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Arquivo de atualizações Imprensa CE - Setembro/2005

ATUALIZAÇÃO N.º 282 - 05/09/2.005

TEXTO – Semana passada o jornal O Povo publicou carta de um leitor – que se identificou como Tiago Lobo Mesquita – sobre assessores de deputados estaduais e questionando a propriedade dos parlamentares em julgar a deputada Íris Tavares (PT), acusada de embolsar parte do salário de ex-assessores, na prática comumente conhecida como “rachadinha”. Embora o texto tenha sido praticamente copiado do sítio Em Off, reproduzindo informações e opinião especialmente sobre o primeiro secretário da Casa, Gony Arruda (PSDB), não foi por nós enviada ao jornal.

TEXTO – Em resposta o deputado teve texto de sua autoria, sob o título “Transparência e legitimidade” publicado no jornal. Embora as alegações do parlamentar não tenham sido dirigidas ao sítio, a bem da precisão da notícia, alguns pontos não aclarados precisam ser ressaltados e questionados. O legislador discorreu sobre a importância de fiscalizar a Assembléia, sobre a instalação da emissora de TV daquele Poder, mas não rebateu dados. “Informo que uma das atribuições da Primeira-Secretaria, na forma regimental, é superintender os serviços relacionados com os setores de Recursos Humanos, material e patrimonial da Assembléia Legislativa do Estado do Ceará”, escreveu o parlamentar tucano.

TEXTO – A função da Primeira-Secretaria não é prover, mas gerir os serviços relacionados com os setores de RH da Assembléia, é quem tem, na prática, a incumbência de administrar executivamente a Casa. Infelizmente o que acontece hoje é que a Assembléia optou por uma “terceirização branca”, feita sem critério de licitação, mas na base da indicação política. Cargos que deveriam ser providos exclusivamente por funcionários de carreira, efetivados mediante concurso público são preenchidos por apadrinhados políticos. Mas essa não é a questão principal do caso em tela, mas um pano de fundo que se adequa à situação argüida.

TEXTO – Com efeito, atualmente a Primeira Secretaria, função ocupada por Gony Arruda, juntamente com seu gabinete pessoal não possui mais 283 pessoas lotadas, mas 278, segundo dados colhidos no dia 02/09. Trata-se de uma extensa lista na Primeira Secretaria – 253 ao todo – que inclui desde assistentes de administração, agentes de administração, motoristas, médicos, enfermeiros, técnicos em comunicação social (?), assistentes sociais, contadores, engenheiros, agentes de segurança, advogados, bibliotecários, cirurgiões dentistas, até – pasmem – datilógrafos, quando há muito a Assembléia foi informatizada. Um fato inusitado, quando na relação também constam operadores de computador. Qualquer semelhança com cabide de empregos não é mera coincidência. Na extensa relação, nomes como Tomaz Antônio Brandão Júnior, filho do ex-deputado Tomaz Brandão, lotado como assistente de administração.

TEXTO – Em seu gabinete pessoal o parlamentar tem mais 25 pessoas lotadas. É muita gente para um espaço físico insignificante. Caso os 25 afortunados e pagos pelo contribuinte resolvessem comparecer ao trabalho, certamente não haveria espaço suficiente nem para a metade deles. O que dizer, então, dos 253 remunerados pelo dinheiro tirado do suado bolso do contribuinte se resolvessem ir trabalhar? O gabinete da Primeira Secretaria ficaria um caos. A argumentação de que as pessoas lotadas na Primeira Secretaria teriam como finalidade preencher necessidades dos demais departamentos da Casa cai por terra quando se constatam, nos dados disponibilizados pela Assembléia, funcionários nomeados lotados nos próprios departamentos.

TEXTO – Aliás, sobre esse tipo de artifício empregatista ilegal, o quê tem a dizer Gony Arruda e o presidente da Assembléia, Marcos Cals (PSDB), quando se verifica o radialista e ex-prefeito de Canindé, Luiz Ximenes Filho, contratado como técnico em comunicação social e lotado no Departamento de Recursos Humanos do Poder? Pelo que consta não se tem notícia de que o radialista seja, pelo menos, visto freqüentando o prédio do Legislativo Estadual. Pior: o quê faz, quais as tarefas que um técnico em comunicação social realiza num Departamento de Recursos Humanos? Para finalizar a irregularidade, técnico em comunicação social é cargo privativo de bacharéis em Comunicação Social, o que não é o caso do radialista. Isso é uma falácia? Os dados disponibilizados pela Assembléia estão errados?

TEXTO – Há muito tempo a Assembléia vem postergando a realização de concurso público para preenchimento de cargos vagos para poder empregar apadrinhados políticos, numa farra execrável com o dinheiro público. Esses cargos são utilizados como moeda de troca em período de eleição. Não existe critério algum para essas contratações irregulares, além da indicação política. O erro ainda se estende mais: os indicados para os gabinetes não recebem contracheque, apenas uma declaração anual de rendimentos para efeito de Imposto de Renda, artifício criado para que não haja caracterização de vínculo empregatício com o assessor. Ora, a relação de trabalho não pode ser direta com o parlamentar, mas com a Assembléia. O recurso é utilizado para evitar que o Poder seja alvo de ações trabalhistas. Mas a caracterização do vínculo não é com o deputado, mas com a fazenda que o remunera, no caso o Legislativo, através de crédito bancário mensal. A emissora de TV que o deputado citou em seu texto também foi entupida de gente contratada sem concurso, através do critério da indicação política.

TEXTO – Não obstante a decisão da decisão da Justiça Trabalhista de Juazeiro do Norte, que deu provimento à reclamação trabalhista dos ex-assessores da deputada petista que acusaram-na de ter embolsado parte de seus salários, a decisão é sobejamente questionável. Vale ressaltar que a sentença judicial diz respeito apenas no tocante à recolhimento de contribuição previdenciária e de FGTS, não tendo qualquer imbricação quanto ao suposto embolso de salário. Essa “terceirização branca” da Assembléia é um verdadeiro desrespeito ao contribuinte, não apenas pelo dispêndio indiscriminado do dinheiro público, mas pelo uso de barganha política a ela atribuída. No link http://geocities.datacellar.net/emoffbr/assessores.htm o internauta pode ter acesso à lista das pessoas lotadas na primeira secretaria da Assembléia, bem como no gabinete do deputado Gony Arruda.

COLUNA – Aliás, sobre o caso envolvendo “rachadinha”, Íris Tavares e demais deputados estaduais, o colunista Fábio Campos publicou em sua coluna Política (jornal O Povo), do dia 01/09, um interessante texto. Afirmou o jornalista: “Um político muito bem situado na esfera estatal considera improvável que a deputada Íris Tavares (PT) tenha seu mandato cassado pela Assembléia Legislativa. Nada demais se não fosse o motivo que o leva a tal avaliação: 'Os deputados não vão cassar uma colega que fez o que praticamente todos fazem'. Quem disse isso é um profundo conhecedor da Assembléia. Quem disso isso já teve acento na Casa e sabe bem como os gabinetes funcionam. A tal da 'rachadinha' seria assim uma prática usual entre os deputados estaduais. Uns, a maioria, simplesmente embolsariam o dinheiro. Outros usariam o fruto da 'rachadinha' para financiar ações do mandato. Uma forma não é menos imoral que a outra. Mas, voltando ao caso Íris, para o usuário da 'rachadinha', cassá-la significa colocar o pescoço na guilhotina. 'Um funcionário ou um ex-funcionário de um gabinete que praticava isso vai ficar com o deputado nas mãos. Os deputados certamente vão levar isso em conta na hora de votar', explica a fonte”.

COLUNA – E para o caso do critério eminentemente político e desvirtuado da verba de assessoria da Assembléia, o colunista escreveu: “O ato de embolsar uma parte do dinheiro dos salários dos servidores é revelador da mediocridade que define muitos dos mandatos de parlamentares estaduais. Um assessor que se submete à 'rachadinha' dificilmente será alguém com as qualidades necessárias para exercer tão importante função. Na outra mão, o mesmo pode-se dizer do deputado e do mandato que monta esse tipo esquema. Um bom mandato não depende apenas do parlamentar. O suporte de uma boa assessoria é o que garante o desempenho de um deputado. Na Assembléia, percebe-se que poucos estão preocupados em contratar assessores qualificados. Tradicionalmente, os cargos de confiança nos gabinetes são ocupados pela parentada. Quando não, o critério do afilhadismo é o fator determinante. A esquerda não fica muito distante disso quando prioriza a contratação de militantes (critério político) que, muitas vezes, não possuem as credenciais para as funções. Os casos estão aí para comprovar a afirmação “. Impossível contestar a veracidade dessas afirmações.

COMÉDIA – Que os repórteres locais dos programas policiais que povoam a programação das emissoras de TV locais são cômicos, isso não há questionamentos. Há para todos os gostos: palhaços que fazem reportagem com óculos escuros, outros que até bem pouco tempo utilizavam chapéu, luva branca, os que choram, os que gritam, os que utilizam um vocabulário pior do que os bandidos que entrevistam, enfim, uma fauna vasta e cômica. Mas eis que surgiu um seriíssimo candidato a desbancar todas as marmotas que por aqui militam: trata-se do “repórter” Givanildo Silveira, de um tal programa “Sem meias palavras”, exibido numa emissora de TV de Caruaru, em Pernambuco. Não é que o homem “entrevistou” um mudo? A reportagem é uma verdadeira piada. Não contente em “entrevistar” o mudo, o “repórter” ainda bancou o “intérprete” de mudo e chegou ao cúmulo de pedir para o mudo “falar” olhando para a câmera que é inocente. O vídeo está disponível no link http://geocities.datacellar.net/emoffbr/mudo_1.wmv . Depois disso, os “repórteres” locais terão que se esforçar para o superar. Boas gargalhadas.

FRAUDE – Uma grande parte da Imprensa local faz um intenso trabalho de bajulação do empresário Jorge Alberto Vieira Studart Gomes, o Beto Studart, inclusive muitos colunistas se dispuseram a atuar como cabos eleitorais, lançando balões de ensaio em colunas, elegendo o empresário deputado federal, agindo como bajuladores-pitonisas alguns chegando ao cúmulo de prever que ele seria um dos, talvez o mais votado da eleição do próximo ano. Tudo em busca de angariarem algum tipo de recompensa financeira do empresário do setor de agrotóxicos. Aliás, essa faceta do “deputável”, de vendedor de veneno tóxico para a agricultura, era convenientemente omitido das notas bajuladoras dos tais puxas-saco. Um fato relacionado à atuação empresarial de Beto Studart também foi sempre omitido desse pelotão de bajuladores sanguessugas, continuando fora das colunas impressas e eletrônicas da imprensa local.

FRAUDE – Em 1994 uma equipe de fiscalização da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, em atuação na Cooperativa dos Cafeicultores e Citricultores de São Paulo (Copercitrus), constatou que naquela Entidade, em oitenta embalagens do produto Stron – que tem composição declarada de 600 g/l do princípio ativo Methamidophos como princípio ativo aquoso concentrado –, fabricado pela Agripec – Química e Farmacêutica, empresa cujo empresário Beto Studart é proprietário e seu diretor-presidente, após análise, registrou-se concentração de apenas 564,96 g/l, através de laudo assinado pela engenheira agrônoma Rita de Cássia Prisco Neves. Os frascos foram recolhidos e a empresa autuada, no dia 15 de junho de 1994, pelo produto se encontrar em desacordo com a composição química declarada.

FRAUDE – Para comprovar o ato ilícito, o empresário não contestou a autuação, conseqüentemente também o laudo, efetuando a substituição do produto interditado, o que implicou aceitação tácita da irregularidade constatada pela Secretaria de Agricultura de São Paulo. Pior: Beto Studart era reincidente. A Procuradoria Geral de Justiça do Estado de São Paulo requisitou a imediata instauração de inquérito policial. O procedimento de Beto Studart feriu o Artigo 73 do Decreto 98.816, de 11/01/1990, que regulamentou a Lei nº 7.208, de 11/07/1989, que conceitua como infração “produzir, manipular (...) comercializar (...) agrotóxicos, seus componentes e afins em desacordo com as disposições deste Regulamento e dos atos normativos que o complementarem”. O Artigo 74 estabelece como punição para essa conduta pena de dois a quatro anos de reclusão.

FRAUDE – Em virtude desse episódio, o Ministério Público do Ceará, em 31 de outubro de 1996 solicitou ao Juiz da 2ª Vara da Comarca de Maracanaú – município onde está instalada a Agripec – a instauração de ação penal contra o empresário Beto Studart, inclusive manifestando-se pelo dolo do ilícito, ou seja, a intencionalidade de cometê-lo. A manifestação foi feita pelo então promotor de Justiça auxiliar das promotorias daquela Cidade, Domingos Sávio de Freitas Amorim. Essa notícia nunca foi publicada em nenhuma coluna ou qualquer outro meio de comunicação local. Essa os babões de plantão nunca fizeram questão de divulgar, preferindo se empenhar em criar em balão de ensaio uma artificial candidatura à Câmara Federal de uma pessoa com esse antecedente. Triste ver como muitos profissionais – e falsos – de imprensa utilizam o espaço que detêm como balcão de negócios.

COMPRA – Depois de comprar lanche de empresa de serviços em Informática, a Prefeitura de Fortaleza novamente faz compra de produtos em empresas inusitadas. Agora foi a vez da Fundação da Criança e da Família Cidadã (Funci) contratar, através de pregão presencial, a empresa NPR Indústria, Comércio e Importação de Produtos para Informática Ltda., para o fornecimento de material de consumo para oficina de vime e cipó (plástico PVC – marca PC), do Projeto Semear Adolescente. Para tanto a empresa de informática receberá R$ 1 mil do munícipe para fornecer insumos para uma oficina de vime e cipó.

ADITIVOS – A Prefeitura da Capital cearense também vem aditivando contratos já firmando, elevando o valor inicial da previsão do gasto. Com a anuência da chefe de gabinete da prefeita, Helena Rodrigues Barroso, a PMF “vitaminou” em 25% um contrato assinado entre o Executivo Municipal e a Case Comunicação e Serviços Ltda., resultando num gasto adicional de R$ 47.575,00 aos cofres públicos.

SERVIÇOS – Mas quem fechou mais um contrato com elevado valor, sem licitação, no âmbito do Executivo Municipal foi o Instituto Dr. José Frota. O hospital público municipal contratou por seis meses – com o contrato começando a viger no dia 09/08 – a empresa JFIL Terceirização de Serviços Ltda., para a prestação de serviços de limpeza e conservação. O contrato encerra-se, dessa forma, somente em janeiro de 2006 e por ele o contribuinte pagará a bagatela de R$ 889.797,78. É muito dinheiro para um contrato que não foi submetido ao devido processo licitatório.

BOIANDO – Mais uma vez a imprensa local “boiou” no episódio em que um sargento da PM foi morto e um soldado ficou ferido, ambos vítimas de tiros, no bairro Álvaro Weyne. O sargento Cícero Luciano Bezerra Lima, da CPRV, respondia a procedimentos administrativos sob a denúncia de corrupção. O soldado Cícero Viana Ferreira foi apontado como um dos facilitadores de uma fuga ocorrido no Presídio da Cigana, em Caucaia, onde era lotado, e também estava afastado. O suspeito de ter atirado nos dois policiais, identificado pela alcunha de “McGyver”, era um dos fugitivos desse presídio tendo empreendido fuga na ocasião em que se suspeitou da facilitação por parte do sd Viana. A dupla de PM estaria cobrando do fugitivo o pagamento da fuga. Mas a imprensa preferiu reproduzir apenas a versão oficial.

ARTIFÍCIOS – As empresas concessionárias do poder público, sejam elas privadas ou públicas, que exploram os serviços essenciais de fornecimento de energia elétrica, água e telefonia encontraram um meio de reduzir o número de queixas crescente: agora o usuário só pode registrar uma reclamação por vez. Ou seja: tanto faz se o cliente foi vítima de um ou dez erros das empresas, só pode reclamar por um. Depois de registrada a reclamação, ainda tem que esperar o encerramento da reclamação, que sempre extrapola o prazo fornecido para a resolução. Enquanto a concessionária não resolve encerrar a reclamação – na maioria das vezes determinando, sem direito de argumentação ou possibilidade de recurso administrativo, que o usuário não tem razão – o incauto cliente não tem como registrar nova reclamação. Essa foi a forma encontrada pelas concessionárias para reduzir o número de registro de reclamações, em detrimento de investir para que o serviço saia do patamar de péssimo para, pelo menos, razoável. Tudo isso com a devida anuência e omissão da ARCE e da ANATEL.

PROCESSO – Colocado em liberdade na cidade de Goiânia, onde se encontrava recolhido por determinação da Justiça cearense, o radialista Wellington Braga não perdeu tempo: ajuizou ação contra o Sistema Verdes Mares de Comunicação. Motivo: a TV Diário e a TV Verdes Mares noticiaram o motivo errado da decretação da prisão. Na verdade as duas emissoras teriam criado um outro fator da decisão judicial. O radialista já está acionando outro veículo de comunicação, a TV União, por quebra de contrato, perdas e danos e lucros cessantes.

GAIATICE – A mania de fazer trocadilhos no texto de off, característica viciada de alguns repórteres de programas esportivos locais contagiou a repórter Camila Gurgel, do programa Jangadeiro Esporte Clube. Semana passada a moça fez um infame e infeliz trocadilho com o furacão Katrina que devastou alguns estados norte-americanos e o vento que sopra na Barra do Ceará, numa matéria sobre o Ferroviário. No melhor estilo “complicar o que era fácil”.

PARA REFLETIR – “A vida é uma pedra de amolar: desgasta-nos ou afia-nos, conforme o metal de que somos feitos”. (George Bernard Shaw)

 

ATUALIZAÇÃO N.º 283 - 12/09/2.005

LIGAÇÃO - Na edição do dia 06/09 o jornal O Povo publicou matéria assinada por Erivaldo Carvalho, sob o título “Documentos complicam situação de Íris Tavares”. A matéria versava sobre as denúncias de prática de “rachadinha” da qual a deputada estadual petista está sendo acusada por ex-assessores. Sem entrar no mérito da questão se a parlamentar é ou não culpada, algumas observações precisam ser feitas quanto à reportagem.

LIGAÇÃO – Segundo o texto, dados bancários atestariam que a conta da ex-assessora Jucileide Pereira da Silva, a “Juma”, teria recebido um depósito de R$ 21 mil durante o ano de 2003, quando, segundo afirmou o autor da matéria, a citada receberia R$ 300 mensais pelo serviço que prestava à parlamentar. Afirmou ainda que o dinheiro voltava para o gabinete de deputada petista através do pagamento de contas em cheques assinados pela titular da conta.

LIGAÇÃO – A representação feita pelo PRP de Juazeiro do Norte – reduto eleitoral da deputada do PT – foi arquivada por decisão do plenário, mas há uma outra, formulada pelo PSDC, partido alternativo do governo do Estado (PSDB), presidido pelo deputado Gomes Farias.  Muito embora o repórter tenha afirmado que “documentos aos quais O Povo teve acesso revelam que a deputada do PT usou a conta bancária da então assessora Jucileide Pereida da Silva (...) para atividades que passam longe do pagamento desse tipo de serviço”, o que foi publicada, em momento algum, comprova que o dinheiro foi efetivamente devolvido à legisladora ou utilizado para pagar despesas dela.

LIGAÇÃO – O autor do texto não apresentou provas robustas do que afirmou. Não comprovou que a deputada utilizava “talões de cheques com as folhas já assinadas pela ex-assessora para realizar os mais diversos pagamentos”.  O extrato bancário revela o crédito bancário – que é realizado diretamente pela Assembléia – do valor citado, mas não há indícios que comprovem que havia cheques da ex-assessora utilizados pela deputada.

LIGAÇÃO – “O dinheiro depositado na conta voltava para o gabinete de Íris na hora de passar os cheques em nome do mandato. No dia 1º de novembro de 2003, por exemplo, foi passado o cheque nº 000021, no valor de R$ 295,00, para pagar um retrovisor e vidros de uma Parati. Em 10 de junho de 2003, outro cheque, de nº 799601 foi descontado para a Cariri Auto Peças no valor de R$ 248,00”, havia grafado no texto. Que veículo Parati teve esse retrovisor e vidros pagos por esse cheque? A quem pertencia? Afinal, a despesa poderia ter sido paga para qualquer veículo. O repórter não publicou evidência que ligasse a parlamentar ao veículo que teve despesas de reparo pagas por cheques da ex-assessora. O quê foi comprado na Cariri Auto Peças e para quê finalidade? O autor da matéria deixou essas perguntas sem respostas. Ou melhor, não as fez.

LIGAÇÃO – “Já no dia 4 de novembro de 2003, o cheque 000024 foi utilizado na compra de um presente para Mirtes Anastácio, no valor de R$ 30,00. Segundo Juma, era Mirtes, irmã de Íris Tavares, quem preenchia os cheques já assinados”, escreveu. Havia um canhoto de talão anotado com esse nome, mas não havia evidências de que não teria sido a própria titular da conta que utilizou o cheque.

LIGAÇÃO – Não entramos no mérito nem julgamos se a deputada petista é ou não culpada das acusações que lhe formularam. O fato é que a matéria publicada não possuía indícios para que se comprovasse a prática da “rachadinha”. O jornal deveria investir na apuração se há deputados que praticam essa famigerada prática e, principalmente, o inchaço de pessoas lotadas na primeira secretária do Poder, bem como o caso de pessoas nomeadas para “trabalharem” em setores da Assembléia e que sequer pisam na sede do Legislativo. Há também o caso da TV Legislativa, formada exclusivamente por pessoas nomeadas. Caso a presidência do Parlamento Estadual realmente quisesse transparência e correção em suas ações, se existem deficiências de pessoal, por qual motivo não recorre ao preceito constitucional do concurso público? Adversamente disso prefere manter a situação de pessoas nomeadas, sem vínculo empregatício, recebendo o suado dinheiro tomado do bolso do contribuinte e utilizadas como moeda de troca.

TÍTULO – Por duas vezes os proprietários da Brilhe Car, Elizomarte e Dermival Fernandes, tiveram pedidos de hábeas corpus julgados. Ambos são acusados pela Polícia Federal de participação no furto à caixa forte do Banco Central. Nas duas ocasiões o jornal O Povo publicou matérias com títulos quase idênticos, preferindo optar pela possibilidade de libertação dos dois irmãos. A última, publicada no dia 06/09, teve o seguinte título: “Donos da Brilhe Car podem ser soltos hoje”.

TÍTULO – Ora, o risco que corre o pau, corre o machado. Assim como os empresários poderiam ser soltos, também poderiam continuar sendo mantidos presos, o que de fato aconteceu. Não está errado o título que apregoa a provável libertação, mas também não estaria se fosse “Donos da Brilhe Car podem continuar presos”.

TÍTULO – O pedido de hábeas corpus foi negado pela 2ª Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Agora, o quê teria feito o jornal optado duas vezes por um título que criava a expectativa de soltura dos empresários? A expectativa da sociedade, através do titular da ação penal, no caso o Ministério Público Federal era de manutenção da custódia. Será que o jornal vai manter a mesma linha de opção no julgamento do recurso que os advogados dos empresários irão interpor?

PERMANÊNCIA – Aos trancos e barrancos o Ceará Sporting conseguiu permanecer na série B. Muitos foram os responsáveis pelo clube ter chegado à condição de comemorar a não queda para a “Terceirona” como se fosse a conquista de um título. Primeiro o time, que era sofrível, de baixa qualidade técnica. O Ceará verdadeiro era o que lutou mais da metade dessa primeira fase para sair da zona de rebaixamento, não o que iludiu a torcida na Copa do Brasil.

PERMANÊNCIA – Segundo uma diretoria incompetente, confusa e que em nenhum momento foi transparente em suas ações e não respeitou o torcedor, tratando-o como gado, um mero instrumento para se locupletar. Terceiro a maioria da imprensa (?) esportiva – claro, com raríssimas exceções – que sempre funciona como instrumento de manipulação a serviço de quem está no comando do clube. São sanguessugas que nada mais fazem do que se aproveitar do alvinegro.. Quarto a maioria da torcida, que aceita passivamente essa situação e não age com consciência, mas de forma irracional.

PÉROLA I – Essa foi publicada na edição do dia 10/09 do jornal O Povo: “Ainda em Fortaleza, o concurso da Guarda Municipal deve oferecer aproximadamente mil vagas, com salário de R$ 500 - com possibilidade de aumento - por 180 horas semanais de trabalho”. 180 horas semanais de trabalho? Para isso o dia teria que ter quase 26 horas e o escravo teria que labutar sem descanso algum para cumprir essa jornada de trabalho.

PÉROLA II – Essa foi proferida pela dublê de apresentadora e animadora de telejornal Katiúzia Rios, no Diário da Manhã (TV Diário), falando sobre a vaquejada de Itapebussú, com o falso profissional Egilton Teles: “eu estarei lá e com certeza nós vamos se encontrar lá”. Tomara que ela encontre uma gramática por lá também...

PÉROLA III – Do falso profissional Vítor Hannover, no programa Debate Bola (TV Diário), falando sobre a ida do jogador Robinho para o Real Madrid (Espanha): “o Robinho vestiu a camisa 10 do Santos, a camisa 10 da seleção e agora vai vestir a camisa 10 também no Real Madrid”. Detalhe: Robinho sempre vestiu a camisa 7 do Santos.

CORREIO ELETRÔNICO – Do internauta Tito Oliveira <titocsc@uol.com.br> recebemos a seguinte mensagem:

Senhores Editores,

Não sei se os Senhores perceberam, mas um fato me chamou atenção na mídia da “I CAMINHADA PELA PAZ E DESARMAMENTO”, promovida pelo “MovPaz” - Movimento Internacional pela Paz e Não Violência - com o apoio da Prefeitura Municipal de Fortaleza e que será realizada no dia 11.09.05.

Refiro-me ao outdoor da campanha. Na peça publicitária constam as logomarcas de todos os patrocinadores do evento, sendo que um deles é nada mais nada menos que a poderosa rede de Farmácias PAGUE MENOS.

Isso mesmo – os outdoors estão aí para não me deixarem mentir – a empresa do Sr. Deusmar Queiroz, acusado de participar de um esquema montado por um grupo de extermínio que tem como chefe um oficial da “gloriosa” Polícia Militar do Ceará, está dando uma de Mahatan Ghandi, “promovendo a paz”.

E o pior é que todos os segmentos da sociedade, envolvidos na referida campanha se calaram (mais uma vez) diante do dinheiro do Sr. Deusmar Queiroz. Movpaz, Prefeita, Lideranças católicas, evangélicas e espíritas.

Os católicos, evangélicos e espíritas debateram o assunto num encontro ecumênico na Casa da Paz. Pelo visto eles não enxergam um palmo adiante do nariz, ou então são todos como o Tio Patinhas, só enxergam $$$$. Uma vergonha!

E o “MovPaz, por que aceitou a parceria de uma empresa suspeita de patrocinar grupo de extermínio?

Não acredito – mesmo diante da “blindagem” feita ao Sr. Deusmar Queiroz pelos meios de comunicações – que os membros do “MovPaz” não tenham tomado conhecimento das ações criminosas comandadas pelo Capitão Castro, cunhado de um dos diretores do grupo PAGUE MENOS.

TITO OLIVEIRA“.

RESPOSTA – Os grifos são originais do remetente. Com efeito, várias instituições ligadas à defesa dos direitos humanos declararam publicamente que não iriam participar da caminhada, exatamente pelo fato do indiciamento do empresário no processo sobre grupo de extermínio patrocinado pelo Grupo Pague Menos, do qual Deusmar Queiroz é proprietário. O jornal O Povo publicou matéria sobre o posicionamento dessas organizações, bem como o Diário na TV – claro que com espaço e destaque menores do que a promoção do evento –. O internauta está coberto de razão em sua observação. Segundo o que foi divulgado pela mídia local, a organização da caminhada argumentou que o contrato havia sido assinado antes das denúncias – o que não convence nem a uma criança de cinco anos – e que o Grupo Pague Menos não era responsável pela cota principal de patrocínio – como se isso diminuísse a agravante de ter entre os apoiadores uma empresa acusada de violação exatamente dos direitos humanos e da paz tão defendida. A Prefeitura de Fortaleza também deveria se poupar de dividir com esse tipo de empresa e empresário apoio à iniciativas dessa natureza, bem como evitar o desgaste que isso provoca. Como afirmou o leitor, há uma grande blindagem feita pelos meios de comunicação locais em torno da empresa e seu proprietário, trabalho que é feito em muitos outros casos como, por exemplo, ao casal João e Iridan Mendonça, habitués de colunas sociais impressas e televisivas, donos da empresa Skoll, exploradora de jogos de azar ilegais e que é alvo de ação do Ministério Público Federal.

CAMUFLADO – Falando em jogos de azar, apesar da decisão judicial que suspendeu o funcionamento dos bingos, existe um em plena atividade, instalado na rua Floriano Peixoto, vizinho a um estacionamento e ao número 79 – a numeração do local foi estrategicamente retirada para dificultar a identificação –, entre as ruas Pedro Pereira e Liberato Barroso, onde funcionam máquinas de vídeo-pôquer e toda o tipo de arapucas. Em frente ao local seguranças armados e com a cara de quem está disposto a meter a mão na cara de qualquer um que queira questionar o funcionamento estão postados.

PRIVILÉGIO – O festival de música Ceará Music, que acontecerá daqui a algum tempo no Marina Park Hotel goza de muitos privilégios. Foi o que constataram os promotores da festa “Jovem Guarda”, realizada há alguns dias no mesmo local onde se realizará o Ceará Music: só conseguiram autorização para show até 01:30h da madrugada, enquanto no festival a zuada vai até clarear o dia. O motivo? Os pacientes da Santa Casa. Ué, mas o barulho provocado pelas bandas que tocam no Ceará Music também não incomoda como os “tios” da Jovem Guarda?

PAROU? – Porquê não se falou mais da quadrilha desarticulada pela Polícia Federal, que culminou com a prisão do ex-prefeito de João Pessoa (PB), Cícero Lucena, especializada em fraudar licitações? Tem gente apostando que se as investigações forem aprofundadas com afinco os rumos poderão trazer as atenções para figuras da política cearense.

PARA REFLETIR – “A imprensa é livre para quem é dono dela” (Lowell Bergman – interpretado por Al Pacino – em “O Informante”. Trata-se de um personagem real, produtor do programa "60 minutes", da rede CBS, que foi um dos protagonistas do episódio verídico que inspirou o filme)

 

ATUALIZAÇÃO N.º 284 - 19/09/2.005

FOTO – Eis que, de Barcelona, Espanha, nosso internauta Piero Brigneti nos enviou fotos do empresário Mike Layani, que protagonizou um dos maiores rombos que já se teve notícia por estas bandas, através da captação de mais de R$ 10 milhões para financiamento da Procapuí, empresa de carnicicultura e que foi motivo de um intricado esquema de relações perniciosas entre o tal empresário, cujo histórico mais detalhado o internauta poderá conferir acessando nossos arquivos. Piero disse que o dito cujo também se apresenta com o nome Marcial Layani.

FOTO – Mike, além do rombo financeiro ao captar o dinheiro entre pequenos e médios investidores atraídos por remunerações acima do mercado, comprou a aprovação de leis, contribuiu com campanhas políticas, foi beneficiado por pessoas que ocupam cargos públicos e depois, segundo informações, resolveu refugiar-se na cidade litorânea de Santos, em São Paulo. Em 2002 o empresário colaborou generosamente com campanha majoritária local. Os internautas poderão conhecer o vivaldino empresário no link http://geocities.datacellar.net/emoffbr/mikelayani.htm

OMITINDO – Semana passada, por duas vezes, nos telejornais da TV Verdes Mares, o grupo de extermínio que atuava em Fortaleza nos assaltos à rede de farmácias Pague Menos foi denominado como “grupo de extermínio da Polícia Militar”. Há, além da nítida intenção de poupar a empresa e, conseqüentemente seu proprietário, Deusmar Queiroz, a tentativa de imputar à Polícia Militar o ônus desse famigerado bando.

OMITINDO – A Corporação não tem culpa se uns poucos integrantes resolveram cruzar a linha entre a lei e a marginalidade. O bando era – ou é – formado em sua maioria por pessoas que integram as fileiras da PM, mas também possui pessoas comuns e, principalmente, tinha como finalidade prestar “segurança” para a rede de farmácias Pague Menos. Não existe o corrupto se não houver o corruptor, da mesma forma que o ladrão não tem sentido de existir se não houver o receptador. Autores materiais são tão culpados quanto os autores intelectuais, no caso desses últimos incluem-se o proprietário da rede de farmácias e os executivos ligados à área patrimonial.

OMITINDO – É fato que o Grupo Pague Menos é um forte anunciante, sendo seu controlador uma figura com trânsito aberto na falsa elite local, portas abertas pela força do dinheiro, mas não se pode aceitar, em hipótese alguma que empresas e profissionais de comunicação atuem como “tropa de choque”, satisfazendo interesses próprios. O grupo de extermínio não é nem nunca foi da PM, mas da rede de farmácias Pague Menos. Aliás, os integrantes do MovPaz poderão passar o resto da vida tentando explicar a presença da empresa entre os patrocinadores da Caminhada pela Paz e não conseguiram justificar como aceitaram, sem pestanejar, dinheiro de quem está sob acusação de patrocinar a violência, para financiar um evento pela paz.

EXPLICAÇÃO – Por qual motivo todas as matérias feitas por um correspondente da TV Cidade em Brasília e veiculada no Jornal da Cidade trazem entrevista com o deputado federal Moroni Torgan (PFL)? Por qual motivo todo comentário feito por um tal Márcio Lopes no telejornal, quando enfocando a administração da prefeita Luizianne Lins, sempre expõe apenas uma crítica sem apontar soluções? Infelizmente o jogo de interesse pessoal fala mais alto. Será que o fato do proprietário da emissora estar tentando, sem sucesso, há quatro meses uma audiência com a prefeita está influenciando nisso?

CLIMA – Aliás, falando em TV Cidade, Moroni & Cia. Ltda., as pretensões do apresentador do Cidade 190, Edson Silva, em disputar cadeira na Assembléia Legislativa nas eleições do próximo ano estão se chocando com as do vereador Carlos Mesquita (PMDB). Ambos estão certos de caminharem na sombra do deputado federal pefelista para chegarem ao Legislativo Estadual, mas muito provavelmente o patrimônio eleitoral do truculento parlamentar do PFL não será suficiente para que os dois consigam realizar seus desejos. O quadro já estaria proporcionando um aumento da temperatura entre o tripé. O mais triste disso é ver que, mais uma vez, os meios de comunicação social são utilizados como catapulta política.

CANDIDATURA – Surge o primeiro candidato declarado ao governo do Estado nas eleições do próximo ano. O Partido Comunista Brasileiro (PCB) decidiu lançar a candidatura do advogado Tarcísio Leitão à sucessão estadual. Com candidatura própria o "Partidão" vai se contrapor ao grupo que está no comando do Executivo desde 1987, bem como às pseudo-candidaturas que se apresentam como esquerdistas. O PCB, aliado de primeira hora do PT nas eleições presidenciais de 2002 também deliberou pelo rompimento com o governo Lula, em março desse ano.

LISTA – Na vaga aberta de desembargador do Tribunal de Justiça do Estado já tem gente cravando aposta na Procuradora Geral de Justiça, Iracema do Vale. Alguns avaliam que ela vem evitando instalação de procedimentos que têm como alvo o governo do Estado e o próprio governador. Dessa forma dormita nas gavetas da PGJ, desde a época da gestão Socorro França, pedido de abertura de processo contra o governador pelo descumprimento à Constituição Estadual que determina a instalação de delegacia de Polícia Civil especializada em crimes ambientais. Aliás, cargos no Judiciário e no Ministério Público, como de desembargador e Procurador Chefe, apesar da previsão constitucional, não deveriam ser de livre nomeação de quem ocupa a chefia do Executivo. Dessa forma cria-se uma relação de dependência e condicionamento que pode desaguar numa ação prejudicial aos interesses coletivos.

DEPRIMENTE Tem sido absolutamente deprimente o teatro dos horrores que o programa Comando 22 (TV Diário) está proporcionando. Está havendo uma apologia às baixarias de brigas de vizinhos. Semana passada o repórter Afrânio Marques que se especializou nisso desde o tempo do falecido e de memória dispensável Aqui & Agora se esbaldou com a briga de duas senhoras em virtude da posse de uma casa. Com direito a banho de água fria por parte da que estava dentro de casa e as piores manifestações da animalidade humana. O repórter chegou ao cúmulo de entregar o microfone para as duas senhoras que estavam fora da casa. Pior foi ver o apresentador Ferreira Aragão com um leve sorriso no rosto após as imagens deprimentes e dizer que "era confusão para mais de metro".

LIMITE – A sanha militarista do diretor da Guarda Municipal de Fortaleza, Arimá Rocha, já ultrapassou e muito o limite da sanidade. Primeiro ele equipou um grupo de maneira idêntica ao BP Choque da PM, com capacetes, escudos, perneiras, algemas e todos os apetrechos. Atribuiu responsabilidades que a Constituição veda aos guardas municipais. Resultado: enquanto alguns fazem jogo de cena para a mídia, até realizando prisões, prédios municipais, como escolas, sendo alvo de furtos e arrombamentos por falta de vigilância. Mas agora o coronel Arimá resolveu impor o corte de cabelo militar aos guardas. O pior é que esse pensamento belicoso parece já ter sido assimilado rapidamente pela “tropa”.

PROPAGANDA – É fato que o Banco do Estado do Ceará (BEC) foi federalizado há alguns anos, desde que a União liberou empréstimo para o saneamento da Instituição, após desastrosas e corruptas administrações. É fato que a privatização do Banco é uma iniciativa do governo federal e somente este pode barrar ou não o processo, muito embora a privatização dos bancos estatais esteja na cartilha neoliberal seguida pelo governo tucano de FHC e seguida à risca pela administração petista.

PROPAGANDA – É fato que a propaganda veiculada pelo Sindicato dos Bancários na mídia local de certa forma direcionava a responsabilidade da privatização apenas ao governo estadual, não citando a responsabilidade do governo federal. O que não se pode, entretanto, é aceitar o posicionamento da mídia e, especialmente, de alguns profissionais de imprensa que optaram abertamente pela defesa do governo do Estado. Ao mesmo tempo em que criticaram o SEEBCE pelo teor da propaganda, em momento algum questionou o governo do Estado sobre seu procedimento quanto ao BEC. Primeiro, o governador Lúcio Alcântara poderia ter solicitado ao governo federal que não privatizasse o Banco e procurado uma alternativa, como a incorporação ao Banco do Nordeste.

PROPAGANDA – Adversamente disso o governador nunca escondeu que sua intenção era honrar o compromisso de seu tutor, Tasso Jereissati, que iniciou o processo de privatização quando ocupava o governo. Em seguida, não houve nenhum questionamento quanto à situação quase falimentar que os governos tucanos e seus antecessores impuseram ao BEC. Afinal, quem não lembra do rombo deixado pelo ex-presidente da Instituição, Fernando Terra, no governo de Gonzaga Mota. Naquela época o então governador surgiu em propagandas oficiais, com cara de raiva, dizendo que os cearenses podiam depositar no BEC, que ele garantia.

PROPAGANDA – A única garantia que Gonzaga Mota, o “Totó” deu foi aos que saquearam o Banco. Durante o governo Tasso o assalto aos cofres do BEC continuaram. Curioso que nenhum colunista, por exemplo, lembrou do empréstimo que o Banco do Estado do Ceará avalizou para que a montadora de carros Gurgel se instalasse no Estado, dinheiro liberado pelo Banco do Nordeste, embolsado pelo proprietário da empresa automobilística que acabou não montando absolutamente nada. O contribuinte teve que arcar com todo o custo, uma vez que todo o papagaio foi pago pelo BEC. A operação foi ordenada pelo então governador Ciro Gomes, contrariando parecer contrário da diretoria técnica do Banco.

PROPAGANDA – Reduzir o embate da privatização do BEC apenas à propaganda veiculada pelo Sindicato dos Bancários é uma tentativa fajuta de desviar o foco das discussões. Não é atitude de quem deseja fomentar o debate sobre os temas de interesse público e, principalmente, é uma demonstração de subserviência deplorável. Ainda mais: porquê esses guardiões oficiais não provocam um debate sobre a destinação do dinheiro da privatização da Coelce, ou para onde está indo os recursos do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecop), criação ilimitada do governo Lúcio para saquear ainda mais o bolso do contribuinte?

PRÉDIO – Falando em BEC, uma das devedoras da Instituição é a Construtora GTF, de propriedade do secretário de governo e senador licenciado Luiz Pontes (PSDB), que recebeu R$ 2 milhões e nunca pagou. A GTF, por sinal, é a proprietária do prédio onde funciona a Dracon, agência de publicidade que tem entre seus donos o jornalista Donizete Arruda, entre outros. Talvez por isso ele não venha fazendo nenhuma crítica ao governo do Estado no programa Ponto de Vista (TV Cidade). Semana passada o jornalista questionou o critério da manutenção do superintendente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) no Estado, o ex-deputado estadual Wellington Landim, apelando para o presidente do Órgão, Paulo Lustosa. Esqueceu-se de questionar o próprio critério da nomeação de Lustosa – ex-parlamentar e ex-ministro, com passagens pela Arena, PDS, PFL e PMDB, no qual está filiado –, que sequer é médico.

CAMUFLAGEM – Falando em Fecop, na semana passada o jornal O Povo trouxe manchete sobre o preço da gasolina no Ceará, apontado – de fato – como um dos mais caros do País. Abordou o fato dos postos terem repassado o reajuste das refinarias antes mesmo do produto com preço majorado ter chegado às bombas. Infelizmente em nenhum momento focou no fato da gasolina no Ceará ter incidência de uma alíquota de 27% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para financiar o tal Fundo. Quando aumentou a alíquota de produtos “supérfluos” – gasolina, combustíveis, etc. – o governo estadual teve o cuidado de deixar de fora os produtos “indispensáveis”, como os refrigerantes, por exemplo. Abordar o alto preço da gasolina no Ceará sem citar a incidência da alta alíquota do ICMS é camuflar a discussão.

DESCULPAS – A imprensa esportiva (?) local tem a obrigação de desculpar-se com a torcida do Ceará Sporting Club. Nos dias que antecederam os dois últimos jogos do alvinegro pelo campeonato brasileiro da Série B, a maioria dela se esmerou em prever uma série de transferências de jogadores do Ceará para o rival Fortaleza, o que acabou por não se concretizar. As especulações foram muitas, algumas apresentadas como sacramentadas. Infelizmente o amadorismo da crônica esportiva local faz produzir esse tipo de coisa.

MEDROSO – Em sua palestra proferida semana passada em Fortaleza, o comentarista político da Rede Globo Franklin Martins disse em alto e bom som, para quem estivesse na platéia, que algumas das opiniões que emitia naquela ocasião ela as fazia em off, não repetindo no âmbito da empresa onde trabalha. Jornalista que só tem coragem de expor sua opinião em recintos fora de seu ambiente de trabalho merece dois adjetivos: medroso e frouxo.

MANOBRA – Mesmo tendo conseguido assinaturas além das necessárias para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para a apuração das imorais dispensas de licitação nas compras do governo do Estado, a oposição dificilmente conseguirá instalá-la ainda nessa legislatura. Atualmente estão em funcionamento duas CPI, uma que investiga a exploração sexual e outra o desmonte de prefeituras. Uma delas, a da exploração sexual tem seu término previsto para a primeira quinzena de novembro. Ocorre que, certamente a situação manobrará para que uma das duas Comissões não encerre seus trabalhos na data prevista.

MANOBRA – Isso porquê estão na sala de espera a CPI dos grupos de extermínios – à qual a bancada governista em peso resolveu assinar para garantir sua instalação – que é a primeira da lista e a das licitações, segunda da fila. O objetivo é adiar o máximo a instalação de qualquer investigação sobre as licitações estaduais, que é uma das caixas de Pandora do governo Lúcio. Abrindo-se essa caixa preta sucumbirão o articulador financeiro da campanha de Lúcio em 2002, Luís Gastão Bittencourt e o filho do chefe do Executivo, deputado federal Léo Alcântara (PSDB). Gastão atuou como o “Marcos Valério” da campanha tucana ao governo nas eleições passadas. Papel, por exemplo, que foi desempenhado em todas as eleições do ex-prefeito Juraci Magalhães pelo deputado federal Marcelo Teixeira, hoje próspero empresário do ramo hoteleiro.

INVESTIGAÇÃO – A Assembléia e a mídia local poderiam, também, investigar as irregularidades que vêm sendo cometidas há muito tempo na Cagece, que vão desde a vergonhosa operação de financiamento da campanha “Ceará doa o troco”, ano passado, até a prestação do serviço de leitura e expedição automática das contas de água, hoje executada por empresa pertencente ao vice-governador Maia Júnior.

EMISSORA – O Grupo Cidade está enfrentando dificuldades em reaver a emissora de rádio AM de sua propriedade na cidade do Crato. A Rádio Araripe havia sido arrendada inicialmente para Sérgio Machado, que posteriormente a transferiu para Eunício Oliveira, que por sua vez passou para Erivelto de Souza, entregando este a emissora para Luís Paulo. O atual arrendatário da emissora quer, com justiça, ser indenizado pelas melhorias que promoveu na emissora, inclusive técnicas e físicas. Mais uma pendenga que irá acabar na Justiça.

HOMENAGEM – A Câmara Municipal de Fortaleza realizará na quarta-feira sessão solene, às 19:00h, em comemoração ao Dia do Rádio. Requerimento da vereadora Regina Assêncio. Depois, haverá um coquetel. Os radialistas se encontrarão para comemorar seu dia próximo sábado no Clube do Piamarta, em Itaitinga. O ônibus sairá às 9 horas da Praça da Imprensa.

HOMENAGEM Trecho do discurso da jornalista Adísia Sá em agradecimento à homenagem que o município de Redenção lhe prestou na noite da última sexta-feira, dia 16/09, pelos seus 50 anos de jornalismo: “não existe jornal, nem, rádio nem televisão se não houver liberdade de imprensa”. Demonstrando humildade, beijou a testa da diretora-geral do colégio Perboyre e Silva num gesto de grandeza ao agradecer a homenagem. Perboyre e Silva foi um jornalista (nascido em Redenção), respeitado e combativo, tendo sido presidente da Associação Cearense de Imprensa (ACI) em oito oportunidades nas décadas de 1930/40 e 50. Na platéia estavam Valéria Feitosa, Cláudio Magalhães, Paulo Tadeu, Luciano Luque, Zelito Magalhães, Ivonete Maia, Stênio Holanda, Demétrio Andrade, Ana Memória e um grupo de estudantes de jornalismo da FIC.

DEBATE – Muito bom o debate promovido pelo programa Cena Pública (TVC), semana passada, com o presidente da Fenaj, Sérgio Murilo, que contou com a participação da presidente do Sindjorce, Débora Lima, do jornalista Paulo Mamede e do coordenador do curso de jornalismo da FIC, Alejandro Sepúlveda. A discussão sobre a criação do Conselho Federal de Jornalismo também foi bastante produtiva. Infelizmente não foi aprofundado o debate sobre a criação desenfreada de cursos de jornalismo – já são sete, lançando mão de obra precariamente formada no mercado de trabalho, como fomento à máxima do princípio capitalista do exército reserva de trabalhadores para pressionar o proletariado – aproveitando-se a presença de um dos coordenadores desses cursos.

AUSÊNCIA – Uma das ausências mais sentidas na “Caminhada pela paz”, promovida no dia 11/09, foi a da prefeita Luizianne Lins. Alegou fortes dores de cabeça. Nada que um bom engov ou heparex não tivessem resolvido.

CORREIO ELETRÔNICO – Do internauta Marcelo Feitosa <marcfeitosa@bol.com.br> recebemos a seguinte mensagem:

"Fiquei sabendo que a TV Verdes Mares tem mantido repórteres fora do ar por estarem fora do peso, como se isso influenciasse na competência deles. Mas que critério é esse aplicado, quando é mantida no ar Daniely Portela, que é um tronco de amarrar jumento?

Marcelo Feitosa - Fortaleza"

RESPOSTA – Não entrando no mérito das adjetivações patrocinadas pelo internauta, somente a direção de jornalismo daquela emissora poderá dissipar a dúvida levantada.

PARA REFLETIR – "O êxito consiste em aprender a ir de fracasso em fracasso sem cair no desespero". (Winston Churchill)

 

ATUALIZAÇÃO N.º 285 - 26/09/2.005

DELEGACIAS – Embora o governo do Estado apregoe estar investindo na segurança pública, divulgando informações e dados que em nada condizem com a realidade que o contribuinte cearense verifica cotidianamente, a situação das policiais Civil e Militar é de total sucateamento. Não apenas das viaturas da Polícia Militar, denúncia publicada semana passada pelo jornal O Povo, mas até pelo fato de, por exemplo, a maioria dos municípios não contarem com delegacia de polícia.

DELEGACIAS – A precariedade com que as delegacias funcionam é patente, em muitas faltando até mesmo material de expediente. Algumas chegaram mesmo a ter telefones cortados por falta de pagamento. Mesmo assim o governo vem utilizando seu complexo esquema de mídia, oficial ou não, para desmentir o que é incontestável. Não apenas Fortaleza, mas todo o interior do Estado encontra-se descoberto de segurança, situação perfeitamente perceptível através dos números da violência, expressados em assaltos, latrocínios, roubos a bancos.

DELEGACIAS – Enquanto se esmera para transmitir um discurso falso e inócuo, o governo do Estado vem sendo omisso também em outras ações pertinentes à segurança. Recentemente a Delegacia de Roubos e Furtos foi totalmente reformada. Não se tratou de nenhuma ação do governo do Estado para que a Polícia Civil passe a ter, pelo menos, as mínimas condições de trabalho. A reforma foi custeada através de dinheiro concedido por empresas privadas, o que é por demais estranho.

DELEGACIAS – Além do questionamento sobre o ato em si, que denota a total incompetência da administração Lúcio Alcântara, outros são suscitados. Porque as empresas patrocinadoras da reforma não têm o mesmo interesse em reformar outras delegacias? Qual o valor gasto? Ou o governo do Estado apura essa reforma na DRF ou então será conivente com esse tipo de mendicância em troca de favores. A iniciativa da reforma foi do então titular da DRF, Romério Almeida, que foi transferido para a 34ª DP (Centro) após a obra.

ANTECEDENTE – A tentativa de transferir responsabilidades estatais não é nova. Há alguns anos o governo estadual quis que escolas públicas fossem “adotadas” por empresas, projeto abortado pela ilegalidade da iniciativa, uma vez que propiciaria a criação de “escolas de excelência” e feriria o princípio da igualdade, uma vez que contemplaria apenas alguns alunos. O governo precisa responder aos questionamentos sobre a reforma na DRF e explicar as razões dessa situação. Explicar, também, porquê esse tipo de situação ocorre num Estado onde, por exemplo, o contribuinte paga uma alíquota de ICMS muito maior por produtos “supérfluos”, como combustível, telefonia, etc.

PALHAÇADA – Como exemplo mor do marasmo que se instalou na Câmara Municipal de Fortaleza eis que o vereador Tomaz Holanda (PHS) resolveu dar uma “sacudida”: apresentou o “importantíssimo” projeto que cria a carteira de habilitação para condutor de bicicleta. Como seria, então, o “teste” para a obtenção dessa carteira? Um grande problema será fazer a baliza, ou então imaginar aonde o avaliador iria acompanhando o candidato. Talvez na garupa ou no quadro... parece piada de corredor de Legislativo, mas não é.

PALHAÇADA – Na verdade o projeto foi elaborado por um assessor de Tomaz Holanda, o rotundo e adiposo advogado Sérgio Sobreira, que é uma figura que não mede esforços para aparecer na mídia. Por muito tempo posou de “jurado” do “educativo” programa Ênio Carlos (TV Diário), onde ainda hoje participa. Nas horas vagas engabela incautos proferindo palestras de auto-ajuda, sempre cobrando caro dos que, inadvertidamente, se dispõem a ouvi-lo.

PALHAÇADA – Esse tipo de coisa demonstra como os parlamentares preferem embolsar o dinheiro destinado ao pagamento de assessores – seja pela tão difundida “rachadinha”, seja pela nomeação de parentes e aderentes – do que, efetivamente, montar um gabinete que lhe permita um bom desempenho parlamentar. Em vez de buscar pessoas qualificadas acaba optando por gente sem qualquer noção e que os colocam numa situação delicada como essa, onde acabam se tornando motivo de pilhérias.

DISCUSSÃO – Em sua coluna Política (jornal O Povo), edição do dia 25/09, o jornalista Fábio Campos relatou um suposto entrevero entre o coordenador da bancada federal cearense, Inácio Arruda (PC do B) e o senador Tasso Jereissati (PSDB), motivada pela instalação da refinaria de petróleo, em reunião que contou com a presença do presidente da Petrobrás. Escreveu o colunista: “O clima esquentou. Em tom de voz elevado, rostos próximos, Tasso passou a listar os delubismos e valerismos que marcaram o governo do PT. Nesse momento, Inácio Arruda interferiu. Passou a falar alto e disse que o senador não tinha moral para criticar o Governo. Tasso disse que isso não lhe faltava, ao contrário do Governo Federal. Bismarck Maia ao seu lado. O barril de pólvora explodiu. Os dedos passaram a ficar em riste. O volume foi ao máximo. Rostos vermelhos. Murros generalizados na mesa. Quase confronto físico. Era o Ceará em questão. O senador bate duro. Diz que o Governo Lula é padrasto do Ceará. Argumenta que o Estado só recebeu trocados de Brasília”. E o que fez o senador nos áureos tempos em que o governo FHC liberava dinheiro a rodo para o Ceará? O povo cearense continua, em sua maioria esmagadora, num deplorável estado de miséria, mergulhado num quadro que se perpetua praticamente desde o descobrimento do Brasil, passando pelo sistema das Capitanias Hereditárias – que continua tão presente nas oligarquias aqui instaladas –, pelo Império e agora na República.

DISCUSSÃO – Escreveu ainda o colunista, que também é comentarista da TV Jangadeiro pertencente ao senador tucano: “A bancada do Ceará não trabalha unida a favor dos grandes interesses do Estado. Nesse ponto, o problema maior é dos governistas. Para estes, a defesa do Governo Lula tem se sobreposto à defesa das necessidades do Ceará. Nesse grupo, ninguém se impõe. Ninguém enfrenta ministros ou o Palácio. Talvez falte força política para que seja diferente”. Mas o que acontecia, então, no governo anterior? O contrário. Os governistas, aí se não incluindo o hoje senador, à época governador do Estado, mas a bancada tucana, sob seu controle, desempenhavam essa função ainda mais ferozmente. A duplicação da BR 116, por exemplo, é uma herança do governo FHC que não contou com esse interesse público do Estado por parte do governador Tasso, que não orientava a bancada federal para cobrar do então governo federal recursos.

DISCUSSÃO – Subliminarmente o colunista expôs o senador como o defensor dos interesses do Estado, do povo cearense, impingindo a pecha de contrários ao Ceará os que compõem hoje a situação. Trata-se de um maniqueísmo pueril e que não condiz com a realidade da situação. Tasso e sua entourage protesta porquê as torneiras federais secaram para que continuassem a fazer o clientelismo que tem garantido a manutenção de seu grupo há quase duas décadas, o que era combustível garantido nas administrações passadas. O pano de fundo dessa suposta discussão não foi a refinaria ou o “interesse do senador Tasso Jereissati pelo Ceará”, mas já a sucessão estadual do próximo ano.

BESTEIROL – A falsa profissional, dublê de cantora/apresentadora/performer –  misto de Maga Patalógica, Mortícia Adams e Amy Lee –  Karine Alexandrino, que encarna a personagem Valentina Warhol, escreveu o seguinte em sua coluna semanal no caderno Buchicho (jornal O Povo): “Personas do Mundo: Eve Butterfly Se perguntarem para a Eve quem é Paris Hilton, pode escutar como resposta: "Paris Hilton sou eu!". Eve é modelo e tem uma cachorrinha que atende pelo nome de Paris Prada. Tocava violino aos 10 anos, tem uma casa em Ibiza, apresenta o programa de TV Clube Pop e se prepara pra lançar seu primeiro disco de pop rock no próximo ano (te cuida, Britney Spears!). Além disso, a moça é uma web-designer de mão cheia e uma das mais promissoras socialites do Brasil”. Além de ter transformado as duas inúteis páginas que “escreve” semanalmente no caderno numa sucursal da não menos dispensável revista “Caras”, a “colunista” ainda escreveu esse monte de abobrinhas. Em tempo: Eve Butterfly – que, segundo a moça, se considera a Paris Hilton tupiniquim, começou a tocar violino aos 10 anos, é modelo, tem uma cachorrinha com o nome de Paria, é web-designer, tem uma casa em Ibiza, apresenta um programa de TV e se prepara para lançar disco de pop rock – é colega da “colunista”, exercendo ilegalmente a profissão na TV União. Paris Hilton é a herdeira da rede de hotéis Hilton, que atua como modelo, mas ficou famosa pelo filme pornô caseiro que estrelou com o namorado e que acabou parando na Internet. Tanta coisa mais importante para ocupar as páginas de um jornal do que esse tipo de devaneio lisérgico...

PÉROLA I – Essa foi publicada na edição do dia 23/09 do jornal O Povo, sobre o assassinato de um homem no Centro de Fortaleza: “Um homem foi morto na noite de ontem, no Centro de Fortaleza. A vítima foi identificada por Elídio do Nascimento Nogueira, 48, que caminhava pela avenida Tristão Gonçalves, próximo ao cruzamento com a rua Castro e Silva, quando foi atingido por um tiro. A Polícia suspeita que Elídio possa ter sido vítima de uma bala de origem desconhecida. O caso será apurado pelo 34º Distrito Policial (Centro)”. Bala de origem desconhecida? Mais importante do que saber o calibre ou marca da bala é saber quem efetuou o disparo...

PÉROLA II – Essa foi proferida pelo falso profissional e aprendiz de pateta Irismar França, no programa Rota 22 (TV Diário), entrevistando um desafortunado preso: “você não sabia que haviam dois mandados de prisão contra você?”. O falso profissional não sabe que há regras gramaticais? O verbo haver, empregado no sentido de existir, não sofre flexão.

PÉROLA III – Pergunta feita pela repórter (?) Clotilde Dantas (TV Diário), ao lateral do Fortaleza Esporte Clube, que retornou de uma competição realizada no Japão, onde integrou a seleção brasileira sub-20: "você espera recuperar a condição de titular no time do Fortaleza?". Não, Pedro Bó, o jogador vai treinar e se esforçar para ficar no banco.

DIÁRIAS – Pernambucano, o vice-prefeito de Fortaleza, Carlos Veneranda, realizou mais uma viagem ao seu estado natal, e mais uma vez o munícipe arcou com os custos da passagem aérea Fortaleza/Recife/Fortaleza e de uma diária no valor de R$ 248,00. A concessão foi oficializada pelo ato nº 4774/2005, assinado em 12 de agosto de 2005, pela prefeita Luizianne Lins. Não foi informado nenhum assunto de interesse da municipalidade que justificou o uso do dinheiro público para financiar a viagem. No ato não havia nenhuma menção a qualquer viagem oficial ou coisa que o valha.

MILIONÁRIO – Depois de Francisco Auto Filho ser contemplado com um contrato milionário – R$ 1,250 milhão – com a Prefeitura de Fortaleza, via Semam, onde um instituto controlado pelo citado iria realizar treinamento e qualificação de agentes públicos (muito embora em nove meses de contrato somente tenha, digamos, treinado 57 pessoas), chegou a vez de outro instituto ser aquinhoado com um contrato semelhante.

MILIONÁRIO – Sem licitação, através do processo 788/2005, a Prefeitura de Fortaleza, via Instituto Municipal de Pesquisas, Administração e Recursos Humanos (Imparh) – presidido pelo “professor mestre” (como costuma grafar nos documentos que assina) José Acrísio Sena – firmou contrato com a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos – Finatec, sediada em Brasília, dirigida por Paulo César Morais, ligada à UnB, para a “prestação de serviços técnicos consistentes no desenvolvimento, revisão e adequação da estrutura organizacional da PMF, visando sua modernização, transparência e o desenvolvimento institucional em sentido amplo, com ênfase para o mapeamento e redesenho dos processos chave da administração”.

MILIONÁRIO – O valor do contrato firmado sem licitação: R$ 1.998.750,00 (isso mesmo, um milhão, novecentos e noventa e oito mil e setecentos e cinqüenta reais). R$ 399.750,00 já foram pagos cinco dias após a assinatura do contrato, autografado no início do corrente mês. Os R$ 1.599.000,00 serão divididos em cinco parcelas mensais de R$ 319.800,00, já a partir do próximo mês. Ora, mas porquê a PMF firmou mais esse contrato milionário sem licitação? Por acaso não havia nenhuma outra instituição local capaz de realizar o trabalho descrito? Era necessário realmente, ou melhor, é prioridade para a Prefeitura esse tipo de gasto? O dinheiro tirado do suado bolso do contribuinte não poderia ser mais bem empregado? Quais os critérios para a dispensa dessa licitação? Quais os parâmetros para a contratação da Finatec?

MILIONÁRIO – São questionamentos que a PMF precisa, urgentemente, responder aos munícipes. A imprensa local precisa, o quanto antes, deixar de preocupar-se primordialmente com o factual. A Assembléia está prestes a, provavelmente, instalar uma CPI para investigar as compras sem licitação por parte do governo do Estado e a mídia local não pode restringir-se apenas aos fatos que deputados oposicionistas denunciem e que situacionistas camuflem.

CPI – Falando em CPI, a Portaria 00196/2005 que constituiu os membros da CPI do IPM, instaurada pela Câmara Municipal de Fortaleza, foi publicada. A Comissão irá investigar o fato dos mais de R$ 20 milhões aplicados pelo Instituto de Previdência do Município no falido e liquidado Banco Santos, na gestão de Rose Mary Maciel, na administração Juraci Magalhães. Pela composição da CPI – cinco vereadores que apoiaram a o ex-prefeito ou que se elegeram sob os auspícios do ex-peemedebista (Carlos Mesquita – que foi líder de Juraci na Câmara –, Francisco Mangueira, Regina Assêncio – esposa do ex-vereador Maurílio Assêncio, que também foi da base de sustentação de Juraci –, Jorge Vieira e Agostinho Moreira) – um que fazia oposição, o virtual relator José Maria Pontes e o flutuante Elpídio Nogueira, provável presidente, não se tem uma boa perspectiva de que a CPI vá muito fundo nas investigações.

CONTINUA – Continua com cadeira cativa em todas as matérias feitas pelo correspondente da TV Cidade em Brasília o deputado federal Moroni Torgan. Quando os apresentadores anunciam matérias feitas da Capital Federal o telespectador tem a certeza de que assistirá mais uma entrevista com o parlamentar, muito embora o Ceará possua outros 24 parlamentares o representando lá, entre deputados e senadores. Falando em Jornal da Cidade, o radialista Edson Silva, em sua entrevista semanal veiculada aos sábados pelo telejornal, aproveitou para dar uma bajulada básica no governo do Estado, no episódio das denúncias formuladas pelo deputado estadual Heitor Férrer (PDT) sobre convênio supostamente fraudulento entre o Detran e uma empresa privada.

CONFLITO – Sobre o parlamentar estadual pedetista, com expectativa se aguarda como continuará se portando na Assembléia quando passar o comando de seu partido para o deputado federal André Figueiredo. Heitor faz oposição ao governo do Estado, enquanto André nunca escondeu que reza na cartilha do governador Lúcio Alcântara de quem, inclusive, foi secretário estadual de Esporte e Juventude. André vai conduzir o partido nas eleições do próximo ano e existe a dúvida se ele irá mais uma vez seguir seu interesse pessoal atrelando o partido ao governo, se lançará candidatura própria ou comporá com algum partido de oposição.

CONCORRÊNCIA – A FM 93 está sentindo muito perto a concorrência e vendo o crescimento das demais emissoras que disputam o mesmo nicho de mercado – classes C e D, principalmente – ameaçando sua posição que, segundo o Ibope, ainda é de líder geral nesses segmentos. O SVM voltou a promover shows dominicais nos bairros, usando bandas de forró e uma forte estrutura de divulgação, com as demais empresas do Sistema. Uma das responsáveis pelos shows, em entrevista num programa da TV Diário, chegou a dizer que os bairros onde a emissora tem mais participação em número de telefonemas, pontuação no Ibope.

CORREIO ELETRÔNICO – De um internauta que usou o singelo pseudônimo de “revolucionário cearense” <revolucionario_cearense@yahoo.com.br>, recebemos a seguinte mensagem:
Prezados Jornalistas,

(...) É deveras estranho duas renúncias de secretários já tenham acontecido para dar espaço ao continuismo dos gestores da época Juraci...

... A mais intrigante de todos acontecimentos foi a saída do Prof. Dr. Bosco Arruda da ETTUSA para dar espaço a quatro diretores despreparados e de posturas questionáveis que já demitiram quase 20 comissionados e dispensaram mais de 20 estagiários! O padeiro falido e tesoureiro ADRIMAR, sem nenhum conhecimento em transporte, forçou o gabinete a criação de uma diretoria na ETTUSA para sua acomodação e o mesmo está brincando de administratar um órgão tão importante para cidade como o transporte...Além disso, o "Dr." Adrimar tem mostrado defender bem aqueles que doaram 850 mil para a campanha da coligação PT-PSB, O SINDIONIBUS!

Todos os chefes de setores da ETTUSA, depois da renúncia do Prof. Dr. Bosco Arruda, foram demitidos e substituidos pelos antigos chefes ou ligado aos mesmos, ou melhor, os funcionários da gestão passadas que foram coniventes com a política corrupta do Juraci Magalhães. Inclusive a sobrinho do polêmico e ex-presidente Flávio Aragão, Camila Aragão... (...)”.

RESPOSTA – Somente a própria Prefeitura poderá responder ao questionamento do internauta.

PARA REFLETIR – “Prefiro incomodar com a verdade do que agradar com adulações”. (Sêneca)

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