Em Off
Página dedicada aos profissionais de imprensa.
A quem recorrer?
*Jornalista Luciano Luque
"Queixas sempre vão desacreditá-lo, diminuí-lo. A maioria duvida se você
foi abalado pela injustiça.Também não saia alardeando o que vai fazer como
reação ao agravo sofrido. O líder prudente nunca torna público qualquer agravo
ou desonra que sofreu."
O Brasil chorou o assassinato pela
polícia britânica do eletricista Jean Charles de Menezes. A milícia londrina
matou e depois pediu os documentos. Guardadas as devidas proporções, situação
semelhante acontece no Brasil. A imprensa “mata” e depois cede o direito de
resposta.
Há quase um mês seres humanos
honrados e acreditados sofrem com a sentença sacramentada pela imprensa. A
mídia, hoje, condena primeiro e depois pergunta pela defesa. É bíblico nunca
ofender a pessoa errada. Se o jornalista não tem ainda a certeza de que aquela
pessoa é culpada por que, então, condená-la à execração pública?
A grande imprensa brasileira,
principalmente, está confundindo jornalismo investigativo com jornalismo
depreciativo. Macula-se a imagem de um cidadão antes da própria Justiça. E se o
cidadão for inocente, a quem ele vai recorrer para refazer a vida honrada, proba
e acreditada?
E o pior: não adianta o cidadão fazer
queixas porque queixas sempre vão desacreditá-lo, diminuí-lo. Ele tem que
guardar para si este tipo de sentimento. É melhor não falar nada e comportar-se
como de hábito. A sociedade verá que você não foi abalado pelo agravo. Também
não adianta sair alardeando o que vai fazer como reação ao agravo sofrido.
Muitos erros jornalísticos de graves
conseqüências poderiam ser evitados com um pouco mais de paciência, atenção e
serenidade por parte do jornalista. Há outros erros que resultam da
precipitação, do descuido, da
inexperiência e da própria incompetência. Estes erros podem e devem ser
evitados. Ofender a pessoa errada é um dos mais comuns e de conseqüências mais
danosas.
Na atmosfera inquieta, tensa, ansiosa
e nervosa da redação circulam muitas informações não confirmadas, transitam
muitos boatos e chegam-se a conclusões finais sobre pessoas com muita
precipitação. O fundamental para evitar este erro é não confiar nas emoções, nos
sentimentos e nas paixões; É Trabalhar com informações, assegurando-se da
confiabilidade delas; e não transformando versões não confirmadas em verdades
absolutas.
Na última sexta-feira, 29, Regina
Marshall fez o seguinte comentário “Todos nós, jornalistas, sabemos - a
Imprensa, vez por outra, comete erros. Ocorre de publicar uma matéria acusando
determinada pessoa, sem ao menos ouvir o outro lado. Tem de fechar a página, vai
assim mesmo. Depois vem aquela história de “erramos”, quando a versão já girou o
mundo. Ou, como manda a lei, ceder o espaço para esclarecimentos”. Com base
neste tópico da coluna decidi escrever este artigo porque eu mesmo fui vítima de
um grupo político local. Muitos hão de se lembrar.
O que estão fazendo com José Nobre
Guimarães, José Airton, Eunício Oliveira e até com Luzianne Lins é digno de
reflexão. E se algum deles não tiver culpa no cartório? A quem vai recorrer? A
um simples erramos? E como vão recuperar suas imagens dignas e probas?
Passemos, doravante, a trabalhar com
a razão e não com a emoção.
* Secretário-geral da Associação Cearense de Imprensa (ACI).