Artigo Original

    ABSTRACT
    This study analyzes the medical reports of 125 patients in which mediastinoscopy was performed for the diagonosis of intrathoracic diseases. The surgical approachs used were: (1) Cervical (n=10), (2) Anterior (n=7) and (3) Cervical + Anterior (n=15). There were 80 male and 45 female patients. The age ranged from 13 to 75 years. The diagnosis of carcinoma (36.8%) was the most prevalent diagnosis obtained, followed by lymphoma (16%) and sarcoidosis (14.4%). In 8 patients the examen was non conclusive, being responsible for a 7.2% failure index of the method. In eleven patients presenting superior vena cava syndrome mediastinoscopy was performed without aditional complications, except in one case in which symptoms worsenned. We conclude that mediastinoscopy is a safe procedure with low index of complications, and that it may be used with safety in patients with undiagnosed paratracheal mediastinal masses and limphadenomegalies.

INTRODUÇÃO

   A biópsia dos linfonodos contidos na gordura pré-escalênica, recomendada por Daniels (DANIELS, 1949) revelava a preocupação de se diagnosticar histologicamente doenças intratorácicas por meio de um procedimento cirúrgico de pequeno porte. A mediatinoscopia, proposta por Carlens (1959) resultou de um processo evolutivo da técnica de Daniels.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram analisados os prontuários de 408 pacientes submetidos a mediastinoscopia no Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Universitário Antonio Pedro da Universidade Federal Fluminense e no Hospital Santa Cruz , da Sociedade Portuguesa de Beneficência de Niterói num período de 15 anos (1980/1995). Os 408 pacientes se distribuíram na faixa etária dos 15 aos 82 anos, a maioria do sexo masculino (64%) 310 pacientes.

A via de acesso cirúrgico utilizada no exame com maior freqüência foi a via cervical de Carlens, como se segue na Tabela 1:


TABELA 1 -MEDIASTINOSCOPIA. VÍAS DE ACESSO

(N)
MEDIASTINOSCOPIA CERVICAL
297
MEDIASTINOSCOPIA CERVICAL E ANTERIOR
93
MEDIASTINOSCOPIA ANTERIOR
18

A mediastinoscopia foi utilizada para o diagnóstico de massas e linfonodomegalias mediastinais (n=125) , para o estadiamento do câncer de pulmão (n=278) e ainda para retirada de corpo estranho (n=1), estadiamento do câncer de esôfago (n=2) e para a drenagem de abcessos mediastinais (n=2).

Neste artigo foram analisados os prontuários de 125 pacientes nos quais a mediastinoscopia foi realizada com finalidade diagnostica. Os dados obtidos na mediastinoscopia , quando negativa , foram comparados com os laudos histopatológicos naqueles pacientes que foram submetidos a algum procedimento cirúrgico para esclarecimento definitivo do diagnóstico. Em 103 oportunidades, a via de acesso utilizada foi a cervical. A via anterior , isoladamente, foi utilizada apenas 7 vezes, e o acesso combinado (anterior + cervical) foi indicado em 15 mediastinoscopias. A idade mínima foi de 13 anos e a máxima 75 anos, 80 pacientes eram do sexo masculino, e 45 do sexo feminino Sempre que possível o material de biópsia foi também examinado por congelação durante o ato cirúrgico.

RESULTADOS

O carcinoma foi o diagnóstico mais freqüente (36,8%), seguido de linfoma (16%) e sarcoidose (14,4%) como demonstrado na Tabela 2.


TABELA 2 -MEDIASTINOSCOPIA. DIAGNÓSTICO

DIAGNÓSTICO(n)
Carcinoma
46
Linfoma
20
Tuberculose
14
Timoma
04
Adenite
05
Silicose
02
Blastomicose
02
Tu. Cels. Germinativas
02
Bócio Tireoidiano
01
Dilatações Venosas Peri-esofagianas
01
Fibrose Idiopática do Mediastino
01
Hiperplasia Linforreticular
01

Em 13 pacientes o diagnóstico mediastinoscópico foi de linfoadenite reacional . Em 4 destes pacientes o diagnóstico de linfoadenite reacional estava correto pois a investigação ou evolução subseqüente demonstrou o seguinte : em um paciente a biópsia de pulmão realizada no mesmo ato cirúrgico demonstrou o diagnóstico de granulomatose de Wegner (n=1) , num outro o próprio exame mediastinoscópico demonstrou a presença de fibrose intensa sugerindo o diagnóstico de mediastinite fibrosa , em outros dois a presença de alguns linfonodos maiores que 1 cm localizados na região paratraqueal em pacientes sob investigação clínica de febre , a evolução para a cura respalda o diagnóstico de linfoadenite reacional. Nos 9 outros pacientes consideramos o diagnóstico de adenite como falha do método uma vez que em dois pacientes não conseguimos estabelecer o diagnóstico definitivo pois os pacientes recusaram a investigação proposta. Nos outros 7 a investigação subsequente demonstrou o diagnóstico de tuberculose em 4 casos, silicose em 1 e timoma em 1. A incidência de falhas do método foi portanto de 7,2% ( 9 falências em 125 pacientes).

Nos prontuários dos pacientes submetidos à mediastinoscopia para o diagnóstico de massas mediastinais constatou-se que 11 pacientes, do total, apresentavam síndrome de veia cava superior o que não representou uma contra-indicação à utilização método.

As complicações que podem ser relacionadas com a realização do método foram: agravamento da síndrome da veia cava superior (1 caso), hemorragia mediastinal (1 caso, resolvida com tamponamento e eletrocautério) e enfisema subcutâneo (1 caso). Um paciente era portador de imagem radiologia compatível com massa mediastinal e a mediastinoscopia demonstrou tratar-se de dilatações venosas periesofagianas .

CONCLUSÕES

A mediastinoscopia é um método de diagnóstico eficaz nas doenças torácicas com envolvimento mediastinal, principalmente câncer do pulmão, linfoma , sarcoidose e tuberculose.É um procedimento seguro e com baixo índice de complicações quando executado por cirurgião torácico treinado.

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Luiz Felippe Judice. Hospital Universitário Antonio Pedro. Universidade Federal Fluminense. Niterói, Rio de Janeiro.


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