Morcegos - Monitoramento de Hematófagos

William Henrique Stutz - Médico Veterinário Sanitarista - Secretaria de Saúde de Uberlândia - Laboratório de Animais Peçonhentos
Edilsom Medeiros de Macedo - Agente de Controle de Zoonoses - Secretaria de Saúde de Uberlândia - Laboratório de Animais Peçonhentos
Claudecir BArbosa França - Agente de Controle de Zoonoses - Secretaria de Saúde de Uberlândia - Laboratório de Animais Peçonhentos

Monitoramento de dispersão de colônias de Morcegos Hematófagos sob as rodovias que cortam o município de Uberlândia

Introdução

A dispersão de colônias de morcegos hematófagos em nosso município tem sido uma constante preocupação da Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia, através de seu Laboratório de Animais Peçonhentos e Quirópteros desde o início da construção da represa de Nova Ponte.

Já naquela época foi encaminhado documento à CEMIG ( Controle de Morcegos Hematófagos em áreas de Inundação de Hidrelétricas e Repovoamento Animal - Stutz W.H. e Aguiar I.G - Uberlândia 1.990 ) alertando para o problema tanto de saúde animal quanto de saúde humana que a inundação do lago e a conseqüente destruição de abrigos naturais destes quirópteros trariam para a região.

Infelizmente a remoção destas colônias não foi realizada e a dispersão ocorreu como previsto.

Aliado ao descrito, o deslocamento da raiva desmodina do sul da Bahia para Minas Gerais era mais um alerta para que todos as instituições ligados ao controle de morcegos se mobilizassem.

O município de Uberlândia desde 1989 municipalizou as ações de controle de morcegos, sempre contando com a colaboração do Instituto Mineiro de Agropecuária ( IMA ) e da Gerência Técnica de Vigilância e Controle de Fatores Biológicos do Ministério da Saúde através do fornecimento de material básico para executar tais ações ( redes e pasta vampiricida ).

Todo o corpo técnico, de planejamento estratégico ( vigilância epidemiológica ), e outros recursos materiais ( viaturas, EPI's entre outros ) é de responsabilidade e fornecido pela Prefeitura Municipal de Uberlândia .

O Programa de Controle de Morcegos Hematófagos de maneira resumida executa as seguintes missões:

  • Mapeamento das colônias dentro do nosso município;
  • Controle ( e não extermínio ) populacional das colônias;
  • Orientação aos produtores rurais no que se refere a vacinação do rebanho;
  • Vigilância da presença do vírus rábico em nossas colônias através de envio amostral de espécimens para necropsia ( hematófagos ou não ):
  • Acompanhamento da dispersão das colônias.

Dentro destas metas o inquérito realizado em ( ou sob ) as rodovias que cruzam nossos limites territoriais é de fundamental importância para se conhecer a dinâmica da população de quirópteros em Uberlândia.

Materiais e Métodos

Foi realizado no período de 14 a 21 de maio visitas de inspeção em todos os bueiros e/ou passagens de gado existentes ( 167 prováveis abrigos artificiais ) sob as rodovias que cortam nosso município.

A localização destes potências criadouros ( ou pontos de repouso ) de morcegos só foi possível com a ajuda imprescindível do Departamento Nacional de Estradas e Rodagem ( DNER ) e do Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais ( DER ), que de pronto nos forneceu os mapas de localização dos pontos de inspeção.

De acordo com a nomenclatura destas instituições os locais são assim denominados:

  • BSTC : Bueiro Simples Tubular de Concreto
  • BDTC : Bueiro Duplo Tubular de Concreto
  • BTTC : Bueiro Triplo Tubular de Concreto
  • BSCC: Bueiro Simples Celular de Concreto
  • BSTM: Bueiro Simples Tubular Metálico
  • PG: Passagem de Gado.

Para facilitar a interpretação das tabelas optamos por adotar apenas as terminologias Bueiro e Passagem de Gado.

As visitas aos locais se deu no período diurno e consistia na verificação direta dos mesmos, ou seja nossos Agentes adentravam os bueiros ou passagens quando o diâmetro assim os permitia e com o auxílio de iluminação artificial faziam a verificação.

Ao se positivar um local era feita ainda a identificação da espécie de morcego ali albergada assim como a estimativa quantitativa da população do criadouro.

 

Resultados

Do total de locais inspecionados 86.23 % encontravam-se negativos para morcegos em 8,98% foram detectadas colônias fixas de morcegos insetívoros, frugívoros ou carnívoros, em 4,79% dos abrigos identificou-se a presença de colônias fixas de morcegos hematófagos.

Não foram detectadas colônias transitórias, pontos de repouso ou digestórios.

Conclusões

 

O baixo percentual de abrigos artificiais para colônias de quirópteros hematófagos ( 4,79% ) nos permite supor que, por enquanto, a migração destes animais não tem sido muito intensa pelo traçado geográfico das rodovias. Fato este que se de certa forma é tranquilizador, por outro nos leva a buscar outros prováveis trajetos de migração constantemente.

Mesmo frente a este quatro as inspeções devem ser repetidas em intervalos de 4 em quatro meses para se avaliar a entrada ou multiplicação de colônias.

A presença de colônias de morcegos não hematófagos em 8,98 % dos abrigos também é considerada pequena, poderia ser maior frente aos benefícios que estes animais trazem ao ecossistema em função de seus hábitos alimentares ( frugívoros, insetívoros ou carnívoros ).

Estavam negativos para morcegos os restantes 86,23% dos locais pesquisados.

 

Considerações finais e próximas etapas da missão

Inquestionável a necessidade de se manter o monitoramento de nossas colônias de morcegos, este trabalho deverá ser perpetuado de forma a reduzir sensivelmente a possibilidade de introdução da raiva silvestre em nosso município. Com certeza este é apenas um dos componentes deste controle. O controle da população de hematófagos, a vacinação sistemática do rebanho e a avaliação de todos os contatos humanos com estes animais ( sejam hematófagos ou não ) , deve ser uma constante no serviço da Secretaria de Saúde do Município.

Destacamos também a importância de se preservar as espécies não hematófogas, assim como um constante trabalho de educação ambiental com vistas a esclarecer a população sobre os benefícios proporcionados por estes animais.

Operacionalmente e dando seqüência a este levantamento, em todas as colônias povoadas por animais hematófagos será realizado captura, tratamento ( pasta vampiricida ) de um percentual dos animais para controle populacional das mesmas, assim como o envio de exemplares para necropsia e exames laboratoriais para detecção da presença de vírus rábico.

Contato

William Henrique Stutz

Médico Veterinário Sanitarista
Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia
Coordenador Técnico
Laboratório de Animais Peçonhentos e Quirópteros
Av. das Américas 333 Bairro Patrimônio
Telefone: 3255-3038
e-mails :
whstutz@uberlandia.mg.gov.br
stutz@escorpiao.vet.br

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