Em Off
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Entrevista com Adísia Sá - outubro/2002


Escrever um texto de abertura de uma entrevista com a jornalista Maria Adísia Barros de é uma tarefa difícil e complicada. Primeiro por tratar-se de um nome que dispensa qualquer apresentação. Segundo, porquê por mais que se descreva sua trajetória, sempre se fica aquém da magnitude de Adísia. Pioneirismo e desafio têm sido a tônica da vida dessa cearense, nascida no município de Cariré, interior do Ceará e que abraçou o jornalismo e o magistério não como profissões, mas opções de vida. Impossível imaginá-la em outra atividade que não esteja ligada a esses dois sacerdócios. Em janeiro próximo a jornalista completará 48 anos de atividades profissionais. Um marco não apenas para o jornalismo cearense, mas brasileiro.

Dizem que a relação de Adísia com o curso de jornalismo da Universidade Federal do Ceará é promíscua. Explica-se: o título de "mãe do curso de jornalismo da UFC" é dela, uma vez que foi a única mulher da turma de ilustres jornalistas que o fundou. O título de pai, entretanto, é atribuído a diversos nomes proeminentes do jornalismo. A jornalista foi professora do curso durante anos e, infelizmente, atualmente encontra-se aposentada. Também lecionou na Universidade Estadual do Ceará. Atuou em diversos jornais locais, como Gazeta de Notícia, O Dia, O Estado e atualmente O Povo, onde é articulista semanal e integra o Conselho Editorial. Possui passagem como comentaristas pelas emissoras de TV Jangadeiro, Manchete e TV COM.

Escreveu inúmeros livros, relacionados ao jornalismo, à filosofia e à literatura. Foi ouvidora e diretora executiva da Rádio Am do Povo, onde atualmente é comentarista diária. Sua atuação sindical também é significativa. Por diversas vezes, desde 1959, integrou a diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (sindjorce), bem como da Associação Cearense de Imprensa (ACI), a partir do mesmo ano. Quando o assunto é ética, Adísia é um referencial. Desde 1995 compõe a Comissão Nacional de Ética e Liberdade de Imprensa da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Adísia também foi a primeira ombudsman do jornalismo cearense, função que exerceu por três vezes no jornal O Povo.

Nessa entrevista que concedeu ao sítio Em Off, Adísia Sá reafirma a defesa intransigente da regulamentação da profissão de jornalista. Condena a liminar concedida por uma juíza federal de São Paulo, que possibilitou, precária e provisoriamente, que qualquer pessoa sem formação acadêmica em jornalismo requeira o registro. Critica a falta de preparo com que os recém formados em jornalismo chegam às redações e a falta de prática profissional de boa parte dos professores dos cursos de jornalismo. Ressalta que as empresas de comunicação nem sempre selecionam seus profissionais de imprensa com base nos seus conhecimentos e compromisso com a profissão. Afirma que os jornalistas não têm tradição de aceitarem crítica e por isso denotam imaturidade profissional. Discorre sobre sua experiência como ombudsman. Mais do que uma entrevista, foi uma aula sobre jornalismo. Não poderia ser uma estréia melhor, nem haver outra, para um novo espaço que o Em Off abre nos seus três anos de vida. No final, acreditem, ela ainda agradece pela consideração da entrevista. Quem agradece pela sua consideração, professora, são todos os jornalistas brasileiros.

Em Off - Professora Adísia, desde a criação do primeiro curso de jornalismo no Brasil, na Fundação Cásper Líbero em São Paulo, passando pela regulamentação da profissão em 1969 e até o atual quadro, qual a sua avaliação do jornalismo nessas mais de quatro décadas dedicadas à profissão?

Adísia Sá - Devo fazer um pequeno retrospecto sobre os cursos de Jornalismo. No primeiro congresso de Jornalistas - 1918 - iniciativa da Associação Brasileira de Imprensa (criada em 1808) um de seus temas foi o da "criação de uma Escola de Jornalismo (de três anos, além de um curso vestibular de dois anos... A Escola não seria oficial, não faria doutores nem bacharéis, mas que se propunha unicamente a propiciar a seus alunos o ensino de matérias julgadas essenciais à prática da profissão, cuidando da cabeça e das mãos dos estudantes, com a teoria necessária e a prática das artes de gravar." (O Jornalista Brasileiro, Adísia Sá, Edições Demócrito Rocha, 2Šed. 1999) Aí fica evidenciada a parte prática da profissão.
Sobre a regulamentação da profissão, fiz parte do grupo que trabalhou a matéria, tanto em congressos, como em encontros de trabalho. Eu fazia parte do grupo radical, aquele que era intransigentemente corporativista: eu não queria, por exemplo, que "especialistas" escrevessem em jornal, só jornalistas. Ora, aí estão duas vertentes sobre o jornalismo brasileiro: uma história a ser respeitada (a criação é luta da categoria ao longo do tempo), dando ênfase à prática, à técnica, ao aperfeiçoamento do profissional, bem como a preocupação em regulamentar a profissão, também buscada em vários momentos.
Com isto queríamos uma profissão definida, com funções e atividades próprias, retirando o amadorismo, o afilhadismo, o diletantismo, o partidarismo das redações. Essa luta ainda é perseguida em nossos dias, sempre com opositores declarados - como o assalto da Juiza (registro escancarado) e os simulados, como o impedimento de declarações por parte de promotores e outros auxiliares da Justiça. A despeito disso tudo, o Jornalismo brasileiro está no patamar dos melhores do mundo - em termos empresariais e editoriais (redação...).

Em Off - Na sua opinião está ocorrendo uma criação indiscriminada de cursos de jornalismo? Aqui no Ceará nós já temos cinco, com um mercado de trabalho que a cada dia se retrai mais.

Adísia Sá - Sou favorável à criação de cursos de todas as áreas do conhecimento, como forma de democratizar o ensino, "qualificando" melhor a mão de obra, possibilitando a seleção pela quantidade. E mais. Quanto mais fora do eixo dos chamados grandes centros, melhor: é uma massa que se desloca em busca de acomodação, provocando abertura de mercado, - dentre outros. Claro que cabe aos órgãos técnicos do Ministério da Educação (Secretaria de Educação Superior), a avaliação e supervisão do ensino superior no Brasil. O Ministério tem, em caráter permanente, Comissões de Especialistas de Ensino e de Consultores e Avaliadores ad hoc, responsáveis pela avaliação dos cursos de graduação do País. Eu, por exemplo, faço parte - como convidada - desse trabalho, tendo realizado avaliação de cursos em Estados do Brasil, à semelhança de outros companheiros, daqui e de outras unidades federativas. Agora mesmo estamos atualizando cadastro de renovação de compromisso. Sobre mercado de trabalho, creio que meu pensamento está claro acima. E mais. Mercado de trabalho não nasce feito: cria-se. Quem vai para o interior, depois de formado? E quem está à frente, por exemplo, de rádio, televisão e jornais no interior? Revistas? Relações Públicas? Por favor...

Em Off - Nos últimos tempos têm-se percebido muitos erros nos jornais impressos locais, tendo já havido a criação de um "Supremo Tribunal de Justiça", de um "Superior Tribunal Federal", a ressurreição do "Tribunal Federal de Recursos", uma "liminar que decretou a ilegalidade de uma greve", etc. Por qual motivo há tantas incidências dessa natureza? Existe uma deficiência na nova geração de jornalistas que chegam às redações? O problema estaria nas faculdades, nos estudantes/profissionais que não estariam se reciclando ou nos jornais que praticamente acabaram com a revisão?

Adísia Sá - A deficiência está nos três segmentos: alunos (que chegam despreparados, desvocacionados, desidratados: sem leitura, sem espírito crítico, sem senso de observação, etc.etc), escola (quase todos os seus professores, por exemplo, têm pós graduação, mas nem todos têm experiência profissional de sala de aula e de atividade jornalística, gerando uma lacuna imensa entre a teoria e a prática) e a empresa ( nem sempre a seleção de seu pessoal é baseada em estruturas de conhecimento e compromisso com a profissão....)

Em Off - Com o assassinato da jornalista Sandra Gomide ocorrido em agosto de 2.001, em Ibiúna, no interior de São Paulo, crime praticado pelo também jornalista e ex-namorado Antônio Marcos Pimenta Neves, além do ato bárbaro veio à tona uma velha prática verificada nas redações: o favorecimento profissional baseado em relacionamentos. A capacidade e o talento estão sendo substituídos por outros critérios no jornalismo?

Adísia Sá - Não diria que o talento está sendo substituído por outros critérios no jornalismo. Os milhares de exemplos de redação estão aí pulverizando a "teoria". Tais deslizes, de tão visíveis, são citados...

Em Off - Infelizmente apenas dois jornais no País mantêm ombudsman - Folha de São Paulo e O Povo -. Por qual motivo essa salutar função não foi adotada pelos demais jornais brasileiros? O jornalista definitivamente não gosta que lhe critiquem e apontem seus erros?

Adísia Sá - Não temos tradição de crítica - interna ou externa. Isto é prova de imaturidade profissional. O ombudsman toca em três segmentos importantes: a empresa, a redação, o leitor. Exercer a função de ombudsman é um exercício de maturidade - o dever - sem o "olhar" de ressaca (lembra-se de Capitu, do Machado de Assis?) sobre o que pensam a empresa, a redação, o leitor.... Cada empresa que tentou o ombudsman e não "deu certo", deve ter o seu motivo. O motivo não estaria no ombudsman?

Em Off - Falando na função de ombudsman, o jornalista Lira Neto nunca fez segredo que seu retorno à redação do O Povo foi extremamente complicado após deixar a função que desempenhou igualmente com brilhantismo. A senhora sentiu algum tipo de reação por parte de alguns colegas de profissão e empresa, que de uma maneira ou de outra tiveram seu trabalho colocado em discussão?

Adísia Sá - O Lira, a Márcia Gurgel, o Gibson Antunes, a Débora e a Regina - saíram da redação para ombudsman. Eu não era da redação (meus ex-alunos, sim...) não estava, portanto, mais de perto sujeita às reações do pessoal. Cada um de nós pagou o seu preço. Eu, como a primeira, sofri mais comigo, do que com os outros: andava em busca do tempo perdido no presente, com os olhos no futuro. Pode?

Em Off - Segundo Clóvis Rossi, no jornalismo impresso é praticamente impossível atingir-se a imparcialidade pelo fato da notícia, para ser divulgada, receber toda a concepção cultural e personalizada de quem a redige, ressaltando que isso não aconteceria com o telejornalismo, já que as imagens reproduziriam a notícia sob o aspecto real, também com a captação do som real, o que também não pode significar em não personalização. Entretanto, se percebe que mesmo no telejornalismo é possível a manipulação de fatos. Afinal, essa imparcialidade jornalística é utópica ou possível?

Adísia Sá - Não falaria em imparcialidade - virtude desejável, portanto ética - mas acima de tudo na objetividade (ou verdade fatual). Se o jornalista é objetivo (responde a todos os por quês? Do fato) tende a ser imparcial. Na informação a objetividade é condição sine Qua. No comentário, na análise, a subjetividade pesa.

Em Off - A discussão sobre a ética no jornalismo hoje mobiliza muito mais setores da sociedade do que os próprios profissionais de imprensa. Falta aos jornalistas uma maior disposição de discutir sobre a ética e sua ausência no jornalismo? O estudo da deontologia é falho nos cursos de jornalismo?

Adísia Sá - Não, não é assim. Discute-se ética nos encontros nacionais, nos simpósios da ANJ, da FENAJ, nas palestras onde o jornalista é o centro. Somos cobrados no todo dia e se isto não é uma prática de discussão, de reflexão, não sei o que seja ética. Quanto ao estudo da Ética e da Deontologia nos cursos de jornalismo realmente creio que há uma terrível lacuna. Quem leciona essas disciplinas? Teóricos? Como falar sobre Deontologia Jornalística, quem não é do ramo?

Em Off - Professora, o rádio, infelizmente, tem sido bastante marginalizado pelos estudantes/jornalistas nas últimas décadas, não obstante ser esse veículo uma das maiores e melhores escolas de comunicação. A senhora já dirigiu a rádio AM do Povo, na época em que a emissora teve a sua melhor equipe de radiojornalismo. A senhora considera que as emissoras vêm a cada ano deixando de investir nesse setor?

Adísia Sá - O rádio sofre um processo existencial muito grande: quem eu sou? Vitrolão?(de novo) Musical? Entretenimento? Jornalismo? Rádio é banca de revista: funciona em qualquer lugar. Quem faz funcionar esta rádio? O rádio é tão livre, tão transcendente, que fica difícil viver no imanente sem se perder, às vezes.

Em Off - Qual a sua opinião sobre os programas policiais de rádio e TV - alguns deles, inclusive, enveredam pelo caminho da satirização dessa violência, com os tradicionais sacos de pancadas: o velho, o marido traído, o sujeito humilde -, a forma como abordam o problema da falta de segurança e a banalização da violência?

Adísia Sá - Infelizmente o único espaço do marginalizado em esses programas de rádio e tevê - onde é ator, não figurante. Quem faz o rádio? De onde veio o "falante"? É cômodo por em funcionamento de uma rádio, sem o sentido do seu "para quê?"

Em Off - No episódio do assassinato da jovem Elian Aguiar Mendes a senhora foi praticamente a única na grande imprensa a abordar o fato, discorrendo sobre o modo como quase todos os veículos de comunicação locais procuraram omitir que o crime havia sido praticado em um dos banheiros da Universidade de Fortaleza (Unifor). "O monopólio da informação é a morte da imprensa e a sepultura do jornalista", escreveu em sua coluna como ombudsman. Por qual motivo ainda se verifica esse tipo de corporativismo, que excedeu às empresas controladas pelo Grupo Edson Queiroz, também proprietário da Unifor?

Adísia Sá - Não percamos de vista que os meios culturais convencionais (rádio, jornal, televisão, revista) nem sempre estão nas mãos de quem os conhece ( origem... finalidade... agentes). Hoje são empresas.... de grupos econômicos....políticos... religiosos ou seja, por quem "confessa" uma atividade. Digo: quem é dono de quê?

Em Off - Também partiu da senhora a única voz da grande imprensa a falar sobre o drama que se abateu sobre os funcionários da Tribuna do Ceará, que passaram mais de um ano sem receber salários antes da empresa fechar. No artigo "Agonia de um jornal", publicado pelo O Povo em 10/07/2001 além de comentar o assunto, criticou também a postura dos colegas de profissão, que em sua maioria esmagadora não se solidarizou publicamente com os jornalistas da Tribuna. "(...) Não se conta, publicamente, com manifestações de solidariedade, quer da população, quer dos colegas de profissão", a senhora escreveu. Em sua opinião, por qual motivo a quase totalidade dos jornalistas não manifestou publicamente solidariedade com os companheiros desafortunados?

Adísia Sá - O medo é um instrumento de alienação: numa terra onde o emprego é uma tábua, saltar dela é por em jogo o que ela representa. Estarei sendo metafórica?

Em Off - No dia seguinte à publicação do seu artigo, O Povo publicou um outro assinado pelo proprietário do extinto jornal, José Afonso Sancho, onde este tentou, sem apresentar argumentações, rebater o que a senhora havia escrito. Entre outras palavras vazias, escreveu Sancho: "você não fez justiça em seu comentário". Passado mais de um ano da publicação dos dois artigos, nenhuma das afirmações do empresário se concretizou, os ex-funcionários da Tribuna ainda não receberam um centavo do que têm direito e tudo que estava grafado em seu artigo ainda expressa a realidade. Poderia-se dizer nesse episódio que o tempo foi o senhor da razão?

Adísia Sá - E quando o pessoal da Tribuna vai receber o que é seu? A TC ainda virá a ser um jornal? O empresário perdeu-se e com ele tudo que ele sustentava. "Tudo que era sólido, esfumou-se?". Choro a morte do jornal e com ele, os que o trabalhavam, o faziam e dele viviam. Impossível não chorar coletivamente.

Em Off - Houve alguma reação de colegas de profissão pelo fato da senhora ter quebrado o "muro do silêncio" com relação à Tribuna do Ceará?

Adísia Sá - Ninguém se manifestou, nem pública, nem privadamente. "Que meus lábios não profiram dubiedade" - tenho aprendido nas preces judáicas.

Em Off - Há anos existem falsos profissionais exercendo ilegalmente o jornalismo, entretanto o sindjorce intentou a primeira ação contra esses ilegais apenas em 1999, curiosamente poucos meses após o Em Off entrar no ar. Existe falta de vontade política do Sindicato em agir contra os falsos profissionais? Falta também à Fenaj essa vontade política em acionar esses ilegais?

Adísia Sá - Vocês cometem histórica injustiça com o Sindicato dos Jornalistas. Poucas as diretorias, ao longo de sua história, não lutaram contra os "pseudo" profissionais, seja cancelando registro de quem queria o título para ter abatimento de 50% de passagem, seja para abrir a boca e dizer que era jornalista. Cada diretoria lutou, à sua maneira, para extirpar a categoria dos macacos de auditório. Como toda luta, é histórica. Desafiadora, portanto. No meu livro, "Biografia de um Sindicato", conto um pouco disto.

Em Off - Por causa de uma equivocada liminar concedida pela juíza Carla Rischter, em ação movida pelo Ministério Público Federal em São Paulo, provisoriamente qualquer pessoa pode requerer o registro de jornalista profissional. Quais os reflexos negativos não apenas no mercado de trabalho, mas no próprio jornalismo?

Adísia Sá - O tempo, aí sim, é o senhor da razão. Vamos aguardar a "geração" nascida da Juíza Carla Rischter. Mas dou um lembrete: A Abril sempre realizou Cursos Abril de Jornalismo. Agora, com a liminar da Juíza, a Abril anuncia mais um curso de jornalismo: quem pode participar? Recém formados em jornalismo (graduação em julho ou dezembro de 2002 ... )

Em Off - Em um relatório produzido pela Comissão de Ética da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) houve a citação de que sua presidência havia destinado dinheiro ao pagamento de propinas a jornalistas, para que fossem divulgadas matérias favoráveis à administração. Não é de hoje que se fala da existência do chamado "boi" no meio jornalístico, além de alguns profissionais detentores de espaço - inclusive personalizados - na mídia às vezes agirem dessa forma de maneira aberta. Como combater e eliminar essa prática?

Adísia Sá - Esta tática de dizer que paga boi a jornalista, é antiga. Pena que os pagantes não anunciem os seus prepostos: a falta de pudor não permite que sejam desmascarados pelo caixa. A sociedade, se fosse mais atenta, teria vergonha do "líder" engrandecido e louvado por obra e graça de "penas" mercenárias. Sem elas, o que seria dele?

Em Off - Lira Neto disse que "o jornalista reage muito mal quando deixa de ser estilingue e passa a ser vidraça". Nesses três anos o Em Off recebeu manifestações contrárias de alguns jornalistas locais. Faltam canais de discussão sobre jornalismo? De onde deve partir o fomento para essa discussão?

Adísia Sá - Eu tomo o Em Off como instrumento de discussão sobre jornalismo, ética, deontologia. Não passa indiferente nas redações. Algumas pessoas estranham quando eu digo que leio o sítio de vocês. E daí? A Informação está aí, posta, desnuda. Incomoda? É inverídica? É verdadeira? A informação, para mim, é o que interessa.

Em Off - A maioria das empresas de comunicação está nas mãos de políticos, o que reflete, muitas vezes, numa linha editorial do jornalismo em concordância com interesses pessoais, em detrimento do coletivo. O Conselho de Comunicação foi instalado recentemente e ainda não se pode avaliar sua eficácia nesse sentido. Que outros dispositivos poderiam ser utilizados para evitar esse desvio e, principalmente, na democratização da informação?

Adísia Sá - Quando Em Off levanta esse assunto, vira conselho de comunicação via Internet. Quando o Observatório (da Imprensa) levanta esse assunto, vira conselho de comunicação. Logo mais cada um de nós será um membro ativo, vivo de milhares de conselho de comunicação. Isto é democratizar, não apenas a informação, mas o senso crítico da sociedade brasileira.

Em Off - Professora, estamos completando três anos. A senhora já manifestou diversas vezes, publicamente, que nos dá a honra de ser nossa leitora. Como pessoa que acompanhou toda essa trajetória, qual sua avaliação sobre o Em Off? Dê-nos a honra de, por uma vez, ser nossa ombudsman.

Adísia Sá - Já falei sobre Em Off. Não desistam. Agüentem as conseqüências. Antes incomodar pelas denúncias (injustas, talvez, quem sabe...) do que salmodiar pela omissão. Obrigada pela consideração da entrevista. Adísia Sá

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