No cenário atual, onde políticas de globalização
e produtividade dão o tom, não há espaço para
empresas incapacitadas em treinamento e tecnologia. Esse truísmo
vem recebendo, desde o início da década, quando o mercado
foi aberto, um novo tratamento do setor plástico brasileiro, um
processo aliás intensificado desde 1994, quando a estabilidade econômica
restringiu a extração das margens à atividade produtiva,
extinguindo o cômodo atalho do passado – os ganhos pela especulação
financeira sob inflação desgovernada. Na prática,
ruiu a mentalidade defasada de que, sob o pressuposto dos parcos investimentos
nacionais em pesquisa e desenvolvimento, a indústria do plástico
no Brasil poderia prosseguir incólume com um perfil de produtos
essencialmente commodities e, portanto, demandando menor qualificação
profissional.
O convívio com a concorrência externa facilitada
pela abertura e as sucessivas cobranças de um padrão global
de qualidade (caso da ISO 9000) tornaram prementes para o setor a modernização
do parque produtivo e a adoção de normas técnicas
espelhadas nos parâmetros internacionais, a exemplo da extensa legislação
sobre materiais plásticos para contato com alimentos adotada na
esfera do Mercosul. Tudo isso convergiu para uma reciclagem profunda, ainda
em curso, tanto do treinamento de funcionários pelas empresas em
separado como da formação do chão de fábrica
e da mão-de-obra de nível superior. Por sinal, também
foi este pano de fundo que inspirou uma série de diagnósticos
inéditos no gênero, a respeito da competitividade da transformação
brasileira. Articulada pelo pólo petroquímico de Triunfo,
sindicatos de convertedores e entidades governamentais, a ofensiva foi
inicidada em 1996 pela região sul, com avaliações
realistas dos parques industriais em dois Estados bem cotados nos planos
dos investidores: Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Um número crescente de operadores tem sido servido,
no Brasil, pelas escolas de nível técnico-profissionalizante,
saindo assim das limitações do aprendizado questionável
em linha, o método pragmático e incontestado por quase meio
século do segmento transformador no país. No momento, três
centros respondem pela capacitação do chão de fábrica:
as escolas do Serviço Nacional da Indústria (Senai), patrocinadas
pela iniciativa privada, sediadas nos Estados de São Paulo, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul. Suas grades curriculares incluem ensinamentos
a exemplo de métodos organizacionais, moldagem por CAD (Computer
Aided Design) e fundamentos da operação com controlador lógico
programável (CLP), o comando microprocessado invariavelmente presente
nas máquinas básicas atualizadas. Em reforço aos predicados
de cunho técnico, aumenta entre transformadores de grande porte
a inclinação por exigir diploma de segundo grau dos candidatos
a operadores.
Em relação ao ensino superior, pelo
menos três universidades acenam com a graduação de
especialistas em polímeros: os cursos de Engenharia de Materiais
ministrados na Universidade Federal de São Carlos, em São
Paulo; na Universidade Federal da Paraíba, em Campina Grande (região
nordeste) e, no extremo Sul, na Universidade Luterana, em São Leopoldo,
no Rio Grande do Sul. No mesmo Estado, a Fundação Universidade
de Caxias do Sul mantém o curso de graduação para
técnologos em Engenharia de Materiais.
Uma capacitação em plásticos extensiva
à pós-graduação, pesquisa aplicada e análise
instrumental, além de assessoria direta à indústria
crepita no currículo de instituições como a Universidade
Federal do Rio de Janeiro e seu coligado Instituto de Macromoléculas,
a Fundação Universidade de Caxias do Sul ou a Universidade
Estadual de Campinas, em São Paulo, que também aprofunda
os conhecimentos sobre plásticos nas cátedras de Engenharia
de Alimentos e Engenharia Química. O material também sobressai
no Programa de Educação Continuada em Engenharia da Escola
Politécnica da Universidade do Estado de São Paulo, por intermédio
de cursos como o de tecnologia de polímeros em emulsão e
de instrumentação para Engenheiros de Processo.
Análises técnicas, desenvolvimentos
e o intercâmbio de informações entre o meio acadêmico
e o setor plástico nacional constituem o cardápio oferecido
por entidades como o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de
São Paulo, o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo Miguez
de Mello (Cenpes, no Rio) e a Associação Brasileira de Polímeros
(ABPol), esta baseada na Universidade Federal de São Carlos e gerida
por dirigentes do ensino superior e indústrias do segmento de materiais.
Por sinal, junto ao meio universitário do Rio Grande do Sul, a Odebrecht
Química, maior grupo da segunda geração nacional,
patrocina pesquisas sobre temas como catalisadores de poliolefinas. Essa
mesma integração dos interesses acadêmicos e privados
em torno de desenvolvimentos tende a fortalecer-se a partir da anunciada
instalação em São Paulo do escritório brasileiro
da entidade norte-americana Society of Plastics Engineering (SPI).
De cunho bem mais específico é o Centro
de Tecnologia de Embalagens de Alimentos (Cetea), montado em Campinas,
no Estado de São Paulo, e patrocinado pelo governo estadual, Organização
das Nações Unidas (ONU) e mais de 150 indústrias,
a maioria ligada ao setor plástico. Aclamado no país como
a mais reputada referência científica em sua área,
o Cetea desdobrou recentemente o campo de atuação, acumulando
avaliações de embalagens de produtos farmacêuticos,
hospitalares e de uso veterinário. De acordo com levantamentos de
consultorias, o plástico comparece entre as embalagens em questão
mais consumidas no país sob a forma de envelopes à base de
laminados flexíveis, blisters de policloreto de vinila (PVC) e filmes
moldados com o mesmo termoplástico em produtos como bolsas de soro
e sangue.
Voltado para aguçar a competitividade
do transformador brasileiro, dominado quantitativamente por indústrias
medianas e menores, o Instituto Nacional do Plástico (INP, com sede
em São Paulo) é custeado por representações
dos setores de matérias-primas, máquinas e produtos acabados.
Sua programação de cursos e seminários cobre todas
as facetas da terceira geração, desde a automação
do processo ou a adoção de células de produção
a orientações sobre comércio exterior ou a preparação
para credenciamentos pela ISO 9000. Foi o INP, por sinal, quem lançou
a primeira home page institucional do setor plástico brasileiro,
através do site Brazil Plastic
in the Internet (http:// www.plastico.com.br).