por parte da Secretaria Estadual do Esporte e da Juventude (Sejuv) a entidades e associações esportivas. O jornal denunciou repasses no mínimo questionáveis e até mesmo a confissão, por parte do presidente de uma associação de ex-atletas, a Ágape, Gilvan Dias, de que a Entidade que preside funcionou como “laranja” para o repasse de verbas para a Federação Cearense de Futebol – a lei não permite o repasse de verba pública para federações de esportes profissionais –. E ainda afirmou, na coletiva de imprensa convocada pelo titular da Sejuv, Lúcio Bonfim, para expor os repasses, no dia seguinte à publicação das matérias n’O Povo.
EXCELENTE – O jornal desnudou a politicagem feita com o dinheiro público por parte da Sejuv. Mesmo com todas as evidências Lúcio Bonfim declarou que o utilização de “laranjas” para o repasse de dinheiro à entidades que não poderiam recebê-lo – seja por se tratarem de esportes profissionais, seja por não estarem com a documentação necessária para o recebimento em ordem – é legal e moral. Lúcio não é debutante em irregularidades no serviço público. Quando dirigia o Departamento de Edificações, Rodovias e Transportes do Ceará (DERT) já era alvo de denúncias.
EXCELENTE – Infelizmente a maioria da imprensa esportiva local (?) é formada por omissos e medrosos, sejam eles jornalistas profissionais – a minoria – ou falsos profissionais – a maioria esmagadora –. A reverberação das denúncias praticamente limitou-se ao jornal O Povo. O Diário do Nordeste optou por, descaradamente, assumir a defesa do secretário. Na matéria sobre a coletiva, o jornal publicou, numa matéria sob o título “Federações aprovam prestação de contas”: “Representantes de federações, associações e ligas que atuam no âmbito do esporte amador aceitaram, sem contestação, a prestação de contas realizada pelo secretário Lúcio Bomfim sobre os investimentos realizados pela Secretaria do Esporte e Juventude (Sejuv) no ano de 2005”. Ora, a contestação não deveria partir dos representantes de federações, associações e ligas, que foram exatamente os beneficiados pela distribuição irregular de verbas públicas.
EXCELENTE – Cabe à sociedade, à Imprensa e, principalmente, ao Ministério Público Estadual essa contestação. Sobre a entidade que mais recebeu verba da Sejuv, o Diário do Nordeste publicou: “Com relação à Fececo, uma entidade muito organizada, dos R$ 894 mil repassados a essa entidade, segundo Lúcio, R$ 310 mil foram para a realização dos Jogos Indígenas Brasileiros, e através da Fececo realizamos os Jogos Escolares Cearenses e Jogos Abertos do Interior etc”. Ora, o jornal – não houve identificação do pai dessa criança – resolveu assumir a defesa da entidade. Nem naqueles releases ridículos que muita assessoria de imprensa de órgão público e empresas particulares teimam em enviar às redações para zombar da inteligência dos jornalistas – ou pelo menos de parte deles – se verifica amadorismo dessa monta.
EXCELENTE – A oposição na Assembléia Legislativa já se articula para colocar o assunto em debate, através de uma audiência pública. Mas é dever do Ministério Público Estadual a investigação sobre a ação de Lúcio Bonfim, além das declarações de que considera "normal" e "legal" a utilização de "laranjas" para repassar dinheiro público para federações, associações e entidades esportivas que não se encontram com documentação em ordem para receber a verba ou não têm amparo legal para isso.
EXCELENTE – Sobre a mesma coletiva, o jornal O Povo publicou matéria com outra abordagem. Até parecia que os jornais haviam estado presente à coletiva com Lúcio Bonfim em dias, locais e horários diferentes. Publicou O Povo: “O que era para ser uma coletiva de imprensa, na qual o secretário de Esporte e Juventude do Estado, Lucio Bomfim, divulgaria o balanço financeiro e os investimentos feitos pelo órgão no exercício de 2005, acabou virando uma sessão de apoio ao titular da pasta e à política de liberação de verba para entidades esportivas realizada pela secretaria. O encontro, ocorrido ontem à tarde, na sede da Sejuv, no Cambeba, contou com a presença de cerca de 20 dirigentes de federações, número bem maior que o de profissionais de imprensa”. Não é difícil que, dentre os dois jornais, O Povo fez um relato mais aproximado do que realmente aconteceu na tal coletiva.
EXCELENTE – Os representantes de federações e associações esportivas contempladas com o suado dinheiro tomado do bolso do contribuinte funcionaram como claque do secretário. Aliás, uma das federações que poderia ter sido aquinhoada seria a de luta livre, caso esta exista. Ainda fervilha na memória de muitas pessoas o espetáculo deprimente promovido pelo hoje titular da Sejuv em 2004, quando do debate entre candidatos à prefeitura de Fortaleza, realizado na TV Verdes Mares, ainda no primeiro turno. Lúcio compareceu à Praça da Imprensa, onde ficaram concentradas as militâncias dos candidatos, todo enfeitado de propaganda do candidato que apoiava – Antônio Cambraia (PSDB), evidentemente – e liderou uma verdadeira sessão de luta livre, agredindo militantes de outros candidatos. Não contente ainda utilizou sua condição de membro da equipe do governador Lúcio Alcântara para determinar que o BP Choque da PM também investisse contra os que estava agredindo.
EXAGEROU – O presidente do Conselho Deliberativo do Fortaleza Esporte Clube, o colunista Sílvio Carlos, extrapolou nos microfones das emissoras de rádio no domingo, dia 22/01, pelo fato do Ceará estar jogando no Castelão contra o Guarany de Sobral. O mando de campo era da equipe sobralense, mas como o gramado do estádio do Junco não tem condições para a prática do futebol, o jogo foi marcado para a Capital. O colunista queria que a partida fosse marcada para outra cidade, como o Eusébio, local inicialmente apontado como provável escolhido.
EXAGEROU – Mostrando um destempero exacerbado o colunista chegou a dizer que o presidente da Federação Cearense de Futebol, Mário Degésio, ia para a Entidade com a camisa do Ceará. Mas a avaliação mais equivocada coube ao jornalista Renato Abreu, um dos poucos – quem sabe o único – profissionais do rádio esportivo, quando, pelo microfone da rádio Cidade AM, disse que o alvinegro de Porangabuçu estava sendo beneficiado pelo fato do presidente da FCF ser identificado como torcedor do Ceará. Torcedor do Fortaleza – condição que nunca escondeu ou negou – Afirmou que no período em que o falecido presidente da Federação, Fares Lopes – torcedor confesso do tricolor – era presidente não havia favorecimento ao time do coração de quem comandava a Entidade, afirmando que foi o alvinegro o clube que mais conquistou títulos estaduais durante a gestão de Lopes. Não foi bem assim. Os títulos foram conquistados em campo e, se a memória não traísse o jornalista, num dos controversos momentos das questionáveis gestões do falecido presidente, foi exatamente Fares Lopes quem abriu a Federação num domingo, quando não há expediente, para receber um ofício do Fortaleza comunicando que não iria jogar as finais do campeonato de 2004, que acabou por não ter campeão em campo, muito embora tivesse se comprometido a disputar as finais dias antes.
PARCIAL – A imprensa esportiva (?) local, com especialidade a radiofônica, mostrou toda sua extrema parcialidade por ocasião do jogo entre Ferroviário x Fortaleza, dia 22/01, no estádio Presidente Vargas. No local a Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF) levou uma faixa onde chamava de ingrato o presidente do Fortaleza, Ribamar Bezerra. Era uma alusão à recusa do presidente tricolor em ajudar o grupo que ficou retido no Rio de Janeiro em dezembro do ano passado, por ocasião do confronto com a torcida do Botafogo, que acabou com a morte do vice-presidente da torcida e um torcedor do alvinegro carioca, a voltar de avião. Ribamar não apenas negou a ajuda como dirigiu palavras nada elogiosas à TUF. Os "repórteres" no estádio procuraram apenas ouvir o presidente, não apenas abrindo espaço apenas para a versão de Ribamar, como puxando-lhe o saco.
CORRIGIU – Depois de enviar cobrança de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) de quem não deveria pagar o tributo, a Prefeitura de Fortaleza enviou um comunicado aos que receberam o boleto, anulando-o, cumprindo o que determina a Lei 7.640, que dispõe sobre isenções do IPTU. O envio dos boletos não deixou de ser um aborrecimento para o munícipe, mas o Executivo Municipal conseguiu, a tempo, consertar a ilegalidade. Cabe agora a identificação de quem partiu o erro e a aplicação da devida punição.
FORÇANDO – Praticamente todas as empresas de comunicação começaram a puxar o saco do empresário Beto Studart, dono de uma mega empresa de agrotóxico, quando este começou a acenar com pretensões políticas. Notas plantadas em colunas sociais, colunas políticas e matérias extensas. Semana passada houve mais uma babada de ovo básica no endinheirado pré-candidato tucano a qualquer cargo, com o indivíduo sendo entrevistado no programa Debates do Povo, da rádio AM do Povo/CBN, onde o moço deitou falação sobre o neo-socialista-oposicionista estadual Cid Gomes, provável candidato do PSB ao governo do Estado.
FORÇANDO – Dias antes o ex-prefeito sobralense havia criticado o governo tucano, dizendo que o ciclo do PSDB no comando do Executivo estaria chegando ao fim. Beto Studart não tem qualquer peso ou força política, exceto pela imensa caixa forte recheada que possui atrás de si. Por isso – e apenas por isso – ele vem ocupando, há um bom tempo, considerável espaço na mídia. Dentre as pérolas que proferiu na entrevista, duas delas podem ser pinçadas. A primeira quando disse ter detectado problemas no governo do Estado apenas quanto à sua comunicação. Publicou o jornal O Povo: “a única vez em que fez uma autocrítica em relação ao governo do Estado, o empresário disse que a gestão é ‘exuberante’ e que o problema está na falta de ‘audácia’ da comunicação do Palácio Iracema. ‘Você não pode criticar a ação de um governo pelo fato de ele ser meio apático na forma de se comunicar’.” A apatia do governo Lúcio Alcântara não está em sua área de comunicação, mas diluída em toda a sua equipe.
FORÇANDO – Mas o melhor mesmo ainda estava por vir, quando o cidadão discorreu sobre os problemas na área de segurança pública que a incompetência do governo estadual tem causado ao longo dos anos. “Sobre os problemas enfrentados pelo governo na área da Segurança Pública, Beto afirmou que as causas podem ser as condições sociais e a falta de perspectivas. ‘Todo pai responsável faz qualquer coisa para alimentar o seu filho. Até roubar’”, afirmou ao jornal. Como se não bastasse tentar justificar a bandidagem pela condição social, fazendo lembrar o ex-secretário de segurança alimentar do governo Lula, José Graziano, aquele que disse ser necessário criar emprego no Nordeste para que no Sudeste/Sul não precisasse mais andar em carros blindados. Além do mais a afirmação do pré-candidato a qualquer coisa toma feições absolutamente pueris, quando mais uma vez o fortalezense teve uma semana de cão, com assaltos pipocando como as balas das ações por todos os cantos, fuga de presos nas delegacias e outros martírios.
PROCAPUI – Em meio às operações praticadas pelo empresário Marcial (Mike) Gerald Layani, com as falidas empresas Procapui e Iglomar, de carnicicultura, o norte-americano comprou o frigorífico Infrapesca – Indústria de Frios e Pesca Ltda., a José Benedito Gonçalves, o "Zezinho", pelo valor de R$ 1,8 milhão. Zezinho, ao depor na Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF), afirmou ter recebido como pagamento da primeira parcela referente à transação o cheque 000192, do Bank Boston, no valor de R$ 770 mil, emitido pela então administradora da Procapui e Iglomar, Eunice Leal de Oliveira.
PROCAPUI – Em seu depoimento na DDF, Mike declarou que o cheque não havia sido dado a Zezinho como forma de pagamento inicial pela compra do frigorífico, mas de uma outra transação comercial, à qual negou-se a revelar ao delegado Rommel Bezerra de Noronha qual seria., acrescentando que somente iria apresentar os documentos comprobatórios do pagamento da primeira parte da compra do frigorífico em juízo. Também recusou-se a revelar a origem dos recursos para a transação. Reinquirido, Zezinho reafirmou ter recebido o cheque de R$ 770 mil da então administradora das empresas Procapui e Iglomar como parte do pagamento, além de ter recebido outros seis no valor de R$ 150 mil cada, todos assinados por Mike Layani, além de R$ 130 mil em espécie. Declarou que todos os cheques foram devolvidos por insuficiência de fundos.
PROCAPUI – Por não ter pago 500 cartões de camarão e 453 cartões de lagosta, num valor total de R$ 226.072,94, adquiridos ao ex-proprietário da Infrapesca, a promotora de Justiça Maria do Socorro Brito Guimarães, da 13ª Promotoria Ciminal, ofereceu denúncia contra Mike Layani por infração ao Artigo 171 do Código Penal (estelionato). Posteriormente, o promotor Marcus Renan Palácio, da 17ª Vara Criminal, interpretou que os cheques dados pelo empresário Mike Layani a Zezinho não se tratavam de provisão de pagamento da transação, mas de garantia da dívida contraída com a compra do frigorífico. Com efeito há duas decisões, uma do STF e uma do STJ, segundo as quais não consideram crime de estelionato falta de provisão de fundos de cheque emitido como garantia de dívida, razão pela qual o cheque perderia, nessa condição, o caráter de ordem de pagamento à vista.
PROCAPUI – A juíza Marluce de Araújo Bezerra Pedrosa acatou o pedido do MPE e determinou o arquivamento da ação por estelionato contra Mike. Houve recurso ao Tribunal de Justiça, mas a fonte não informou o trâmite e as decisões do recurso interposto. Na próxima atualização abordaremos as operações bancárias de apoio às ações das falidas empresas Procapui e Iglomar.
PARA REFLETIR – "Volta o diploma com toda plenitude de suas prerrogativas e inválidos os registros precários em todo o País. O Ministério do Trabalho e Emprego atendeu à solicitação da Fenaj e determinou a anulação de todos esses registros.Quem ainda ostentar como válido tal registro é passível de enquadramento como crime de falsa ideologia e as empresas que teimam em manter os pseudo profissionais terão punição legais não menos rigorosas.Registre-se e cumpra-se...". (Adísia Sá, em artigo publicado na edição do dia 17/01/2006)
ATUALIZAÇÃO N.º 303 - 30/01/2.006
TENDENCIOSA – A cobertura que as empresas do Sistema Verdes Mares de Comunicação vêm fazendo sobre as irregularidades cometidas pelo titular da Secretaria Estadual do Esporte e da Juventude, Lúcio Bonfim, que fez uma ilegal “triangulação” de verbas da pasta que dirige para federações que não poderiam receber dinheiro público, utilizando-se de federações e associações esportivas “laranjas”. O jornal Diário do Nordeste publicou apenas a versão que interessa ao secretário.
TENDENCIOSA – Por ocasião da audiência pública realizada pela Assembléia Legislativa para discutir o assunto, onde Lúcio Bonfim tentou prestar esclarecimentos, a TV Diário transmitiu flashes ao vivo e, coincidentemente, o “repórter” Lúcio Filho entrevistou apenas deputados da base governista, todos da tropa de choque do secretário. Nenhum deputado de oposição – que propôs a audiência – que questionava o secretário foi entrevistado. Poderia, pelo menos, maquiar um pouco essa parcialidade.
CORREIO ELETRÔNICO – Sobre o assunto acima, recebemos a seguinte mensagem do internauta Paulo Rocha <paulurocha@uol.com.br>:
"As excelentes matérias publicadas pelo jornal “O POVO” - em suas edições de 20 e 21.01.06 – denunciando mais uma farra com dinheiro público, dessa vez através de um triângulo “amoroso” (ou seria das Bermudas?) tendo em uma das pontas da figura geométrica a Secretaria de Esportes e da Juventude do Estado do Ceará (SEJUV).
A denúncia me fez voltar no tempo. Em Junho de 2003 o “O POVO” fez uma cobertura completa a respeito do trabalho de uma Comissão Estadual designada pelo Governador Lúcio Alcântara para apurar denúncias de evasão de renda no futebol cearense.
Na época o órgão investigado era a FADEC – Fundação de Assistência ao Desporto do Estado do Ceará, que foi extinta no atual governo e para o seu lugar foi criada a SEJUV, Secretaria de Esportes e da Juventude. Que sina, hein? Como diria meu saudoso avô, “o cabaré é o mesmo só mudou a madame”.
O relatório final da comissão formada em 2003 apontou vários indícios de irregularidades na administração da FADEC e sugeriu 16 medidas (implantadas imediatamente), entre elas a não reutilização de ingressos em eventos posteriores.
Passados dois anos da implantação das novas medidas, mais precisamente em abril/2005 - por ocasião da partida final do campeonato cearense de futebol de 2005 envolvendo os times do Fortaleza e do ICASA - o Secretário Lúcio Bonfim autorizou a reutilização de ingressos vencidos, contrariando as normas estabelecidas pelo Governador do Estado.
Na época abordei essa anomalia através de artigo publicado na seção cartas do “O POVO” edição de 05.05.05. Diante de tantas evidências de irregularidades praticadas pelo executivo responsável pela SEJUV, a sociedade espera que os deputados cearenses e representantes do Ministério Público não deixem que esse “lixo” gerado pela SEJUV seja colocado debaixo do tapete como foi no caso da FADEC.
Temo que, de repente, pelo seu histórico de lambanças (a última foi a absolvição do Zé Guimarães) a Assembléia Legislativa (se depender de opiniões como a do “atuante” deputado Gony Arruda) chegue à conclusão de que os culpados de tudo isso denunciado pelo jornal “O POVO” são o campeão olímpico Nalbert e o repórter Rafael Luís.
Paulo Rocha"
RESPOSTA – Nada há a acrescentar ao lúcido, pertinente, contundente e impecável texto do internauta.
ERRO – O jornal O Povo publicou matéria, na edição do dia 27/01, sobre os pedidos de cassação dos mandatos dos deputados federais Roberto Brant (PFL) e Professor Luizinho (PT), votados no Conselho de Ética da Câmara. O título da matéria foi: “Aprovada cassação de Brant e Luizinho”. Na verdade, o que havia sido aprovada era a recomendação de cassação dos mandatos dos dois parlamentares, o que havia explicitado no texto, copidescado de agência. O editor titulou a matéria sem sequer ler o texto.
BARRACAS – Os dois principais jornais impressos locais foram extremamente tendenciosos na cobertura do episódio envolvendo o Ministério Público Federal e os proprietários de barracas da Praia do Futuro. O MPF está questionando judicialmente a ação dos proprietários, alguns instalados irregularmente, outros que desfiguraram completamente seus estabelecimentos com relação à autorização original, ferindo o que diz a lei.
BARRACAS – O Diário do Nordeste publicou na edição do dia 24/01 uma matéria sob o título “Liminar impede saída de barracas”. Tudo bem se não houvesse nenhuma liminar impedindo a saída das barracas. A própria matéria se contradiz. No início, há escrito: “Inconformados com a decisão do Ministério Público de mandar retirar as barracas da Praia do Futuro, os empresários começam reagir”. Caso houvesse de fato a tal liminar alegada, não haveria a retirada.
BARRACAS – Em seguida, a matéria reproduz uma declaração do advogado Paulo Lamarão: “Segundo Paulo Lamarão, a defesa das 35 barracas está baseada no usucapião adquirido pelo tempo de permanência no local. ‘Somos invasores do patrimônio particular. Temos direito ao usucapião’, defende.” Ora, bastaria que o redator da matéria tivesse um pouco mais de conhecimento ou ter se dado o trabalho de consultar alguém ou mesmo ler a Constituição, veria o absurdo da alegação.
BARRACAS – O Artigo 20 da Constituição é claro: “São bens da União: (...) IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras (...)”. A área ocupada pelas barracas são terrenos de marinha, pertencentes à União, não a proprietário particular. Não se aplica ação de usucapião em terreno público. Bastaria que o autor da matéria tivesse conhecimento disso ou procurasse a orientação de quem soubesse. Ou, quem sabe, a omissão foi intencional.
BARRACAS – O texto traz ainda: “De acordo com o advogado, a situação das barracas na Praia do Futuro é bastante atípica, pois envolve aspectos culturais e econômicos de Fortaleza podendo causar grandes impactos no turismo local”. Ora, não há nada atípico: a lei precisa ser cumprida, pois se o Poder Público fosse levar em consideração aspectos culturais, econômicos e que causassem grandes impactos no turismo local, não faria, por exemplo, o combate ao pornoturismo. Tudo bem que, na prática, não faz isso, mas não pode alegar esses quesitos para se eximir dessa obrigação.
BARRACAS – O jornal O Povo também publicou matéria sobre o mesmo fato. Igualmente a abordagem foi tendenciosa. O Povo também publicou: “Paulo Lamarão, que representa 35 das 154 barracas, alega que os empresários da Praia do Futuro já conquistaram o direito do usucapião pelo tempo que ocupam a área e, por isso, não poderiam ser retirados. ‘Estamos em solo criado, um terreno feito pela mão de homem. Somos invasores há mais de 20 anos e por isso temos direito’.” O autor da matéria – não foi assinada – também cometeu o mesmo pecado do DN.
BARRACAS – O texto traz também: “’Acabar com as barracas é destruir uma cultura do Ceará e desempregar cerca de 5 mil trabalhadores’, alega o advogado”. Combater o tráfico de drogas também desempregará um monte de pessoas, que atuam como aviões, mulas, etc. Infelizmente é um mau arraigado do brasileiro: tentar justificar o injustificável com argumentações pueris. Quanto ao usucapião, o referido advogado já entrou com uma ação na Justiça Federal e não obteve ganho de causa.
BARRACAS – O interesse e a parcialidade pelas barracas da Praia do Futuro não são gratuitas: as barracas são “parceiras” dos jornais na divulgação dos veículos. Existem barracas que distribuem exemplares dos jornais a seus clientes. São parceiros das duas empresas, mas essa condição não pode refletir sobre a cobertura delas sobre o fato.
ORA, ORA – O governador Lúcio Alcântara se declarou insatisfeito com a segurança pública, segundo matéria publicada no jornal O Povo no dia 26/01, sobre a inauguração da nova sede do 16º DP. Na matéria, assinada por Daniel Sampaio, foi grafado: “O governador Lúcio Alcântara (PSDB) admitiu estar insatisfeito com a segurança pública do Estado. ‘Vocês vão me perguntar se estou satisfeito com a segurança pública? Estou não. Claro que não estou. Se a população não está, o governador não pode estar’, desabafou”. Ora, o caos na segurança existe e foi herança recebida pelo ex-governador Tasso Jereissati, então admitir agora, no último ano de mandato e em plena pré-campanha para tentar reeleição nada mais é do que uma estratégia de buscar amenizar as conseqüências negativas dessa incompetência.
ORA, ORA – Continuou, ainda, o texto: “Lúcio disse, no entanto, que está fazendo o possível para amenizar os problemas na área de segurança. ‘Só não faço mais porque não posso fazer’, contou à população presente. ‘Eu tenho compromisso com a segurança, eu me preocupo com isso. Está na nossa linha de frente’, afirmou Lúcio”. O compromisso é tão grande que o governador preferiu mandar R$ 500 mil para a escola de samba Mangueira, do Rio de Janeiro, para ajudar a financiar o desfile de 2006 do que investir mais esse dinheiro tirado do suado bolso do contribuinte na segurança pública. E onde está o Ministério Público Estadual que não está investigando isso? Dá para ter uma grande noção de como Lúcio Alcântara se “preocupa com isso”.
PÉROLA I – Essa foi proferida pelo repórter (?) Lúcio Filho, no Diário na TV, edição do dia 27/01, em matéria feita com o advogado Djalma Pinto sobre a queda da verticalização das coligações partidárias: “esta é a opinião do advogado eleitoralista Djalma Pinto”. Eleitoralista? Nos dicionários não existem registros da existência dessa palavra, tampouco nas lides jurídicas. Êita neologismo brabo...
PÉROLA II – Mais uma do falso profissional Vitor Hannover: o rapaz colocou numa matéria sobre a novela do caso Clodoaldo, como BG, a música “The Wall”, do Pink Floyd. A música não tinha absolutamente nada de conexão com a matéria, mas aí o moço deu a explicação de que “a música representa o muro que estão colocando para que Clodoaldo não jogue”.
PÉROLA III – Essa é do falso profissional Vitor Hannover, no off de matéria sobre o jogo Ceará x Guarani: “Helinho, menino passarinho, bola no ninho”. Muitos telespectadores acabaram acrescentando um final para os versos proferidos pelo moço, rima adicional esta que, por respeito aos leitores, não reproduziremos, mas dá para que os internautas tenham uma noção de como seja...
PÉROLA IV – O convívio com falsos profissionais do jornalismo está contaminado o diretor técnico científico da SSPDC, médico Francisco José Simão. Em entrevista ao falso profissional Jorge Ribeiro (TV Diário), o excelente legista mandou essa: “estivemos no local onde o rapaz foi homicidado”. Homicidado? O nobre médico enveredou pelo criativo neologismo que assola a maioria da mídia local.
PROPAGANDA – No Verão Vida & Arte havia propaganda da Prefeitura de Fortaleza. Como não está havendo muita transparência em relação aos gastos da PMF com publicidade, fica difícil saber se o fato resulta de uma espécie de “permuta” dos organizadores do evento – jornal O Povo e Carnailhas – pelo, digamos, apoio recebido em termos de estrutura ou se, de fato, houve liberação de verba para o evento. Caso tenha acontecido a primeira hipótese, é triste ver esse tipo de barganha por serviço público. Na segunda hipótese, é preciso que seja explicado por qual motivo a Prefeitura teria destinado dinheiro público para um evento privado, com fins lucrativos, como aconteceu, ano passado, por parte do Banco do Nordeste, que patrocinou o extinto Festival Vida & Arte, antecessor do evento realizado esse ano.
PROPAGANDA – A Prefeitura tem submetido a máquina administrativa a situações que o munícipe, com certeza, não aprova. Ano passado o contribuinte arcou com o pagamento de horas extras aos agentes da AMC que trabalharam no Ceará Music, outro evento particular com fins lucrativos. Agora, certamente sobrará novamente para a “viúva” o pagamento das horas extras feitas pelos servidores municipais no Verão Vida & Arte. Não é justo que o contribuinte banque os serviços públicos de um evento privado sem que receba nada em contrapartida. Ou será que – no caso da propaganda postada dentro do evento – é suficiente para que a Prefeitura se sinta compensada?
SEGURANÇA – Falando em serviços públicos prestados para eventos privados, com fins lucrativos, em edições do Fortal o jornal O Povo, corretamente, questionou o fato das empresas promotoras – inicialmente Click e posteriormente, coincidentemente a parceira do jornal, Carnailhas – não terem cumprido a lei estadual que determina o pagamento pelos serviços de segurança prestados pelo Estado a eventos privados, com fins lucrativos. Pelo visto o jornal esqueceu-se dessa pauta com relação ao Verão Vida & Arte, que recebeu esquema especial de policiamento por parte dos órgãos de segurança: polícias Militar e Civil, além do Corpo de Bombeiros Militar.
SEGURANÇA – Com isso, além de demonstrar parcialidade – se a pauta cabe no evento Fortal, cabe, também, ao evento Verão Vida & Arte – também explicita a forma como o jornal direcionou sua atuação para a satisfação de seus interesses, em detrimento do coletivo, o que deveria ser seu compromisso. Será no mínimo estranho se, nesse e nos próximos anos, O Povo publicar matéria sobre o não cumprimento dessa lei estadual.
CATASTRÓFICO – Não obstante a sacola de gols que o Ceará tomou do arqui-rival Fortaleza no jogo de 29/01, quando perdeu por 6 x 3, foi catastrófica, mais uma vez, a arbitragem, demonstrando que o crônico problema que vem se registrando nesse setor nos últimos tempos passou a estatus de doença incurável. No jogo, o árbitro Almeida Filho cometeu erros gritantes. Primeiro, deixou de apresentar mais um cartão vermelho para pelo menos um jogador do tricolor, que fez uma falta violenta pouco tempo depois de expulsar, corretamente, um jogador do alvinegro pelo mesmo motivo. Segundo, não expulsou o goleiro do Fortaleza, Albérico, por ocasião do pênalti cometido sobre o atacante Vinícius, que acabou por desperdiçar a cobrança, litimando-se a apresentar o cartão amarelo. Terceiro, não marcou outro pênalti claro sofrido pelo mesmo atacante alvinegro. E o que fez a imprensa esportiva (?) local? Excetuando-se um ou outro, nem tocou no assunto.
PROCAPUI – Dentre as pessoas envolvidas no caso Procapui, que provocou um rombo de milhões de reais não apenas em investidores locais, mas estrangeiros, uma das implicadas é a advogada Eunice Leal, que assinou cheques das empresas Procapui e Iglomar dados em garantia de mútuos finaneiros e para compra de imóveis. Como garantia de mútuos, assinou os cheques 001885 – conta da Procapui – e 000078 – conta da Iglomar – em 18/11/2003, respectivamente de R$ 450 mil e R$ 62,1 mil, do Bank Boston. Em depoimento na Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF), no dia 09/06/04 a advogada assumiu ter emitido os cheques por força de procuração substabelecida por Marcial (Mike) Gerard Layani.
PROCAPUI – Em seu depoimento, o ex-contador da Procapui, Sérgio Maria Nobre Othon Sidou, apontou a advogada como autora da determinação de que alterasse os registros contábeis da empresa do exercício de 2002, criando débitos inexistentes. Gonçalo Alves Camelo, que trabalhou como segurança e motorista do empresário norte-americano, também declarou em depoimento que por diversas vezes conduziu seu ex-patrão ao escritório da advogada para que ele deixasse altas somas de dinheiro, segundo ele, fruto de operações irregulares de Mike com o doleiro “Zezé”. No dia 08/11/05 a advogada foi reinquirida na DDF, onde negou que seu escritório fosse utilizado como local de negociações da Procapui. Afirmou, ainda, que tinha um contrato apenas verbal com para advogar para a empresa, muito embora nos autos do inquérito exista cópia da procuração substabelecida por seu proprietário à ela.
PROCAPUI – Admitiu, entretanto, que comprava passagens aéreas em seu cartão de crédito para Josef Anavian, Leyla Anavian Ruth Zahabian viessem dos EUA para o Ceará, a negócios e a passeio. Acusou, ainda, o empresário Flávio Gondim de desviar R$ 6 milhões da Procapui. O fato foi negado pelo empresário, que prestou depoimento na DDF no dia 21/11/05, perante a delegada Rossicleide de Castro. Flávio afirmou também que Mike Layani não cumpriu contrato de processamento e exportação de camarão com a empresa de sua propriedade, a Icapui Pesca Ltda. (Icapel). Confirmou que Eunice Leal gerenciava financeiramente a Procapui e atribui à ela e ao proprietário da Procapui a responsabilidade pelo rombo de milhões de reais deixado com investidores locais e estrangeiros. A delegada enviou o inquérito à Justiça mas solicitou mais prazo para continuar as investigações, no que foi atendida.
PARA REFLETIR – “Meu partido, é um coração partido, e as ilusões estão todas perdidas. Os meus sonhos, foram todos vendidos, tão barato que eu nem acredito que aquele garoto que ia mudar o mundo agora assiste a tudo em cima do muro. Meus heróis morreram de overdose, meus inimigos estão no poder”. (Trecho da música Ideologia, de Agenor de Araújo Miranda, o Cazuza).